Sérgio
Paulo Silva, Que Saudades do Mar, 1ª ed., Estarreja, 1998, 16
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Uma manhã, quando toda a gente dormia ainda naquela casa, que as
trepadeiras faziam tão bela no Outono, o corvo, muito trôpego, veio até
ao jardim.
Passeava indiferente entre todas
aquelas plantas, como se todos os aromas e as cores daquele vivo
arco-íris não prestassem para nada. Chamavam-lhe ainda o mesmo nome, mas
ninguém lhe ligava nenhuma e ele sentia-se cada vez mais triste, cada
vez mais desterrado e caminhava sem ele próprio saber porquê.
Assim, cismando, encontrou a casinha,
quase calcinada, do caracol:
– Olha, o búzio!...
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