«Pagam-me para fazer perguntas" — esclareceu ela
a certo ponto. Mas não lhe pagam para obrigar o entrevistado a dar
respostas. Ele dá-as se, quando e como quiser dar. Ao jornalista não
compete agredir para obter confissões. Ou terão os entrevistados de
se fazer acompanhar do seu advogado de cada vez que forem ao
telejornal?
Um bom jornalista não interroga, conversa. Não
impõe, propõe. Não agride convive. Não desespera, sabe aguardar com
paciência. Uma casca de banana, na altura certa, faz mais efeito do
que um safanão. Larry King, que a Judite deve conhecer melhor
do que eu, confessa que o seu êxito assenta sobretudo no tempo que
conceder ao entrevistado para ele se espalhar.
In: Canal da Crítica, “Tal e Qual” - 31/1/1997 a
propósito de uma entrevista de Judite de Sousa ao Presidente do
Futebol Clube do Porto.