As
festivas homenagens da cidade de Aveiro,
calorosamente prestadas em comemoração dos cinco séculos decorridos sobre a data do nascimento da excelsa filha de Dom Afonso quinto,
erguida pelas suas imarcescíveis virtudes ao fulgor
imorredoiro dos altares, vem o Arquivo do Distrito de Aveiro juntar, com
as páginas que se seguem, o
público testemunho da veneração e respeito que a
muitos títulos consagra a tão distinta figura da História local.
Não é esta a primeira vez, no decurso dos dezoito anos de existência
que dentro de breve tempo a nossa Revista contará, ao exclusivo serviço
de Aveiro e da
sua região natural, que a vida da padroeira espiritual da cidade nela encontra eco e dedicado registo;
logo no seu 3.º volume, pudemos inserir o valioso
estudo subordinado ao titulo de «O retrato de Santa
Joana do Museu de Aveiro», e uma «Breve notícia da Crónica da fundação
do Mosteiro de Jesus, de Aveiro, e da Infanta Santa Joana, filha deI Rei
[Vol. XVIII -
N.º 70 - 1952]
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Dom Afonso V», esta última destinada a exemplificar o que viria a ser a
publicação daquele precioso códice quinhentista, levada a efeito em 1939
por dois dos Directores da Revista – um deles transcrevendo-a
escrupulosamente e apresentando-a, e o outro subsidiando inteiramente,
do seu bolso particular, as elevadas despesas inerentes à dificultosa
edição.
A Crónica tem sido, de há séculos, a fonte insubstituível, mas
imperfeitamente conhecida, por inédita na sua maior parte, de todos os
sucessos que ao Mosteiro de Jesus e à Infanta santa dizem respeito, e
imediatamente ligados à história de Aveiro e à da própria Nação; só o
ambiente criado pelo Arquivo e as decididas vontades de quantos nele
desinteressadamente trabalham, tornaram possível a sua edição integral,
debalde solicitada, durante dezenas de anos, a organismos oficiais, e
por várias vezes tentada, sem resultado sempre.
Em 1940, publicou o
apontamento «À propos de Sainte Jeanne, Infante du
Portugal (fragment
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no ano imediato, «A causa da morte da Infanta Santa Joana
(uma história clínica do século XV»; em 1942, «Les livres liturgiques
d'Aveiro», através de cujas páginas a delicada figura da Infanta
perpassa suavemente; no volume VIII, a «Memória descritiva do quadro
– Morte da Princesa Santa Joana – tema da tese destinada a obter a carta do
Curso de Pintura, realizada em Abril e Maio de 1943 na Escola de Belas
Artes de Lisboa».
Finalmente, no volume XVI, o texto integral das desconhecidas
«Constituições que no século XV regeram o Mosteiro de Jesus, de Aveiro,
da Ordem de São Domingos», às quais voluntariamente se submeteu,
reverente e humilde, a firme vontade da Princesa santa, cuja vida
devota melhor se ficou conhecendo pela leitura atenta dessas estranhas
Páginas medievais, arquivo de viva fé e reais sacrifícios.
Novos estudos e novas considerações se reuniram
nas páginas que vão seguir-se; não serão ainda elas,
certamente, as últimas, pois a história do Mosteiro
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de Jesus e da Infanta Santa Joana ocupa sempre o primeiro lugar no
programa dos trabalhos da nossa
publicação.
Depondo no altar da História da cidade, eleita
pela Princesa para místico refúgio do mar encapelado da Vida) estas
páginas votivas, serenamente escritas, e, por completo, sine ira et
studio, o Arquivo do Distrito de Aveiro agradece a todos os seus
distintos colaboradores o honroso acolhimento que prestaram à
solicitação que lhes dirigiu, e bem assim a quantos Amigos,
dedicadíssimos todos, por diversos modos contribuíram para tornar
possível esta homenagem.
No segredo da sua consciência, e evocando a
memória sagrada daquela que foi Infanta de Portugal e que a Igreja
beatificou, a todos envolve no mesmo simbólico amplexo.
A DIRECÇÃO |