Foi-se-te a honra e a glória.
O barco que navegavas.
As barcadas a cobrir as falcas.
As padiolas cheias,
descarregadas no cais.
Para que guardaste
a vela desfeita
no fundo da caixa?
Os ancinhos carcomidos.
As forquilhas enferrujadas.
A chave da proa e
o cantil, pendurados atrás da porta.
A boina preta, a camisa de flanela
e a capa de oleado.
Retrato de um passado
que arrastaste,
moribundo,
à espera de um futuro
que nunca chegou.
Acabou tudo. Tu também...
Com as cavernas
apodreceu-se-te a alma,
o orgulho, a saúde e a vida.
Levaste por mortalha
o leito fértil da Ria
e convosco enterraram
o legado e a história.
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