Milhares de pessoas assistiram ao "bota-a-baixo" quase com a certeza
que iria virar, como infelizmente sucedeu, perante a tristeza
daquela enorme multidão, que não escondia as lágrimas que corriam
pelo rosto.
Iria tombar
tal como Mestre Manuel Maria pensara. Sempre pusera em dúvida que ao entrar na
água se pudesse estabilizar. Dizia ele desde o princípio que o
projecto – elaborado por um oficial da Armada com base num estudo
profundo em desenhos antigos – não lhe oferecia a garantia
necessária para a sua navegabilidade.
E tanta certeza
tinha no que dizia que impediu que o Bispo de Aveiro, D. João
Evangelista de Lima Vidal, que a benzeu e visitou interiormente, se
mantivesse na Nau durante a sua descida pela carreira da água.
Chegou a estar
presente na referida Exposição do Mundo Português; mas, para lá
chegar, houve que utilizar métodos pouco próprios para a sua
navegação.
Teve um fim
diferente daquele para que fora concebida, pois acabou os dias como
simples barcaça.
Bela e ricamente
decorada, destinava-se a servir para exposição dos nossos melhores
produtos, viajando pelos diversos países, em especial o Brasil.
A
imagem 6 e seguintes, inseridas
na secção de fotografias de barcos, documentam toda a sua imponência,
dias
antes e no momento de ser lançada à água nos referidos estaleiros.
Mais tarde, em 20
de Novembro de 1960, nos mesmos estaleiros de Mestre Manuel Maria
Bolaia Mónica, foi lançada à água a nau “S. Vicente”, construída
durante o período compreendido entre 1955 e 1960. Esta nau ”S.
Vicente” foi considerada a maior embarcação de madeira do mundo.
Muito mais
próximo de nós, foi reconstruída em Aveiro, nos estaleiros da
Ria-Marine, a fragata D. Fernando II e Glória, que figurou na
Exposição Universal de Lisboa de 1998. Dela se apresenta o espólio
fotográfico cedido pelo construtor naval, mestre Alberto Costa, no
seguinte endereço:
http://ww3.aeje.pt/avcultur/Fragata_D_Fernando/index.htm
NOTA –
A ideia da nau “Portugal” partiu do
grande artista Leitão de Barros, que foi o Secretário-Geral da
Exposição do Mundo Colonial Português. Parte destas informações
foram prestadas por Arménio Mónica, filho do construtor naval.
Para saber
tudo acerca da nau «Portugal» e como foi recuperada, consultar o
artigo do engenheiro que a recuperou e permitiu que ela pudesse
figurar na «Exposição do Mundo Português»
CONFERÊNCIA DO ENGº SALVADOR DE SÁ NOGUEIRA
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