Pertencia a fábrica da igreja aos
abades, fregueses e confrarias; aos abades que comiam os dízimos
ficava-lhes o encargo da capela-mor, seu altar e sacristia,
paramentos, âmbulas dos santos óleos, brandões para acompanhar o
Senhor fóra...; aos fregueses, o corpo da igreja e seus altares,
torre, sino, confessionário, caldeira da água benta, cepo das
condenações...; à confraria do Santíssimo, a chave do sacrário, seus
cortinados, umbela, azeite...
Quando em 1782 se constituiu, por
bula de Pio VI, o prestimónio de Esmoriz, em benefício da Casa do
Infantado, ficava esta encarregada da fábrica da capela-mor, porque
passava a receber a dizimaria; porém uma vez extinta, por lei de
1832, as obras indicadas em visitação executar-se-iam, tendo
primeiro o abade de as requerer ao administrador do concelho e, por
sua vez, o administrador geral de Aveiro providenciaria, em face da
informação recebida.
Como seria a igreja de Esmoriz
noutros tempos? Temos conhecimento dela, a partir do século XVI,
sobretudo pelos livros de visitação e pelos das confrarias.
Era um edifício simples, de pedra,
telhado e forrado, com sacristia, caiado a cal. Tinha coro, com
óculo, suspenso de colunas em 1682-83 (obra que ficou por 9$480) e
púlpito. Nas paredes tinha algum azulejo (1682-83)
(1). A
capela-mor era iluminada por uma vidraça (1597) e o corpo da igreja
por frestas (1612) (2), cobertas de rede contra a passarada e
defendidas da chuva por encerados, passando a ter vidros só mais
tarde (1686). Era servida por duas portas, a principal e a travessa.
O pavimento era térreo, tendo sido
lajeado de 1590 a 1592 (3). Várias vezes o visitador obrigou
os fregueses a aplanar a terra, dentro do caixilho de pedra das
sepulturas, sinal de não ter soalho; a primeira vez que nele se fala
é em 1775, data em que é consertado
(4).
Não possuía torre, mas uma sineira,
com um único sino. Os altares eram três: o maior, sem tribuna,
representando num retábulo de madeira S. Pedro e S. Paulo (1583)
(5). Em 1758, já temos as imagens escultóricas de S. Pedro, do
lado do Evangelho, e S. Paulo, do outro lado
(6). O de S.
Sebastião, com retábulo do Espírito Santo e o da Senhora do Rosário
também com o seu retábulo. Os altares laterais deviam ficar, aquele
ao norte, este ao sul, na mesma posição, em que hoje se encontram o
de N. Senhora de Lurdes e o de N. Senhora do Rosário. A partir de
1605, sobre eles foi colocado um sobre-céu. Cruzes de pau-preto
enriqueceram os três altares, em 1664
(7). As imagens eram de
roca, vestidas (1609) (8). Em 1627, mandou fazer-se a de S.
Sebastião (9).
O arco cruzeiro ostentava, pintado
na pedra, o Senhor na cruz, ladeado de N. Senhora e de S. João
(1582) (10), passando mais tarde a ter um painel a óleo com o
mesmo motivo, que o visitador ordenou se fizesse «por mão de bom e
perito pintor» (1624) (11).
A confraria do Santíssimo, dotada de
fundos, tinha boas alfaias, ricas pratas. No tempo do abade António
Nunes de Aguiar (1691-1724), havia na capela-mor dois lampadários de
prata – talvez já tivesse sido removido o de latão, cuja execução
fora ordenada em 1589 (12), dos quais o mais pequeno custara
105$595 reis (13). A mesma confraria tinha custeado para a
capela-mor treze painéis em tela, cujos motivos pictóricos se
desconhecem, com moldura doirada, executados no Porto, importando em
101$306 reis (14).
Junto de cada altar, encontrava-se
um escabelo e, no corpo da igreja, uns tantos bancos, com cochia a
meio, ficando os homens de costas para as mulheres (1586)
(15).
Colocado sobre estacas introduzidas na parede do norte e em altura
que se pudesse passar por baixo, ficava ao fundo o leito dos
defuntos com o seu pano, em que costumavam ir a sepultar os
cadáveres envoltos em um lençol.
Várias reformas se fizeram na
igreja, uma das quais em 1637-42. Muitas vezes se tinha já mandado
reparar o forro. Agora é forrado, de novo, o corpo da
/ 58 / igreja – o da
capela-mor, novo em 1582, estava a cair em 1613
(16). Os
retábulos dos altares laterais foram apeados para reforma das
paredes e levantada a torre do sino
(17). Em 1627, mandou
colocar-se «um andaime sobre o tecto da igreja de lousas, pelo qual
se possa ir ao sino (18). O retábulo do altar-mor, executado
em 1629, voltou a ser pintado e dourado em 1639
(19). O da
Senhora do Rosário seria substituído por outro em 1643
(20).
O de S. Sebastião, após três anos, a contar desta data, deveria ser
pintado «por mão de bom oficial»
(21).
Em 1678, houve obras importantes,
não se sabendo de que constaram (22). A igreja teve um
sacrário novo dourado em 1689-90
(23).
Voltaram a pintar-se e dourar-se os
retábulos laterais em 1711, pedindo o visitador ao abade fizesse o
seu «ao moderno para Ihe(s) corresponder»
(24). Nesta data, o
visitador aponta a necessidade de uma tribuna, indício de que a não
possuía e de uma sacristia nova (25); para aquela dera,
então, a confraria do Santíssimo 260$000
(26). Verificava-se
em 1775 ser necessária uma torre nova, pois a existente
encontrava-se «arruinada». Fez-se, em 18 de Agosto, escritura de
contracto com Manuel Carvalho, de Nogueira da Regedoura, importando
a obra em 198$000. Os carretos seriam por conta da freguesia, bem
como alguns materiais, podendo o pedreiro aproveitar-se da pedra do
«torreão velho» (27). Durante as obras, servia-se de um
«campanário de pau para o sino» (28). A nova torre devia ter
sido feita desde os fundamentos. Em 1779, aparecem «de gastos quando
se puseram os sinos na torre» certa importância, sabendo-se que,
agora, a torre era provida de dois sinos
(29). Em
21-XII-1780, resolveu soalhar-se a capela-mor
(30).
Santo António de Lisboa, cuja
devoção se confundiu em Portugal com a de Santo António do Deserto
ou Santo Antão, viu erguer-se-lhe um altar em 1782
(31). O
seu lampadário novo, adquirido na vigência do abade D. Bento da
Assunção Pimenta (1725-67), pesava quinze marcos, seis onças e três
oitavos; de feitio, 1$650, tendo custado 114$447 reis
(32).
Por 1800, vê-se que a igreja, além
da sacristia paroquial, tinha a das confrarias e, além das
sepulturas na capela-mor, havia 14 «entre as grades» e 35 de
adultos, abaixo das mesmas.
Terminará o século XVIII, pondo-se
ao pároco um problema muito importante, qual o de uma igreja nova a
construir. Em 1799, esta «uma das mais antigas» da região ameaçava
ruir. Os moradores eram pobres, «e a maior parte deles vivem da
pesca do mar», pelo que o juiz, procurador e eleitos da igreja
requereram ao governo provisão para ser lançado o imposto do real
sobre o quartilho do vinho, no concelho. A câmara municipal,
consultada, concordava com o novo imposto, excepção feita, porém, a
Arrifana, Feira, S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Moselos,
oneradas com outros reais. O corregedor da comarca informaria deste
modo: «esta igreja se acha inteiramente arruinada, não só das
armações e telhados, mas nas mesmas paredes dela, de que resulta a
urgentíssima necessidade e indispensável construção da dita nova
igreja». Era este o orçamento da obra:
|
Pedraria
.......................................
Carpintaria, ferragens e vidraria
Telhados e guarnições
...............
Telha e pintura dos altares
.........
Total |
3 350$000
2 260$000
510$000
1 420$000
–––––––––
7 500$000 |
|
|
Demonstrada a necessidade da obra,
ordenara o governo que primeiro se começasse pela capela-mor, a
cargo dos dizimadores. A planta do corpo da igreja achara-a
«excessiva», pelo que devia reduzir-se, para mais fácil e breve
construção. Podia conceder-se, se necessário, por 10 anos, o real
sobre o vinho no concelho, com excepção de Arrifana, Oliveira de
Azeméis, S. João da Madeira, Moselos e, ainda, Cesar, a braços com a
reedificação da sua igreja – sendo os moradores obrigados aos
carretos dos materiais. Posta a concurso na Feira, em 10-XII-1799,
foi arrematada por António Pereira, mestre de Válega, por 18000
cruzados. Mas a obra ficou largos anos por começar...
Corria o real em 1810, arrematado em
Aveiro, por dois anos, pela quantia de 561$000 anuais. Em 1813, nova
concessão, persistindo sempre a cláusula: primeiro construir-se-á a
capela-mor. Oneravam-se as populações e não se via a obra sair da
terra. Moselos, empenhada na construção da sua igreja nova e
faltando-lhe cabedais necessários pretendeu que Esmoriz lhe
emprestasse 2000$000 dos fundos do real. A requerimento do juiz e
eleitos daquela freguesia, foram citados os moradores desta «e as
pessoas da nobreza da mesma freguesia», para assistir à reunião
camarária de 15-1-1814, onde se debateria a questão. Esmoriz
compareceu em força, com 128 homens e 19 mulheres, e disse da sua
justiça:
|
– que a sua igreja estava «por
extremo arruinada, indecente e incapaz de nela serem celebrados os
ofícios divinos» e, se ainda não tinha arrancado com a obra, era
porque, sendo o príncipe regente senhor do prestimónio de Esmoriz,
não dera por ora ordens para a construção da capela-mor;
– que estando perto da estrada real,
servia também aos viandantes para nela cumprirem o preceito, pelo
que se precisava de um templo novo;
– que o empréstimo não era
suficiente para acabar uma igreja «extraordinariamente grande e
sumptuosa», como a de Moselos;
/ 59 /
|
Igreja Paroquial de Esmoriz |
– que a gente dessa freguesia era na
maior parte rica e bem podia emprestar o dinheiro bastante para a
conclusão das obras, recebendo-o depois pelo real; tinha-lhe este
sido concedido em 11-X-1785 por D. Maria I sobre o quartilho de
vinho e o arrátel da carne em 13 freguesias, entre as quais Esmoriz
(33);
– que por concessão régia Moselos
tinha sido exceptuada de contribuir com o real para Esmoriz, pelo
que não devia tirar-lhe o benefício que lhe fora concedido.
(34).
