PREÂMBULO
MEU
saudoso irmão Padre Fernando Ferreira Baptista vinha, há bastante tempo,
a preparar um estudo sobre Macinhata do Vouga, destinando-o a uma futura
monografia, mas o Destino não permitiu que
ele tornasse realidade o seu desejo de prestar mais esse culto à sua
terra que sempre serviu e dignificou.
Como preito à sua memória reuni alguns dos seus apontamentos que
consegui encontrar e venho juntar-lhes outros que eu posteriormente
colhi em documentos antigos, em meu poder e que não devem ficar
ignorados, nem esquecidos, a bem da História e da Verdade.
A FALTA DE HISTÓRIA − FIXAÇÃO DAS POPULAÇÕES
ÁRABES E ROMANAS − PROPRIEDADE RURAL − A CULTURA DOS TERRENOS − ORIGEM
DA FREGUESIA
Por mais que procurássemos consultar a História dos recuados tempos
anteriores à dominação romana em busca de dados que nos servissem de
guia no estudo que nos propusemos, pouco ou quase nada conseguimos
encontrar...
Nos primitivos tempos os povos viviam em estado selvagem, sem cultura e
em regímen nómada, alimentando-se de caça, pesca e frutos silvestres.
Depois foram-se fixando nos lugares mais altos, onde construíam os
«Castros»; porque as planícies e os vales eram florestas densas onde só
habitavam feras bravas(1).
[VoI. XIX - N.º 73 - 1953]
/
50 /
Mais tarde, menos receosas desses inimigos, as populações desceram às planícies, onde encontraram terreno mais fértil e
aprazível e aí se estabeleceram, abandonando as «cividades» que assim e
a pouco e pouco, foram perdendo a sua importância e valor.
Com o domínio dos Romanos a civilização e a história da Península
Ibérica atingiram um grande desenvolvimento e um maior interesse e
importância − civilização e história que prevaleceram através das
invasões dos Suevos, Visigodos e Árabes
(2).
Envolvidos como andavam em sucessivas guerras de conquista, os povos de
então e os seus historiadores pouco se preocupavam com a vida rural.
A cultura dos terrenos era feita pelos grandes proprietários com
numerosos servos que trabalhavam sob o mando dum «factor», donde
derivou, mais tarde, o nome de «feitor».
Havia ainda pequenas parcelas de terreno cultivadas por
homens livres, de que pagavam determinada renda, sistema
que foi introduzido pelos Romanos e que chegou até nós.
Nas grandes propriedades havia várias construções: «vila urbana» para
o senhorio; «rústica» para os servos e animais e a «frutuária» para
guardar os frutos da terra(3).
Nos velhos tempos as terras aproveitadas para a cultura
eram secas,
porque ficavam mais próximas das «cividades» ou «Castros»; contudo
vem
já de longe época a palavra «Varzena» ou «Varzea» que se refere a
terreno de cultura ao longo das correntes de água(4).
Já se fazia a cultura do centeio, trigo, aveia e cevada,
no inverno e a do milho miúdo (milium), no verão.
E o linho teve uma cultura muito intensa nesse tempo.
Mas os pomares tiveram maior cultura e em especial a
maçã (matiana) pois havia glebas povoadas só com macieiras de cujos
frutos extraíam uma certa bebida que muito apreciavam.
Nas transformações porque passou a Península desde o domínio dos
Romanos, as vilas aumentando a sua população em virtude de muitos servos
se tornarem homens livres, houve necessidade de alargar mais o seu
âmbito, mas faltando-lhes aquele princípio de coesão que as mantivesse
unidas, começaram a fraccionar-se, acabando o senhorio por
/
51 /
dividi-las entre as pessoas de maior categoria que pouco a pouco se
tornaram independentes.
Estava assim iniciado o novo organismo que mais tarde
se devia denominar freguesia rural.
Quando as populações desceram aos vales, abandonando os montes,
iniciaram, então, uma cultura mais fértil e produtiva.
Não foi, certamente, isenta destas vicissitudes esta região,
onde está localizada a freguesia de Macinhata.
ORIGEM DO NOME MACINHATA
Não é fácil hoje, por falta de documentos históricos,
decifrar a origem etimológica da palavra Macinhata.
Algumas opiniões há sobre a sua toponímia, mas a maior parte não passa
de meras conjecturas e algumas delas bem extravagantes.
Todos os historiadores são concordes em afirmar que
Macinhata do Vouga é povoação antiquíssima e alguns dizem que em velhas
eras teve o nome de «Eminhate», mais tarde
Minhate e por fim Macinhata, derivação um tanto forçada, que não nos
parece admissível, embora o «Livro Negro» de Santa Cruz de Coimbra
afirme que «Eminhate» era como que um diminutivo de «Emínio» − pequena
Águeda − mas nem
«Emínio» era Águeda, nem há qualquer semelhança de Macinhata com aquela vila.
É possível que Eminhate fosse o nome de algum régulo ou senhor que então
a governasse, como aconteceu com outras povoações, como Recardães, −
povoação de Ricardo − ou então, sofresse a sorte de tantas outras,
destruídas e arrasadas nos tempos calamitosos das invasões dos bárbaros.
