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Sérgio Paulo Silva, À bolina pelo Vouga com os Ventos da Memória, 2013, 74 pp.

Formigos

Este doce, tão típico do Minho e de Trás-os-Montes por alturas do Natal, comi-o na minha infância, feito pela minha madrinha velha, Benedita Bandeira, que foi a minha avó paterna que não tive. já muito idosa, relatou-mo assim:

1/2 kg de migalhas de pão velho 1/2 kg de açúcar em ponto brando 4 gemas de ovos, uma casca de limão e canela.

Ferve-se o açúcar até atingir o meio ponto. Junta-se o pão e a casca de limão e vai-se mexendo sempre para não pegar. Se se vir que o pão é muito, adiciona-se um pouco de água e uma colher de açúcar; mas se o pão estiver bem embebido, não adicionar nada.

Tira-se do lume e vão-se pondo lentamente as gemas, mexendo sempre, até que o pão fique todo amarelo. Ferve-se um bocadinho para cozer os ovos e polvilha-se com canela.

Hélder Pacheco, no seu belíssimo livro Rostos de Gente, faz outro retrato da função:

350 gramas de açúcar duas colheres de sopa de manteiga quatro colheres de sopa de mel 125 gramas de amêndoa ralada 125 gramas de uvas passas, sem grainha 200 gramas de pão um cálice de vinho do Porto seis ovos e canela em pó.

Prepara-se num tacho uma calda em ponto de pérola com o açúcar e um pouco de água. Acrescenta-se, depois a manteiga, o mel, as passas e a amêndoa e volta-se a pôr o tacho ao lume. Quando tomar fervura, retira-se, junta-se o pão migado fino e o vinho do Porto, levando-se ao lume até o pão ficar desfeito. Retira-se, deixa-se arrefecer e juntam-se as gemas previamente batidas e vai de novo ao lume brando só para cozer. Polvilha-se com canela e enfeita-se com uvas passas.