Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996. |
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televisão
é um processo electrónico de visão de imagens à distância projectadas
sobre um ecrã, designado por cinescópio. Este não é mais do que uma válvula
de grandes dimensões, formada por um canhão de feixes electrónicos e uma
superfície sobre a qual esses feixes, projectados segundo varreduras de linhas
horizontais que percorrem o ecrã da esquerda para a direita e de cima para
baixo, vão dar origem à formação de imagens, tanto mais perfeitas quanto
maior o número de linhas que varrem a superfície do ecrã. Pode-se afirmar que a televisão
foi dos inventos que mereceu simultaneamente o maior número de críticas e de
elogios e também o sistema que mais contribuiu, conjuntamente com a rádio e a
imprensa, para transformar o planeta numa imensa aldeia global pois, em pouco
tempo, tornou-se acessível à grande maioria das pessoas, constituindo uma
forma de companhia, de diversão, de informação e de formação, sendo talvez
o instrumento mais poderoso da chamada «
escola paralela
». Para que a imagem tenha podido
alcançar a força actual, foi necessário que a televisão passasse por uma série
de evoluções, que tiveram os seus antecedentes ainda nos finais do século
anterior. Quando, em 1878, é
apresentado em Portugal o telefone de
Graham Bell
, que gera grande entusiasmo e cujas experiências, em que participou o próprio
rei, suscitam grandes notícias nos jornais da época, um professor português,
Adriano de Paiva
, lente de Física na Academia Politécnica do Porto, redige uma memória em
que analisa as vantagens do sistema /
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utilizado por Bell[1]
sobre outros sistemas. Enquanto outros sistemas, entre os quais cita o tubo acústico,
com um alcance de apenas 150 metros, têm reduzidas potencialidades, considera
que, com a criação da telefonia eléctrica estará dado o primeiro passo para
transferir o mesmo princípio da telefonia eléctrica para o da
telescopia eléctrica
, permitindo a transmissão de imagens a grandes distâncias. «A
telescopia eléctrica - diz-nos
Adriano de PaivaAdriano de Paiva
na sua memória - viria
mesmo preencher uma importante lacuna da telescopia catadióptrica, a qual, como
é sabido, não permite ver objectos situados fora do cone dos raios visuais do
observador. Com o novo telescópio, porém,
desapareceu tal obstáculo; transformado em corrente eléctrica, o movimento
luminoso percorreria docilmente o caminho que nos aprouvesse dar ao fio
destinado a conduzi-lo; e de um ponto do globo terrestre seria possível
devassar este em toda a sua extensão.[2]» Temos aqui, nas palavras
transcritas do professor Adriano de Paiva, enunciado o problema básico do princípio
de transmissão de imagens à distância, que viria a ser equacionado mais tarde
noutros países. Chegou-se mesmo a pensar em criar um sistema que realizasse a
transmissão das imagens de modo idêntico ao sistema natural de transmissão
das imagens da retina para o cérebro, mas, como tal exigia um elevado número
de elementos, acabou por ser abandonado e substituído por um sistema que, em
vez do envio das imagens na sua globalidade, as decompõe em linhas, que envia
uma a uma numa sequência de tal modo rápida, que permite reconstituir a
globalidade da imagem projectada no ecrã do cinescópio. Os primeiros sistemas de
transmissão das imagens de televisão linha a linha são mecânicos. O sistema
mecânico mais conhecido foi o do alemão
Paul Nipkow
, que utilizava dois discos perfurados em espiral, um no emissor e o outro no
receptor. Inventado em 1884, acabou por ter larga divulgação em 1925. Este
disco, girando a alta velocidade, embora apenas um ponto da imagem estivesse de
cada vez exposto à célula foto-eléctrica, acabava por permitir que, a cada
volta do disco pudesse ser vista uma imagem completa. Todavia, a qualidade da
imagem era francamente má, pois as imagens eram constituídas por reduzido número
de linhas. Ainda nos finais do século
anterior, em 1897, um físico alemão,
Ferdinand Braun
, inventou a válvula de raios catódicos, que vai ser a base dos cinescópios
dos modernos televisores e das câmaras de filmar. Quando fazia experiências
para investigar o comportamento dos electrões, Braun descobriu que, quando eles
colidiam com tinta fluorescente, esta ficava /
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luminosa durante um breve espaço
de tempo. Revestiu com tinta a extremidade de um tubo de vidro contendo um eléctrodo
que, quando aquecido, emitia electrões[3].
