Nasceu em 20 de
Fevereiro de 1833 na freguesia da Apresentação e, na respectiva igreja,
foi baptizado em 2 de Março do mesmo ano, pelo vigário Manuel Rodrigues
Tavares de Araújo Taborda. Era filho legítimo de Manuel Álvares de Lima
e de D. Maria José Pereira Soromenho, residentes então na mesma
freguesia, mas naturais de Valença do Minho. Era neto paterno de José
Bernardino Álvares de Lima e de D. Antónia Luísa de Meireles Lima, da
mesma vila; e era neto materno de Francisco Pereira Soromenho, capitão
reformado, natural de Silves, e de D. Caetana Fortunata de Faria Lobo,
também de Valença do Minho. Foi padrinho António Augusto dos Santos
Vilas-Boas, de Esposende, por quem tocou Joaquim António de Figueiredo,
tenente de Veteranos nesta cidade; e foi madrinha Nossa Senhora da
Apresentação.
Deixo tudo isto
aí exposto, para se tirarem as dúvidas acerca da naturalidade de Augusto
Soromenho, que alguém supôs haver nascido no Porto; e não falta quem o
suponha nascido noutra localidade.
(1)
Em 1833, estava em
Aveiro Manuel Alvares de Lima, pai de Augusto Soromenho, porque, nesse
ano ou pouco antes, havia sido indigitado como adversário do Governo,
então estabelecido, e achou prudente refugiar-se aqui e procurar nesta
cidade a protecção de alguns correligionários do mesmo Governo. Foi
apresentado a Fernando António de Almeida Coelho, ao capitão Joaquim
António de Almeida Coelho e a Francisco António de Almeida Coelho, todos
irmãos, que tratavam do fornecimento de víveres para os militares do
exército de D. Miguel, que se empregavam nas operações entre Oliveira de
Azeméis e Águeda. Como o apresentado tinha boa letra, foi por aqueles
indivíduos empregado na Repartição dos Assentistas e aí encarregado da
escrituração respectiva.
É de crer que ele e
sua família houvessem saído de Aveiro logo depois da queda do Governo,
cujos soldados, em virtude da intervenção estrangeira, foram obrigados a
deporem as armas em Maio do ano seguinte e depois da convenção de
Évora-Monte.
Augusto Soromenho (a
quem Inocêncio Francisco da Silva chama Seromenho) poderia ser um dos
aveirenses e até dos portugueses mais dignos de honrosa fama.
/ pág. 75
/ Infelizmente, o seu génio volúvel e altivo e
a sua má estrela não lhe permitiram enriquecer a literatura com as
obras, que facilmente poderia ter escrito, nem o deixaram ter uma vida
tranquila e feliz, nem dar mais provas do muito a que podia chegar o seu
talento.
Camilo Castelo
Branco, falando deste aveirense no segundo volume do seu Cancioneiro
Alegre, diz que nunca viu ninguém com tantas artes para ganhar
inimigos e que sacrificava os seus benfeitores àquilo a que a sua
consciência chamava Justiça. O mesmo escritor afirma que o havia
conhecido ainda muito novo e muito infeliz e, ao que parece, sem
protecção nem meios para se vestir e sustentar-se. Era então Augusto
Soromenho um ignorado escrevente de um escritório de barreiras,
recebendo apenas 240 réis diários, e entretinha-se à noite a ler muitos
livros, que obtinha por empréstimo.
Nas horas vagas e nos
dias feriados, visitava a Biblioteca de S. Lázaro, no Porto, cujos
empregados se admiravam por ele consultar os clássicos e as obras
escritas em línguas mortas. Um indivíduo, afecto ao antigo Regime e
redactor do Portugal, ali travou com ele relações e o chamou para a
redacção do mesmo diário, que se publicava naquela cidade. Mostrou-se
então muito defensor dos princípios desse Regime e da dinastia, que o
representava, e ao mesmo tempo um fervoroso católico, escrevendo em
diversos jornais religiosos, tais como “A Cruz”, “O Cristianismo” e
outros, chegando a ser o director de uma publicação periódica,
intitulada Bibliotheca Catholica do Seculo X/X.
