Soares da Graça, A casa da Graciosa, Vol. VIII, pp. 16-38.

A CASA DA GRACIOSA

SUAS ANTIGAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS

DOS antigos Senhores de Carvalhais, Ílhavo e Avelãs de Cima, proveio a descendência hoje representada na ilustre Casa da Graciosa, cujos antepassados mais remotos encontramos, no último quartel do século XVI, a residir no seu Paço da Figueira(1), tendo também sepultura própria na igreja daquela última freguesia.

Fig. 1 − Brasão de armas esculpido na pedra tumular, na Igreja de Avelãs de Cima, de D. Maria de Miranda Pereira.

/ 17 / [Vol. VIII - N.º 29 - 1942] Ainda hoje se pode ver naquele templo, e no pavimento da sua capela-mor, destacando-se de entre outras que ali existem, uma pedra tumular armoriada (fig. 1), que tem esculpidos, além dos atributos heráldicos da família da Graciosa, − dois corações unidos e trespassados por uma seta (fig. 2) − símbolo tão altamente expressivo que logo domina a nossa atenção, demorando-nos o pensamento em sugestivas lembranças, e que, através dos tempos, há-de recordar a todos quantos o virem, o amor de dois esposos que na vida por seus laços se prenderam, e na morte foram depois juntar-se também, para sempre... Sob aquela pedra jaz sepultada Dona Maria de Miranda Pereira(2), casada que foi com Francisco de Melo de Sampaio, Senhores da Quinta e Prazo da Figueira, e da Casa e Quinta da Graciosa; e a seu lado, em campa igualmente rasa, mas mais simples, e despida de qualquer letreiro ou sinal que de algum modo possa denunciar-nos a qualidade da pessoa tumulada, Francisco de Melo de Sampaio dorme também o sono derradeiro, bem como uma grande parte da sua fidalga descendência, que ali foi a enterrar, em sucessivas gerações(3).

Fig. 2 − Escultura da pedra tumular referida, na Igreja de Avelãs de Cima.

/ 18 / Diz-se numa curiosa memória, ou informação paroquial, respeitante a Avelãs de Cima, escrita no ano de 1721(4) pelo então prior desta freguesia, SEBASTIÃO PEREIRA DE MIRANDA HENRIQUES, também da família da Graciosa, e que, na redacção deste documento se nos revela um espírito de culta e fina observação − que naqueles dois corações assim atravessados por uma flecha «se insinua o mútuo e puro afecto com que sempre viveram e em união os dous casados» os ditos Sebastião Pereira e Dona Maria de Miranda. Não nos diz aquela memória quem teve a ideia, tão delicada e tocante, de mandar abrir na pedra dura, e em sulco vivo, o desenho tosco que até hoje o tempo ainda não apagou(5), e do qual, volvidos séculos, se evola ainda o perfume dum lindo romance de amor!...

Seria o esposo querido, vergado ao peso da saudade, para que no seu coração não esmorecesse nunca a lembrança daquela que tanto amou?... E não seria antes o prior Sebastião Pereira de Miranda, no desejo de perpetuar, por forma tão simples, mas tão impressionante, a grande afeição que uniu seus pais em vida?... É possível que tenha sido este, levando-me a essa suposição o facto de ter verificado o cuidadoso interesse que este pároco teve em procurar os registos dos seus avoengos nos velhos tombos paroquiais, sublinhando-lhes os nomes, avivando-os, ou envolvendo-os em finos traços, e até escrevendo-os de novo, com a sua firme e boa caligrafia; e ainda a forma, tão cheia de emoção, como se refere «ao mutuo e puro affecto» que entre si tiveram aqueles dois casados. Acresce ainda, em reforço desta opinião, que o desenho a que nos vimos referindo é menos perfeito que os motivos ornamentais, que, em relevo, se vêem no brasão que encima a lápide, sem dúvida de muito melhor acabamento, e devidos à mão de lavrante mais experimentado e hábil: não repugna aceitar pois que àquele prior se deva tão sentida manifestação de homenagem filial.