Posteriormente, demonstrou que, recorrendo-se a electroímanes e placas
electricamente carregadas do lado exterior do tubo se podia focar o raio
de maneira
a obterem-se pontos de luz brilhante e que a variação de tensão
permitia fazer deslocar esses pontos de luz. O
disco de Nipkow
é utilizado pela primeira vez em S. Petersburgo, na Rússia, em 1911, pelo
professor
Boris Rosing
, que apenas conseguiu projectar umas imagens de muito fraca qualidade. Entre 1923 e 1931, um discípulo
de Boris Rosing,
Vladimir Zworykin
, produziu o primeiro tubo electrónico que funcionava como câmara. Tendo
fugido para os Estados Unidos, para escapar à Revolução Russa, Zworykin
entrou para a empresa
Westinghouse
e, no final de 1923, apresentou o primeiro tubo de projecção de imagens, a
que deu o nome de
iconoscópio.
Em 1925, Zworykin registou a primeira patente de televisão a cores, cujo
sistema só viria a ser produzido vinte e cinco anos mais tarde. Feita a apresentação da
televisão, em Londres, em 1926, pelo escocês John Logie Baird, que utilizou o
sistema mecânico de discos de Nipkow, pouco tempo depois iniciavam-se as emissões
regulares de televisão pela BBC (1929). A partir dos anos 30, o sistema mecânico
é substituído pelos sistemas electrónicos. Em 1940, a televisão constitui já
um novo media de utilização diária,
não só em Inglaterra, mas sobretudo nos Estados Unidos, onde a CBS (Columbia
Broadcasting System) inicia mesmo um sistema diário de televisão a cores.
E é a partir da década de 50, terminada a segunda guerra mundial, que a
televisão e sistemas dela decorrentes irão alcançar o desenvolvimento e
vulgarização que hoje conhecemos. Em Março de 1954 nasce a União
Europeia de Radiodifusão (UER). Em Março de 1957 é inaugurada oficialmente a
televisão portuguesa. A partir dos anos 70 começam a surgir na Europa as
primeiras redes de televisão por cabo e a tornarem-se correntes as transmissões
intercontinentais, através de satélites. Actualmente a recepção de canais de
países dos vários continentes é prática comum, falando-se já em sistemas de
alta definição, em sistemas em que a televisão anda associada à informática,
prevendo-se mesmo para breve a televisão em relevo. Com o aparecimento da televisão
e com os progressos tecnológicos cada vez maiores, que acabaram por a tornar
acessível a toda a gente, em breve, passa a reunir à volta do aparelho toda a
família e a reduzir a assiduidade das salas de cinema. A televisão acaba por
se tornar uma forma de espectáculo extremamente cómoda e, sobretudo, uma
janela aberta para todos os acontecimentos do mundo, acabando por reduzir o
planeta a uma imensa aldeia global. E, nos /
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finais do século XX, os modernos
televisores permitem não só captar estações de todo o mundo, através da
transmissão de programas via satélite ou por cabo, mas ainda funcionar como
terminais de leitura dos modernos aparelhos de registo e leitura de imagens, em
videodisco ou videocassete, bem como constituir uma forma de diversão, com as
modernas "consolas" computorizadas de jogos, e uma forma de acesso à
informação pretendida, através da utilização do CD interactivo (CD-I).
