De tudo quanto foi registado ao longo deste capítulo, verificamos em síntese o
seguinte:
· O quadro tradicional continua a ser o único recurso existente a 100% em
todas as escolas, sendo aquele a que a quase totalidade dos professores recorre
com maior frequência (95,1%).
· Fazem parte da dotação a 100% da totalidade das escolas do distrito e,
provavelmente, de todas as escolas do País, além do quadro tradicional, os
mapas, o retroprojector e o fotocopiador.
· Os recursos com maior frequência de utilização depois do quadro
tradicional e acima dos 50% são o retroprojector (70,2%), cartazes e posters
(65,0%) e fotografias e postais ilustrados (60,5%).
· Recursos como o quadro de
pregas e quadro de fios são inexistentes nas escolas.
· Caíram completamente em desuso
o cinema e a projecção fixa por meio de diafilmes.
· São de utilização quase
nula, dentro dos recursos visuais, o quadro magnético, o álbum seriado e o
flanelógrafo; dentro dos recursos sonoros, o gira-discos e o gravador de
bobinas; e dentro dos recursos audiovisuais, o videogravador sistema Beta deixou
praticamente de ser utilizado.
· Os mais recentes recursos
tecnológicos, tais como os sistemas multimédia e o CD-I são quase
inexistentes nas escolas portuguesas, donde se poderá concluir que as novas
tecnologias penetram com extrema dificuldade no ensino.
· A projecção de diaporamas nas
escolas portuguesas, além de ser de utilização pouco frequente, é
praticamente impossível com a qualidade mínima desejável, em virtude da falta
de dotação de gravadores adequados para esta forma de apresentação de
diapositivos.
· A percentagem de escolas que não
estão dotadas de salas adequadas para audiovisuais é ainda bastante elevada
(40%), não havendo, em quase 50% das escolas, um funcionário responsável com
preparação mínima adequada.
· Só em 19,3% das escolas do
distrito existe uma mediateca.
· A percentagem de docentes que
nunca receberam qualquer tipo de formação e de sensibilização para a utilização
dos recursos audiovisuais é ainda bastante elevada (44,1%).
Estes elementos permitem-nos concluir que, embora se note já um certo
progresso em relação a épocas anteriores, há ainda um longo caminho a
percorrer no sentido de tornar o ensino em Portugal mais eficiente e de acordo
com a nossa época, de modo a reduzir o desfasamento entre a escola
institucional e a escola paralela.
Numa
época em que a imagem constitui uma das formas mais utilizadas e mais poderosas
de comunicação, verifica-se que o recurso a ela ainda se faz de uma maneira um
tanto esporádica e nem sempre nas melhores condições. Os modernos recursos de
carácter multimédia e interactivo, que poderiam desempenhar um papel
importante no campo educativo, são praticamente inexistentes na escola
portuguesa. Mesmo os sistemas mais acessíveis, como o recurso a diaporamas e o
actual substituto do cinema ─ o vídeo ─ só ocasionalmente são
utilizados, e quase sempre em deficientes condições, como é o caso, por
exemplo, dos diaporamas.
Seria
importante, para um melhor aproveitamento dos modernos recursos e um ensino mais
eficiente e atractivo, que as entidades responsáveis pela educação em
Portugal prestassem uma maior atenção a três aspectos fundamentais: 1º. ao
apetrechamento das escolas com os modernos sistemas interactivos, cuja comunicação
se processa essencialmente através da imagem: o CD-I e sistemas multimédia de
base informática; 2º. à criação de grupos de trabalho tendo em vista a criação
de módulos didácticos de acordo com as actuais necessidades educativas; 3º.
à formação, actualização e sensibilização dos docentes para os actuais
recursos audiovisuais, desde os de mais fácil utilização e acessibilidade,
como os diaporamas e o vídeo, aos tecnologicamente mais evoluídos, tais como o
CD-I e restantes sistemas multimédia interactivos, mostrando-lhes as
potencialidades e vantagens educativas.
Se os
dois primeiros aspectos são fundamentais para uma evolução, o seu resultado
será nulo se o terceiro aspecto for negligenciado. É que a evolução do
ensino não passa apenas pela introdução das tecnologias mais modernas e
potencialmente mais eficientes, mas também, e sobretudo, pela actualização e
evolução da mentalidade e papel do professor, cuja importância não é de
modo nenhum diminuída e muito menos anulada pelas modernas tecnologias.
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