Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996.

 

A Imagem como Recurso Pedagógico em Portugal
Sécs. XVI a XX

Bento José de Sousa Farinha

 

Em finais do século XVIII, volvidos novamente cerca de uns trinta anos, Bento José de Sousa Farinha[1] (1740-1820), numa memória sobre os estudos, ao chamar a atenção para a forma de ocupação dos tempos livres dos jovens, diz-nos:

«A mocidade carece de divertimentos tanto ou mais que da lição: há-de falar, e ouvir falar; há-de pensar, e ver pensar aos mais. (...) Se todas estas coisas indispensáveis forem contrárias e repugnantes ao progresso de seus Estudos, como o fará com duas horas de Aula? Tudo quanto aqui ganhar não o perderá nas outras muitas horas que tem vagas? (...) Eis aqui porque a maior parte dos sábios requerem Colégios, e que neles conversações, pinturas, divertimentos, tudo seja dirigido e encaminhado ao ensino, e progresso de seus Estudos. Só neles é que a mocidade pode ter a maior parte das coisas que lhe são indispensáveis ao seu adiantamento.[2]»

Sousa Farinha preocupa-se com a eventualidade dos conhecimentos adquiridos, durante as poucas horas de aulas, se poderem facilmente perder durante os momentos de lazer da juventude. E por esta razão, segundo ele, a maior parte dos sábios requerem Colégios, onde todos os momentos estão orientados para uma progressão na aprendizagem, entre os quais se inclui a utilização de pinturas como forma de acesso ao conhecimento.



[1] - Mariana Amélia Machado Santos, Bento José de Sousa Farinha e o ensino, Coimbra, 1948.

[2] Apud Mariana Amélia Machado Santos, op. cit., pág. 37.

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