Deste modo, a caixa mágica da televisão é não só um componente da
tele-comunicação, como pode constituir o terminal de um sistema de comunicação-informação
self-media e multimédia,
na medida em que permite visualizar as gravações em vídeo realizadas pelos próprios,
bem como programas alheios e videodiscos compactos através da utilização do
leitor apropriado. Outro grande recurso
comunicativo, intimamente associado à televisão, é constituído pelos
sistemas de gravação/leitura em vídeo, cuja expansão e acessibilidade levou
praticamente ao desaparecimento do cinema amador e veio dar novas possibilidades
a todos quantos se interessam, quer pela criação de mediatecas para uso
pessoal, quer pela idealização e produção de programas próprios em vídeo. Inicialmente destinado a fins
comerciais, em breve aparecem os primeiros videogravadores para uso não
profissional, em finais dos anos 60. A partir dos anos 70, surgem sucessivamente
os sistemas Betamax e VHS,
lançados no Japão em 1975, o Vídeo 2000,
em finais de 1978. Nos anos 80, surgem as primeiras câmaras altamente compactas
de vídeo, com ecrãs CCD e o novo formato de vídeo em 8 mm. Ao lado dos
sistemas de gravação em vídeo, embora com um mercado bastante mais restrito,
existem os sistemas de reprodução de vídeo em discos compactos. Todos estes
sistemas permitiram que, no âmbito dos self-media,
o homem passasse a dispor de sistemas versáteis de comunicação audiovisual,
cujas potencialidades estão em permanente evolução e aumento, graças à fusão
que actualmente se verifica entre os sistemas de vídeo e os sistemas informáticos. Do ponto de vista social, o
aparecimento dos diferentes meios de comunicação social, especialmente a rádio
e a televisão, após o período da segunda guerra mundial, constitui, segundo
alguns, uma verdadeira revolução com implicações sociais. Para Marshall
McLuhan, eles transformaram o planeta numa verdadeira «aldeia global», na
medida em que aproximaram os homens uns dos outros. Todavia, se para McLuhan a rádio
e a televisão contribuíram para a aproximação dos homens, há quem considere
que eles tiveram precisamente um efeito contrário, com carácter negativo. De
acordo com A. Duarte Rodrigues[4],
os mass-media terão antes /
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contribuído
para o isolamento do homem moderno, tendo reduzido significativamente as relações
inter-pessoais e aumentado os sentimentos de incomunicabilidade e solidão. Por
outro lado, além de terem contribuído para uma cultura superficial e
ladrilhada, aquilo que Edgar Morin designou como uma «cultura de tipo mosaico»,
uma cultura polifacetada e sem grande profundidade, como acontecia anteriormente
numa sociedade culturalmente alicerçada na leitura, o excesso de informação
terá levado o espectador a uma espécie de insensibilidade. O excesso de
informação de tipo audiovisual, com preponderância da imagem, leva o indivíduo
a criar mecanismos de defesa, de impermeabilização à informação, dela
apenas retendo, quando efectivamente interessado, uma reduzidíssima parte:
Os media têm «uma
dimensão individualizante que os torna quase imperceptíveis e omnipresentes,
infiltrando-se em todos os interstícios da vida privada, isolando os indivíduos
à medida que os ecos do mundo chegam em catadupa aos recônditos da vida doméstica[5].» Outro aspecto relativo às
consequências dos mass-media,
especialmente da televisão, pelo poder sedutor das imagens projectadas, tem a
ver com o problema da sua contribuição para novos imaginários colectivos,
para novas formas de comportamento e de pensamento, levando ao aparecimento de
um novo tipo de homem. Por exemplo, o excesso de spots publicitários poderá levar, conforme refere J. Berger[6],
à «cultura da sociedade de consumo»
propagando através da imagem «a confiança da sociedade em si mesma». Com o intuito de levar o
homem ao consumo, mesmo daquilo de que não necessita, a imagem publicitária
acaba por transbordar para o imaginário, enchendo o alvo receptor de novos
conteúdos, formas e expectativas, acabando a «imagem por se tornar mais real do que o próprio real». Este