À vista deste eloquente simbolismo, ainda surge ao nosso espírito a interrogação acerca do significado que se quis atribuir à seta com a extremidade cortante já partida, e isto não deixa de ter interesse, porque de certo foi bem intencional da parte de quem o mandou executar. Não se quereria afirmar, como julgo, que foi ao contacto daqueles dois corações abrasados na labareda dum amor forte e sincero, que o próprio metal se fundiu, partindo-se a flecha ao atravessá-los?!... Por mim, não / 19 / conheço motivo funerário que, como este, envolto em tão discreta simplicidade, se preste a interpretações de mais profundo sentimento.

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Tudo isto despertou a minha curiosidade na altura em que entrei na igreja de Avelãs de Cima pela primeira vez, são decorridos mais de vinte anos: mas se a minha atenção foi logo por todas estas coisas solicitada, deixando-se prender ainda do mesmo interesse, noutras ocasiões que mais tarde se me proporcionaram de ali voltar, quando no desempenho de funções públicas tive residência em Anadia, nunca me passou entretanto pela mente a ideia de que viria a ocupar-me deste assunto com desenvolvimento. E foi só muito mais tarde, ao ler a História da fundação do Real Convento e Seminário do Varatojo, escrita nos fins do século XVIII, por Frei MANUEL DE MARIA SANTÍSSIMA, na recolha de elementos para um pequeno trabalho que então preparava, acerca dum conhecido missionário franciscano que ali professara,(6) e ao ver as referências da mais respeitosa veneração que se fazem nessa obra a D. FREI LOURENÇO DE SANTA MARIA, Arcebispo de Goa, Primaz do Oriente e depois Bispo do Algarve (fig. 3), mas que antes de tudo isso tomara naquele convento o pobre hábito de S. Francisco, seguindo, em edificante observância, a humilde e austera regra franciscana por que se regia aquela casa conventual, − que eu me propus organizar estas notas. Trata-se na verdade dum vulto muito notável da minha região, e nela quase desconhecido; duma figura de grande relevo que o cronista monástico justa e elevadamente exaltou; e que, tão respeitada por seus merecimentos na época em que viveu, bem merece ser evocada, arrancando-a dum esquecimento cuja causa nem se sabe bem a que atribuir. E quando o nome prestigioso daquele Prelado é referido, largamente, em obras antigas e modernas, e a cada passo lembrado na Diocese do Algarve que o contou como um dos seus mais dilectos pastores,(7) na terra que lhe foi berço não podem contar-se por muitos os que sabem da sua existência, e bem menos são ainda aqueles que têm conhecimento da sua vida exemplaríssima. Perante casos como este, chega a parecer, até, que qualquer força estranha se apostou em esconder aos nossos olhos, para furtar à nossa admiração, vultos que foram grandes no Passado, / 20 / e que, aureolados por tradições nobilitantes, têm, por muitos motivos, jus às nossas melhores homenagens; creio entretanto que à ignorância das coisas teremos de ir buscar a explicação de tão lamentável e bastante generalizado facto. Foi nesta ordem de ideias que assentou o meu propósito de traçar, ao menos em rápido bosquejo, a biografia daquele ilustre príncipe da igreja.

 

 
 

Fig. 3 − Retrato de D. Frei Lourenço de Santa Maria. (Gravura da obra Memórias das Caldas de Monchique, do Sr. Dr. SILVA CARVALHO, obsequiosamente cedida pelo Ex.mo Director daquelas termas).

