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"Patrimónios" – n.º 9, Dezembro 2011, Ano XXXI, 2ª série, 240 páginas


ACTIVIDADES DA ADERAV EM 2011

A Direcção da ADERAV, constituída por: Presidente: Luís Souto de Miranda, Vice-Presidente: Fátima Alves, Vice-Presidente: Paulo Morgado, Secretário: Patrícia Sarrico, Tesoureiro: João Paulo Baeta, Vogal: Hugo Calão, Vogal: Maria Teresa Ramos, decidiu "enaltecer" alguns exemplos de "boas práticas" na defesa e divulgação do património local. Foram distinguidos na categoria "Personalidades", a título póstumo, pelo "serviço inestimável em prol da divulgação da cultura, tradições e património" da cidade: Carlota Duarte, durante vários anos zeladora das Igrejas de Santo António e São Francisco, em Aveiro e Carlos Souto, ilustre aveirense e membro da Confraria Gastronómica de São Gonçalo.

Na categoria "Património Histórico e Cultural", a ADERAV optou por realçar a recuperação da Ponte do Marnel, em Águeda, promovida pela Câmara local. O projecto é visto como "um exemplo de atenção a um bem histórico que deveria ser seguido por outras autarquias".

Finalmente na categoria "Património Natural" a associação premiou o projecto BIORIA, promovido pela Câmara de Estarreja, por ser uma "referência de boas práticas na protecção do património natural ao permitir a fruição e reconhecimento do grande valor ecológico associado ao Baixo Vouga Lagunar'.

A atribuição destas distinções e o lançamento do oitavo número da revista "Patrimónios" no Hotel Moliceiro no dia 30 de Março, assinalou o final do mandato da referida Direção da ADERAV. (Diário de Aveiro, 30 de Março de 2011 – ADERAV distingue figuras e projetos da região.)

http://www.oln.pt/noticias.asp?id=22863&secc=1

http://www.noticiasdeaveiro.pt/pt/21683/aderav-Ianca-revista-destaca-boas-praticas-e-personalidades-amigas-do-patrimonio/

Ainda no dia 30 de Março de 2011, às 21.30h, realizou-se na Casa Municipal da Cultura em Aveiro, o ato de tomada de posse dos novos órgãos sociais da Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro (ADERAV), cuja constituição é a seguinte:

ASSEMBLEIA GERAL
Presidente: Luís Manuel Souto de Miranda
1.° Secretário: Delfim dos Santos Bismarck Álvares Ferreira
2.° Secretário: Amaro Ferreira Neves

DIREÇÃO
Presidente: Lauro Amando Ferreira Marques
Vice-Presidente: Paulo Jorge da Conceição Morgado
Vice-Presidente: Rosa Maria Ferreira Pinho
Secretário: Énio Fernandes Curvo Semedo
Tesoureiro: João Paulo Baeta Serra Simões Rodrigues

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Vogal: Margarida Aldina Marques Ribeiro
Vogal: Maria Emília Ferreira de Oliveira Batista Alves

CONSELHO FISCAL
Presidente: Carlos Manuel Marques Alves
Secretário: Emanuel José Rodrigues da Silva
Relator: Manuel Pereira Filipe

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No dia da tomada de posse, a atual Direção, na pessoa do seu Presidente Eng. Lauro Marques, manifestou a vontade de prosseguir na linha de orientação por que se tem pautado a ação da ADERAV, acautelando o património natural e cultural da região de Aveiro e promovendo iniciativas que aproximem os cidadãos desse mesmo património.

A Direção da ADERAV, manifestou nos órgãos de comunicação social o seu profundo desagrado com a demolição da antiga casa da Câmara de Aradas, que segundo o Dr. Amaro Neves tratava-se de "pequeno imóvel secular, de inestimável valor histórico para a freguesia, por ser a última referência física do antigo município, extinto em 1836" (Diário de A veiro, 12 de Abril de 2011; Correio do Vouga, 13 de Abril de 2011).