aspecto está bem patente no excerto de A. Reis, que passamos a transcrever:
«(...) apareceu na minha aldeia,
quando eu era miúdo um cinema e, naquela altura, os filmes eram de capa e
espada, filmes do Zorro. Pois bem, o Zorro foi o meu herói: recordo-me
perfeitamente que quando estava a brincar tentava imitar o Zorro. (...) Quer
dizer, se nós tínhamos um sistema simbólico, chamado tecnicamente pelos eruditos de páleo-simbolismo, onde está conglomerada
a experiência da primeira infância, agora há um outro sistema páleo-simbólico
que se sobrepõe a este e que é um sistema pelo-simbólico inculcado
tecnicamente. (...) As imagens vão fomentar (...) representações que estão
impregnadas de influência social e tais representações sociais vão sofrer um
processo de ancoragem, ou seja, materializam-se, tornam-se modelos reais susceptíveis
de imitação[7]». A sucessão de videogramas
televisivos foge geralmente à ordem cronológica e às coordenadas espácio-temporais
com que fomos habituados a pensar. Frequentemente o videograma inverte ou altera
todas as coordenadas normais, subverte a própria realidade, o /
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imaginado sobrepõe-se
ao próprio real e a sucessão vertiginosa de imagens e de sequências provoca
uma sobrecarga informativa impossível de ser assimilada «...
A vertigem da sucessão de imagens e sons configura uma apreensão momentânea e
descontínua, a que se associam vagos pensamentos esboçados e difusos raciocínios
inacabados[8].» Constituindo um poderoso
divertimento, os meios de difusão audiovisual, muito especialmente a televisão,
constituem simultaneamente um agente transformador da espécie humana:
«(...) Os media são o mais
poderoso divertimento de toda a história humana. Mas, divertindo-se, o homem
transforma-se, tanto e talvez mais do que trabalhando. Porquê então não nos
perguntarmos se as fábricas do fantasmagórico audiovisual não se tornaram os
locais privilegiados de uma nova metamorfose da humanidade? Seja como for, é
isso que temos de tentar estudar (...) para aceder às condições de domínio
dessa produção do imaginário, prestes a tornar-se uma nova produção do
homem[9].» Não é por acaso que a
televisão é frequentemente encarada como uma potencial fonte de perigo e de
transformação, susceptível de se tornar um factor de isolamento e, sobretudo,
de constituir um factor de perigo para as gerações mais novas, suscitando
artigos de alerta sobre os seus perigos, como é o caso do texto que passamos a
transcrever: «Os
americanos estão perturbados. Acabam de se aperceber que a televisão, essa boa
velha ama electrónica, a quem confiam os filhos desde há mais de um quarto de
século, os torna seres introvertidos, inexpressivos, ilógicos, inaptos para a
vida escrita, para a leitura, para a concentração e rebeldes a todo o espírito
competitivo (...). Outrora, insurgiam-se exclusivamente
contra a má qualidade dos programas, a sua violência, o conteúdo e a frequência
das mensagens publicitárias. Actualmente, começam a preocupar-se com a enorme
quantidade de emissões engolidas por uma clientela particularmente receptiva e
vulnerável. E a incitar os pais a vigiarem mais rigorosamente o seu consumo. De
facto, a maioria tem dificuldade em carregar no botão que lhes trará, como por
encanto, o silêncio, a calma e o tempo livre para se ocupar de outras coisas,
em vez de permanecer ali anichada, reduzida ao silêncio e à imobilidade
(...)[10]. Reflexões parecidas sobre a
influência negativa da televisão encontramo-las também em
Vergílio Ferreira
, relativamente à vida portuguesa na década de 1970. São interessantes a
este respeito as palavras deste autor, que passamos a transcrever[11]: «17-Agosto
(quarta). É espantoso como a TV domina o
país. Um folhetim de literatura digestiva, a
Gabriela
, e um concurso de passatempo, a
Cornélia
, condicionam o pensar, o sentir, os motivos das conversas, os horários
domésticos, os horários comerciais, o próprio interesse político. Às horas
dos dois programas, toda a vida portuguesa se suspende. Que se passa noutros países?