Devemos, no entanto, reconhecer que já era povoação importante em 848,
visto que naquela data era governada pelo chefe árabe Muley Achim, filho
de Athach que foi derrotado, naquele ano, por D. Ramiro I, rei de Leão,
que o fez seu tributário e o obrigou a assinar grandes donativos e
isenções em favor do mosteiro de Lorvão, onde seu tio Frei João era Dom
Abade, o qual, pela sua corpulência e valentia, foi terrível inimigo dos
mouros na defesa do castelo de Montemor.
Querem alguns que derive da palavra do português antigo «Meskino», nome
dado ao servo que cultivava as terras do seu senhor. De «Meskino» vinha
«Mesquinade» ou desventura, infelicidade, desgraça, etc.
As elevadas rendas, foros e outros tributos que estes povos se viam
obrigados a pagar aos seus donatários, tornavam-nos «meskinos» e daí
teria vindo o de «Mesquinade»
à povoação e mais tarde, por corrupção, daria Macinhata.
/
52 /
Não é muito verosímil, nem aceitável, esta derivação. Há outros que
admitem a possibilidade de derivar de
duas palavras árabes: «Maciho» (plano, liso, macio, sem aspereza, etc.)
e de «nata», lugar baixo.
«Maciho» poderá significar planície; mas «nata» nunca foi palavra árabe,
nem significa lugar baixo.
Existe, sim, a palavra árabe «nataf», que é dado a terra betuminosa e
combustível. Se esta fosse a sua origem etimológica era Macinhata um
campo ou planície de turfeira e não lugar baixo.
Além disso os árabes, geralmente, não mudavam os nomes às povoações que
conquistavam na Lusitânia, apenas,
por vezes, lhos deturpavam e estropiavam por não conseguirem pronunciá-los
com perfeição.
Há ainda quem pretenda que Macinhata poderia ter provindo de «Emina»,
Hemínia, Ermina ou Ema, antiga medida de sólidos e líquidos.
A medida aplicada a líquidos correspondia a uma libra; duas «Eminas»
faziam um «Sextário», dois Sextários uma libra, a que os gregos chamavam
Ceniz.
AULO GELIO diz que uma Emina dos Romanos equivalia
a um quartilho e meio.
A Emina para os sólidos era o mesmo que o selamim.
Não se vê, nem se compreende como de «Emina» poderia ter derivado Macinhata e apenas o mencionamos a título de
curiosidade.
Outra versão quer fazer derivar Macinhata de «Masignata», mas esta
versão se opõe, tanto à sua posição topográfica que é das mais belas, de
campos e veigas, hortas e pomares fertilíssimos, como à moral dos seus
habitantes de todos os tempos, hospitaleiros, dóceis, de costumes
morigerados e sem cadastro criminal.
E Masignata daria, não Macinhata, mas Masinata, pois
o s não se trocaria por
c na versão.
Por tudo isto também não é de admitir tal opinião.
O Dr. PEDRO AUGUSTO FERREIRA na sua
Tentativa Etimológica-Toponímica (lI vol., 1915) pretende atribuir a origem de «Macinhata»,
a «Macinheirata» ou «Macinheirada», mas, por inverosímil, não merecia,
sequer, que fosse citada a sua opinião.
Devemos de preferência procurar a origem do seu nome
na fertilidade do seu solo, na sua maior parte sedimentar e formado pela
acumulação de nateiros arrastados pelas enchentes do rio Vouga que
inundam os seus campos e por uma nascente de água que lhe corre ao Norte
e vem regando as suas hortas e pomares.
Ora nos tempos da ocupação romana a cultura era já muito intensa e os
pomares tiveram grande valor e larga
/
53 /
exploração, principalmente os de macieiras, cujo fruto − matiana − era
muito apreciado, porque dele extraíam um certo líquido que era usado
como bebida predilecta.
Havia grandes glebas plantadas, ou nascidas espontaneamente,
só com
estas árvores de fruto, a que davam o nome de «matianata».
A nosso ver, Macinhata deriva de duas palavras:
«Matiana» (maçã) e «nata» (nascida).
Macieiras bravas, nascidas.
Reunidas estas duas palavras dão a primitiva designação
do local − «Macianata» − ou pomar de macieiras, que mais tarde e pelo
decorrer se foi aperfeiçoando ou corrompendo até à actual toponímia.
Ainda nos tempos primitivos da monarquia se escrevia «Macinata» como se
verifica nas inquirições mandadas fazer por D. Afonso lI.
Pertenceu ao concelho de Vouga que foi extinto pelo Decreto de 31 de
Dezembro de 1853, ficando, desde então, a
pertencer ao concelho de Águeda.
SITUAÇÃO TOPOGRÁFICA, SUA ÁREA E LIMITES
Está Macinhata do Vouga situada na margem esquerda do rio Vouga,
espreguiçando-se em pequenas colinas que descem, suavemente, no sentido
Nascente-Poente e se estendem até às lindas e férteis margens do Vouga
que lhe beija os pés.
E a sede da freguesia do mesmo nome que ocupa uma área de terreno
aproximadamente de 40 quilómetros quadrados em forma de quadrilátero
irregular.