No dia 26 de Maio a Direção da ADERAV foi recebida na Paço Episcopal, pelo Sr. Bispo de Aveiro, D. António Francisco. A Direção expôs ao Sr. Bispo a atual situação das Igrejas de S. Francisco e S. António relativamente à intervenção que está prevista no âmbito do projeto "Parque da Sustentabilidade". Igualmente, manifestou a disponibilidade da ADERAV poder vir a colher pareceres técnicos relativamente a intervenções / 231 / físicas em igrejas ou outros templos da Diocese e o empenho em colaborar num aprofundamento da Rota do Património Religioso.

Em 12 de Junho o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Dr. Élio Maia, recebeu a Direção da ADERAV que aproveitou o ensejo para chamar a atenção para a destruição da Casa da Câmara, em Aradas, para o abandono a que está votada a Casa de Eça de Queirós, em Verdemilho (alvo de notícia no Diário de Aveiro do dia 4 de Abril de 2011, Aveiro pode perder espólio valioso sobre Eça de Queirós) o mesmo sucedendo com o Barreiro na quinhentista Quinta das Agras dos Frades, junto à antiga Fábrica Jerónimo Campos.

Dentro do espírito de mútua colaboração, foram doados à Ordem Terceira de S. Francisco, 24 exemplares da obra "Isabel da Luz de Figueiredo", de autoria do associado Dr. Amaro Neves.

A ADERAV apresentou à Câmara Municipal de Aveiro a "Candidatura a apoio financeiro à atividade regular no domínio da cultura – ano de 2011", com o objetivo de obter apoios financeiros para as atividades já previstas, designadamente a realização das Jornadas do Património e a edição de mais um número da revista" PATRIMÓNIOS".

No dia 23 de Julho teve lugar a visita ao espaço underground das Caves Aliança, seguida de um almoço de confraternização num restaurante da região. Esta atividade realizou-se em parceria com o Sporting Clube de Aveiro. Esta visita esteve aberta a todos os associados da ADERAV.

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A Direção preocupada com a demolição do prédio na Av. Dr. Mário Sacra¬mento, onde esteve instalada a firma Veigas & Madail, Lda., no dia 31 de Agosto solicitou à Dra. Ana Gomes, Chefe de Divisão do Património Histórico da CMA, informações sobre as medidas tomadas para acautelar a recolha e preservação dos azulejos da fachada e do interior. Também se regista que a demolição não foi antecedida da recolha do espólio documental bem como de diverso material ilustrativo de uma época e que bem poderia vir a integrar o acervo museológico de uma instituição aveirense.

A Direção da ADERAV, deliberou a organização de um ciclo de visitas às Freguesias do Concelho de Aveiro. O objetivo é a realização de visitas, a locais históricos, capazes de permitir às populações locais a redescoberta do respetivo património identitário. Esta atividade foi iniciada no 13 de Novembro com uma" Visita Guiada ao Centro Histórico de Esgueira (Figura 3), tendo como oradores o Dr. Amaro Neves, a Dra. Romana Fragateiro e a Dra. Margarida Ribeiro. O percurso escolhido foi o seguinte:
10H00 – Edifício da antiga Câmara
10H20 – Pelourinho
10H45 – Pausa para café
l11H00 – Cruzeiro
11H15 – Visita à casa de Augusto António de Carvalho
11H30 – Fonte do Meio
11H45 – Igreja de Santo André

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Visita guiada ao Centro Histórico de Esgueira

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Cartaz das Jornadas.Com o objetivo de valorizar o património documental da região de Aveiro, para desse modo preservar a memória coletiva da comunidade local, a Divisão de Bibliotecas e arquivo da CMA, em parceria com a ADERAV, organizaram a 5ª edição das "Jornadas de História e Património Documental".