Lembro-me de que há anos um programa fantástico de
Orson
Welles
sobre uma «invasão dos marcianos» lançou o pânico em Nova Iorque. Mas a TV
terá em França, por exemplo, o mesmo impacte? Não se trata apenas do império
da «imagem», trata-se de uma disponibilidade total, de uma passividade do
espectador. Sem ideias, sem projectos, sem mitos, um programa televisivo
emprenha logo /
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a imaginação de quem o vê. Como uma mulher sem homem e na força
da fecundação, a semente que cai dá logo gravidez. Meu país desequilibrado
dos nervos.» Todavia, nem tudo é negativo
nos mass-media e, no campo pedagógico,
televisão e vídeo começaram em breve a ser encarados como poderosos
auxiliares educativos. No continente americano, enquanto a rádio educativa começa
a declinar, a televisão educativa leva a uma clara expansão da tecnologia
educativa. Em 14 de Abril de 1952, a Comissão Federal de Comunicações (Federal
Communications Commission) estabelece um total de 242 canais televisivos,
destinados exclusivamente a fins educativos, embora na altura houvesse opiniões
favoráveis e discordantes acerca do valor educativo da televisão. Entre 1955 e 1957, surgem no
continente americano os primeiros trabalhos de R. Lefranc, com carácter científico,
procurando comparar o ensino directo com o ensino através de circuitos fechados
de televisão, tendo chegado à conclusão que os resultados em termos de eficácia
eram praticamente equivalentes. Em França, o emprego da rádio
e da televisão só são tidos em conta como recursos educativos em 1962,
distinguindo os educadores, relativamente à televisão, «ao
nível do ensino público, a televisão escolar (ou de ensino), a televisão
universitária, a televisão educativa e a televisão cultural, de objectivos
cada vez mais amplos.[12]» Em 1963 é levada a efeito a
experiência de ensino televisivo no Colégio Marly Le Roi, perto de Paris,
tendo como principal objectivo utilizar os novos recursos tecnológicos no campo
educativo, utilizando um sistema de televisão em circuito fechado, que serviu
para o lançamento das bases de uma pedagogia da televisão. Entre as diferentes
conclusões, a mais significativa foi a de que a televisão não constitui
alternativa à deficiente preparação dos docentes. Cerca de 1965, havia ao todo,
segundo Dieuzeide, 9 mil receptores escolares de televisão em França. O mesmo
autor, relativamente à televisão como recurso educativo, lembra que as
mensagens difundidas pela televisão «apresentam
características estéticas e pedagógicas próprias de uma difusão instantânea
generalizada (...) tais como a presença, a proximidade, o carácter humano, a
autenticidade, o carácter de imediação, de actualidade, de novidade, a
autoridade da mensagem provinda de um algures longínquo e organizado»,
possibilitando uma recepção colectiva cómoda. Em Portugal, a televisão como
recurso educativo extensivo a todo o território nasceu legalmente em 1964 e,
apesar das críticas várias que lhe foram feitas, a Telescola desenvolveu um
processo inovador, constituindo pela primeira vez no sistema educativo português
um curso escolar estruturado com base num dos sistemas de difusão mais
importantes do nosso tempo, surgindo como precursora da unificação do ensino
liceal e técnico.
