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Francisco José Rito, Entre o olhar e a alma, 1ª ed., 2013, pág. 53.

Ai Portugal, Portugal...

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Quem fez das tuas ruas

trincheiras de lamentos?

Do teu povo,
um exército de derrotados?
Um povo que geme e que chora, sem revolta.
Que não bate o pé!
Quem te transformou
num rio de olhos marejados;
num mar de sonhos roubados,
arrastados pela lama,
soterrados no silêncio?
Milhões de mãos cheias de nada!


Ai Portugal, Portugal...
És hoje sanatório de moribundos,
onde a cura não chega.
Um rebanho de conformados,
resignados ao desfiar das contas
de um rosário de necessidades.
Maldita condição que herdamos ao nascer:
a de sermos sempre e cada vez mais pobres!


Destruíram o meu país!
E todos os dias nos lavam o cérebro com falsas promessas.

E nós, pobres crédulos, inocentes, esperamos...

 

 

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16-10-2013