Então começou a
assinar-se: — Augusto Pereira do Vabo e Anhaya Gallego Soromenho. Não
sei aonde ele foi buscar o segundo, terceiro e quarto apelidos, como não
sei aonde ele foi buscar os de Castro e Pedegache, que também usou. Não
faltou quem o censurasse por haver usado tais apelidos, mas Camilo
Castelo Branco diz que ele podia justificar-se com autênticos
pergaminhos, que provavam que Soromenho descendia de famílias nobres de
Castela e do Algarve.
Vê-se que ele deixou
os apelidos do lado paterno, para usar os da geração materna. A isso o
levaria a vaidade, por a mãe ser prima do conde das Antas e aparentada
com a família de apelido Marinho Falcão, de Valença, e com outras, que
se ufanavam dos seus pergaminhos. Depois resumiu o nome, assinando-se
unicamente Augusto Soromenho. Não passou muito tempo, sem que mudasse de
ideias religiosas e políticas, e logo se mostrou adverso ao redactor do
“Portugal”, bem como a Salvador Pais, da Pesqueira, que em 1852 e
generosamente o protegeu, e o apresentava nas salas da alta sociedade e
lhe emprestou os seus cavalos, porque, nesse tempo, era o protegido
muito dado aos exercícios da equitação.
Para se mostrar
hostil ao redactor do “Portugal”, dera motivo a censura, um tanta áspera
e exagerada, que o mesmo fizera a uns versos, de que era autor um amigo
de Soromenho. Este achava-se então em Madrid encarregado de estudos
paleógrafos e subsidiado pela Academia Real das Ciências. De lá mandou
artigos e cartas, em que tratava por epítetos afrontosos o redactor do
“Portugal”, que também lhe replicou com artigos não menos insultuosos e
com um folhetim intitulado Tu quoque. E assim ficaram cortadas as
relações políticas e pessoais entre esses amigos de outrora.
/ pág. 76
/ Para se mostrar hostil a Salvador Pais,
bastou que este se houvesse ausentado da pátria e seguisse uma louraça,
que poderia ter causado muito escândalo, mas com quem Soromenho nada
tinha, como nada tinha com o procedimento daquele seu protector.
Já então Soromenho
tinha dado prova de grande talento e habilidade, na “Miscellanea
Poética”, revista semanal que só constava de composições métricas e que
no Porto se publicou em 1851 e 1852. Aí, nos seus versos, assinava-se
Augusto Pereira Soromenho. Nessa revista, que formou dois tomos,
colaboraram muitos indivíduos, de ambos os sexos e de méritos variados.
Este aveirense escreveu então uns Estudos, a criticar tais
méritos, que foram insertos no “Nacional”, também do Porto. Pouco depois
esses Estudos formaram um opúsculo, separado, de trinta e uma
páginas, e impresso na mesma cidade. Como nem todas as apreciações
literárias agradaram aos criticados, muitos deles se tornaram inimigos
de Soromenho e não mais com ele quiseram relações.
Ficou por algum
tempo, e depois da sua volta de Madrid, vivendo no Porto e em muito
lamentáveis circunstâncias, porque não tinha recursos nem os podia obter
e seu pai exercia apenas o lugar de director da Alfândega de Vila do
Conde, emprego que não seria muito rendoso.
Em 1855 foi impresso
no Porto um livro de versos, de que era autor este aveirense e que se
intitula Diwan. É hoje obra raríssima e em vão procurei obter um
exemplar. Camilo Castelo Branco reproduziu, no mesmo Cancioneiro,
um trecho dessa obra, o qual também aqui vou copiar, para que se possa
apreciar o talento e o estilo de um mancebo, que não tinha mais de vinte
e dois anos. Eis o trecho:
Eu estava ontem de
tarde a ler o "Fausto",
Deitado num sofá,
Quando senti abrir-se a porta e rindo
Entrar o diabo. Olá!
Por aqui é milagre! —
Mal tu sabes
O que eu venho pedir.
Não; decerto. Vejamos — É uma Bíblia.
E desatou a rir...
Uma Bíblia?! Disse
eu. — E então que pensas?
Não serei eu capaz
De ler? Não pode haver um literato
Chamado Satanás?
/ pág. 77
/
Pode. Aí tens... Mas
que buscas? — Eu t'o digo:
Estive, há pouco, a ler,
"O Paraíso"
de Milton, e há lá histórias,
Que eu não posso saber
Onde as fosse buscar.