Dista de Águeda, sede do seu concelho, 12 quilómetros, de Lisboa 271 e
do Porto 62.
As suas linhas divisoras são: Ao Nascente, pela linha divisória com as
freguesias das Talhadas e Paradela que partindo da Carga do Vale do
Pereiro segue em direcção ao Norte pela serra de Cal Virgem e daqui à
serra do Curro da Alombada, terminando no rio Vouga na linha de água
onde chamam do Sernatinho e que lhe serve de limite pelo Norte até à foz
do rio Mau e daqui ao alto das Pedras de Carvoeiros, passando ao Norte
deste lugar até à foz do Ribeiro de Mouquim no rio Caima, daqui ao Vale
Grande até à estrada Nacional de Lisboa ao Porto, junto das primeiras
casas que
se encontram à direita de quem, vindo do Sul, se dirige e
entra na área de Albergaria-a-Velha, onde existe um marco de granito
que tem inscrito do lado Noroeste um A e do lado Sudeste um V e junto
dele dois outros mais baixos e
/
54 /
sem qualquer inscrição(5), daqui segue para Sul-Poente,
seguindo o curso da estrada nacional até ao sítio da Malaposta, onde atravessa a estrada nacional e tomando a margem
esquerda ao Nascente da que segue para Paus até à proximidade dos Fornos da telha e daí segue direita ao rio Vouga e
termina onde chamam Bêlhe.
Pelo Sul limita-a uma linha que partindo do
centro da
ponte do Vouga. daqui segue para Nascente e vai ao marco
comum às três freguesias de Macinhata, Lamas e Valongo,
no sopé do Cabeço do Vouga, daqui segue para o Norte e
junto ao lugar de Carvalhal da Portela, da freguesia de
Valongo do Vouga, seguindo em linha recta até ao lugar
da Macida do Béco, onde existe um marco e deste marco
ao rio ou Ribeiro do Béco que lhe serve de limite até ao
pequeno lugar do Béco de Baixo, desviando-se em seguida
a linha divisória para Sudeste e para além do Ribeiro seguindo pelo Vale
da Serraguem até ao Vale da Lama e daqui ao Vale
do Loureiro e passando ao Norte do lugar da Redonda, desce e toma de
novo o curso do Ribeiro do Béco até à junção das
linhas de água do Vale do Pereiro, ao Nascente do lugar da
Moita.
Devemos notar que algumas freguesias suas limítrofes
nem sempre se quiseram conformar com esta linha divisória,
mas parece que actualmente não há atritos nesse sentido e
todas a reconhecem, não se tendo notado quaisquer reclamações ou protestos.
E todos os povoados que a esta freguesia pertencem também não tem
manifestado desejo de dela se afastarem,
apesar de que alguns, pela sua situação de proximidade, mais
comodamente a outra poderiam pertencer.
Vive esta freguesia em paz com a sua vizinhança e em
confraternidade com todos os paroquianos.
Como se verifica, estende-se esta linda e fértil região
desde as vertentes da Serra das Talhadas em direcção a Poente; descendo
suavemente, vem depois espraiar-se nas ridentes e fertilíssimas margens
do Vouga.
A maior extensão de terreno ocupado pela freguesia está
situada na margem esquerda do rio Vouga.
Todavia, além-rio ou seja na sua margem direita, pertence-lhe ainda uma considerável faixa de terreno, compreendida entre
ele e a linha divisória que a limita com as
outras freguesias, como já ficou descrito.
/ 55 /
LUGARES QUE PERTENCIAM A FREGUESIA
DE MACINHATA DO VOUGA
Começando pelo extremo-Sul-Nascente:
MACIDA
Insignificante povoação de sete moradores.
CAVADAS DE CIMA
Parte Norte de pequeno lugar, de 11 fogos e que a limita com a freguesia
de Valongo do Vouga. O seu nome confessa a sua origem etimológica.
BÉCO
Situado a Sudeste de Macinhata e cujo nome talvez seja
derivado de Beiq (lê-se: Beque ou Bec que em árabe significa: capitão).
Deve antes ter sido assim baptizado por ser bastante disperso e com
muitas ruelas e vielas sem fácil saída ou comunicação.
É bastante conhecido e visitado por nele se realizar uma feira no dia
1.º de cada mês, não sendo Domingo ou dia Santo, passando neste caso
para o dia seguinte.
Foi, em tempos, um mercado muito importante e frequentado pelos povos
desde o Caramulo e Oliveira de Frades até à Beira-Mar.
Nessa feira tudo se vendia menos galinhas e cavalos. Eram de
extraordinário movimento e de largas transacções as de 1 de Agosto, onde os lavradores iam vender os bois gordos e a
de 1 de Setembro que era anual e coincidia com a romaria que à N. S. da
Paz faziam as gentes de Mogofores para cumprir uma secular promessa,
vindo com as suas ofertas em lindos e enfeitados tabuleiros, em luzida
procissão.
Conta a tradição que a imagem da Senhora da Paz foi encontrada nos
matagais que em remotas eras povoavam o local onde hoje se realiza a
feira e está a capela.
Era conduzida à primitiva igreja de Macinhata, mas no dia seguinte já
lá não estava e iam novamente encontrá-la na mata do Béco e no mesmo
local.
