A Direcção da ADERAV, constituída por: Presidente:
Luís Souto de Miranda, Vice-Presidente: Fátima
Alves, Vice-Presidente: Paulo Morgado, Secretário:
Patrícia Sarrico, Tesoureiro: João Paulo Baeta,
Vogal: Hugo Calão, Vogal: Maria Teresa Ramos,
decidiu "enaltecer" alguns exemplos de "boas
práticas" na defesa e divulgação do património
local. Foram distinguidos na categoria
"Personalidades", a título póstumo, pelo "serviço
inestimável em prol da divulgação da cultura,
tradições e património" da cidade: Carlota Duarte,
durante vários anos zeladora das Igrejas de Santo
António e São Francisco, em Aveiro e Carlos Souto,
ilustre aveirense e membro da Confraria Gastronómica de São Gonçalo.
Na categoria "Património Histórico e Cultural", a
ADERAV optou por realçar a recuperação da Ponte do Marnel, em Águeda, promovida pela Câmara local. O
projecto é visto como "um exemplo de atenção a um bem
histórico que deveria ser seguido por outras
autarquias".
Finalmente na categoria "Património Natural" a
associação premiou o projecto
BIORIA, promovido pela Câmara de Estarreja, por ser
uma "referência de boas práticas na protecção do
património natural ao permitir a fruição e
reconhecimento do grande valor ecológico associado
ao Baixo Vouga Lagunar'.
A atribuição destas distinções e o lançamento do
oitavo número da revista "Patrimónios" no Hotel
Moliceiro no dia 30 de Março, assinalou o final do
mandato da referida Direção da ADERAV. (Diário de
Aveiro, 30 de Março de 2011 – ADERAV distingue
figuras e projetos da região.)
http://www.oln.pt/noticias.asp?id=22863&secc=1
http://www.noticiasdeaveiro.pt/pt/21683/aderav-Ianca-revista-destaca-boas-praticas-e-personalidades-amigas-do-patrimonio/
Ainda no dia 30 de Março de 2011, às 21.30h,
realizou-se na Casa Municipal da Cultura em Aveiro,
o ato de tomada de posse dos novos órgãos sociais da
Associação para o Estudo e Defesa do Património
Natural e Cultural da Região de Aveiro (ADERAV),
cuja constituição é a seguinte:
ASSEMBLEIA GERAL
Presidente: Luís Manuel Souto de
Miranda
1.° Secretário: Delfim dos Santos Bismarck
Álvares Ferreira
2.° Secretário: Amaro Ferreira
Neves
DIREÇÃO
Presidente: Lauro Amando Ferreira Marques
Vice-Presidente: Paulo Jorge da Conceição Morgado
Vice-Presidente: Rosa Maria Ferreira Pinho
Secretário: Énio Fernandes Curvo Semedo
Tesoureiro:
João Paulo Baeta Serra Simões Rodrigues
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230 /
Vogal: Margarida Aldina Marques Ribeiro
Vogal: Maria
Emília Ferreira de Oliveira Batista Alves
CONSELHO FISCAL
Presidente: Carlos Manuel Marques
Alves
Secretário: Emanuel José Rodrigues da Silva
Relator: Manuel Pereira Filipe
No dia da tomada de posse, a atual Direção, na
pessoa do seu Presidente Eng. Lauro Marques,
manifestou a vontade de prosseguir na linha de
orientação por que se tem pautado a ação da ADERAV,
acautelando o património natural e cultural da
região de Aveiro e promovendo iniciativas que
aproximem os cidadãos desse mesmo património.
A Direção da ADERAV, manifestou nos órgãos de
comunicação social o seu profundo desagrado com a
demolição da antiga casa da Câmara de Aradas, que
segundo o Dr. Amaro Neves tratava-se de "pequeno
imóvel secular, de inestimável valor histórico para
a
freguesia, por ser a última referência física do
antigo município, extinto em 1836" (Diário de A
veiro, 12 de Abril de 2011; Correio do Vouga, 13 de
Abril de 2011).