 

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D. Frei Lourenço de Santa Maria, no século, Lourenço Berardo de MeIo, nasceu em S. Pedro de Avelãs de Cima a 16 de Janeiro de 1704. Seus pais, António Luís de Melo e D. Micaela Viçoso de Sampaio, viviam por essa época em companhia do prior Sebastião Pereira de Miranda, de quem já falámos no decurso deste trabalho, e na própria residência paroquial; não chegaram até nós notícias desenvolvidas que permitam saber como decorreram os anos da infância de Lourenço de Melo(8). Sabe-se que seus pais eram de grande crença religiosa, e que, desde o berço o instruíram «no santo temor de Deus e na prática das virtudes Morais e Cristãs»; que a sua educação foi, em parte, confiada a um exemplar sacerdote, e que aos cinco anos já sabia a doutrina e ajudava à missa, como refere o seu biógrafo. Muito cedo o vemos a frequentar os estudos, em que revela qualidades invulgares de aplicação e de talento, indo assim «crescendo na idade, na virtude e na sabedoria». Entra novo na Universidade de Coimbra, de que foi aluno laureado; e lá se fez Doutor. Mas, mais tarde, e numa altura da vida em que desabrocham e florescem os melhores sonhos, o jovem fidalgo, a quem as grandezas do mundo não conseguiram prender, depois de ter sido estudante aplicado, e mestre sabedor, abandona tudo, para enterrar a sua mocidade, brilhante e esperançosa, na pobre mortalha dum hábito de franciscano!... Recolhe ao Convento do Varatojo, e leva ali vida tão simples e humilde que a toda a comunidade fortemente impressiona, passando assim alguns anos, querido e venerado pelos seus irmãos no hábito, até que a fama das suas virtudes chega à Corte. O rei D. João V distingue-o com o Arcebispado de Goa, e Frei Lourenço de Santa Maria, que abraçara a vida religiosa por vocação decidida do seu espírito, bem preferia não ter de trilhar outro caminho além do que por ele foi escolhido; mas, ainda por sentimento de obediência, lá segue a ocupar a Prelazia de Goa, onde afinal pouco se demora, em vista da saúde abalada. Regressa à metrópole, e quando acalentava os melhores sonhos de voltar à paz do recolhimento varatojano, é nomeado Bispo do Algarve para onde em breve parte a presidir aos destinos da nova Diocese com que foi agraciado. Ali assiste à horrorosa tragédia do terramoto de 1755, que naquela província se sentiu também violentamente; o que, em tão singular emergência, o Prelado fez, assinalou a sua passagem por lá de forma inesquecível, tornando-se a sua acção bem notória em todo o País, e sendo bem justamente salientada. Ainda hoje o seu nome é apontado e lembrado às / 22 / gerações presentes, como um dos mais bondosos e desvelados pastores de almas que ocuparam aquela cadeira episcopal.

Estava D. Frei Lourenço de Santa Maria revestido para celebrar missa na sua Sé, na comemoração da festa de Todos os Santos, quando um ruído surdo, estranho, pôs toda a gente em consternado alvoroço, que aumentou ainda mais ao sentir-se a torre do templo cair com fragor no terreiro: surge confusão e dor por toda a parte; e o Bispo, que então governava também a Praça Militar do Algarve, passados os primeiros momentos do pânico, enfrenta corajosamente a situação, e acode a prestar e a ordenar socorro às numerosas vítimas da tremenda catástrofe. Aparece junto dos escombros; vai ungindo mortos, consolando sobreviventes, e ajudando a tirar das ruínas muitos dos que ficaram soterrados! O povo em grita, alucinado, clamava por perdão e misericórdia. E D. Lourenço, perante tão confrangedor e emocionante espectáculo, e num gesto da mais alta abnegação, que por si bastaria para lhe perpetuar a memória, empunha ele mesmo uma enxada, e remove com enérgicos esforços os entulhos amontoados, onde os corpos jaziam alquebrados e torcidos pela dor!...