Perdia-se o tempo com burocracias e
mais burocracias. Mandara-se, agora, efectuar uma vistoria em
2-5-1814: a igreja estava por reedificar, devia começar-se pela
capela-mor e o edifício estava inconveniente e em perigo para os
fiéis. Orçara-se a capela-mor e a sacristia em 2400$000. No final do
ano, em 20 de Dezembro, solicitaram o juiz e eleitos de Esmoriz ao
príncipe regente que, como recebedor dos dízimos, construísse a dita
capela-mor. Continuava o real; em 23-2-1815, o alferes António
Moutinho, de S. João da Madeira, obrigava-se a pagar 700$000 anuais
pelo imposto sobre o vinho. Finalmente o despacho ansiosamente
esperado, datado do palácio do Rio de Janeiro, de 20-X-1815, Tendo
em consideração a ruína e indecoro de toda a igreja, conformando-se
com o parecer da Junta da Casa do Infantado, o príncipe regente
deferiu fosse edificada a capela-mor
(35).
Em 6-X-1819, ordenara entregasse o
rendeiro ao corregedor da Feira 991$668, para pagamento da terceira
e última prestação da empreitada de António Pereira dos Santos, de
Válega, por estar concluída a obra de pedraria e carpintaria na
capela-mor e na residência paroquial
(36).
Em 1850, a 13 de Dezembro, oficiava
o administrador do concelho ao governo civil que já tinha feito
arrematar as obras da igreja e da residência
(37). A junta
resolvera que, em lugar do coro estar apoiado em duas colunas,
ficaria mais cómodo e elegante numa só
(38).
Da nova igreja sabemos tão somente
que tinha varandas – a sua existência documenta-se em 1861
(39)
e quatro frestas para iluminação
(40); fala-se nos altares
colaterais de N. Senhora das Neves, N. Senhora das Dores, N. Senhora
do Rosário e Santo António. A sacristia era pavimentada de pedra,
mandando-se soalhar em 1822-23, a igreja media 162 palmos de fundo
por 49 de largo, ou sejam 35.64 m. X 10,78 m.
(41).
Se a igreja, dentro de menos de
cincoenta anos, ameaçava ruir de novo, parece-nos que as obras se
teriam limitado a qualquer coisa parecida com um simples e mal feito
restauro, não avaliando devidamente o estado das paredes. Em
11-12-1850, a câmara municipal autorizou a junta de paróquia a
lançar uma derrama para as obras da igreja e da residência
(42).
A igreja, pensava a junta em
22-5-1961, achava-se «completamente arruinada por se lhe não ter
acudido a tempo e se não poder continuar nela a celebração dos
ofícios divinos e actos religiosos e que por isso é necessariamente
declarada interdita» e por isso «todo e qualquer reparo no edifício
da igreja é inútil, não se atendendo ao gateamento das paredes que
se acham totalmente desaprumadas»
(43). A residência também
estava em ruína. Os paramentos não eram decentes.
Era preciso construir a escola
primária. Eis as dificuldades da freguesia. Em 20-8-1861, foram
arrematados em praça o conserto da igreja (595$000), o fornecimento
de paramentos (169$000) e a construção da residência
(44). Em
fins de 1861, procedeu-se à remoção do Santíssimo para a capela de
Gondesende, onde o pároco tinha a casa dos pais e ia habitar, já que
a residência ameaçava perigo. Aos domingos, havia missa na capela da
Penha. As obras estiveram paradas, por falta de pagamento ao
arrematante. O governo civil de Aveiro ordenava se limitassem as
despesas nas confrarias, mesmo à custa do não cumprimento dos
legados, não aprovando o orçamento das missas dos sábados, a que era
obrigada a confraria do Rosário – enquanto durassem as obras na
igreja e residência (45).
A igreja sofreu um «conserto
grande», a cargo do mestre de S. Fins da Feira, José Pinto, pelos
ditos 595$000. Também na renovação dos paramentos se gastaram
/ 60 / os 169$000. Mas, ao
chegarmos a 1864, encontramos um panorama verdadeiramente
desalentador, que transpira da sessão da junta de paróquia de 28 de
Março: os paramentos estavam «despedaçados e indecentes», «mais
aptos para mover à irrisão e despreso por as causas divinas, do que
para despertar no coração dos fiéis o sentimento religioso». Nos
altares, as tintas estavam inegrecidas e gastas pelo tempo e chuva,
a talha estragada, os doirados sumidos, as imagens, umas
necessitando de ser encarnadas, outras de ser substituídas, em razão
da sua disforme escultura, algumas paredes ameaçando ruir...
(46).
Infelizmente, em 5-1-1865, o templo ameaçava ruína... mas ia-se
aguentando de pé. Esquecidos do que impendia fazer-se em primeiro
lugar, qual era o derrubarem-se certas paredes e erguerem-se novas,
verificamos, de 1866 a 1868, que se pinta e doura o altar da Senhora
do Rosário, protege-se sua imagem com vidraça e José dos Santos, do
Porto, pinta e doura a capela-mor
(47). Em 31-3-1870, era
«realmente doloroso e muito reparado o estado de indecência em que
se achava» o templo. As águas pluviais caíam na tribuna e nos arcos
laterais há pouco dourados, o arco cruzeiro ameaçava ruir,
necessitando-se de imediatos reparos nos telhados e no forro. A
freguesia só podia fazer face a metade das despesas, cooperando as
diversas irmandades, reformando cada qual seu altar e construindo a
junta de paróquia mais dois novos. O restauro fora, porém,
complicado pela politiquice paroquial. Tendo sido em 1877 desalojado
de presidente da junta, mas continuando como juiz das irmandades do
Santíssimo e das Almas, o abade Roberto Gonçalves de Sá fez tudo
quando pode para desviar para outros fins as verbas votadas por
estas, para complicar a vida à nova junta de paróquia, a cargo de
quem corriam as obras. Em 1875, adquiriu-se uma banqueta nova para o
altar do Senhor, obra do entalhador Zeferino José Pinto, do Porto
(48). Também os sinos estavam deficientes: em 15-6-1879, os
peritos António Ferreira e Manuel Lopes de Oliveira deram à
confraria do Santíssimo o orçamento para a feitura e colocação de um
sino na torre de seis arrobas por 70$000
(49). O das Almas,
partido, foi substituído na mesma data por 30$350
(50).
Poucos anos depois, em 1882, devido ao seu mau estado, foram
vendidos à fundição de Alexandre António Leão, de Campanhã, por
218$00, adquirindo-se novos, com o peso, respectivamente de 482,082
e 296,090 kgs por 609$540 (51).
Sendo, agora, em 1887, favoráveis ao
abade Roberto os ventos eleiçoeiros da junta de paróquia, viu, por
sua vez, complicada a sua acção pelos membros cessantes. Na verdade,
o legado testamentário do comendador José Pinto Rodrigues da Costa,
ilustre esmorizense falecido no Brasil, no valor de dois contos de
reis fracos, que aqui renderam 832$840 ficara em poder do presidente
vencido, Francisco Pinto Ferreira. Se o abade Roberto tinha
contribuído para que se efectuasse este legado, igualmente se
empenhou junto do governo, conseguindo um subsídio de 1 000$000 e
bem assim a planta para a nova igreja, cujas obras foram estimadas
em 7700$000, deduzidos os materiais aproveitáveis. Em 14-6-1890,
falecia porém, o pároco. Foi preciso reaver judicialmente o referido
legado e bem assim 166$000 que ficaram nas mãos do extinto. Agora
nova planta aparece. A obra ficaria por 5000$000.
Não obstante se escrever em 2 de
Agosto «a igreja pode dum momento para o outro desabar» foi preciso
esperar por 1892 para se arrancar. Em 24 de Abril mudou-se o
Santíssimo para a capela da Penha. Em 24 de Julho, António Gomes da
Costa, de Paramos, arrematou a obra de pedreiro por 1780$000, Tomás
Henrique Valente de Abreu, de Valadares (Gaia), a de carpinteiro por
1637$000 e António Pereira de Brito Paula, de Argoncilhe, a de
trolha por 1050$000. A cantaria viria da Vila da Feira, a alvenaria
das pedreiras da freguesia, na Relva. No dia 4 de Agosto, deu-se
início, começando-se pela capela-mor
(52). Em Setembro,
resolveu-se alterar o projecto, aumentando-se ao corpo do edifício 4
metros e à capela-mor 1,5 m. Nova alteração em Março seguinte: as
paredes, desalinhadas 25 cm, tiveram de ser demolidas até à sapata –
isto no corpo da igreja, o mesmo acontecendo com a frente e a torre
(53). O concurso da remoção de terras, muros e escadaria do
adro foi arrematado em 4-12-1892 por Alfredo Pereira Vendas, pela
quantia de 575$000 (54).
Feita a capela-mor, voltou o
Santíssimo para o seu altar em 6-1-1893, continuando as obras do
corpo da igreja «sempre por subscrição voluntária». Em 1894,
aumentou-se a torre 2 metros. Em Maio do ano seguinte, estava o
corpo da igreja construído e os fiéis esgotados de dar donativos,
para o que se tinha organizado comissões locais e realizado dois
leilões que renderam 122$680. Havia urgência em cobrir as paredes,
para não se arruinarem e os fiéis não adoecerem, pelo que se pediu
licença para vender o campo da freguesia e o pinhal da
aberta, baldios (55). Por outro lado, constituiu-se uma
comissão, composta por António de Sousa Marques, Manuel Fernandes,
Dr. José Maria da Fonseca, Joaquim de Sá Ramos, José Pinto Fernandes
Romeira e Francisco Gomes Loureiro que foi pedir ao card. D. Américo
um subsídio da Bula da Santa Cruzada e bem assim, enquanto durassem
as obras, autorizasse que o pároco desse para a igreja a prestação
que semestralmente vinha pagando ao seminário
(56). O
problema foi resolvido por António Francisco de Almeida, comerciante
esmorizense no Brasil, que à sua custa mandou cobrir o corpo da
igreja e do seu bolso e dos amigos enviou 2000$000
(57).
Também Manuel Francisco da Silva, da
/ 61 / Vinha, deu uma
significativa ajuda, construindo à sua custa o altar do Senhor dos
Aflitos, para nele ficar o Santíssimo
(58). A imagem do
Senhor foi oferta de Bernardo Pinto Ferreira, do Agueiro. O coro
ficou suspenso de duas colunas de ferro, com o peso de 703,500 kgs,
fabricados pela Antiga Fundição de Crestuma de Constança da Silva
Paiva Freixo, custando 35$150. A cúpula da torre foi
convenientemente azulejada em 1885, por 9$160
(59).
O P.e José António da
Costa Pinheiro, o grande e saudoso pároco que conseguira unir e
galvanizar os seus fregueses para a nova igreja, teve a alegria de a
benzer; a respectiva licença é de 1-5-1896, pois tinham terminado as
obras (60). Encontravam-se, agora, os sete altares dourados,
os paramentos renovados, os cálices dourados.
Foi esta a conta da nova igreja,
paga pela junta de paróquia, devido aos aumentos não previstos:
|
ao pedreiro ..............
ao carpinteiro ..........
ao trolha ...................
ao fiscal ....................
