BORBA
Amorzinho, vinho, vinho
Água não posso beber;
Água fria me faz mal
Tenho medo de morrer.
Chapéu branco, chapéu branco
Fita de quatro vinténs;
Ainda não sou casada
Já me dão os parabéns.
MÉRTOLA
Vai tão longe a mocidade
Vejo tão perto o meu fim
Que até chego a ter vontade
De botar luto por mim.
Foste dizer mal de mim
Lá fora da minha terra;
Ficaram-te conhecendo
E eu fiquei sendo quem era.
MOURÃO
As telhas do teu telhado,
Uma delas tem virtude;
Eu passei lá para dentro
Logo me deram saúde.
Em qualquer pocinho d'água
Bebe a cobra, nada o peixe;
Meu amor quero pedir-te
Que por enredos me não deixes. |
REDONDO
Os olhos d'aquela aquela
Os olhos d'aquela além,
Os olhos d'aquela Rosa
são iguais aos meus também.
S'és galo alivanta a crista
S 'és frango larga a pinuge
S 'o desafio é comigo
At'ós sapatos e ruge.
VILA NOVA DE MIL FONTES
Quem me dera ser feitor,
Lavrador na tua herdade,
Para dar um rêgo direito
E meter a mão à vontade.
Quem me dera se feitor,
Lavrador nesse teu peito
Antes que não semeasse
Ficava o alqueve feito.
VILA VERDE DE FICALHO
Tudo qu'é verde se seca
Na maior Zina do verão;
Tudo o que seca renasce,
Só a mocidade não.
Quem aqui não tem amores,
Ao meio, não vai balhar.
Eu juro à fé de quem sou
Que um amor hei-de arranjar. |