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Por parte dos alunos, segundo
informações colhidas em António Moderno, há uma adesão favorável à
televisão por diferentes motivos, entre os quais uma melhor compreensão do que
é apresentado, menor distracção, melhor acompanhamento das aulas e melhor
qualidade do ensino. Embora actualmente, salvo
casos muito pontuais e esporádicos, a televisão não seja utilizada pelos
professores em situações de difusão directa dos programas, a possibilidade
actual de seleccionar e gravar programas com interesse por meio de sistemas de
videogravação para sua posterior utilização, integrados em estratégias de
ensino-aprendizagem, abre novas perspectivas ao vídeo no campo pedagógico. Além
de se tornar possível a constituição de uma mediateca com programas de
interesse cultural e educativo, os sistemas modernos de gravação, bem como a
enorme facilidade de utilização das modernas câmaras de vídeo (as camcorders),
cada vez mais compactas e de fácil utilização, transformam o vídeo num dos
mais versáteis e poderosos recursos educativos, abrindo perspectivas pedagógicas
totalmente novas. Enquanto os videogravadores de salão permitem a integração
de materiais já elaborados nas estratégias das aulas, a câmara permite que
alunos e professores passem da posição de receptores à de produtores dos próprios
programas, pondo em jogo e desenvolvendo todo um conjunto novo de situações,
quer de relação social, quer de construção do saber, na medida em que obriga
a uma participação activa, interessada, de todos os elementos do grupo e ao
desenvolvimento de capacidades diversificadas, que ultrapassam o âmbito
disciplinar, englobando harmoniosamente as mais diversas áreas do conhecimento. As potencialidades actuais dos
sistemas de vídeo no ensino estão consideravelmente aumentadas pelo facto de
ser possível passar das imagens limitadas do pequeno ecrã do televisor a
grandes ecrãs, transformando a televisão num sucedâneo do cinema, graças à
existência de videoprojectores altamente compactos de elevada qualidade, cujo
inconveniente reside apenas no elevado preço, que os torna praticamente raros
nos estabelecimentos de ensino portugueses. Perante as potencialidades do vídeo e as dificuldades geralmente existentes de ordem económica, para já não falarmos da tradicional resistência dos professores à inovação tecnológica, torna-se pertinente saber até que ponto as escolas se encontram actualmente devidamente apetrechadas com estes novos recursos e em que medida os professores recorrem a eles numa perspectiva do ensino.
[1]
- O
telefone
foi inventado em 14 de Fevereiro de 1876 por
Alexander Graham Bell
e patenteado em 1877. Também
Elisha Gray
o inventou independentemente de Bell, mas só apresentou a sua patente duas
horas depois de Bell o ter feito, pelo que juridicamente não teve qualquer
efeito, ficando a paternidade do telefone atribuída a Bell. [2]
- Para uma leitura mais completa do texto de Adriano de Paiva, de que
transcrevemos um breve excerto, consulte-se: Lopes da SILVA e Vasco Hogan
TEVES, Vamos falar de televisão,
col. Biblioteca Básica Verbo (Livros RTP), nº 29, 1ª ed., Lisboa,
Editorial Verbo, 1971, pp. 9-15. [3]
- O eléctrodo é designado pelo termo técnico «
cátodocátodo79
» e o feixe de electrões por «
raio catódicoraio catódicoraio catódico
». [4]
- Adriano Duarte RODRIGUES, Estratégias da comunicação. Questão comunicacional e formas de
sociabilidade, Lisboa, Editorial Presença, 1990. [5]
- Adriano Duarte RODRIGUES, op. cit., p. 43. [6]
- John BERGER, Modos de ver,
Lisboa, Edições 70, 1982, p. 143. [7]
- Alfredo REIS, Escola e Mass Media. O
Professor, Lisboa, 1990 b, 3ª série, Setembro, p. 39 [8]
- Alfredo REIS, op. cit., p. 42. [9]
- Denis HUISMAN, Le dire et le faire -
Essais sur la communication efficace, Paris, C.D.U. e SEDES, 1983, p.
196. [10]
- Adaptação livre de um texto apresentado em La
Télévision, Ed. Hatier, Paris. [11]
- Vergílio FERREIRA, Conta-corrente (1977-79), 3ª ed., Lisboa, Livraria Bertrand, 1990,
p. 103. [12]
- Vd. H. DIEUZEIDE, op. cit., p. 20. |
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