Total |
3883$277
2415$176
1716$622
299$080
–––––––––
8314$155 |
|
|
Terminou o século XIX. Verifica-se
que o novo edifício, melhorado pelos párocos sucessores, ficou
deveras bem feito. Ainda hoje se encontra em bom estado.
ALTARES PRIVILEGIADOS
Trata-se dos altares a que esta
anexa uma indulgência plenária, aplicável à alma por quem é
celebrada a Missa. Os nossos livros de visitação indicam-nos, por
vezes, qual o privilegiado.
A pedido dos oficiais da confraria
das Almas, o provisor da diocese, frei Aurélio de S. Tomás,
designou, em 1760, o altar de S. Sebastião como privilegiado in
perpetuum, revogando-se qualquer outro. Pio VI, em 1786, fez
idêntica graça às igrejas paroquiais, o pedido de D. Frei João
Rafael de Mendonça, bispo do Porto. D. Lourenço Correia de Sá, seu
sucessor, nomeou, por concessão do mesmo Pio VI, em 12-8-1796, por 7
anos, o altar-mor das igrejas paroquiais. Nova concessão papal,
concedida por 7 anos, em 1799. O abade encomendado, Bernardo António
Correia de Andrade, escolheu o da Senhora do Rosário. Também em
23-XII-1803, D. António de S. José de Castro, por faculdade obtida
de Pio VII, mandava que nas paroquiais o pároco elegesse, por 7
anos, o seu altar privilegiado e idêntica ordem foi passada, em
18-XI-1814, pelo dr. Teodoro Pinto Coelho de Moura, vigário
capitular do Porto.
IMAGENS ESCULTÓRICAS
Mandara o visitador retirar de uma
cruz de prata renascentista «as campainhas de prata, por não
servirem no lugar em que estão» (61). Mais tarde, outro
visitador, amigo da arte, mandara repor os tintinábulos
(62).
O artista não era aprimorado, pois deixara os pés do Senhor «mal
proporcionados». Ainda no século XIX (1864), se verificava que
algumas imagens deviam retirar-se, por serem de «disforme e
irregular escultura» (63).
A igreja tinha em 1609 imagens de
roca e não se consentia que leigos as vestissem
(64).
Umas ao culto, outras retiradas,
desaparecidas ou inutilizadas, eis as imagens da nossa igreja:
Santo Américo: de 0,60 m., madeira.
Retirada do culto.
Santa Ana: de 0,60 m., madeira. No
altar de Santo António.
Santo António: de 1,30 m., madeira.
Está no seu altar.
Santo António: de 0,60 m., madeira.
Retirada do culto.
S. Braz: de 0,92 m., madeira.
Retirada do culto.
Coração Eucarístico de Jesus: de
0,50 m., madeira. Retirado do culto.
Sagrado Coração de Jesus: de 1,50
m., madeira. Retirado do culto. É obra das oficinas de António
Pereira de Abreu, Porto. Veio em festiva e devota procissão, da
estação da C. P. até à igreja. D. António Barroso indulgenciara esta
imagem com 50 dias toties quoties.
Sagrado Coração de Jesus: de 1,90
m., madeira. É das mãos de José Ferreiro Tedim, de S. Mamede do
Coronado. No dia 26-6-1910 foi conduzido processionalmente, da
estação até à igreja, juntamente com a de Santa Margarida Maria,
reformada. Era dia de festa do Sagrado Coração de Jesus. Em
correspondência para o Jornal d'Ovar de 5 de Junho e 3 de
Julho de 1910, dizia o abade António André de Lima que a igreja
possuía, agora, quatro imagens da autoria de Joaquim dos Santos
Leite, do Porto. Está no seu altar.
Cristo-Rei: de madeira, no altar-mór.
Santa Filomena: de 0,80 m., terra
cota. Retirada do altar.
Santa Filomena: de 0,63 m., terra
cota. Retirada do culto.
S. Francisco de Sales: de 0,95 m.,
madeira. Esteve no altar da Senhora do Rosário. Retirado do culto.
S. Gonçalo: de 0,50 m., madeira.
Está no altar de S. Sebastião.
Santa Inês: de 0,70 m., madeira.
Esteve no altar da Senhora de Lurdes. Retirada do culto.
S. João de Brito: de 0,80 m., terra
cota. Esteve no altar do S. C. de Jesus. Retirada do culto.
S. Joaquim: de 0,60 m., madeira. No
altar de Santo António.
/ 62 /
S. José: de 0,63 m., terra cota.
Esteve na capela-mor, ao norte. Retirada do culto.
S. Luís Gonzaga: de 0,60 m.,
madeira. Esteve no altar da Senhora de Lurdes. Retirada do culto.
Santa Luzia: de 0,45 m., de madeira.
Esteve no altar da Senhora do Rosário. Retirada do culto.
|
|
Capela de Nossa Senhora da Penha de
França. |
Santa Margarida Maria Alacoque: de 1
m., madeira. Retirada do culto.
Menino Jesus: de 0,30 m., madeira
Retirado do culto.
S. Miguel: de 0,68 m., madeira.
Retirado do culto.
Beato Nuno de Santa Maria: de 1 m.,
madeira. Imagem adquirida em 1948. Esteve num dos nichos do
altar-mor. Retirado do culto.
Capela de Nossa Senhora da Penha de
França.
S. Paulo: de 1 m., madeira. Estava
no altar-mor, no nicho do lado do sul. Em 1948, foi colocado na
capela do mar.
S. Pedro: de 1 m., madeira. É do
mesmo autor da precedente. Estava no nicho do retábulo do altar-mor,
do lado do norte. Em 1948, foi para a capela do mar.
S. Sebastião: de 1,55 m., madeira,
adquirida em 1924, ou em data posterior. Custou 2500$
(65).
Tem altar próprio.
S. Sebastião: de 0,76 m., madeira.
Retirado do culto.
Nosso Senhor Crucificado: de 0,70
m., madeira. Está na sacristia do clero.
Nosso Senhor dos Aflitos: de 1 m.,
madeira, oferta de Bernardo Pinto Ferreira, do Agueiro. Tem altar
próprio.
Nossa Senhora da Assunção: dignifica
a frontaria da nossa igreja.
Nossa Senhora da Assunção: de 0,73
m., madeira. Esteve sobre o antigo sacrário da capela-mor. Em 1948,
passou para o nicho principal do altar-mor.
Nossa Senhora de Fátima: de 1,50 m.,
madeira. É seu autor José Ferreira Tedim, executada em 1930. No dia
25 de Maio, veio «em grande e numerosa» procissão da estação da C.
P. para a igreja. Está em altar próprio, debaixo do qual se
encontrava o grupo dos pastorinhos, do mesmo escultor. Uma vez
removido o altar, foi daí retirado o grupo.
Nossa Senhora do Livramento: de 0,50
m., madeira. Está no altar de S. Sebastião.
Nossa Senhora de Lurdes: de 1,60 m.,
madeira. Executada por Joaquim dos Santos Leite, Porto. Tem altar
próprio.
Nossa Senhora do Rosário: de 1,40
m., madeira. Está em altar próprio.
Nossa Senhora do Rosário: de 0,45
m., madeira. Retirada do culto.
Nossa Senhora do Rosário: de
madeira. Foi para o museu do Seminário de Teologia do Porto.
Nossa Senhora da Soledade: de 0,55
m., madeira. Está aos pés do Senhor Crucificado.
Santa Teresa do Menino Jesus: de
1,47 m., madeira, obra de José Ferreira Tedim, veio incorporada na
sobredita procissão de 25 de Maio para a igreja. Está em altar
próprio.
S. Vicente de Paulo: de 0,80 m., em
terra cota, foi colocado na capela-mor, do lado do sul, em 1934
(66).
*
* *
Termina-se com estas linhas, tiradas
do «inventário dos ornamentos e peças que são dos abades desta
freguesia» e que se poderá datar de 1701:
«uma imagem de Cristo Crucificado
com resplendor de prata, cruz e cepo de madeira, que está no altar
maior;
uma imagem nova da Senhora da
Assunção pintada de estofo com uma coroa de prata, que está no altar
maior;
uma imagem pequena da mesma Senhora
com sua coroa de prata;
um retábulo no altar maior dourado
com S. Pedro e S. Paulo pintados em tábua»
(67).
/ 63 /
Noutro inventário de objectos e
paramentos do Santíssimo, de 1653 temos, parece, dois crucifixos,
ainda ambos por referenciar;
um Cristo vindo de Roma,
indulgenciado, no sua cruz de madeira, sobre uma peanha;
uma cruz de pau preto que tem, sob
uma vidraça, uma «relíquia do Santo Lenho e carne de Santa Teresa e
outras mais relíquias, a qual não costuma sair, senão em extrema
necessidade, e nesta forma saindo sempre somos socorridos do céu, ou
água que pedimos».
III – PARAMENTOS
3.1 – Ao percorrermos os vários
inventários dos paramentos, pratos e outros objectos, pertencentes
aos abades e às confrarias, encontramos outros tecidos, outros
paramentos, outro luxo nos coisas de Deus.
3.2 – PARAMENTOS DOS ABADES – 1623:
– Frontais: de damasco
bronco; tafetá branco com sabastos vermelhos; chamalote branco e
vermelho; gadamesi; chamolote preto; (posterior) damasco branco e
sabastos de veludo carmesim.
– Sobrecéus: de linho e
fiampos.
– Vestimentas (Paramentos):
de damasco branco com sabastos de veludo carmesim; damasquilho
branco com sabastos azuis; chamalote roxo; cetim falso e cetim falso
azul (68).
3.2.1. – PARAMENTOS DOS ABADES –
1632:
– Frontais: de damasco bronco
e veludo carmesim; tafetá branco e amarelo velho; godomexim (que
estava no capela da Penha); chamalote preto; (posterior: chamalote
roxo com sabastos de... de seda e lã).
– Vestimentas: de damasco e
sabastos de veludo carmesim; chamolote roxo; cetim azul; cetim
acabelado; (posterior: chamalote roxo com sabastos de bamoa (?) de
seda e lã); chamalote de lã verde e vermelho deixado pelo abade João
de Pinho.
– Véus de cálix: vermelho com
renda de prata; branco com renda azul; apavonado com renda negra;
volante; acabelado; roxo; Caixa-de-hóstias da Índia;
Missal novo «com suas fitas abrazadas, com botões de ouro»
(69).
3.2.2 – PARAMENTOS DOS ABADES –
1701:
– Frontais: de damasco branco
com sanefas de veludo carmesim e franja de retrós vermelho; damasco
branco com palheta de ouro, forrado de bocaxim amarelo; folepechim
vermelho e verde com franja de retrós da mesma cor; chamalote de lã
roxo com sanefas de brocatel de lã verde e roxa e franja de retrós.