Tantas vezes isso se repetiu que foi resolvido construir uma edícula
nesse sítio e nela colocada a santinha.
Mais tarde, encontrando-se a edícula arruinada, o prior de Macinhata
Gonçalo Carneiro mandou construir uma grande capela à custa das esmolas
e muitas ofertas que os, cada vez mais numerosos, devotos ofereciam a N.
S. da Paz.
/
56 /
E tantos eram esses romeiros, alguns dos quais, que de
longes terras eram, não podiam regressar no mesmo dia e
não podiam, nem deviam, pernoitar expostos às inclemências do tempo, sobretudo quando inverno, que foram também construídas algumas casas térreas, próximo da capela,
para lhes dar guarida.
Algumas dessas casas ainda existiam há uns 50 anos.
É digno de menção um volumoso círio que existe na
capela de N. S. da Paz, encerrado numa caixa-pedestal, colocada na capela-mor, do lado do Evangelho e que foi oferecido pelos habitantes da freguesia de Couto de Mogofores
em 1598.
No frontispício da caixa que o encerra lê-se:
|
AD PERPETUAM
REI MEMORIAM
Na era de Cezar MDCXXXVI e do nascimento de
Christo 1598 reinando em Portugal Philippe II
(o prudente) Rei de Castella e o Pontifice Clemente VIII em o primeiro sabado de septembro
os moradores da freguezia de Couto de Mogofores offereceram a esta Senhora (da Paz) este Cirio pelos livrar da
peste em que por aquelles
annos todo este Reino ardia e voto solemne de todos os annos virem em
procissão em outro
tal dia a esta egreja com duas velas e Cirio.
Ilumina oc
Los meos
Ne unquam ob
dormiam in
Morte
|
|
|
Este círio só se acendia durante a missa no dia da sua
festa e quando vinham os romeiros de Mogofores com a sua
procissão.
Eram dignos de admiração uns sobreiros que existiram
a Norte e Noroeste da frente da capela, pelo seu extraordinário tamanho e frondosidade.
Alguns tinham um tronco de grande diâmetro até à
altura duns seis metros e tão grossos eram que três homens,
dando-se as mãos, não conseguiam abraçá-los.
Deviam ter pertencido à primitiva mata onde apareceu
a Santinha da Paz. Os muitos anos da sua existência levou-os
à extrema decrepitude e a caírem de velhinhos.
/
57 /
CAPELA DO BÉCO
Manuscrito do prior João
Gomes dos Santos:
«Ano do nascimento de N. S. Jesus Cristo de 1716 aos
vinte e quatro dias do mês de Janeiro do referido ano, sendo presente na
Capela de Nª S.ª da Paz, no Béco, freguesia de São Cristóvão de
Macinhata do Vouga, concelho de Águeda, Bispado de Coimbra, o
Presbítero Fernando Ferreira Baptista, Coadjutor da freguesia, João
Pereira Vidal, Pároco Encomendado de Lamas do Vouga, Celestino de
Almeida Branco, Pároco Encomendado do Valongo do Vouga, Severiano
Pedro Ferreira, Pároco Encomendado de Barrô, todos convidados pelo Pároco de São Cristóvão de Macinhata do Vouga, João Gomes
dos Santos, para se proceder à bênção da referida Capela que acabava de
ser em parte reedificada e restaurada de novo, é muito decente para o
culto, para nela se celebrar o Santo Sacrifício da missa actos do culto
religioso e não podendo o mesmo pároco assistir por incómodo de saúde
àquele acto, encarregou o Reverendo Pároco de Barrô referido, de benzer
a referida Capela pela forma determinada no Ritual do Paulo V, sendo
acolitado pelos Clérigos acima mencionados.
Acabada que foi a bênção, celebrou o Santo Sacrifício da Missa o
referido Coadjutor Fernando Ferreira Baptista, pregando ao Evangelho o
referido pároco do Barrô com muitos louvores para os iniciadores daquele
grande melhoramento e que a todos encheu de contentamento e alegria.
E agora que este templo se acha de novo aberto para o Culto religioso,
justo é que nesta mesma acta se mencionem os nomes daqueles que, da
melhor vontade, concorreram para aquela obra. Pede a verdade que se
diga, que o iniciador daquela obra foi o Padre João Pereira Vidal e seu
tio Padre José Ferreira Vidal com o subsídio de trezentos mil reis, que
João Rodrigues da Conceição deixou para esse fim.
Para a mesma concorreram também o Pároco João Gomes dos Santos, José
Luís Martins de Bastos e António dos Santos Fonseca, importando na
quantia total de seiscentos mil reis todo o serviço.
Não será ainda fora de propósito declarar ainda aqui que o fundador
desta Capela foi o Pároco Gonçalo Carneiro, como consta duma lápide em
frente da mesma cujo teor é o seguinte:
«Sacellum Virginis Pacis consecratum Anno Domini de
mil e seiscentos die dedicationis Basilicae Salvatoris».
Mais abaixo no frontispício da mesma se lê o seguinte:
A. 1778 J. M. J. Emanuel Gomes Martins, «Prior eclesiae
Macinhatae hoc sacellum ipsius sumptu refecit et auxit.»...
