Quem fez das tuas ruas
trincheiras de
lamentos?
Do teu povo,
um exército de derrotados?
Um povo que geme e que chora, sem revolta.
Que não bate o pé!
Quem te transformou
num rio de olhos marejados;
num mar de sonhos roubados,
arrastados pela lama,
soterrados no silêncio?
Milhões de mãos cheias de nada!
Ai Portugal, Portugal...
És hoje sanatório de moribundos,
onde a cura não chega.
Um rebanho de conformados,
resignados ao desfiar das contas
de um rosário de necessidades.
Maldita condição que herdamos ao nascer:
a de sermos sempre e cada vez mais pobres!
Destruíram o meu país!
E todos os dias nos lavam o cérebro com falsas promessas.
E nós, pobres
crédulos, inocentes, esperamos...
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