– Vestimentas: de damasco
branco com sanefas de veludo carmesim e franja de retrós vermelho;
damasco branco com palheta de ouro e forrado de tafetá cor de ouro;
folepechim vermelho e verde com franja de retrós da mesma cor;
chamalote de lã roxo com sanefas de brocatel de lã verde e roxa, com
franja de retrós; catalufa vermelha e branca com sanefas brancas e
verdes, com franja pequena.
– Véus de cálix: 3 de tafetá
branco, sendo um guarnecido de espiga de ouro; 2 de tafetá vermelho;
1 de tafetá verde; 2 de tafetá azul; 1 de tafetá cor de ouro
desmaiado; 2 de tafetá roxo e 1 de tafetá negro.
– Palas de cálix: 1 bordada a
ouro; 2 de tela guarnecidas a galão de ouro; 1 de damasco,
guarnecida a galão de ouro; 1 vermelho, bordado a ouro, com pedras
falsas e 4 palas de linho.
– Bolsas de corporais: de
damasco branco forrado de tafetá cor de ouro, guarnecida com galão
de ouro; damasco branco, guarnecido de galão azul; chamalote de
prato vermelho com galão de ouro; chamalote de lã roxa; chamalote de
seda roxa.
– Caixa das hóstias: pintada
a negro, com esmaltes.
Pelos inventários de 1777-1784 e
1787, verifica-se que os párocos tinham à sua custa provido o culto
de numerosos paramentos, porém como não os descrevem, senão
sumariamente – número, tecido (seda, a maioria, e lã) e cor, não se
justifica a sua enumeração.
3.3 – PARAMENTOS DO ALTAR DAS ALMAS
– 1623:
– Frontais: de chamalote
branco e vermelho (por cima de branco, lê-se azul);
gadamesi; caniante preto (70).
3.4 – PARAMENTOS DA CONFRARIA DO
ROSÁRIO – 1623:
– Frontais: de damasco
branco; gadamesi; caniante preto.
– Vestimenta: de damasco
branco e carmesim.
– Capa de asperges: de
damasco branco, com sabastos de capelo de veludo carmesim.
– Pálio: de damasco branco;
damasco branco, com sabastos de damasco carmesim.
– Vestes da Senhora: de
veludo verde; damasco vermelho e tafetá vermelho
(71).
3.5 – PARAMENTOS E OBJECTOS DA
CONFRARIA DO SANTÍSSIMO – 1653:
– Frontais: de damasco
branco.
– Vestimenta com dalmáticas,
de damasco branco, forradas de bocaxim. É de ambas as confrarias
(Santíssimo e Rosário).
/ 64 /
– Capa de asperges: de tela
branca, forrada de tafetá carmesim.
– Pálio: de tela, forrada de
tafetá carmesim.
– Véus: com renda de prata
para a custódia; de volante (?) vermelho, com renda de ouro, para o
cofre; véu de lã da índia, campo branco e flores de ouro.
– Bolsa de corporais: de lama
carmesim, com guarnição dourada.
– Palas de cálix: pala de
lama de ouro, forrada de damasco azul; bordada a ouro; pala de tela
bordada a ouro.
– Véu de ombros: com renda de
ouro; branco com renda de ouro.
– Pavilhão: de chamalote roxo
de seda, com guarnição de renda de prata (1655).
– Docel: com cortinado de
damasco carmesim, com franjas de ouro.
– Cortinas: carmesim, para a
porta do sacrário, com renda de ouro; de tafetá para a dita porta
com renda de prata; cortinas de tafetá carmesim, com renda de prata,
que descem de uma roda, dentro do sacrário.
– Cofre: forrado por dentro a
cetim e por fora a veludo, guarnecido com cairel de prata e ouro
marchetado, com fechadura e chave douradas.
Para a sexta-feira santa:
travesseiro com almofada, lavrado de azul, com suas fronhas
(72).
3.5.1 – PARAMENTOS E OBJECTOS DA
CONFRARIA DO SANTÍSSIMO – 1692:
– Frontal: de damasco branco;
tela branca com franja grande de ouro e guarnições de franja pequena
de ouro.
– Vestimenta: de damasco
branco, com franja pequena branca e vermelha de retrós, com suas
dalmáticas; tela branca, forrada de tafetá vermelho com dalmáticas.
– Capa de asperges: de tela
branca e tafetá vermelho.
– Pálio: de damasela
vermelha, franjado de retrós branco e vermelho, com seis varas de
madeira, pintadas avermelho; tela branca com franja de ouro, borlas
de ouro, forrado a tafetá vermelho.
– Véu de cálix: de ló da
índia, com flores de ouro.
– Bolsa de corporais: de tela
branca, com galão de ouro, forrada a tafetá vermelho.
– Véu de ombros: de chamalote
branco, forrado a tafetá vermelho, com palheta de ouro; tafetá
vermelho, com renda de ouro falso.
– Cortinas: de damasco
vermelho; com franja de ouro, para o sacrário
– Alcatifa: alcatifa da
índia, que deu o abade João de Pinho.
– Relicário: cruz de pau
preto (73).
IV – PRATAS DA IGREJA
4.1 – PEÇAS DOS ABADES – 1623:
– Cálix de prata (lavrada) dourada e
cálix com o copo de prata (lisa) e o pé de latão dourado.
4.2 – ALTAR DAS ALMAS:
– Uma cruz.
4.3 – CONFRARIA DO ROSÁRIO – 1623:
– Cruz de um guião; par de
castiçais; turíbulo; coroa da Senhora e do Menino.
4.4 – CONFRARIA DO SANTÍSSIMO:
– Custódia dourada sobre cálix
dourado (este é da Senhora do Rosário) com tintinábulos (1654); vaso
de comunhão, oferta do abade João de Pinho (1655); lampadário, com
sua bacia de folha, coberta do mesmo (1659); 6 varas, sendo 3 da
Senhora do Rosário; 2 castiçais (1671); 2 lampadários, tendo custado
o mais pequeno 105$595 (1699); vaso para ablução da comunhão (1710);
caldeirinha (1706); lampadário, pesando 23 marcos, 5 onças e 3,5
oitavas, no valor de 132$604 (o marco foi a 700 reis); 4 lanternas
(1692-97), com suas hastes também de prata; galhetas (1696).
No inventário da mesma confraria
aduzem-se os seguintes objectos:
– Haste e cruz de padrão; cruz de um
guião; cofre de madeiras, coberto a tela branca, forrado a seda
branca, com os cantos de prata lavrada, fechadura, escudo e chave
também de prata (74).
*
* *
4.5 – As pratas das igrejas, por
várias vezes tentaram a cobiça dos governantes que as mandaram
confiscar. A última guerra com Castela levou D. Fernando a
lançar-lhes a mão. Também D. Afonso V, em 1475, para ocorrer às
despesas da guerra com Castelo, de cujo trono era pretendente, usou
o mesmo expediente.
Em 6-3-1801, o príncipe regente
comunicou aos bispos do reino que, declarando-se a guerra com os
franceses – «eles mais querem abater e destruir o sacerdócio que o
império» – mandara inventariar e pesar as pratas das igrejas,
fazendo-as recolher nos mosteiros
/ 65 / de Santa Cruz, de
Coimbra, Tomar ou Palmela. Aí permaneceriam em depósito, enquanto
não cessassem «os motivos da presente inquietação»
(75). Da
execução deste aviso não nos restam quaisquer indícios. Dos
franceses ficaram suas pegadas de sangue e terror na nossa região.
Já não falando da sua passagem por Grijó e Arrifana, assinalamos a
sua presença em Moselos, onde enforcaram sete homens, um dos quais
sacerdote e mártir da confissão e Arada, onde exigiram à confraria
do Santíssimo um boi, avaliado em 37$800
(76).
Não podiam os metais preciosos das
igrejas deixar de tentar os invasores. Por decreto de 1-2-1808,
mandara-se recolher o ouro e a prata, deixando-lhes, apenas, os
cálices, patenas, colherinhas, píxides, custódias e cofres em que na
semana santa se encerrava o Santíssimo, as coroas e resplendores das
imagens, os relicários e imagens do Senhor e da Senhora, cujo peso
não excedesse dois marcos. Cumprindo a legislação, foram entregues,
em 28 de Junho, as pratas seguintes: 8 cruzes, 4 lanternas, 5
lampadários, 6 varas de pálio, 10 castiçais e ceriais, turíbulo,
naveta, caldeirinha, galhetas e respectivo prato
(77).
Nos livros da Penha, temos uma
pequena nota alusiva a este tema: 1808 – «deu-se para a ajuda da
guerra 4 000 reis» (78)
4.6 – CONFRARIA DO SANTÍSSIMO, 1840:
Foi-se recompondo a igreja
lentamente, depois que os franceses nos deixaram. Eis o inventário
de 1840:
Custódia dourada; vaso da comunhão,
lavrado e dourado; caldeirinha e hissope; galhetas e prato; turíbulo
e naveta; cálix liso dourado; vara de juiz; missal marchetado de
prata; chave de prata dourada do sacrário; capacete e setas de S.
Sebastião.
1879 – Cruz processional com haste,
pesando 3,650 kgs. e tendo custado 162$100
(79).
V – COSTUMES, DEVOÇÕES E OBRIGAÇÕES
5.1 – É através da legislação
constante das visitações canónicas, faiscando sempre no firmamento
multas, como soía fazer-se nos acórdãos camarários da época, e
excomunhões que podemos ver os costumes doutros tempos, para não
falar das Constituições Diocesanas e de outros documentos.
|
5.2 – DOUTRINA AOS MENORES (1608):
«Mando ao reverendo abade ensine a
doutrina cristã aos menores, em todos os domingos do mês de
Setembro, Outubro, Novembro e Fevereiro, Março, Abril e Maio, à
tarde; e fará rol para que tome conta dos que faltarem, condenando
seus pais e amos, em pena de três reis, por cada vez, e não pagando
os evitará e não admitirá sem mandado ordinário e a dita pena se
lançará no cepo das penitências, o que tudo cumprirá, sob pena de 1
000 reis».
A doutrina cristã não seria, pois,
ministrada, no tempo do maior calor e maior frio. O cepo era uma
caixa, onde se deitavam as multas ou penitências, fechada a duas
chaves, tendo uma o pároco, outra o juiz da igreja
(80).
|
Capela de Nosso Senhor das Febres |
5.3 – DOUTRINA AOS MAIORES (1594):
«O cura ensinará a doutrina aos
maiores [...] que a não souberem, os não admitirão (sic) a
sacramento algum, sob pena de 200 reis»
(81).
5.4 – CONFESSAR-SE À MESA DA
COMUNHÃO (1594) :
«O cura não reconciliará ninguém
depois que estiver à mesa para receber o Santíssimo Sacramento, por
muitos inconvenientes que nisso podem suceder, sob pena de 200 reis»
(82).
