Era quinta feira. No costumado sossego, cada
um de nós fazia o habitual de todos os dias.
Estavam cá de visita, um Tenente Coronel e
um Alferes, pertencentes a uma unidade do Luso.
Havia já algum tempo que os maus não nos
incomodavam. Mas ao anoitecer, ouviu-se o som característico do rebentar
das granadas inimigas e o sopro violento dos rebentamentos fazia
estremecer todo o nosso corpo.
Cinquenta guerrilheiros do MPLA, comandados
pelo chefe Tiro, flagelaram fortemente o nosso aquartelamento.
Pelo flanco esquerdo atacavam com morteiros
e pelo direito com bazuca.
O potencial de fogo inimigo era grande e a
primeira granada danificou um quarto (de cama) da administração, ocupado
nesse instante por dois dos nossos oficiais. Outras granadas e
dilagramas inutilizaram algumas taras de combustível da F.A.P. (Força
Aérea Portuguesa) e duas vacas do comerciante civil foram atingidas
mortalmente, atravessadas por alguns estilhaços.
Na sanzala, uma mulher e uma criança foram
feridas mortalmente.
Felizmente o ataque cessou, sem causar dano
algum às nossas tropas. |