/
58 /
Desta Capela é património desde a sua fundação o arraial
do Béco perto dela, não só o desocupado senão também o que é ocupado com
sobreiros, videiras e casas de habitação da família Liberato do Béco,
foreiras ao Pároco de Macinhata do Vouga, cujos limites são bem
conhecidos, com o mesmo terreno da feira que no século passado era anual
no primeiro do mês de Maio.
Todos os rendimentos do respectivo património têm sido sempre usufruídos
pelos respectivos párocos que fundaram, aumentaram e conservaram a mesma
Capela da Senhora da Paz.
Somente em 1884, sendo pároco
o Reverendo Prior José Agostinho Ferreira, a Junta de Paróquia da mesma freguesia
tentou apoderar-se dos rendimentos do referido património.
A isto se opôs o mesmo pároco, recorrendo para o Tribunal do Conselho do Distrito de Aveiro, dando-lhe provimento o seu acórdão.
Deste acórdão recorreu a mesma Junta de Paróquia para o Supremo Tribunal Administrativo que lhe rejeitou o
recurso nos seguintes termos:
«Não se tendo verificado a citação do recurso como se
vê a folhas quarenta e quatro e procedendo-se nos termos do artigo
sessenta e três do Regulamento de 9 de Janeiro de 1850 mostra-se não
alegar a parte justo impedimento em virtude do que, deferindo à presença
do ministro público,
acordam os do Supremo Tribunal Administrativo em rejeitar o recurso nos
termos prescritos pelo Decreto de 9 de Janeiro de 1850. Sala das Sessões
do Tribunal, primeiro de Outubro de 1884. J. G. Ribeiro. Telles de Vasconcellos e A. C. Cau da Costa.
Guerra Quaresma. Certidão a fI.a 48.
BÉCO DE BAIXO
Pequeno lugar de muito reduzido número de moradores na actualidade,
devia ter sido de alguma importância em eras remotas pois existiu lá um
solar de pessoa fidalga e uma
ermida de N. S. da Nazaré fundada e construída por devoção de Domingos
Teixeira Rebelo em 1600 e que teve grande devoção dos povos daquelas
redondezas.
Este pequeno lugar está situado na margem esquerda do Ribeiro do Béco e
a Sul do local onde se realiza a feira.
MOITA
Como o seu nome parece indicar, deveria ter tido a sua origem no facto
de as suas pequenas casas estarem todas reunidas em volta umas das
outras, a formar moita ou, talvez melhor, local onde existiu compacta arborização de castanheiros
/
59 / ou outras árvores à volta das quais se estabeleceram alguns
moradores.
É o lugar que limita a freguesia de Macinhata pelo Nascente com as Talhadas.
No trajecto de Macinhata para a Moita e já próximo desta, encontram-se
os vestígios dum marco geodésico que é conhecido por «Vista da
Senhora».
Pela Moita passa a estrada que de Macinhata liga às
Talhadas.
Tem uma capelinha de que é orago Santa Apolónia, que é sempre festejada
no seu dia próprio, e no arraial, à tarde, é costume reunirem-se os
caçadores destes sítios para fazerem a despedida à época da caça.
ALOMBADA
O seu nome está a dizer: assente sobre o lombo do monte
− e realmente
está situada esta povoação sobre o ponto mais elevado dum monte e que
descai para Norte, para Sul, para Nascente e para Poente.
É o lugar mais ao Norte da freguesia. Tem uma capelinha cujo orago é S.
Braz.
CHÁS
Lugar de dez fogos situado ao sul de Alombada e no alto duma planície
relativamente extensa, como o seu nome indica.
Tem uma capelinha de S. Bartolomeu.
SOUTELO
Situado sensivelmente no centro do quadrilátero que constitui a área de
toda a freguesia. O seu topónimo parece querer significar que foi local
de mata junto do ribeiro que lhe banha os pés ou antes pequeno souto de
castanheiros.
Tem uma capelinha onde é venerado Santo Antão, que foi reedificada em
1928-1929.
JAFAFE
Compõe-se esta povoação de dois lugares: Jafafe de
Cima e Jafafe de Baixo.
Jafafe deriva de «João Fafe», que por próclise teria ficado reduzido a
«Jan» cujo «n» se teria assimilado ao «f» de «Fafe».
/
60 /
«Fafe» deve ter tido a sua origem no antigo germânico e nesse caso «Fafi»,
genitivo de «Fafo», é nome de pessoa e
teríamos: «Jan Fafi» e depois: Jafafe.
Há também quem admita a sua origem árabe.
É povoação muito antiga e já era de certa importância
no tempo de D. Afonso lI, pois foi mencionada nas inquirições ordenadas
por este monarca.
Jafafe de Cima teve uma Capela cujo orago é S. Bento
e Jafafe de Baixo venera na sua capela a Sr.ª da Aflição,
imagem muito milagrosa.
COVA
Pequena povoação junto ao rio Vouga onde é a barca de passagem para
Serém, de exploração muito antiga. Dela trataremos quando nos referirmos
a Serém.