No dia 26 de Maio a Direção da
ADERAV foi recebida
na Paço Episcopal, pelo
Sr. Bispo de Aveiro, D. António Francisco. A Direção
expôs ao Sr. Bispo a atual situação
das Igrejas de S. Francisco e S. António
relativamente à intervenção que está prevista no
âmbito do projeto "Parque da Sustentabilidade".
Igualmente, manifestou a disponibilidade da ADERAV
poder vir a colher pareceres técnicos relativamente
a intervenções
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231 /
físicas em igrejas ou outros templos da Diocese e o
empenho em colaborar num aprofundamento da Rota do
Património Religioso.
Em 12 de Junho o Sr. Presidente da Câmara Municipal
de Aveiro, Dr. Élio Maia, recebeu a Direção da
ADERAV que aproveitou o ensejo para chamar a atenção para
a destruição da Casa da Câmara, em Aradas, para o
abandono a que está votada a Casa de Eça de Queirós,
em Verdemilho (alvo de notícia no Diário de Aveiro
do dia 4 de Abril de 2011, Aveiro pode perder
espólio valioso sobre Eça de Queirós) o mesmo
sucedendo com o Barreiro na quinhentista Quinta das
Agras dos Frades, junto à antiga Fábrica Jerónimo
Campos.
Dentro do espírito de mútua colaboração, foram
doados à Ordem Terceira de S. Francisco, 24
exemplares da obra "Isabel da Luz de Figueiredo", de
autoria do associado Dr. Amaro Neves.
A ADERAV apresentou à Câmara Municipal de Aveiro a
"Candidatura a apoio financeiro à atividade regular
no domínio da cultura – ano de 2011", com o objetivo
de obter apoios financeiros para as atividades já
previstas, designadamente a realização das
Jornadas do Património e a edição de mais um número
da revista" PATRIMÓNIOS".
No dia 23 de Julho teve lugar a visita ao espaço underground das Caves Aliança, seguida de um almoço
de confraternização num restaurante da região. Esta
atividade realizou-se em parceria com o Sporting
Clube de Aveiro. Esta visita esteve aberta a todos
os associados da ADERAV.
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232 /
A Direção preocupada com a demolição do prédio na
Av. Dr. Mário Sacra¬mento, onde esteve instalada a
firma Veigas & Madail, Lda., no dia 31 de Agosto
solicitou à Dra. Ana Gomes, Chefe de Divisão do
Património Histórico da CMA, informações sobre as
medidas tomadas para acautelar a recolha e
preservação dos azulejos da fachada e do interior.
Também se regista que a demolição não foi antecedida
da recolha do espólio documental bem como de diverso
material ilustrativo de uma época e que bem poderia
vir a integrar o acervo museológico de uma
instituição aveirense.
A Direção da ADERAV, deliberou a organização de um
ciclo de visitas às Freguesias do Concelho de
Aveiro. O objetivo é a realização de visitas, a
locais históricos, capazes de permitir às
populações locais a redescoberta do respetivo
património identitário. Esta atividade foi iniciada
no 13 de Novembro com uma" Visita Guiada ao Centro
Histórico de Esgueira (Figura 3), tendo como
oradores o Dr. Amaro Neves, a Dra.
Romana Fragateiro e a Dra. Margarida Ribeiro. O
percurso escolhido foi o seguinte:
10H00 – Edifício da antiga Câmara
10H20 – Pelourinho
10H45 – Pausa para café
l11H00 – Cruzeiro
11H15 – Visita à casa de Augusto António de Carvalho
11H30 – Fonte do Meio
11H45 – Igreja de Santo André
Visita guiada ao
Centro Histórico de Esgueira
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233 /
Com o objetivo de valorizar o património documental
da região de Aveiro, para
desse modo preservar a memória coletiva da
comunidade local, a Divisão de Bibliotecas
e arquivo da CMA, em parceria com a ADERAV,
organizaram a 5ª edição das "Jornadas
de História e Património Documental".