Estas realizaram-se no dia 25 de Novembro, no edifício da Biblioteca Municipal de Aveiro com o seguinte programa:

Sessão de Abertura

9.00h – Entrega de documentação aos participantes
9.30h – Abertura dos trabalhos
9.50h – Intervalo

I Sessão de trabalhos: Manhã
Tema: Contributo para a História da Região de Aveiro – ADERAV
Moderador João Paulo Baeta Rodrigues

10.00h – Do barro ao convento: a argila, a cerâmica, o açúcar e os ovos moles.
Paulo Morgado
10.20h – Albergaria-a-Velha na transição da Monarquia para a República
Delfim Bismarck
11.00h – Intervalo
11.15h – José Ferreira da Cunha e Sousa: o pioneiro da museologia industrial em Portugal
Margarida Ribeiro
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11.35h – Hipólito Andrade: Pintor da Ria de Aveiro e mestre da aguarela em Portugal
Amaro Neves

11.55h –Debate
Pausa para almoço
II Sessão de Trabalhos: Tarde
Tema: Preservação do Património

Moderador: Madalena Pinheiro – Chefe de Divisão de Bibliotecas e Arquivo
14.30h – Arquivos Municipais: afirmação e desafios
Maranhão Peixoto
14.50h – Os arquivos paroquiais fontes informativas para o estudo do património religioso de Aveiro
Hugo Calão
15.10h – A importância do fundo dos Feitos Findos na Tom do Tombo para a história local: o caso de Aveiro
Pedro Pinto
15.30h – Intervalo
15.50h – A Capela de S. Domingos no Convento de Jesus de Aveiro
José António Christo
16.10h – Cagaréus) ceboleiros... e outras gentes vizinhas
Ana Clara Correia
16.30h – Debate final
17.00h – Apresentação do livro Conselheiro José Ferreira da Cunha e Sousa de autoria do Dr. Amaro Neves
Lauro Marques – Presidente da ADERAV


Jornadas de História e Património Documental – Biblioteca Municipal de Aveiro

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No dia 14 de Dezembro foi emitido um comunicado da ADERAV para diversos órgãos de comunicação social e outros jornais e rádios da região, agência Lusa, grupos parlamentares, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia) no sentido de apelar à recuperação do imóvel público, "Ponte do Vouga", que ruiu em Novembro passado.


Aspecto da Ponte do Vouga após o acidente.

Foi solicitado a inclusão da ADERAV no "Anuário da Conservação do Património". O Anuário da Conservação do Património 2011, editado pelo GECORPA em parceria com o Canto Redondo – Edição e Produção, terá como enfoque principal as "Boas Práticas de Conservação e Restauro do Património Arquitetónico" e incluirá as empresas e organizações públicas e privadas que, a nível regional e nacional, atuam nas seguintes áreas: projeto, fiscalização e consultoria; levantamento, inspeções e ensaios; conservação e restauro; serviços; produtos; equipamentos e salvaguarda do Património.

A ADERAV, como parceira da CMA no projeto do Parque da Sustentabilidade, tem acompanhado os trabalhos e diligências que têm sido realizadas no que se refere à reabilitação do conjunto edificado formado pela Igreja do antigo convento de Santo António, capela de S. Francisco e estruturas anexas. Participou em reuniões técnicas com a equipa projetista da CMA, acompanhou os trabalhos prévios de arqueologia realizados nos espaços exteriores do edifício. Colaborou com a Ordem Terceira de S. Francisco na assessoria técnica no âmbito da conservação de património, como foi o caso da estabilização de um painel de azulejos da Igreja de Santo António, pela técnica do facing (Figura 6) ou no processo de remobilização dos espólios móveis para local apropriado de forma a libertar os espaços para a intervenção de reabilitação. Estes trabalhos deveriam / 236 / ter-se iniciado em Outubro de 2011, mas neste momento ainda não se iniciaram o que preocupa a direção da associação, pelo que já solicitou uma reunião com os responsáveis da autarquia.