5.5 – CLÉRIGOS NOS OFÍCIOS DE
DEFUNTOS (1605):
«Por quanto fomos informados que os
clérigos desta comarca quando assistiam aos ofícios dos defuntos
estavam sem sobrepeliz lhes mandamos, sob pena de
/ 66 / excomunhão maior e de
400 reis para a Sé e meirinho não recebam esmola de ofício algum
aonde estiverem, sem sobrepeliz, e sob as mesmas penas, lhes
mandamos não vão a ofício algum com armas»
(83).
5.6 – PROCISSÕES (1635):
«Por me constar se fazem as
procissões com menos decência e devoção do que de antes, em razão de
não irem as cruzes de umas igrejas a outras, hei por levantado o
capítulo da visitação que isso proíbe [...]»
(84).
5.7 – NA CAPELA-MOR (1593):
«Proíbe sob excomunhão que enquanto
se celebram os ofícios divinos estejam na capela-mor mais que os que
tiverem ordens sacras ou forem necessários para os sacrifícios e sob
a mesma pena os não consentirá o abade, como fica dito»
(85).
5.8 – RUÍDO NO ADRO (1591):
«E por ser informado que aos
domingos e dias santos depois da missa [...] os fregueses fazem
muitos alvoroços e perturbações no adro. o que dá muito escândalo,
pelo que mando ao reverendo abade condene a cada um que as tais
perturbações fizer em meio tostão pela primeira vez e em dobro pelas
mais» (86).
5.9 – MORDOMOS DAS CONFRARIAS
(1582):
Manda-se que «cada ano haja mordomos
novos e quando tiverem algum dinheiro junto o farão gastar em
missas, por sermos informados que gastam o dinheiro das confrarias
em comidas» (87).
5.10 – GASALHADO AOS SACERDOTES
(1608):
«Por me constar de muitos
inconvenientes que há nesta comarca nas festas e confrarias, em que
se dá gasalhado aos sacerdotes, em que intrometem leigos, com que se
faz mór gasto das tais confrarias, pelo que a todos os sacerdotes
que se acharem nos tais dias e festas nesta igreja não comam com
ditos leigos, sob pena de excomunhão maior [...]»
(88).
5.11 – BODO (1592...):
Era um costume antigo de
assistência aos pobres. Na visitação de 1592, lê-se «mando aos
fregueses desta igreja que cumpram seu voto ou bodo nos dias
costumados, sob pena de cincoenta reis cada um que o não cumprir». E
na de 1604, «achei que os fregueses desta igreja não cumpriam com os
bodos, sendo costume tão antigo que os antepassados fizeram para as
necessidades dos pobres, pelo que mando ao abade faça cumprir todos
os fregueses com esta obrigação e o que não cumprir o condenará em
cincoenta reis e não querendo pagar a dita pena os evitará da igreja
e ofícios divinos, até, com efeito, pagarem a dita pena e cumprirem
com o bodo» (89). Continuava a pressão do visitador, em 1626:
sob pena de 100 reis, «venham todos ao bodo». Em Paramos, em 1600,
cada freguês «que tinha terras que lavrava e casal ou parte dele»
pagava por ano «uma quarta de trigo cada um, que se chama do bodo e,
por outro nome, de pão novo, que se paga por N. Senhora de Agosto»
(90). O mesmo acontecia em Esmoriz naquela data
(91).
Mais alguma coisa se junta dos
costumes de Canelas (Gaia), para aclarar os nossos: observa-se o
voto do «pão novo que os antepassados dela (igreja) fizeram a Deus
pelo novo pão que (a) cada um lhe dá [...]. Consiste (sic) os votos
de virem no primeiro domingo de Agosto, à igreja todos os lavradores
e os que têm casa de seu, jantar e dar esmolas aos pobres e darem ao
pároco, os casados duma (sic) quarta de trigo e os solteiros ou
viúvos meia quarta». Por sua vez, o pároco «dá meia canada de vinho
maduro aos casados e aos solteiros ou viúvos um quartilho e mais
Ihe(s) dava a fruta para a sobremesa»
(92).
Os bodos eram «uso enraizado no
reino, por ocasião das grandes festas, designadamente pelo
Pentecostes, distribuição de carne e pão, ou carne e queijo aos
indigentes». Tal prática atribui-se à rainha Santa Isabel
(93).
5.12 – A partir das colheitas de
cada ano, cada confraria tirava a esmola da eira. A do Santíssimo,
pelo menos desde 1675, recolhia-a de Paramos, Esmoriz, Cortegaça e
Maceda (94). Após 1708, não mais se menciona a esmola tirada
em Cortegaça; a mesma começou a omitir-se em Paramos, a partir de
1684 (95) e em Maceda, desde 1682
(96).
Como uma das suas obrigações era
manter permanentemente acesa uma lâmpada de azeite, diante do
Santíssimo, tirava-se, em 1672, esmola todo o ano, na freguesia,
para ocorrer a esta necessidade (97). Havia na igreja uma
caixinha para as esmolas do azeite. A partir de 1684, se não se
praticasse antes, as ofertas passam a ser em cereal: «rendeu a
caixinha doze alqueires de milho»
(98). Em 1687,
recolheram-se 29 alqueires (99).
Na receita, aparece casualmente a
oferta de uma roupeta (1675) e de uma «capa de saragoça que deixou
um devoto» (1695), possivelmente por ocasião das procissões de
penitência.
5.13 – PROCISSÃO AOS DOMINGOS
(1593):
Determinava-se assim na visita
canónica: «o abade faça todos os domingos e dias santos, antes da
missa, procissões pelas necessidades deste reino e defensão da fé
católica e na [es]tação encomende a seus fregueses rezem cinco vezes
o Padre-nosso e a Avé-Maria,
/ 67 / pedindo a Deus o
aumento da vida e estado de sua majestade e prósperos sucessos de
seus exércitos e armadas e assim também roguem a Deus pelo reino de
França e concede a quem isto fizer 40 dias de perdão, tendo o
propósito de se confessar» (100).
As Constituições do Bispo do Porto
de D. João de Sousa de 1687 estatuíam como obrigatórias nas
paróquias as procissões seguintes:
– a dos Defuntos, aos domingos;
– a de S. Sebastião, em 20 de
Janeiro;
– a da Purificação, em 2 de
Fevereiro;
– a das Ladainhas Maiores (S.
Marcos), em 25 de Abril;
– a das sextas-feiras da Quaresma;
– a do domingo de Ramos;
– a de Quinta-Feira e a da
Sexta-feira Santas, onde se fizerem os ofícios da semana santa;
– a da Ressurreição, «onde estiver o
Senhor encerrado até ao dia de Páscoa pela manhã» «e se fará pela
manhã, depois de sair o sol, ao redor das Igrejas» ;
– a das Ladainhas Menores na 2.ª,
3.ª e 4.ª feiras, antes da Ascensão: irão da paroquial, a uma ermida
ou igreja que não distar mais de um quarto de légua;
– a do Corpo de Deus, na 5.ª feira.
depois da SS.ma Trindade. É «a principal de todas as
procissões»;
– a da Visitação, em 2 de Julho;
– a do Anjo Custódio, no 3.º domingo
de Julho (101).
5.14 – PRIMEIROS DOMINGOS:
A expensas da confraria do Rosário,
havia missa cantada pelos clérigos e procissão. No século XIX
(1856), celebravam-se, antes, os terceiros domingos.
5.15 – SEGUNDOS DOMINGOS (1672):
A expensas da confraria do
Santíssimo, a missa era cantada pelo clero no coro, no arraial havia
sanfoninha: «ao cego de tanger nos domingos seiscentos reis»
(102). Em 1680 havia procissão no fim de missa
(103).
Tudo isto passou depois para os
terceiros domingos. Em 1710, mandou o visitador aos mordomos
chamassem quatro clérigos cantores, para o que poderiam dar de
esmola até um tostão a cada um
(104).
5.16 – QUARESMA:
É a grande quadra litúrgica de
preparação para a Páscoa. Impõe-se a pregação, cujos gastos, bem
como os das Endoenças, eram custeados pela confraria do Santíssimo.
Por seis sermões (1673) – 6$000; em 1677, lê-se: «e para lhe (ao
pregador) acrescentar o folar e de uma besta que o foi buscar e
levar – 500 reis»; e no ano seguinte: «acrescentamento do folar (ao
pregador?) e a quem deu as bandeiras sete galinhas – 700 reis»
(105).
5.17 – S. JOSÉ
Era na Penha que se fazia a sua
festa. Ficou assinalado em 16-4-1867: «que se fizesse a função de S.
José na capela da irmandade da Senhora da Penha de França, aonde
sempre teve lugar (...)» (106). E em 16-4-1871: os festeiros
teimaram lançar o fogo aos morteiros junto da Penha, quando o lugar
indicado era na Relva (107).
5.18 – S. SEBASTIÃO:
O mártir teve sua festa na Penha, em
1869, constando em 10 de Abril que os festeiros tinham solicitado
licença da respectiva irmandade
(108).
5.19 – JUBILEU DE LÁZARO:
O jubileu e aniversário pelos irmãos
das Almas eram celebrados em sábado da dominga da Paixão (4.º sábado
da Quaresma), segundo a bula de Clemente XII de 1832 e os estatutos
de 1872.
5.20 – ENDOENÇAS :
A procissão dos Passos fez-se
durante alguns anos.
Em 1680 adquiriu-se uma imagem «que
andava na procissão, quando se fazia (em domingo de Ramos) a dos
Passos nesta freguesia», por 2$500
(109).
As cerimónias da semana santa eram
coadjuvadas por clérigos; em 1676, despendeu-se com sete 5$100 e, no
ano seguinte, 5$950.
Havia o enterro do Senhor, na
Sexta-feira Santa. A procissão levava penitentes, a quem se dava
doces, confeitos, vinho, «doces para os penitentes 450 «reis»;
1680 – «vinho para os penitentes
quinhentos e setenta e dois reis»
(110).
Este costume breve terminaria. Em
1682, fala-se, pela última vez, nos penitentes
(111).
A respeito dos confeitos, doces e
vinho, nas endoenças leiamos o que se passava em Lisboa nesta
procissão:
«antes deles (dos irmãos da
Misericórdia) vão oitocentos, novecentos, até mil homens e mulheres
disciplinando-se, os quais vão todos vestidos de vestimentas pretas
e assim homens como mulheres se ferem com as disciplinas, que tiram
muito sangue [...]; levam mais trinta homens com bacias nas mãos
cheias de vinho cozido e os disciplinantes molham e lavam nele
/ 68 / as disciplinas, porque
lhe apertam as carnes. Da mesma maneira vão dez ou doze homens com
caixas de marmelada feita em fatias, as quais mandam muitas pessoas
fidalgas e devotas, que dão aos penitentes; e levam outras de
confeitados e de cidrão para os que enfraqueceram socorrerem-lhe com
um bocado; e vão outros tantos homens com quartas de água e púcaros
nas mãos, dando água aos que dela têm necessidade»
(112).
