A distância que me separa de ti é longa e a
necessidade de uma expansão é precisa.
A saudade aperta-nos, aperta-nos contra as paredes da alma.
O mundo aqui é diferente e nós temos que o tomar, como se nosso fosse.
É preciso encontrar algo.
É preciso uma fuga da paralítica situação que nos cobre.
Os quatro muros que habito, não chegam para abraçar toda a vida que
sinto.
Lá fora estão as máquinas escuras, que fazem prazer.
No princípio, aquelas figuras negras, cobertas de trapos, pobres e
tristes, faziam-me olhar de lado quando passava.
A catinga, com o seu odor pútrido, dava vómitos; mas com um olhar mais
atento e consciente tudo em mim se modificou.
Sim:
Tudo continua pobre e triste; e os homens continuam a pisar e esmagar a
ignorância e a inocência para obter algo que necessitam.
O homem, nunca deixará de ter a caridade numa mão e o egoísmo na outra.
Sentirá prazer de ver um ser humano, com os pés feridos, arrastando-se
pelas pedras, deixando um rasto de sangue e suor e oferecer-lhe uma
coroa de ouro, para que esse frágil corpo o ajude a chegar às
culminâncias do prazer.
(1971) |