O seu nome deve vir do tempo dos árabes que teriam construído nesse
sítio um celeiro − Cova ou matamorra, destinada a guardar os cereais.
PÓVOA
Ou pequena povoação que primitivamente deveria ter sido, hoje é um
povoado de relativa importância e a continuação de Macinhata para o
Norte.
Deveria ter pertencido à jurisdição de Recardães, visto que aproveitou
do foral que D. Manuel I deu àquela antiga vila em 20 de Maio de 1516.
CARVALHAL
Primeiro lugar da freguesia que encontra quem, vindo
do Sul, se dirige a Macinhata.
Como o seu nome está a
indicar, deveria ter sido assim baptizado por esse local ser povoado com
frondosos e lindos carvalhos.
É constituído ou subdividido em dois lugares: Carvalhal d'Além, grupo de quatro ou cinco fogos situados mais
ao Sul.
Carvalhal − o mais próximo de Macinhata e o mais
importante.
Tem uns trinta fogos.
É neste lugar que está situada a velha casa dos Baptistas.
Em Carvalhal d'Além existiu uma capelinha de
N.ª S.ª
do Bom Despacho que teve de ser demolida para dar passagem à linha do caminho de ferro do Vale do Vouga.
/
61 /
Foi transferida e reedificada em Carvalhal. Todas estas
povoações estão situadas na margem esquerda do rio Vouga.
As situadas na margem direita, são, a começar do Norte:
CARVOEIRO
Situado um pouco a Nordeste da foz do rio Caima, deve ter recebido o seu
nome, talvez, porque, um primitivo habitante daquelas paragens se
entregasse ao mister de carvoeiro. Confina pelo Norte com a freguesia de
Valmaior e com a estrada que de Albergaria-a-Velha conduz a Viseu.
Existe aqui uma barca de passagem no rio Vouga estabelecida, há muitos
anos, por um benemérito do lugar das Chãs chamado Gil e que em seu
testamento a legou com o encargo de ser celebrada urna missa por sua
alma todos os anos e por isso é de administração particular.
É povoação muito antiga, pois
já se referem a Carvoeiro
as inquirições mandadas fazer por D. Afonso II.
Tem uma capelinha cujo orago é S. Silvestre.
CERNADA
Deve ser bastante antiga embora primitivamente fosse povoação de pequeno
número de habitantes.
/
62 /
E temos essa convicção por nos parecer que o seu topónimo vem do velho latim.
Talvez não seja destituído de fundamento admitir que
provém de «cerrus nata» − cerro ou azinheira nascida − que
pela corrupção ou aperfeiçoamento se transformou sucessivamente em «Cernata»
e por fim em Cernada.
E por isso deve ser esta a sua única e verdadeira grafia
admissível e assim se encontra escrita no Foral de Serém
(3 de Maio de 1514).
Fica situada em frente de Jafafe de Cima e é hoje uma
povoação importante por ser o entroncamento das linhas do
caminho de ferro do Vale do Vouga, de Aveiro, de Viseu e
de Espinho.
Tem uma escola moderna e uma
linda capelinha cujo
padroeiro é Santo Amaro que os ferroviários do Vale do
Vouga adoptaram para seu patrono e costumam festejar
estrondosa e brilhantemente no mês de Agosto.
CAVADA NOVA
Pequeno lugar de nove
moradores situado próximo da
estrada nacional de Lisboa ao Porto e entre esta e a que se dirige para a Cernada.
É no quintal duma dessas moradias que ainda hoje se
encontra o marco que limitava o domínio do antigo concelho do Vouga e
tem na sua face Sudeste um V e na sua face
Nordeste um A.
VALE DOS MOINHOS
Aglomerado dumas pequenas três casas de moleiros,
situado a uns 400 metros ao Norte de Serém de Baixo.
SERÉM
Guardaremos para mais tarde tratar desta, outrora, vila, com o
desenvolvimento que por esse motivo merece e pelo
convento que nela tem o seu assento.
SERÉM DE CIMA
Constituído por um pequeno aglomerado de casas junto da estrada nacional
e no términus do caminho que de Serém de Baixo conduz a essa estrada.
GÂNDARA
Nome que por certo lhe veio por se encontrar rodeada
de matos e pinhais.
/
63 /
É igualmente povoação antiga que marginava a antiga
estrada real que aqui tinha o mesmo trajecto da estrada romana que de
Coimbra seguia para «Calle».
Num largo que ainda hoje existe, embora já bastante diminuído e
ocupado, realizava-se, antigamente, uma feira importante. Um quilómetro
ao Sul desta povoação existe um marco geodésico.
A primitiva estrada de Lisboa ao Porto passava uns 20 metros a Poente
deste marco e parece que pelo mesmo ponto por onde seguia a
antiquíssima via romana.
É nesta linda encosta que está situada a encantadora pousada de Santo
António de Serém.
LAMEIRO
Algumas casas situadas de ambos os lados da estrada que conduz à ponte
do Vouga e logo ao Sul da Pousada de Santo António de Serém.
A água de merugem que por ali surge, deve ter sido sua
madrinha.
PONTILHÃO
Outro grupo de casas a seguir ao Lameiro. Pequena ponte que deveria ter
existido no ponto onde hoje a estrada é sustentada por dois muros
laterais, é que lhe deveria ter dado o nome.
