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Muié – Relatos e Sentimentos

04-11-1971

Era quinta feira. No costumado sossego, cada um de nós fazia o habitual de todos os dias.

Estavam cá de visita, um Tenente Coronel e um Alferes, pertencentes a uma unidade do Luso.

Havia já algum tempo que os maus não nos incomodavam. Mas ao anoitecer, ouviu-se o som característico do rebentar das granadas inimigas e o sopro violento dos rebentamentos fazia estremecer todo o nosso corpo.

Cinquenta guerrilheiros do MPLA, comandados pelo chefe Tiro, flagelaram fortemente o nosso aquartelamento.

Pelo flanco esquerdo atacavam com morteiros e pelo direito com bazuca.

O potencial de fogo inimigo era grande e a primeira granada danificou um quarto (de cama) da administração, ocupado nesse instante por dois dos nossos oficiais. Outras granadas e dilagramas inutilizaram algumas taras de combustível da F.A.P. (Força Aérea Portuguesa) e duas vacas do comerciante civil foram atingidas mortalmente, atravessadas por alguns estilhaços.

Na sanzala, uma mulher e uma criança foram feridas mortalmente.

Felizmente o ataque cessou, sem causar dano algum às nossas tropas.

 

 

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