A antiga capela da praia de Esmoriz, datada de 1866.
O pregador pela Páscoa levava, por
vezes, além do estipêndio sua galinha, ou lhe acrescentavam o folar
(113).
Os livros da confraria apresentam
curiosos elementos da hospedagem em 1674: «meia arroba de bacalhau
para o agasalho dos padres, 550 reis; dois arráteis e meio de
confeitos, 250 reis; dois arráteis e meio de figos, 50 reis; meio
alqueire de feijões de assúcar, 20 reis».
Apresenta mais ainda as verbas de
pão, vinho, ovos e peixe (114).
Eis as despesas com o clero no
século XIX (1842):
Ao pregador da Quaresma e agasalho –
5 sermões, 15$000; ao pregador e agasalho em Quinta-Feira Santa –
sermão da Paixão, 3$000; a 10 padres que assistiram na semana santa,
7$000; ao pároco de 5 ofertas na semana santa, 1$000; ao pároco das
3 missas na semana santa, $360
(115).
5.21 – ANIVERSÁRIO DAS ENDOENÇAS:
Em Quarta-Feira de Trevas, fazia-se
um ofício de defuntos pelos irmãos da confraria do Santíssimo
(116). Realizou-se pela última vez em 1870.
5.22 – PÁSCOA:
Havia chamarelas em dia da
Ressurreição – 1$500 (1672) (117). A missa era cantada pelo
clero. O pregador, além do estipêndio, levava, por vezes, uma
galinha: «de uma galinha ao pregador pela Páscoa cem reis»
(118).
Havia procissão e foguetes. No arraial, a sanfoninha, tangida por um
cego, alegrava o povo simples (1695) – 300 reis
(119).
Armava-se a capela-mor (1686). No século XIX (1843), mantinha-se
ainda a procissão (120).
5.23 – QUINTA-FEIRA DE ASCENSÃO:
Dia importante este, em que era
eleita a nova mesa administrativa da confraria do Santíssimo.
Compunha-se de escrivão, tesoureiro, 2 mordomos de Esmoriz, 3 de
Cortegaça, 2 de Paramos e 2 de Maceda – 1674
(121)
Extraordinariamente Cortegaça entrara com 3 mordomos, que o costume
eram dois. Em 1678, elegeu-se também um juiz. Em 1680, acrescenta-se
um mordomo por devoção. Desde 1686, não aparecem mais os mordomos de
Paramos (122) e desde 1709, os de Cortegaça.
Era a festa principal da confraria.
Metia Vésperas. A festa do Corpo de Deus fazia-se, por concessão
papal, no dia da Ascensão (123): Um grupo de clérigos
cantores (de 4 a 8) cantava do coro, na missa solene. Havia
pregação: «ao pregador com duas galinhas, mil e duzentos reis»
(1672) (124); «de folar para ele, duas galinhas, duzentos
reis» (125). Armava-se a capela-mor (1686). Tocavam as
charamelas, a quem se dava beberete; no arraial, havia música, o
povo divertia-se com a «festa
/ 69 / de Valongo», a quem se
dava agasalho, representava-se a «Dama do drago». Na procissão,
iriam penitentes, a quem se daria, no fim, vinho e confeitos. Eis
alguns números:
1672 – «a quem trouxe a pipa na
Ascensão 150 reis (126).
1674 – «arrátel e meio de confeitos
180 reis» (127).
1676 – «música e charamelas, 4$000;
festa de Valongo, 3$500; Dama do drago, 1$000; pregação, 1$500;
missa cantada: ao celebrante, $200; a 8 padres, $800; Total, 11$000
(128).
A partir de 1709, não apareceram
mais as charamelas na Páscoa, Ascensão e Natal, nem música ou
sanfona. No século XIX (1842), aparece a música, porém a parte coral
é sempre desempenhada por clérigos, no coro.
5.24 – PRIMEIRA OITAVA DE
PENTECOSTES:
Procedia-se à eleição dos oficiais
para a irmandade da Senhora da Penha. A mesa era constituída por
escrivão, tesoureiro e mordomo. Aparecem, de 1725 a 1765, os
mordomos de devoção; em 1754, chegaram a quatro, sendo, por vezes,
um de fora (Silvalde e Gaia).
5.25 – NOSSA SENHORA DA PENHA:
Celebrava-se na segunda oitava do
Pentecostes, com missa solene, cantada por clérigos, com sermão e
procissão com três andores. Em 1848, vemos que a música colabora com
a liturgia: «música para a missa 11$900»
(129). Na noitada da
véspera, havia música e fogo. Os morteiros apareceram-nos aqui em
1740. Encontramos restos da festa do arraial em: «de um realejo que
veio assistir à festa e a quem o tocou 1$540» (1763)
(130).
O governo civil de Aveiro procurou
limitar as despesas e seguir à risca os estatutos da irmandade. Pelo
seu acórdão de 8-6-1861 vemos do que constava a festa:
«Ordena porém o Ex.mo
governador civil que nunca mais se aprovem nas contas desta
confraria despesas de música, fogo, tambores, rosários, andores,
arcos e semelhantes, pois serão regeitadas em definitiva aprovação
[...], sendo somente abonáveis as despesas de uma missa de cantochão
pelo número de clérigos estritamente necessários, com sermão e cera
para o dia das festas (131).
No século XIX (1846), a festa
fazia-se na primeira oitava de Pentecostes. Em alguns anos, não mais
se fala dela (1871, 1872, 1883 e 1884).
5.25 – SANTO ANTÓNIO:
13-6-1689: aparecem, na receita, as
esmolas do juiz da confraria (entenda-se mordomia), dos quatro
mordomos, que tiravam as esmolas munidos das respectivas varas, e
das moças. As esmolas das eiras chegaram a 30 alqueires de milho, 35
mãos de linho, trigo, cebola, lã, frangos e sardinha. A festa
consistia em missa cantada pelos clérigos no coro, com sermão e
procissão com a imagem do santo. Ao pregador, davam, por vezes, além
do estipêndio, uma ou duas galinhas. A igreja armava-se. Os
foguetes, morteiros, e rodas de fogo anunciavam ao longe a festa. A
gaita de foles percorria a freguesia, havendo gastos com os
tocadores em «pão molete, vinho, carne e arroz». No arraial,
divertia-se o povo. Aparecem verbas de «teatro», dançadores e
comediantes.
Onde se faria a festa? Talvez na
igreja, pois fala-se na sua armação, e, por vezes, na capela, não
sendo fora de toda a suposição que se realizasse na Penha, pois
assim sucedeu em 1867, com licença desta irmandade. Num requerimento
para a festa do ano seguinte (132), diz-se que constaria de
«missa cantada, música e sermão e procissão ao cruzeiro da dita
capela (da Penha), como é do uso e costume». Parece, no entanto que
os costumes não eram estes. Por uma diferença havido em 1843 entre
os Pescadores e o abade Luís de Santa Ana Zagalo, ficamos a saber
que a imagem de S.to António da igreja «diz respeito às
duas companhas» de pesca, a da Aldeia e a de Matosinhos, cuja festa
faziam alternadamente. Naquela data, cumpria à da Aldeia e pretendia
«fazer a sua festa de costume nesta igreja e depois ir a procissão
ficar na capela da Senhora da Penha de França, para aí ter o seu
arraial em o resto do dia». Ora isto era «contra o uso e antigo
costume». Ignora-se qual das duas partes levou a melhor. Ficamos,
porém, a saber que a devoção a S.to António está
relacionada com a nossa pesca e que a sua festa se celebrava,
segundo as épocas, na capela da Penha ou na igreja.
5.27 – SEGUNDO DOMINGO DE JULHO:
Eleição da mesa administrativa das
Almas (capítulo 9 dos estatutos de 1878); a posse seria no primeiro
domingo de Agosto.
5.28 – SENHORA DE AGOSTO:
À Senhora da Assunção, a padroeira,
certamente haveria missa solene, cantada por clérigos e sermão,
porém não há documento de tal. Por outro lado, sabemos que a festa
metia arraial, com seus festejos que chamaram a atenção do visitador
em 1614: «e por atalhar a muitos inconvenientes de que fui informado
havia na festa de nossa Senhora de Agosto com a luta que se nesse
dia faz, assim por razão dos lutadores, como também por os não haver
no tal dia muitas vezes; e brigas e diferenças que nesse dia de
ordinário há, mando que o alqueire de trigo que o reverendo abade
para a fogaça dá, o dê à confraria de nossa Senhora para as
/ 70 / obras e cera dela,
porque para isso o aplico, o que cumprirá, em virtude da santa
obediência o reverendo abade e os fregueses que quiserem festejar o
tal dia o poderão fazer com a comodidade e respeito devido em festas
de que não haja escândalo e brigas»
(133).
Fazia-se uma luta neste dia, o que
trazia brigas e diferenças, mas também havia muitos
inconvenientes, quando não se traziam os lutadores. Este género
de festa, para cuja fogaça o abade concorria com um alqueire de
trigo é anterior a 1614. Parece ter sido difícil acabar com tais
folguedos; no final do século, e princípio do seguinte, vemos neste
dia, e a cargo da confraria de Santo António os dançadores,
os comediantes, os homens da festa, o teatro, o
gaita de foles... (134).
5.29 – FESTA DO MAR, EM HONRA DO
SENHOR DOS AFLITOS E SENHORA DA BOA VIAGEM:
Celebra-se no último domingo de
Agosto. Sabemos da existência das festas do mar, no século passado,
nas freguesias seguintes: Espinho – 1858: Esmoriz – 1867 e Cortegaça
– 1877 (135). Paramos fez em 29-8-1799 «escritura de
património da capela da Senhora da Aparecida da costa do mar», «para
(nela) os pescadores poderem ouvir na dita capela missa e aí fazerem
todas as funções e festividades que Ihe(s) parecerem»
(136).
Por aqui se descortina que a festa do mar em Paramos poderá datar de
1799. A data apontada para Esmoriz podemo-la antecipar, devido às
fainas piscatórias datarem de longa data e porque a reportagem da
festa de 1867 que vamos ler denuncia costumes antigos entre nós – as
tradições não se improvisam:
«No próximo domingo, dia 25 do
corrente (mês de Agosto), há-de ter lugar a primeira festa celebrada
em honra do Senhor dos Aflitos, em a nova capelão, que os habitantes
de Esmoriz acabam de erigir na sua praia, com aquela invocação.
A função dura três dias, no sábado,
arraial, iluminação, fogo do ar e do chão; no domingo, missa
cantada, sermão e procissão, e de tarde, arraial, diz-se que também
há algum fogo à noite; na segunda-feira, arraial todo o dia, em que
se dança a cana verde, a tirana e a canoa, até tocar a rachado.
De tarde, bebem as companhas à roda.
É inútil dizer que a música acompanha tudo isto com o maior denodo.