MESA
Pequeno lugar situado a Sudeste do Lameiro e que é constituído por
casas alinhadas junto de estreita estrada e com a frente para Nascente,
para Carvalhal de Macinhata e
campos que lhe ficam fronteiras e no sopé do pequeno monte onde se encontra pousada.
Foi no extremo Sul desta povoação que o Visconde de Almeidinha teve uma
quinta que vinha até às margens do rio Vouga e onde mandou construir um
palacete − única edificação situada a Nascente da estrada do lugar − para
onde
vinha no verão tomar banhos no Vouga, então muito recomendados e procurados, naturalmente, por conterem as águas das Termas da
rainha D. Amélia.
Para Nascente, a colina em que a Mesa se encontra situada cai quase
perpendicularmente para os campos numa diferença de nível em alguns
pontos superior a 50 metros.
É por isso que lhe foi dado
o nome de Mesa − pequeno
planalto.
Em 1700 ainda eram lugares meeiros desta freguesia e da
de Valmaior: Mouquim com 28 fogos; Póvoa das Furadas
/
64 /
com 7, e que actualmente pertencem a Valmaior. Eram também meeiros com a
freguesia de Valmaior: Carvoeiro com 24 fogos e Chãs com 17 e que
actualmente pertencem a Macinhata.
O P.e CARVALHO na sua
Corografia, não fala no lugar de Alombada que já
então devia existir e está mais a Norte do que as Chãs e portanto mais
distante de Macinhata.
Houve uma povoação chamada Boucilha junto duns fornos da telha, a meio
caminho entre o Béco e Soutêlo de que já não se encontram sequer
vestígios.
Os lugares situados em volta da igreja estão actualmente tão ligados
entre si que se podem considerar uma só povoação; como sejam: Carvalhal,
Macinhata, Póvoa e Cova, com 210 fogos e à qual se pode atribuir, sem
exagero, uma população superior a 1.000 habitantes.
HOMENS ILUSTRES
Honra-se esta linda e risonha freguesia de ter sido berço de alguns
homens que dignificaram e ilustraram a sua terra natal na ciência, na
vida militar, na política, nas belas artes e noutros sectores:
Doutor Manuel Pereira da Graça
− Talvez seja de todos os de que há
memória, o primeiro. Mas já a ele nos referimos no Arquivo, n.º 68.
Para a carreira militar deu esta freguesia três oficiais: António
Ferreira Quaresma que atingiu o elevado posto de general e foi muitos
anos governador militar do Castelo de Elvas e outros postos no ultramar.
Faleceu na cidade de Aveiro numa casa do largo do Espírito Santo para
onde se havia retirado após a sua reforma.
António Ferreira Quaresma, sobrinho do anterior e que faleceu em Lisboa,
no posto de coronel, quando exercia o cargo de secretário do ministério
da Guerra.
José Eduardo de Morais, natural de Carvalhal, assentou praça em
Infantaria quando jovem e tendo atingido o posto de capitão obteve a
reforma em major.
Dr. Manuel da Fonseca Coelho, formado em Direito. Foi corregedor em Vila
Nova de Ourém e exerceu outros cargos públicos. Era o proprietário mais
abastado desta freguesia e casou com D. Ana Angélica de Gusmão, natural
de Castendo, distrito de Viseu. Viveram e faleceram em Macinhata sem
sucessão.
A sua enorme fortuna em grandes e numerosas propriedades foi dividida
pelos seus herdeiros que assim foram
/
65 / [Vol. XIX -
N.º 73 - 1953] elevados à categoria de 40 maiores contribuintes em sete concelhos
diferentes.
Dr. José da Silva Pinho, bacharel formado em Direito, foi advogado
distinto e chefe do partido progressista no concelho de Águeda, muito
respeitado e querido nesta freguesia pelo seu trato lhano, pelos seus
bons ditos, maneiras distintas e delicadas e pela sua ilustração.
A freguesia deve-lhe alguns benefícios, principalmente na defesa dos
baldios contra o propósito de usurpação das
Juntas de Paróquia e Câmara de Albergaria-a-Velha e na defesa dos campos
que vinham sendo esterilizados pelas águas e detritos das minas do
Braçal e Telhadela.
Como chefe político não soube ou não quis aproveitar-se da sua
proeminente situação para realizar obra de vulto que perpetuasse a sua
memória.
José Domingues Brandão que nasceu no lugar da Cova, desta freguesia, em
meados do século XIX, foi um grande maestro que emigrando para a cidade
de Belém, no Estado do Pará, Brasil, aí se aperfeiçoou com o maestro
brasileiro Carlos Gomes de quem foi amigo dedicado e seu valioso
cooperador.
Obteve o primeiro prémio num concurso internacional
que se realizou no Brasil.
Deixou várias composições e um Método de Música.
Dr. António Tavares Xavier, formado em Direito, foi magistrado na
Índia
e faleceu em S. João de Loure, onde havia casado.
Padre José Baptista de Oliveira, de Carvalhal de
Macinhata, que foi
capelão da Casa da Borralha durante muitos anos e coevo e amigo dos
Doutores Manuel Pereira da Graça e Manuel da Fonseca Coelho.
