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Egas Salgueiro e a Empresa de Pesca de Aveiro – As minhas memórias

O atum

Parece-me o atum o parente pobre dos peixes. No Continente resume-se às conservas e pouco mais. Bem, no Algarve já é um pouco diferente; e, nas nossas ilhas, ainda mais. Mas já noutros países, como o Japão, agora com a moda do Sushi, tem lá um valor comercial importante. O Sr. Egas Salgueiro, com a sua apurada visão, não podia ficar indiferente a este tipo de pesca.

O atum-rabilho é um peixe recente, mas a sua relação com a humanidade é antiga. Pescadores japoneses pescam-no no Pacífico há mais de cinco mil anos. Artistas da idade da pedra pintaram atuns nas paredes de grutas Sicilianas. Nas moedas, figuravam atuns gigantes. E pescadores fenícios, gregos, cartagineses e marroquinos subiam ao alto de promontórios para assistir à vinda de cardumes que entravam no Mediterrâneo para desovar. Razão tem a “National Geographic”, quando, na sua edição de Março, diz que em 1922 Ernest Hemingway também sucumbiu aos seus encantos e lhe chamou o rei de todos os peixes.

Mas tenho um pequeno problema por resolver. À minha frente, tenho uma lata de atum da Ilha de S. Jorge que custou o dobro das outras. Sou um fã de tudo o que vem das Ilhas e espero que o atum seja bom. Vem tudo escrito na embalagem, mas, para o consumidor, o mais importante não é mencionado. Diz que tem ómega 3, foi usada a pesca de “Salto e Vara”, toda a informação nutricional, mas não sei o que vou comer! Bem sei que legalmente não é obrigatório, mas nos Açores só se trabalha com o “Bonito” (Katsuwonus pelamis). Ora vejam os tipos de atum (que são os maiores membros da família Scombridae) que existem:

Bonito – é barato e abundante. Destina-se praticamente aos enlatados.

Atum-albacora – apresenta níveis elevados de mercúrio. A carne é servida crua.

Atum-patudo – é o mais popular no Japão, pois o rabilho é caro.

Atum-voador – tem um sabor delicado e uma textura firme e é o que mais se enlata.

Atum-rabilho – o mais procurado para pratos crus.

Atum-do-sul – criado em cativeiro e procurado em ambiente selvagem, é muito procurado pelos japoneses.

 

Deslocação É um super-peixe. Nada de boca aberta, forçando a entrada de água pelas guelras, que têm uma área enorme. Se parar de nadar, o atum sufoca. Tem um sofisticado sistema de transferência de calor e metabolismo. Dos mais velozes, no oceano, nada a 13 km/h, mas pode chegar aos 40. A sua pele fina, as suas barbatanas retrácteis, para reduzir o atrito e a sua ergonomia do corpo, permitem isso.

Mergulho Os juvenis andam sempre à superfície, mas os adultos podem mergulhar até aos 500 metros, suportar 5 graus de temperatura e andar por lá 24 horas.

Alimentação Alimenta-se de peixe pequeno, crustáceos e lulas, mas nunca pega em isco morto.

Migração Vem lá do norte do canal de São Lourenço, vai ao Golfo do México, onde desova, atravessa o Atlântico para a costa de África, sobe ao estreito de Gibraltar e entra no Mediterrâneo onde desova novamente.

Como se pesca No Algarve e Mediterrâneo, com um sofisticado emaranhado de redes, conhecida por Almadrava, mas está a desaparecer. Com canas, no tipo tradicional de salto e vara, protegendo assim os golfinhos; mais recentemente, com helicóptero e redes de cerco, usando uma chalandra rápida. Uma espécie de arte xávega, mas em mar aberto.

Esperança de vida Anda pelos 35 anos e chega atingir o comprimento de 3 metros.

 

 

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04-05-2018