Conta lá coisas
De mim, que eu nem sei;
E venho ver então se nesta Bíblia
Acaso as acharei.
— Duvido. — E tu que
lês "O Fausto" de Goethe?
Esse foi mais ratão.
Ao menos teve graça. O Mephistópheles
É um grande maganão.
"O Fausto" é que era
um parvo. Assim há muitos!
E tu também o és.
— Obrigado. — E assentou-se, folheando
O livro de Moisés.
Passado tempo, voltei-me, e, que vejo?
Deitado sobre o chão
O bom do Satanás, que adormecera
A ler o Salomão!...
Desculpando o
assunto, mas reconhecendo a maneira graciosa, como está tratado, e
desculpando algumas faltas de rigor na metrificação, o que decerto foi
devido aos verdes anos do autor, ninguém deixará de confessar que esta
composição revela um notável mérito.
Soromenho obteve,
cerca do mesmo ano, um modesto emprego na Biblioteca do Porto, onde
muito se deu ao estudo da nossa história e ao da arqueologia. Escreveu,
por isso, muitos artigos avulsos em diversos jornais, especialmente
acerca de tais matérias. Também escreveu muitos artigos de crítica
literária, e era então por ele esmagado moralmente o que ousasse
publicar obra que lhe desagradasse, e especialmente aquela em que
descobrisse algum plagiato. E a tal respeito bem poderia apresentar um
exemplo, o que não faço para não deslustrar a memória de um amigo, que
sempre respeitei, que, há muito, não é do número dos vivos e de quem
ainda hoje me lembro com saudades.
/ pág. 78
/ Mas pelo facto, a que aludo, sabe-se que
Soromenho vivia no Porto em fins de 1857 e nos princípios do ano
imediato. Aí se encontrou com Alexandre Herculano, que reconheceu nele
um mancebo de muito talento, muito estudioso e já então muito erudito. É
de crer que não deixasse de lastimar-lhe a sorte nem deixasse de também
lhe reconhecer a má orientação, que até àquela época ele havia seguido.
Determinou protegê-lo, torná-lo útil à pátria e às letras e concorrer
para que tivesse uma sorte menos desditosa.
Protegido por tão
notável escritor, foi Augusto Soromenho para Lisboa e tais provas deu de
talento e de saber, que Alexandre Herculano não duvidou afirmar que, na
sua falta, o mesmo aveirense poderia ficar incumbido da continuação da
história de Portugal. Para tal asserção havia concorrido um facto que
muito confirmara a fama do talento de Soromenho.
Quando este
ainda estava empregado na Biblioteca do Porto, tais provas deu do
aproveitamento dos seus estudos históricos e paleógrafos, que foi
escolhido pelo Governo para visitar os cartórios das colegiadas e de
alguns mosteiros, para deles extrair os elementos mais úteis para a
organização da história pátria.(2)
Por indicação e
pedidos de Alexandre Herculano, e pouco depois de sua chegada a Lisboa,
deixou a capital e, subsidiado pelo Governo, foi para Madrid estudar
Árabe, a fim de melhor poder escrever acerca da origem da nossa
Nacionalidade. Em Madrid foi discípulo de D. Pascual de Gayangos, que
era eminente no conhecimento da mesma língua.
Soromenho não levou
muito tempo a aprendê-la e, logo que voltou, foi encarregado da regência
da cadeira de Árabe, no Liceu de Lisboa, a qual estava sendo regida
interinamente por António Caetano Pereira, que havia sido discípulo do
Padre João de Sousa. Havendo subido ao Ministério, D. Joaquim Alves
Martins, bispo de Viseu, suprimiu aquela cadeira.
Soromenho foi sócio
correspondente da Academia Real de Ciências e bibliotecário da mesma
Academia. Como tal, sucedeu a Alexandre Herculano na confecção da obra
Portugaliae Monumenta.
Antes de continuar
estes apontamentos biográficos, indicarei um facto que muito caracteriza
o génio de Soromenho. Em 11 de Novembro de 1862, faleceu o sr. D. Pedro,
chefe supremo da Nação Portuguesa, augusto neto materno do primeiro
Imperador do Brasil e que, em 1855, havia subido ao trono sob a
denominação de D. Pedro V. Este monarca foi chorado em todo o país e,
sem distinção de partidos, ninguém deixou de lamentar a sua morte. Em
todas as nações católicas se celebraram exéquias pela sua alma. Em Roma
também se celebraram, por ordem da Corte Pontifícia.