Estabilização, com a colocação de um facing, de um painel de azulejos da Igreja de Santo António.

TOMADA DE POSIÇÃO PÚBLICA

A transposição de cursos de água de maior dimensão seria, na época medieval, tarefa bem difícil de resolver. Desta forma, a travessia do rio Vouga nos pontos onde as estradas se cruzavam com ele, passou, desde cedo, a ser feita através de pontes ou de barcas de passagem.

De todas elas, a que se nos afigura mais importante, precisamente por ser uma das que se encontra documentada em época mais remota e por fazer a travessia do principal curso de água desta região, o rio Vouga, junto à principal via terrestre, situava-se entre as povoações de Vouga e Pontilhão. Fosse pelo nome do rio ou pelo nome da vila que sediava todo este território agora estudado, esta infra-estrutura foi e é denominada Ponte de Vouga.

A ponte que hoje podemos observar é uma reedificação mandada efectuar, em 1713, por D. João VI, provavelmente na sequência da degradação ou destruição da existente, provocada pelas habituais cheias do rio.

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A sua existência é comprovada em 1262, altura em que o chantre Gonçalo Gonçalves faz um legado para as pontes de Águeda e Vouga. Essa existência é confirmada, ainda no mesmo século, na Inquirição da terra de Vouga, de 1282, e em 1294, quando um sobrinho daquele eclesiástico, D. Gonçalo Peres, bispo do Porto, doou 100 morabitinos antigos e 20 libras de ouro para acabamento das pontes de Vouga e Águeda.

Ora, sendo o primeiro documento que refere esta ponte mais de três décadas anterior a esta doação, depreendemos que aquela infra-estrutura estivesse, então, em fase de conclusão. Também a sua figura se encontra no selo medieval do concelho de Vouga, aposto num documento de 1317, onde são visíveis cinco arcos.

Mas se tudo isso não bastasse, em Outubro de 2005, na sequência de um ano extremamente seco, em que o caudal do Vouga não era mais do que um pequeno e estreito ribeiro com poucos metros de largura, foi possível observar toda a estrutura da ponte, pegões e talha-mares desde a sua base. Foi então que nos deparámos com alguns pormenores que nos fizeram concluir estarmos perante a original ponte medieval sobre o Vouga. Os arranques dos primitivos arcos apontam claramente para a existência de uma ponte anterior, de menor altura e, consequentemente, para um leito a uma cota inferior. Verifica-se, igualmente, que, desde o nível dos arranques dos arcos primitivos para baixo, praticamente todas as pedras apresentam, bem visíveis, as típicas marcas (siglas) dos canteiros, o mesmo acontecendo com algumas das que formam o interior dos novos arcos, o que pressupõe uma clara reutilização dos materiais que compunham a ponte medieval. Também o talhe dos blocos de menores dimensões, os silhares a partir da base, as características das aduelas e o grande vão dos arcos, parecem ser provas mais do que suficientes para o que acima afirmamos.


Aspecto parcial da Ponte do Vouga em 2005.

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Pormenor de selo do concelho de Vouga (1317)


Pormenor da base de um dos pilares da ponte de Vouga, onde é bem visível alguma degradação
(2)

Sobre esta matéria, ver: FERRElRA, Delfim Bismarck, A Terra de Vouga nos Séculos IX a XIV, Aveiro, ADERAV – Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro, 2008.
___________________________________

(1) – Na mesma ponte podemos observar um letreiro em calcário com a seguinte inscrição: ESTA OBRA MAN / DOV FAZER O SENH / OR DOM JOAM REI / DE PORTUGAL O Q(V)INTO / QVE DEOS G(VAR)DE / 1713 A(NOS)

(2) – É bem visível o arranque do primitivo arco, assim como a diferença de aparelhamento dos materiais, a partir de determinada cota.


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