Joaquim José Ferreira Baptista, sobrinho do Padre Baptista de Oliveira,
tirou o curso teológico completo, após o que se retirou para Lisboa onde
foi professor nas mais ilustres casas da mais elevada aristocracia
daqueles tempos.
Mais tarde regressou à sua terra natal onde constituiu família, foi
bastante estimado e foi o escolhido para representar Macinhata do Vouga na Câmara de Águeda durante
quinze anos.
José da Fonseca, o velho cirurgião, da Macida, onde nasceu, viveu e morreu.
Era da Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Casou no Béco com Joana Dias da Fonseca,
de quem teve
cinco filhos, três varões e duas meninas. Uma das filhas casou com
Manuel Silva, de Macinhata, e seu filho José foi também cirurgião, em
Oliveira do Bairro.
P.e Joaquim Tavares Xavier, faleceu pároco de Tamengos.
/
66 /
Dr. Aníbal de Melo e Corga e seu filho Dr. Álvaro de Atayde de Melo e
Corga, formados em Medicina e que nesta região têm exercido clínica.
Descendentes das ilustres famílias dos Melos do Vouga
e do Visconde da Abrançalha, têm honrado os seus, antepassados.
Ao Dr. Aníbal Corga já Macinhata deve alguns melhoramentos como sejam a
Estação Telégrafo-Postal e Telefónica e a cooperativa da electricidade.
Padre José Joaquim Ferreira da Rocha, de Carvoeiro, que paroquiou
várias freguesias do bispado do Porto, falecendo na de Gondomar.
Dr. António José Martins Pereira Coutinho e seu filho Dr. José Bernardo
Martins Pereira, formados em Leis e pintores de merecimento e
acreditados na arte de dourar, trabalhos que ainda hoje se podem admirar
na igreja de Macinhata e na de Castanheira do Vouga.
Eram naturais do Béco.
Também eram deste lugar o padre José dos Santos
Fonseca, que foi reitor de Valongo do Vouga; padre José Gomes dos
Santos Sénior, pároco de Macieira de Alcoba;
padre José da Fonseca, encomendado em Águeda; Dr. António Gomes dos
Santos, médico, que viveu e faleceu em Rio Tinto, Porto; padre Manuel
Gomes dos Santos, que foi o primeiro professor elementar desta
freguesia; padre José Gomes dos
Santos que faleceu na flor da vida em 1894, e padre João
Gomes dos Santos que foi o antepenúltimo prior de Macinhata.
Padre Fernando Ferreira Baptista, de Carvalhal. Rezou
a sua primeira missa no dia 26 de Julho de 1894 no Seminário de
Coimbra e veio fixar residência na sua casa natal. Foi cura durante
vários anos; encomendado e por fim prior de
Macinhata até Julho de 1946.
PEDIDO DE ANEXAÇÃO A ALBERGARIA-A-VELHA
Em 1869 houve nesta freguesia um movimento de certa importância para
pedir a sua anexação ao jovem concelho de Albergaria-a-Velha, tendo
sido elaborada uma representação que foi enviada às instâncias
superiores competentes em 23 de Maio de 1869.
Assinavam essa representação: Padre José Rodrigues de
Melo, prior de Macinhata; P.e José Fonseca, da Junta paroquial;
P.e Manuel Gomes dos Santos; P.e João Gomes dos
Santos Sénior; P.e João Gomes dos Santos, antepenúltimo pároco de Macinhata, todos do Béco; Dr. José Joaquim da
Silva Pinho, de Jafafe; P.e António Ferreira dos Santos
/
67 /
Rocha, de Carvalhal; João da Silva Santiago, regedor; Francisco
Rodrigues da Silva Fataunços; António Frederico de Albuquerque Rocha,
juiz eleito, etc. − ao todo cento e vinte e três assinantes.
A Câmara de Águeda contestou e demonstrou que era
falso esse desejo de anexação e igualmente a Junta de Paróquia de
Macinhata, pois que apresentou uma contra-representação em que cinquenta
e cinco dos que haviam assinado a representação a pedir a anexação a
Albergaria-a-Velha assinaram a contra-representação a pedir o
contrário.
Possuímos essas representações, ou melhor, as suas cópias e não as reproduzimos porque são bastante extensas.
ALISTAMENTO DE SOLDADOS AUXILIARES
PARA A GUERRA DA RESTAURAÇÃO
(6)
Também Macinhata do Vouga se pode vangloriar de ter
dado soldados para a defesa e garantia da independência de
'Portugal e da Restauração de 1640: Manuel Domingues,
casado, 30 anos, da Mouta; Bastião André, casado, 35 anos, do Lameiro;
Cristóvão Gonçalves de Carvalho, casado, 40 anos, Carvalhal de Massinhata;
Miguel João, casado, 35 anos, de Carvalhal; Manuel Jorge,
casado, 38 anos, de Massinhata; António Ribeiro, casado, 30 anos, da
Quinta de Carvalhal de Massinhata
(7).
(Continua na pág. 185 –
►►►)
JOAQUIM JOSÉ FERREIRA
BAPTISTA |