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Revista Alentejana (2ª série) in memoriam. Um texto para memória, o Estatuto Editorial e 26 editoriais. Lisboa, 2011, 36 páginas.


Por favor, deixem-se de tangas

N.º 18 – Março de 2001

Ouve-se cada coisa quando, sobretudo às forças partidárias, à esquerda e à direita, pretendem disfarçar a crispação realmente existente na sociedade, que chega a ser patético, não sendo na verdade o objectivo criar alianças para beneficio do povo, mas sim visando simplesmente atingir o poder-pelo-poder, procurando tão somente roubar o protagonismo ao líder do lado ou anular o partido vizinho roubando-lhe quadros e/ou ideias e, por consequência, agressividade.

Transforma-se a lei da procura e da oferta (o mercado) natural, num ser, embora intangível, vivo, patrão de uma forma de ditadura, que se alimenta da crispação acima falada e por sua vez criada intencionalmente pelo grande capital, que guia/governa os políticos e a política a seu bel-prazer, com honrosas excepções, fazendo crescer/engordar as grandes potências, elas próprias, por sua vez, na realidade ingovernáveis e auto-destruidoras.

Face a isto, lutar por “pequenas” causas, como defender o seu cantinho cultural, é roubar bocados à “vida”, como se não houvesse amanhã.

É contrariar coisas aparentemente incontrariáveis.

É tentar deixar uma marca do querer de quem percebeu a voracidade do predador, que também o é sem o querer.

Em suma, o que se ouve, comparando com a prática de quem o diz, cada vez que se aproxima uma eleição, dói e anula.

Por favor, deixem-se de “tangas” e dignifiquem a política, da qual são profissionais e, para tal pagos.

 

 
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