Princípio do século XX – arraial da festa do mar.
O leitor não sabe, de certo, o que é
beberem as companhas à roda? É um dos actos solenes dos pescadores
da nossa costa.
A companha forma um círculo, no
centro estão os governos, isto é, os senhores arrais, escrivão e
procurador com a japona domingueira, lá está também a música ou uma
grossa ramaldeira que faça as suas vezes, neste caso o bombo é
indispensável. Este grupo está protegido por duas baterias de
calibre de almudes, que faz um fogo incessante sobre toda a linha,
arrojando sobre ela um granizo de tigelas vermelhas.
/ 71 /
[...] Mas se entre os da companha
tiver algum conhecido, não é preciso ser amigo, e não tiver apetite
de provar da tigela, não se aproxime, porque, se lá for, há-de
beber, ou vai tudo com mil diabos. Agora se quiser entrar no círculo
tenha o cuidado de tirar o chapéu, senão temos histórias
(137)».
5.30 – ANIVERSÁRIO DAS ALMAS:
Haveria confissões e ofício de
defuntos pelos irmãos falecidos, em 7 de Setembro.
5.31 – NOSSA SENHORA DA GLÓRIA:
Missa solene com cantores clérigos,
no dia da padroeira das Almas, em 8 de Setembro.
5.32 – SENHORA DO ROSÁRIO:
Era em Outubro, com missa solene,
sermão, padres à estante e procissão. No último quartel do século
XIX, nem sempre a respectiva confraria realizou a festa.
5.33 – DOIS DE NOVEMBRO:
Aniversário dos fiéis defuntos,
ordenado pelo Subsino. O aniversário da igreja realizou-se em
1849 no Dia dos Fieis. Eis as contas:
«a cada um dos 4 padres uma missa –
120 (reis), do ofício 120, são 240; para 4 padres são, $960; ao
pároco de cantar a missa e tenção 320 (reis), do ofício 120 e
ofertas 400, $840; Soma 1$800»
(138).
5.34 – TRÊS DE NOVEMBRO:
Aniversário, autorizado pelos
estatutos da confraria do Rosário de 1677; tinha mais três
aniversários.
– No mesmo dia, jubileu das Almas,
por concessão de Clemente XII, em 1832, e estatutos de 1872: além
deste, havia mais os quatro seguintes: dia da Purificação, quarto
sábado da Quaresma, segunda oitava do Espírito Santo e domingo
dentro da oitava do Corpo de Deus.
– Na mesma data, aniversário,
constante da missa cantada, com responso pelos irmãos da Senhora da
Penha.
5.35 – FESTA DO JUÍZO:
A festa da posse da mesa do Rosário,
por costume imemorial, era no primeiro domingo do Advento. Nela se
fazia o sermão do juízo, assim dito por se pregar o juízo universal.
Em 1860, o governador civil de Aveiro advertiu que não mais se
autorizaria a festa, por não constar dos estatutos
(139).
5.36 – NATAL:
Era a confraria do Santíssimo que
ocorria às despesas. A capela-mor era, por vezes, armada. Em 1678,
ouviram-se as charamelas também de véspera, que o costume parece
seria, apenas, no dia de Natal
(140). A missa solene, cantada
por clérigos no coro, tinha pregação; ao recolher a casa, além do
estipêndio, levava, por vezes, o pregador sua galinha.
1672: «Ao pregador do Natal com duas
galinhas mil e duzentos reis (141). O mesmo se vê em 1676:
Pregação e uma galinha, 1$100; charamelas 1$500 e mais gastos com
elas $220 –1$720; sanfoninha 100, pregos para a armação e mais
gastos $200 – $300; missa cantada: celebrante, $200; 7 clérigos,
$700; Soma 4$020 (142).
Havia, pois, no arraial festa, em
que actuava a sanfoninha. No século XIX (1842), tudo se resumia nas
três missas da liturgia e um responso a cada uma.
5.37 – FESTA DA POSSE DOS OFICIAIS
DO SANTÍSSIMO:
Em 1846, realizava-se no último
domingo de Dezembro.
6. – CONCLUSÃO
I – A nossa igreja começou por ser
bem humilde, com chão de terra (a de Ovar era de areia), que depois,
em 1590-92, viu os caixilhos de pedra das sepulturas e mais tarde
soalho. Não obstante, no século XVII, encontramo-la enriquecida com
motivos artísticos (e até já antes, em 1583, no retábulo do
altar-mor conhecemos as pinturas de S. Pedro e S. Paulo). Tem alguns
azulejos. Em 1624, o arco cruzeiro ostenta um painel executado «por
mão de bom e perito artista. A capela-mór foi decorada em 1685-88
com 13 painéis de tela, encaixilhados em moldura doirada, cujo
motivo se ignora. No século seguinte, operam-se alterações na talha
da igreja: os retábulos dos altares laterais eram «modernos»,
pedindo o visitador que o altar-mor fosse do mesmo estilo. Sabemos
que o sacrário era de talha doirada (1689).
Em época de colonização ultramarina,
não admira que aqui chegassem produtos de outras civilizações: da
índia nos vieram uma alcatifa, um véu de cálix de lã com flores de
ouro (1692) e uma caixa para hóstias, pintada a negro com esmaltes.
Também de Roma nos veio, no século XVIII, um Cristo indulgenciado e
provavelmente uma cruz do Santo Lenho, com relíquias de santos.
A riqueza maior do templo constava,
sobretudo, dos seus paramentos e alfaias em que sobressaíam os do
Santíssimo (vide os inventários de 1653 e 1692), com suas franjas e
rendas de prata e ouro, e ainda da prataria,
/ 72 / mormente a da mesma
confraria. O visitador de 1779, vendo que a igreja era das mais
ricas pela muita prata «com que ornam a dita igreja» e sendo pouco
segura, ordenou que, enquanto não se fizesse um caixão capaz de as
arrecadar, cada noite se avisassem quatro homens para a guardar.
2 – A constituição do prestimónio de
Esmoriz de 1782 e a extinção dos dízimos em 1832, com toda uma
burocracia que rodeava o rei, mais complicava, como vimos, o
andamento das obras de restauro necessárias. Assistimos, por outro
lado, no século XIX, a uma forte intromissão do Estado nos assuntos
eclesiásticos, chamando a si a aprovação das contas das confrarias,
aprovando só as despesas ordenadas pelos estatutos e não as que
constassem de costumes, por ventura, imemoriais, para depois, por
sua autoridade, mandar que se reduzissem certos legados, a bem dos
cofres das confrarias, para que os seus fundos fossem aplicados nas
obras da igreja, poupando-se assim o erário público.
No século XIX, sobretudo no último
quartel, foi tal a redução das festividades, ordenada pela
autoridade civil, que se alterou os costumes religiosos consignados
pelos estatutos.
3 – Vimos, no século XVII, que era
tão estranho o costume de oferecer doces, confeitos e vinho aos
penitentes, em certas procissões, como oferecer galinhas ao
pregador, ourives e certas pessoas que faziam serviços para a
igreja. Em 1696-97, a confraria do Santíssimo despendeu «de 4
galinhas que foram para o ourives que fez as lanternas – 480 reis»
(143).
Princípio do século XX – arraial da festa do mar – outro aspecto.
4 – O calendário das festas
patenteia que frequentemente o povo simples aliava o espiritual ao
profano, ao folclórico. A sua vida dura, trabalhando de sol a sol,
era assim compensada, amenizada. A luta, no dia da padroeira,
Senhora de Agosto ou Senhora da Assunção, talvez reminiscências de
antigos combates, a exemplo do que se passa ainda hoje em terras do
nordeste português; o teatro (Dama do drago), com raízes no sagrado,
os dançadores e comediantes, a festa do Valongo, uma espécie de
conjunto, como hoje diríamos; o cego, tocando a sanfoninha alegravam
as multidões. Em 1740, aparece-nos, no arraial, o realejo. O costume
de contratar cegos para as festas era habitual, no século XVIII, na
nossa região (144).
5 – Se hoje estão em crise as bandas
de música, não assim no século passado, em que à nossa volta
apareciam as seguintes, que entre nós se faziam ouvir. Eis os seus
regentes e as datas em que nos aparecem em Esmoriz:
1881 – Feira – António Martins
Soares Leite
1869 – Grijó – Francisco Coelho
Campos
1881 – Lourosa – Manuel Alves Neves
1882 – Lourosa – Joaquim António da
Silva
1885 – Lourosa – José Ferreira da
Silva
1867 – Nog. da Regedoura – Francisco
Ribeiro Campos
/ 73 /
1876 – Riomeão – Fortunato de Sá
Pereira
1869 – Souto – P.e Francisco Leite
de Azevedo e Bento José Rodrigues
1883 – Souto – Vitorino da Silva
Samuel.
1870 – Ovar – António Maria Valério
de Sousa Brandão
SIGLAS:
ACMF. – Arq. da Câm. Municipal da
Feira; ADA. – Arq. Distrital de Aveiro; ADP. – Arq. Distrital do
Porto; AJFE. – Arq. da Junta de Freg. de Esmoriz; AMF. – Arq. do
Ministério das Finanças; ANTT. – Arq. Nacional da Torre do Tombo;
APA. – Arq. Paroquial de Arada (Ovar); APE. – Arq. Paroquial de
Esmoriz; APEP. – Arq. do Paço Episcopal do Porto; APM. – Arq.
Paroquial de Maceda (Ovar).
P.e AIRES DE AMORIM
_________________________________
NOTAS:
(1)
– APE – N.º 2 – Contas da confraria do Santíssimo da freg.
d'Esmoriz, que principiou em 27 de Maio de 1783,
f. 4 v.
(2)
– Idem, f. 41.
(3)
– Id., f. 14.
(4)
– APE. – Confraria do Subsino – 1775, f. 7.
(5)
– APE. – Visitações desde 24-XI-1664 a 1786, f. 140-142.
(6)
– ANTT. – Diccionário Geogr. de Portugal, XIV – E2. f. 433 e
segs.
(7)
– Visitações cit., f. 64 v.
(8) –
Id., f. 37.
(9)
– Id., f. 59.
(10)
– Id., f. 5v.-6.
(11)
– Id., f. 56 v.
(12)
– Id., f. 10.
(13)
– APE. – N.º 1 – Descripção dos foros, censos, e rendas
pertencentes à confr. do Santíssimo Sacramento da freg. d'Esmoriz,
que principiou em 1692, f. 93-94 v.
(14)
– APE – N.º 2 – Contas da confraria do Santíssimo Sacramento da
freg. d'Esmorlz, que principiou em 27 de Maio de 1783,
f. 11-12 v.
(15) –
Id., f. 9.
(16)
– Id., f. 12.
(17)
– Id., f. 73 - 73 v.
(18) –
APE. – Livro das visitações de 1581 a 1786, cit. f. 59-59 v.
(19)
– Id., f. 60.
