O Mamba é um dos variados rituais dos usos e
costumes deste povo e tem como finalidade, através das danças, gestos e
o rufar dos tambores, afastar as maleitas existentes e as que poderão
vir a acontecer.
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A dança
Batuque, tantã, ritmo.
O som rítmico do batuque, criado pelas pancadas das rápidas e ágeis mãos
negras, parece que emana de dentro do solo.
A mulher semi-nua dança com gestos
significativos, afastando os espíritos
maus
do corpo dos doentes presentes.
É uma dança macabra, onde o povo deposita toda a vontade, para o
restabelecimento do corpo e da alma.
Metade de uma cabaça, contendo um líquido para mim desconhecido, vai da
mão da dançarina, para as mãos dos pacientes e todos bebem.
A mulher semi-nua –►
O ritmo aumenta e a dançarina contorce-se, dando grande movimento às
omoplatas e ancas. Outra mulher passa-lhe com areia molhada por
diferentes partes do corpo, indo a dançarina por sua vez massajar também
com a areia o ventre de uma mulher grávida. Abraçada, costas com costas,
massajava a grávida para que venha a ser feliz no parto.
Sequência idêntica é feita agora com uma mulher jovem, sendo-lhe
massajados os peitos para que cresçam depressa.
Sempre dançando, a mulher vai ficando em êxtase e cada vez mais
diabólica, acabando por entrar em transe, tal é a concentração no
trabalho que está a fazer.
Agora com um recipiente de água à cabeça, vai rodopiando, enquanto junto
dela, uma mãe levanta o seu filho nos braços, para que seja atingido
pelas gotas de água que caem do centrifugador humano.
Agora a dançarina cai inanimada, sendo imediatamente levantada por
outras mulheres.
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A mulher grávida
O seu corpo treme e parece que se
desconjunta todo. Com os olhos em branco e o lábio superior muito subido
é uma figura sinistra, mas já continua a dançar, sempre levada pelo som
incessante do batuque.
Os
olhos também tremem e fitam-nos como se fossem olhos de uma louca.
Gritos agudos e frases que não compreendo saem da sua garganta e cai no
chão novamente, rebolando-se como um animal ferido.
Levanta-se e vai buscar quatro bocados de madeira de forma diferente,
que distribui por outras tantas mulheres; estas pousam-nos no chão e
passam repetidas vezes por cima.
A dançarina sempre em movimento apanha esses bocados de madeira e
dispõe-nos ordenados numa cova regada com a bebida da cabaça. As
mulheres envolvem-na por momentos e repentinamente laçam um grito como
se fossem picadas por forte aguilhão e fogem do recinto.
Agora à volta da fogueira, a dançarina marcha com uma arma nas mãos. É
acompanhada por um coro melodioso da assistência.
O batuque está agora a perder o ritmo depois de horas consecutivas a
ressoar, acabando por se extinguir lentamente.
Acabou o Mamba.
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A dançarina marcha com uma arma
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