Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996.

 

Síntese


De tudo quanto foi registado ao longo deste capítulo, verificamos em síntese o seguinte:

       · O quadro tradicional continua a ser o único recurso existente a 100% em todas as escolas, sendo aquele a que a quase totalidade dos professores recorre com maior frequência (95,1%).

        · Fazem parte da dotação a 100% da totalidade das escolas do distrito e, provavelmente, de todas as escolas do País, além do quadro tradicional, os mapas, o retroprojector e o fotocopiador.

        · Os recursos com maior frequência de utilização depois do quadro tradicional e acima dos 50% são o retroprojector (70,2%), cartazes e posters (65,0%) e fotografias e postais ilustrados (60,5%).

       · Recursos como o quadro de pregas e quadro de fios são inexistentes nas escolas.

       · Caíram completamente em desuso o cinema e a projecção fixa por meio de diafilmes.

       · São de utilização quase nula, dentro dos recursos visuais, o quadro magnético, o álbum seriado e o flanelógrafo; dentro dos recursos sonoros, o gira-discos e o gravador de bobinas; e dentro dos recursos audiovisuais, o videogravador sistema Beta deixou praticamente de ser utilizado.

       · Os mais recentes recursos tecnológicos, tais como os sistemas multimédia e o CD-I são quase inexistentes nas escolas portuguesas, donde se poderá concluir que as novas tecnologias penetram com extrema dificuldade no ensino.

       · A projecção de diaporamas nas escolas portuguesas, além de ser de utilização pouco frequente, é praticamente impossível com a qualidade mínima desejável, em virtude da falta de dotação de gravadores adequados para esta forma de apresentação de diapositivos.

       · A percentagem de escolas que não estão dotadas de salas adequadas para audiovisuais é ainda bastante elevada (40%), não havendo, em quase 50% das escolas, um funcionário responsável com preparação mínima adequada.

       · Só em 19,3% das escolas do distrito existe uma mediateca.

       · A percentagem de docentes que nunca receberam qualquer tipo de formação e de sensibilização para a utilização dos recursos audiovisuais é ainda bastante elevada (44,1%).

 

Estes elementos permitem-nos concluir que, embora se note já um certo progresso em relação a épocas anteriores, há ainda um longo caminho a percorrer no sentido de tornar o ensino em Portugal mais eficiente e de acordo com a nossa época, de modo a reduzir o desfasamento entre a escola institucional e a escola paralela.

Numa época em que a imagem constitui uma das formas mais utilizadas e mais poderosas de comunicação, verifica-se que o recurso a ela ainda se faz de uma maneira um tanto esporádica e nem sempre nas melhores condições. Os modernos recursos de carácter multimédia e interactivo, que poderiam desempenhar um papel importante no campo educativo, são praticamente inexistentes na escola portuguesa. Mesmo os sistemas mais acessíveis, como o recurso a diaporamas e o actual substituto do cinema ─ o vídeo ─ só ocasionalmente são utilizados, e quase sempre em deficientes condições, como é o caso, por exemplo, dos diaporamas.

Seria importante, para um melhor aproveitamento dos modernos recursos e um ensino mais eficiente e atractivo, que as entidades responsáveis pela educação em Portugal prestassem uma maior atenção a três aspectos fundamentais: 1º. ao apetrechamento das escolas com os modernos sistemas interactivos, cuja comunicação se processa essencialmente através da imagem: o CD-I e sistemas multimédia de base informática; 2º. à criação de grupos de trabalho tendo em vista a criação de módulos didácticos de acordo com as actuais necessidades educativas; 3º. à formação, actualização e sensibilização dos docentes para os actuais recursos audiovisuais, desde os de mais fácil utilização e acessibilidade, como os diaporamas e o vídeo, aos tecnologicamente mais evoluídos, tais como o CD-I e restantes sistemas multimédia interactivos, mostrando-lhes as potencialidades e vantagens educativas.

Se os dois primeiros aspectos são fundamentais para uma evolução, o seu resultado será nulo se o terceiro aspecto for negligenciado. É que a evolução do ensino não passa apenas pela introdução das tecnologias mais modernas e potencialmente mais eficientes, mas também, e sobretudo, pela actualização e evolução da mentalidade e papel do professor, cuja importância não é de modo nenhum diminuída e muito menos anulada pelas modernas tecnologias.

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