David Paiva Martins, Aradas. Um olhar sobre a primeira metade do século XX (Da Junta de Parochia à Junta de Freguesia). 1ª ed., Aradas, Junta de Freguesia de Aradas, 2008, 268 pp.

4.1.3 – O professor estudante

 

O professor Estudante era pessoa de aspecto pouco simpático, embora se estivesse longe de imaginar o “malabarista” que as actas mostram. Os leitores formarão o seu próprio juízo. Aparentemente sôfrego de benesses pessoais, sem olhar a meios para conseguir os fins, uma vez que a sua finalidade era ser chefe da secretaria para se “governar”, terá aproveitado o estado de desorganização administrativa da Junta (que ele conhecia bem, porque a pôde observar por dentro durante quatro meses) para intrigar politicamente nos sítios certos... e conseguiu vingar-se do Presidente.

 

 

Também uma palavra breve a propósito do Regedor, António Simões Sarrico, homem que, durante muitos anos, foi de enorme dedicação às coisas da sua terra. Era uma figura curiosa: irrequieto e franzino, sentado muito hirto em cima da velha bicicleta, cabeça bem levantada, um pouco inclinada para a esquerda, uma pose tão invulgar que inspirou o povo a pôr-lhe a alcunha de “cabeça no ar”. Morava no Outeirinho. Era casado com a ti Anunciação Gadelhas. Não tiveram filhos. Uma frase célebre no meio social da Verdemilho de então, era aquela com que a ti Anunciação, à tardinha, interrompia habitualmente a conversa com as vizinhas para ir fazer a ceia: – “Vou-me embora que ainda tenho de fazer a  “lavage” p’ró meu “Antonho”!”

 

 
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