Quando começamos a ler as linhas que
compõem este livro, facilmente nos esquecemos que o autor tem apenas 43
anos de idade, uma vez que são muitas as memórias e antigas as histórias
por aqui relatadas.
Ao abrirmos a obra, mergulhamos na
nossa Ria, navegamos as suas marés, pescamos o seu peixe e choramos o
seu destino. Ao folhearmos as suas páginas, sujamo-nos nas terras de
cultivo, molhamo-nos no orvalho das ervas altas, gritamos ao gado que
pasta e rimo-nos na procura do milho-rei.
Ao calcorrearmos as suas linhas,
remamos nos barcos da faina, aventuramo-nos nas ondas deste e doutros
mares, procurando fortuna e melhores formas de vida.
De pena leve e compreensível,
Francisco José Rito leva-nos numa viagem ao passado, à Murtosa que todos
conhecem mas poucos se lembram, usando e abusando daquele dialecto tão
próprio do coração murtoseiro.
São muitos os rasgos literários que
emprega no livro, mas a sua natureza marinhoa nunca é posta em causa,
nunca é deixada de lado, mesmo quando se dedica à Nação, fuga tão
importante para quem de longe a viveu.
É fácil identificarmo-nos com a sua
escrita, uma vez que nos relata as vivências gravadas nas ruas do nosso
sangue e nas memórias dos nossos pais e avós.
O difícil é conseguirmos parar de
ler...
Diogo Barros |