/ pág. 79
/ Augusto Soromenho, em 20 de Fevereiro do ano
imediato, dirigiu uma carta ao cardeal Antoneli, censurando a Cúria,
porque até essa data ainda não se havia executado esse acto religioso.
Essa carta foi publicada em diversos jornais e também no “Districto de
Aveiro”, de 4 e 7 de Março de 1862. Revela grande erudição e mostra que
Soromenho era um homem argumentador e que estava ao facto de muitas
doutrinas dos Santos Padres e decisões da Igreja. Revela também o génio
exaltado e audaz do seu autor, que bem podia empregar a sua actividade e
talento em assuntos mais úteis.
Não foi, por certo,
em virtude dessa carta que as exéquias foram celebradas em Roma. Se a
carta lá chegou, já então estavam celebradas e o cardeal Antoneli fez o
que outro qualquer faria na sua posição. Não respondeu à carta de
Soromenho nem indirectamente lhe mandou as causas da demora na
celebração das exéquias, as quais, decerto, não podiam deixar de ser
muito justificadas.
Por causa da loucura
de António Pedro Lopes de Mendonça, vagou, em 1867, a cadeira de
Literatura no Curso Superior de Letras. Augusto Soromenho foi
concorrente a essa cadeira e para isso fez um brilhante exame e escreveu
uma dissertação acerca da origem da Língua Portuguesa, o que lhe
granjeou muitos e muito justos elogios.
Em 1872, havendo
falecido Luís Augusto Rebelo da Silva, ficou encarregado da regência da
cadeira de História no mesmo estabelecimento literário.
Alexandre Herculano,
conhecendo-lhe as tendências para estudos históricos, franqueava-lhe os
documentos da Torre do Tombo, para lhe servirem de auxílio no que em
tais assuntos houvesse de escrever. Soromenho, não podendo contrariar o
seu génio altivo e exaltado, teve, passados anos, uma tal pendência com
Alexandre Herculano, que este lhe cerrou as portas daquele Arquivo
Nacional e o riscou para sempre do número dos seus amigos!
Soromenho também,
enquanto esteve em Lisboa e por alguns anos, foi correspondente da
Academia de Londres.
O barão de
Hubner apreciava muito os escritos e as aptidões deste aveirense para os
estudos arqueológicos e por isso, quando em Aljustrel e numas escavações
foi encontrada uma tábua de bronze com uma longa inscrição latina, foi
de opinião que Soromenho a traduzisse. E assim aconteceu. E o tradutor
escreveu a tal respeito uma bem apreciável memória, que foi publicada no
“Journal des Savants”. Esse trabalho foi, talvez, uma das maiores provas
da aplicação do seu talento e mereceu grandes elogios do romancista
Giraut.(3)
/ pág. 80
/ Em 1865, também Soromenho tivera uma
pendência com Inocêncio Francisco da Silva, e contra ele escrevera umas
diatribes nos números de 26, 27 e 28 de Junho do “Jornal do Comercio”,
às quais respondeu Inocêncio nos números de 1, 4, 9 e 19 de Agosto e de
5 de Setembro daquele jornal e daquele mesmo ano, queixando-se de que
nunca por escrito nem vocalmente havia ofendido Soromenho. Dera origem a
essa questão uma nova edição do Elucidario de Frei Joaquim de
Santa Rosa de Viterbo, feita sob a direcção do autor do Diccionario
Bibliographico e à qual o mesmo autor adicionou algumas notas.
Tinha constantes
altercações com os sócios da Academia e ultimamente havia tido uma tão
grave pendência com o matemático Daniel Augusto da Silva, que Soromenho
teve de pedir a sua demissão, antes que fosse expulso daquele grémio,
como já estava proposto.
Augusto Soromenho
visitou algumas vezes a sua terra, mas com demora de poucos dias. Em
1875, veio aqui pela última vez, fazendo parte do júri nos exames do
Liceu Nacional. Hospedou-se em casa do sr. Dr. Manuel José Mendes Leite,
que era então governador civil e que residia na casa da sua quinta do
Seixal.