Estas realizaram-se no dia 25 de
Novembro, no edifício da Biblioteca Municipal de
Aveiro com o seguinte programa:
Sessão de Abertura
9.00h – Entrega de documentação aos participantes
9.30h – Abertura dos trabalhos
9.50h – Intervalo
I Sessão de trabalhos: Manhã
Tema: Contributo para a História da Região de Aveiro
– ADERAV
Moderador João Paulo Baeta Rodrigues
10.00h – Do barro ao convento: a argila, a cerâmica,
o açúcar e os ovos moles.
Paulo Morgado
10.20h – Albergaria-a-Velha na transição da
Monarquia para a República
Delfim Bismarck
11.00h – Intervalo
11.15h – José Ferreira da Cunha e Sousa: o pioneiro
da museologia industrial em Portugal
Margarida Ribeiro
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234 /
11.35h – Hipólito Andrade: Pintor da Ria de Aveiro e
mestre da aguarela em Portugal
Amaro Neves
11.55h –Debate
Pausa para almoço
II Sessão de Trabalhos: Tarde
Tema: Preservação do Património
Moderador: Madalena Pinheiro – Chefe de Divisão de
Bibliotecas e Arquivo
14.30h – Arquivos Municipais: afirmação e desafios
Maranhão Peixoto
14.50h – Os arquivos paroquiais fontes informativas
para o estudo do património religioso de
Aveiro
Hugo Calão
15.10h – A importância do fundo dos Feitos Findos na
Tom do Tombo para a história local: o caso de Aveiro
Pedro Pinto
15.30h – Intervalo
15.50h – A Capela de S. Domingos no Convento de
Jesus de Aveiro
José António Christo
16.10h – Cagaréus) ceboleiros... e outras gentes vizinhas
Ana Clara Correia
16.30h – Debate final
17.00h – Apresentação do livro Conselheiro José
Ferreira da Cunha e Sousa de autoria do Dr. Amaro
Neves
Lauro Marques – Presidente da ADERAV
Jornadas de História
e Património Documental – Biblioteca Municipal de
Aveiro
/
235 /
No dia 14 de Dezembro foi emitido um comunicado da
ADERAV para diversos órgãos de comunicação social e
outros jornais e rádios da região, agência Lusa,
grupos parlamentares, Câmaras Municipais e Juntas de
Freguesia) no sentido de apelar à recuperação do
imóvel público, "Ponte do Vouga", que ruiu em
Novembro passado.
Aspecto da Ponte do
Vouga após o acidente.
Foi solicitado a inclusão da
ADERAV no "Anuário da
Conservação do Património". O Anuário da Conservação
do Património 2011, editado pelo GECORPA em parceria
com o Canto Redondo – Edição e Produção, terá como
enfoque principal as "Boas Práticas de Conservação e
Restauro do Património Arquitetónico" e incluirá as
empresas e organizações públicas e privadas que, a
nível regional e nacional, atuam nas seguintes
áreas: projeto, fiscalização e consultoria;
levantamento, inspeções e ensaios; conservação e
restauro; serviços; produtos; equipamentos e
salvaguarda do Património.
A ADERAV, como parceira da CMA no projeto do Parque
da Sustentabilidade, tem acompanhado os trabalhos e
diligências que têm sido realizadas no que se refere
à reabilitação do conjunto edificado formado pela
Igreja do antigo convento de Santo
António, capela de S. Francisco e estruturas anexas.
Participou em reuniões técnicas com
a equipa projetista da CMA, acompanhou os trabalhos
prévios de arqueologia realizados nos espaços
exteriores do edifício. Colaborou com a Ordem
Terceira de S. Francisco na assessoria técnica no
âmbito da conservação de património, como foi o caso
da estabilização de um painel de azulejos da Igreja
de Santo António, pela técnica do facing (Figura 6)
ou no processo de remobilização dos espólios móveis
para local apropriado de forma a libertar os espaços
para a intervenção de reabilitação. Estes trabalhos
deveriam
/
236 /
ter-se iniciado em Outubro de 2011, mas neste
momento ainda não se iniciaram o que preocupa a
direção da associação, pelo que já solicitou uma
reunião com os responsáveis da autarquia.
