David Paiva Martins,
Aradas. Um olhar sobre a primeira metade do século XX (Da Junta de
Parochia à Junta de Freguesia). 1ª ed., Aradas, Junta de Freguesia
de Aradas, 2008, 268 pp. |
O professor Estudante era pessoa de aspecto pouco simpático,
embora se estivesse longe de imaginar o “malabarista” que as actas
mostram. Os leitores formarão o seu próprio juízo. Aparentemente sôfrego
de benesses pessoais, sem olhar a meios para conseguir os fins, uma vez
que a sua finalidade era ser chefe da secretaria para se “governar”,
terá aproveitado o estado de desorganização administrativa da Junta (que
ele conhecia bem, porque a pôde observar por dentro durante quatro
meses) para intrigar politicamente nos sítios certos... e conseguiu
vingar-se do Presidente.
Também uma palavra breve a propósito do Regedor, António
Simões Sarrico, homem que, durante muitos anos, foi de enorme dedicação
às coisas da sua terra. Era uma figura curiosa: irrequieto e franzino,
sentado muito hirto em cima da velha bicicleta, cabeça bem levantada, um
pouco inclinada para a esquerda, uma pose tão invulgar que inspirou o
povo a pôr-lhe a alcunha de “cabeça no ar”. Morava no Outeirinho. Era
casado com a ti Anunciação Gadelhas. Não tiveram filhos. Uma frase
célebre no meio social da Verdemilho de então, era aquela com que a ti
Anunciação, à tardinha, interrompia habitualmente a conversa com as
vizinhas para ir fazer a ceia: – “Vou-me embora que ainda tenho de fazer
a “lavage” p’ró meu “Antonho”!” |