Foi casado com uma
senhora portuense, chamada D. Maria da Glória. Do seu consórcio houve um
filho, que seguiu a vida militar e de quem não será fácil saber o
destino.(4)
Uma cruel doença
pulmonar ia-lhe minando a existência e o ia impelindo para a sepultura.
E para isso ainda mais concorreram os grandes desgostos, a que dera
causa o seu próprio génio.
Augusto Soromenho
faleceu em 9 de Janeiro de 1878. “O Ocidente”, revista literária,
publicou uma pequena biografia e o retrato deste aveirense. E esse
artigo serviu-me de auxílio para o que deixo escrito, assim como o
Diccionario Popular, e o Cancioneiro Alegre, de que falei.
Também me auxiliaram umas informações, que me enviou o meu bom amigo e
estimável conterrâneo, o sr. José Maria Veríssimo de Morais Cabral, a
quem cordialmente agradeço tais obséquios.
Soromenho deixou
muitos artigos em prosa e verso, espalhados em diversos jornais e de
diversas localidades, como deixou inéditos muitos manuscritos. Entre
estes e que ele estava para dar à estampa, nota-se um intitulado
Caravana de Mortos, que é uma série de biografias de diversos
portugueses, especialmente notáveis pelas letras.
Não me parece
fora de propósito dar uma notícia sucinta a respeito da genealogia deste
aveirense, pelo lado paterno. Manuel Alvares de Lima, pai de Augusto
Soromenho, / pág. 81 /
nasceu na casa da Seixosa, freguesia de Cristelo
Covo, nos subúrbios de Valença. Foi, como disse, director da Alfândega
de Vila do Conde, e morreu no Porto, onde exercia um emprego modesto.
Além daquele filho,
deixou mais dois, cujos nomes ignoro e que morreram sem descendência.
Tinha cinco irmãs: D.
Josefa, D. Quitéria, D. Maria, D. Ana, e D. Germana. As quatro primeiras
faleceram solteiras.
A última casou na
freguesia de Gondomil, concelho de Valença, com Eugénio Pedereira. Do
seu consórcio teve os seguintes filhos: Augusto, falecido em Luanda;
António que, depois de ser negociante na mesma cidade africana, faleceu
em Lisboa, em 1901; Eduardo (surdo-mudo), falecido no mesmo lugar de
Seixosa; Margarida, solteira; Belmira, casada, residente na freguesia de
Gondomil; e Angélica, casada e residente, na freguesia de Gondar, no
concelho de Vila Nova da Cerveira.
Estas três primas de
Augusto Soromenho entregam-se à lavoura e vivem do produto das suas
propriedades rústicas.
___________________________
(1) - Conta Alberto Pimentel, em Vinte Anos de Vida Literária,
que, num encontro casual, Augusto Soromenho o corrigira, dizendo: —
"Olhe lá. Você diz no Guia do Viajante no Porto que eu nasci
aqui. É engano. Sou de Aveiro, como os mexilhões" (Vd. António Christo
em “Litoral”, 13-08-1960, 26-11-1960 e 03-12-1960, e Eduardo Cerqueira,
em id., 17-09-1960).
(2) - Em 1 de Maio de 1858, Soromenho esteve no mosteiro de Arouca.,
onde passou recibo de uma colecção importantíssima de documentos, que
levou para Lisboa (Vd. Arquivo do Distrito de Aveiro, IX, 1943, págs.
331 e 340).
(3) - Augusto Soromenho também colaborou nas "Conferências do
Casino", anunciadas para tratarem "as grandes questões contemporâneas,
religiosas, políticas e sociais, literárias e científicas";
realizaram-se cinco, que decorreram em Lisboa, de 22 de Maio a 19 de
Junho de 1871. Em 6 de Junho, o nosso aveirense dissertou sobre A
Literatura Portuguesa Contemporânea. Antes dele, já Antero de Quental
havia falado, em dois serões, e, depois dele, Eça de Queirós e Adolfo
Coelho.
(4) - Também com o nome de Augusto Soromenho. Foi funcionário
público, talvez dos Correios., e, ainda muito novo, faleceu em Lisboa,
no dia 9 de Maio de 1899. Muito inteligente, publicou diversos
trabalhos, entre os quais o Diccionario Chorographico Postal. |