Estabilização, com a colocação de um facing, de um
painel de azulejos da Igreja de Santo António.
TOMADA DE POSIÇÃO PÚBLICA
A transposição de cursos de água de maior dimensão
seria, na época medieval, tarefa bem difícil de
resolver. Desta forma, a travessia do rio Vouga nos
pontos onde as estradas se cruzavam com ele, passou,
desde cedo, a ser feita através de pontes ou de
barcas de passagem.
De todas elas, a que se nos afigura mais importante,
precisamente por ser uma das que se encontra
documentada em época mais remota e por fazer a
travessia do principal curso de água desta região, o
rio Vouga, junto à principal via terrestre,
situava-se entre as povoações de Vouga e Pontilhão.
Fosse pelo nome do rio ou pelo nome da vila que
sediava todo este território agora estudado, esta
infra-estrutura foi e é denominada Ponte de Vouga.
A ponte que hoje podemos observar é uma reedificação
mandada efectuar, em 1713, por D. João VI,
provavelmente na sequência da degradação ou
destruição da existente, provocada pelas habituais
cheias do rio.
/ 237 /
A sua existência é comprovada em 1262, altura em que
o chantre Gonçalo
Gonçalves faz um legado para as pontes de Águeda e
Vouga. Essa existência é confirmada, ainda no mesmo século, na Inquirição da
terra de Vouga, de 1282, e em 1294,
quando um sobrinho daquele eclesiástico, D. Gonçalo
Peres, bispo do Porto, doou 100
morabitinos antigos e 20 libras de ouro para
acabamento das pontes de Vouga e Águeda.
Ora, sendo o primeiro documento que refere esta
ponte mais de três décadas anterior a
esta doação, depreendemos que aquela infra-estrutura
estivesse, então, em fase de conclusão. Também a sua figura se encontra no selo
medieval do concelho de Vouga, aposto
num documento de 1317, onde são visíveis cinco
arcos.
Mas se tudo isso não bastasse, em Outubro de 2005,
na sequência de um ano
extremamente seco, em que o caudal do Vouga não era
mais do que um pequeno e
estreito ribeiro com poucos metros de largura, foi
possível observar toda a estrutura da
ponte, pegões e talha-mares desde a sua base. Foi
então que nos deparámos com alguns
pormenores que nos fizeram concluir estarmos perante
a original ponte medieval sobre o
Vouga. Os arranques dos primitivos arcos apontam
claramente para a existência de uma
ponte anterior, de menor altura e, consequentemente,
para um leito a uma cota inferior.
Verifica-se, igualmente, que, desde o nível dos
arranques dos arcos primitivos para baixo,
praticamente todas as pedras apresentam, bem
visíveis, as típicas marcas (siglas) dos
canteiros, o mesmo acontecendo com algumas das que
formam o interior dos novos
arcos, o que pressupõe uma clara reutilização dos
materiais que compunham a ponte
medieval. Também o talhe dos blocos de menores
dimensões, os silhares a partir da base, as
características das aduelas e o grande vão dos
arcos, parecem ser provas mais do que
suficientes para o que acima afirmamos.
Aspecto parcial da
Ponte do Vouga em 2005.
/
238 /
Pormenor de selo do
concelho de Vouga (1317)
Pormenor da base de um dos pilares da ponte de
Vouga, onde é bem visível alguma degradação
(2)
Sobre esta matéria, ver: FERRElRA, Delfim Bismarck,
A Terra de Vouga nos Séculos IX a XIV, Aveiro,
ADERAV – Associação para o Estudo e Defesa do Património
Natural e Cultural da Região de Aveiro, 2008.
___________________________________
(1) – Na mesma ponte podemos observar um letreiro em
calcário com a seguinte inscrição: ESTA OBRA MAN
/ DOV FAZER O SENH / OR DOM JOAM REI / DE PORTUGAL O Q(V)INTO / QVE DEOS
G(VAR)DE / 1713 A(NOS)
(2) – É bem visível o arranque do primitivo arco, assim
como a diferença de aparelhamento dos materiais, a
partir de determinada cota. |