(20)
– Id., f. 47 e 74.
(21)
– Id., f. 80 v.
(22)
– Id., f. 16 v.
(23)
– N.º 2 – Contas cit., f. 32 v.
(24)
– Id., f. 46v.-47.
(25)
– Ibid..
(26)
– N.º 2 – Contas cit., f. 133.
(27)
– ADA. – Francisco José da Maio, tabelião de Pereira Jusã, n.º 8, f.
5 v. e segs.
(28)
– Contraria do Subsino – 1775 cit., f. 4.
(29)
– Id., f. 10.
(30)
– ADP. – PO - 4.º, n.º 330, f. 54 v. e segs.
(31)
– Visitações desde 24-XI-1664 até 1786.
(32)
– Visitações, cit. f. 143 v.
(33)
– ACMF. – Registo de Provisões e outros documentos de 1778 a 1793,
f. 395 V.
(34)
– ACMF. – Conferências, f. 134 e segs.
(35)
– Cfr. A. M. F., Lisboa – Casa do Infantado – VI – E – 52;
ANTT. – Chancelaria de D. Maria I, 1.º 60. f. 373 v. – 374 e
Desembargo do Paço-Beira, maço 21, n.º 1974.
(36)
– ANTT. – Casa do Infantado, maço 7, n.º 9.
(37)
– ACMF. – 1.ª Repartição – Copiador, of. 55 de 13 de Novembro de
1850.
(38)
– Id., of. 37 de 21 de Outubro de 1851.
(39)
– Vid. AJFE. – N.º 1 – Sessões da Junta até 18 de Dezembro de
1882, f. 26.
(40)
– Visitação de 1824.
(41)
– APE. – Contas do Santíssimo de 1868 a 1894, f. 3; APEP. – Estatitica (sic)
– 1858 – Feira.
(42)
– ACMF. – Livro F para o registo de toda a correspondência da
Câmara (...), f. 25 V.
(43)
– N.º 1 – Sessões da Junta até 18 de Dezembro de 1882, cit.
19. V.
(44)
– ACMF. – Copiador – 2.ª Repartição, of. n.º 175/1861.
(45) – APE. – Registo da receita e despesa da irmandade de N.
Senhora do Rosário da freg. de Esmoriz, f. 12.
(46)
– N.º 1 – Sessões da Junta até 18 de Dezembro de 1882, cit.
37-37 V.
(47)
– APE. – Documentos de contas, e orçamentos pertencentes à
irmandade do Santíssimo Sacramento d'Esmorlz, e relativos ao ano
económico de 1867-1868, f. 2.
(48)
– APE. – Contas do Santíssimo de 1868 a 1894, f. 15 v.
(49)
– APE. – Copiador da correspondência oficial, f. 4-4 v.
(50)
– APE. – N.º 3 – Irmandade das Almas. Livro da rec. e desp. 1894
a 1904, f. 5.
(51)
– AJFE. – 2 – Actas 20-XI-1882 a 28-XI-1905,
f. 2-3 v.
(52)
– APE. – 9 – Documentações das obras da igreja matriz, d'Esmoriz
desde o seu começo 4 d'Agosto até 31 de Dezembro de 1892.
(53)
– AJFE. – 2 – Actas cit. f. 110 v. – 111.
(54) –
Id., f. 104 v.
(55)
– Id., f. 140.
(56)
– Id., f. 131.
(57)
– Id., f. 149 v.
(58)
– Id., f. 155 v.
(59)
– APE. – Decomentações (sic) do arrematante trolha.
(60)
– APEP. – Registo Particular.
(61)
– Livro das Visitações cit., f. 8 V.
(62)
– Visitações, Id., f. 58.
(63)
– N.º 1 – Sessões da Junta até 18 de Dezembro de 1882 cit.,
f. 37-37 v.
(64)
– Livro das Visitações, cit., f. 37.
(65)
– APE. – Contas das irmandades lidas na igreja, f. 19.
(66)
– Actas da Conferência de S. Vicente de Paulo – Esmoriz, f.
13.
(67)
– Livro das visitações, cit., f. 140-142.
(68)
– Livro das Visit., cit. f. 54-55.
(69)
– ADA. – Assentos paroquiais, n.º 15.592.
(70)
– Livro das Visit., cit., f. 54-55.
(71)
– Ibid..
(72)
– APE. – N.º 1 – Livro de contas, e eleições da confr. do
Santíssimo Sacramento da freg. d'Esmoriz, que teve princípio no ano
de 1673, f. 1-1 v.
(73)
– N.º 1 – Descripção dos foros, censos, e rendas pertencentes à
confr. do S. S., cit. f. 93-94 V.
(74)
– Ibid.. e Livro das visit., cit., f. 54-55.
(75)
– ACMF. – 2928 – Posses dos ministros – 1794 a 1805,
f. 197 V.
(76)
– APA. – Santíssimo Sacramento, f. 163.
(77)
– APE. – Subsino – 1803, f. 7-7 V.
(78)
– APE. – Contas do recibo e despesa da Confraria de N. Senhora da
Penha de França desta freg. de S. Maria de Esmoriz, f. 8 V.
(79)
– Contas do Santíssimo de 1868 a 1894, cit., f. 23.
(80)
– APE. – Livro das visitações de 1581 a 1788, f. 35-36.
(81)
– Id., 17 v. – 18 v
/ 74 /
(82)
– Ibid..
(83)
– Id., f. 32-32 v.
(84)
– Id., f. 66-68.
(85)
– Id., f.14v.15.
(86)
– ld., f.12v.-13.
(87)
– Id., 5 v. - 6.
(88)
– Id., f. 35-36.
(89)
– APE. – Livro das visitaçães de 1581 a 1786, 14. 31 e 58-58
v.
(90)
– ADP. – Cabido, 1655 f. 251 v. -252.
(91)
– Cab. 1655.
(92)
– Cfr. Sentença cível de libelo de força velha e composição do
abade António José Francisco contra João Pereira e sua mulher,
lavrado por D. João VI, em 3-2-1831
In COSTA, Francisco Barbosa – S. João Baptista de Canelas –
Notas Monográficas – 1980, f.
292.
(93)
– Dic. de Hist. da Igreja em Portugal, S. v. Assistência –
Bodo.
(94)
– APE. – N.º 1 – Livro de contos, e eleições do confr. do
Santíssimo Sacr. da freg. d'Esmoriz que teve princípio no ano de
1673, f. 54 v.
(95)
– APE. – N.º 2 – Contas da confr. do Santissimo Sacramento da
freg. d'Esmorlz, que principiou em 27 de Maio de 1783,
f. 10.
(96)
– Id., f. 3.
(97)
– N.º 1 – Livro de contas cit.. f. 46.
(98)
– Id., f. 10.
(99)
– Id., f. 18 v.
(100)
– Livro das visitações de 1581, cit., f. 14 v.-17.
(101)
– Cfr. 1.º 3, t.º 2, const. 6, 7 e 8.
(102)
– N.º 1 – Livro de contas cit., f. 46.
(103)
– N.º 2 – Contas da confr. do Santíssimo cit., f. 76.
(104)
– Visitações desde 24-XI-1664, cit., f. 45 v.
(105)
– Idem, f. 49 e 67.
(106)
– APE. – Caderno da receita da confraria de N. Senhora da Penha
de França, principiado em 27 d'Agosto de 1865, – freg. d'Esmoriz,
f. 6v.-7.
(107)
– Id., f. 19-19 v.
(108)
– Id., f. 13.
(109)
– N.º 1 – Livro de contas, cit.. f. 75 v.
(110)
– N.º 1 – Livro de contas, cit., f. 75 v.
(111)
– N.º 2 – Contas do Confraria cit., f. 4.
(112)
– Costa Goodolphim – As Misericórdias, Lisboa, 1897, p.
50-52. Veja-se ainda o mesmo costume no
Porto em Artur de Magalhães Basto – Poeira dos Arquivos,
Porto, 1935, p. 31-33.
(113)
– N.º 1 – Livro de contas cit., f. 46 v. e 63.
(114)
– N.º 1 – Livro de contas cit., f. 52.
(115)
– APE. – Sacramento da freg. d'Esmoriz.
(116)
– N.º 1 – Livro de contas cit., f. 59 v.
(117)
– Id., f. 46.
(118)
– Id., f. 46 V.
(119)
– N.º 2 – Contas da confr., f. 49 v.
(120)
– APE. – Sacramento da freg. d'Esmorlz, concelho da Feira N.º 3 –
Contas da confr. desde 16 de Junho de 1803,
f. 79 v.
(121)
– N.º 1 – Livro de Contas cit., f. 48.
(122)
– N.º 2 – Contas da confraria cit., f. 12.
(123)
– N.º 1 – Livro de Contas cit., f. 61 v.
(124)
– N.º 1 – Livro de Contas cit..
f. 46 v.
(125)
– Ibd.
(126)
– Id., f. 46 v.
(127)
– Id., f. 52.
(128)
– Id., f. 59 v.
(129)
– APE. – Livro de Contas da Penha – 1842, f. 7.
(130)
– APE. – Livro de receita e despesa – Penha 1763, f. 100.
(131)
– Livro de Contas da Penha – 1842 cit., f. 23.
(132)
– APE. -. Requerimento avulso.
(133)
– Livro das Visitações de 1581, cit. f. 43-43 v.
(134)
– APE. – Receita e desp. da confr. de Sto. António da freg.
d'Esmoriz que principiou em Junho de 1689, f. 5 v., 9 v.. II v., II v.,
21, 22 V., 24, 27, 28, 30 e 31 v.
(135)
– ACMF. – Livro sem título de ofícios do administrador do
concelho para o governo civil de Aveiro – Ofício n.º 102/1863 e
Arq. Part. de D. Maria Lurdes Leça – Esmoriz.
(136)
– ADA. – Tab. Teodósio Tomás Correia de Sá, Feira, n.º 11.
(137)
– Cf. Jornal do Porto de 24-8-1867 in José Sá Ferreira – A
antiga capela de Nosso Senhor dos Aflitos e de Nossa Senhora da Boa
Viagem – A Voz de Esmoriz de 15-8-1967.
(138)
– APE. – Rol da freg. de N. Senhora da Assunção de Esmoriz para a
desobriga da Quaresma do presente ano de 1849.
(139)
– APE. – Registo da receito e despesa da Irmandade de N. Senhora
do Rosário da freg. d'Esmoriz, f. 12-13 v.
(140)
– N.º 1 – Livro de Contas cit. f. 46 v.
(141)
– Ibid..
(142)
– Id., f. 59 v.
(143)
– N.º 2 – Contas da confraria do Santíssimo cit., f. 57 v.
(144)
– APA. – Livro do Santíssimo Sacramento; APM. – Contas da
confraria do Santíssimo até 1761; Livro da conf. de S.
Geraldo da freg. de Maceda; Confr. do Santíssimo Nome de Jesus.
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