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Acabo de ordenar estas notas numa doirada manhã de Setembro, e na própria casa que foi, e é ainda, pertença da ilustre família de D. Frei Lourenço de Santa Maria(9). A dois passos da capela onde ele e seus irmãos rezaram, e celebraram missa; à vista da arca de couro, pregueada de amarelo, em que se guardam, com reverente cuidado, as vestes de seda branca, recamadas de oiro, que ao Prelado ofereceu o Rei Magnânimo. Sobre a mesa onde escrevo, vou folheando livros, e examinando documentos vários, que revelam remotos antecedentes religiosos na família da Graciosa; e à face de tudo isso o nosso espírito transporta-se a eras já bem longínquas, reconstituindo todo um cortejo grandioso e solene: umas vezes revestido de brilhante aparato, com Prelados a pontificar nas grandes cerimónias litúrgicas das catedrais; outras, mais grave e recolhido, de freiras ou de monges, salmodiando matinas ou vésperas nos coros e claustros dos mosteiros de Portugal!... Perpassam ainda na nossa imaginação vultos de velhos Abades ou simples Priores, lendo seus breviários no remanso de tranquilos Presbitérios; / 23 / sombras fugidias de Letrados, de Cavaleiros das Ordens de Cristo e de Malta...

Mas voltemos novamente ao século XVIII, e aí, procuremos enquadrar a figura de D. Frei Lourenço de Santa Maria na sua época, e no ambiente familiar em que nasceu e decorreram os anos da sua infância, até seguir os estudos, e entrar em Religião. Antes porém, digamos alguma coisa dos seus primeiros ascendentes conhecidos em terras de Avelãs de Cima; e assim, começaremos pelo princípio.

Fig. 4 − A Casa da Graciosa vista hoje.

A Quinta da Graciosa não teve sempre esta designação. Aparece mencionada no foral que o rei D. Manuel concedeu a Avelãs de Cima no ano de 1514, com o nome de Póvoa do Roupeiro;(10) mas Francisco Pereira de Miranda, a quem por herança de família coubera esta propriedade, mudou aquele nome para o de Graciosa, que manteve até ao presente. Conta-se, reproduzindo velha tradição que chegou a nossos dias, que aquele fidalgo, no regresso duma viagem que fez a África, onde passou alguns anos, ia perecendo num naufrágio, porque a nau em que vinha, açoitada por violento temporal, foi arrastada até ao mar dos Açores, indo ali aportar à Ilha da Graciosa; e em memória deste facto e para que o nome da terra que lhe foi porto de salvamento se perpetuasse na lembrança dos vindoiros, remem orando aquela ocorrência, o mencionado Francisco Pereira de Miranda deu à sua antiga quinta o nome por que há muito é conhecida. E depois da sua estada em África, onde militou muitos anos «pella feé Catholica e pello Serviço do seu / 24 / Rey»(11), recolheu à Graciosa, e ali passou os últimos anos da vida na prática de actos piedosos bem demonstrativos das suas crenças religiosas. Da acção que teve fora da sua terra, consta, além do que ficou dito, que foi Embaixador ao Concílio de Trento.

Francisco P. de Miranda instituiu uma capela junto das suas casas nobres da Graciosa, e fundou Irmandades e Confrarias nas terras que eram senhorio de seu pai, como Arcos, Moita e Avelãs de Cima;(12) para esta igreja trouxe ele de Roma duas imagens de grande valor artístico, muito perfeitas, representando S. Sebastião e Nossa Senhora do Rosário, e que ali foram postas ao culto(13). No ponto mais alto da Serra do Buçaco, mandou erguer uma cruz que depois foi motivo para a invocação que os frades carmelitas deram ao seu convento; e no cimo do Monte do Crasto, fronteiro à sua quinta, foi por ele mandado levantar, também no ano de 1616, um cruzeiro de pedra de Ançã, com a imagem de Cristo crucificado, em cujo pedestal se lia este letreiro:

MEMENTO


NAM DESMAYES PECCADOR
LEVANTA OS OLHOS A MIM
QUE POR TI ME PUZ AQUI. †"


FR  NCISCO PR.A DE MlRANDA, FILHO DE RUY PR.A DE MIRANDA, E DE D. ANNA DA CUNHA, SENHORES DE CARVALHAES, CAZADO COM D. ANNA DA CUNHA SR.A DA CAZA DE TABOA, ME POZ AQUI EM 27 DE MAYO DE 1616. PELLA SUA TENSÃO, E ALMA PADRE NOSSO, E AVE MARIA.(14)
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De Francisco Pereira de Miranda, que faleceu sem sucessão, foram irmãos:

André Pereira de Miranda, que tomou estado e teve descendência(15); Frei Simão de Miranda Henriques, que foi Religioso da Ordem Militar de S. João de Malta. Fundou a ermida de Nossa Senhora do Socorro no Rocio da vila de Avelãs de Cima, em cujo retábulo se fez figurar, ao lado da imagem da Virgem, de joelhos, e em atitude orante, vestido de armas brancas e espada à cinta, com o elmo e manoplas depostos a seus pés. Na verga da porta principal da capela, estava esta inscrição:

ESTA ERMIDA DE NOSSA SR.ª DO SOCORRO HE DE FR. SIMÃO DE MIRANDA HENRIQUEZ COMMENDADOR DE MALTA. ANNO DE 1592(16)

Fig. 5 − O registo de casamento de Luís Pereira de Miranda com D. Maria de Mariz em 1581. (Arquivo da Univ. de Coimbra)

Por morte de Frei Simão de Miranda, a posse e administração desta capela passou para seu irmão Francisco Pereira de Miranda, atrás mencionado. Foi ainda irmão destes, Luís Pereira de Miranda,(17) por quem se continuou a família hoje com representação na Casa da Graciosa; casou Luís Pereira de / 26 / Miranda no ano de 1581, com D. Maria de Mariz (18), da qual teve sucessão, e, por morte desta, seguiu a vida religiosa, fazendo-se clérigo, sendo mais tarde eleito Bispo de Cabo Verde. Para ali seguiu a tomar conta da sua Diocese, falecendo um mês depois de chegar àquela cidade; jaz sepultado na Sé Catedral(19).

De Luís Pereira de Miranda foi filho Sebastião Pereira de Miranda, que nasceu no lugar da Figueira a 18 de Janeiro de 1585(20). Casou com D. Francisca de Mendonça, da vila de Pombeiro de quem viuvando, se fez clérigo(21), havendo deste casamento os seguintes filhos:

Francisco de Miranda Henriques, que foi Abade em Trás-os-Montes(22); Miguel Pereira de Miranda, que seguiu idêntico rumo, sendo Abade de Penacova(23); António Pereira de Miranda, que morreu na Índia; foi «cavalleiro generoso e allentado que pella fée e serviço do seu Rey honrada e fidalgamente se expoz á morte»(24). D. Angela Pereira(25), e D. Teresa Henriques que professaram no Mosteiro de Celas(26); D. Serafina de Miranda, que faleceu sendo noviça naquela mesma casa religiosa(27) ; D. Sabina Pereira (28), D. Joana de Mendonça(29), e D. Isabel Pereira(30), que não sei se tomaram ou não estado; e finalmente, D. Maria de Miranda Pereira, a quem já nos referimos no comêço deste trabalho, e que nasceu em 25 de Dezembro de 1626(31).

Enquanto desta geração, a maior parte seguiu o caminho da / 27 / vida religiosa, foi por esta filha de Sebastião Pereira de Miranda que se continuou a sua descendência; e do seu casamento, que teve lugar na capela da Casa da Graciosa a 4 de Julho de 1659, com Francisco de Melo de Sampaio(32), ficaram os filhos seguintes: D. Mariana de Melo, que faleceu solteira(33); o Prior Sebastião Pereira de Miranda, já mais de uma vez referido(34), e António Luís de Melo, por quem se continuou a família, e que nasceu no lugar da Figueira em 1665(35). Casou na capela da Casa da Graciosa a 12 de Fevereiro de 1695 com D. Micaela de Sampaio Pessoa(36), havendo deste casamento uma pleíade brilhante de filhos; e se um deles não tomasse estado, ficaria uma geração inteira exclusivamente ao serviço de Deus; passemos a indicá-los: Francisco de Melo, que nasceu na Graciosa em 1696(37); Simão de Melo de Sampaio Pereira de Figueiredo, que nasceu em S. Pedro de Avelãs a 19 de Abril de 1702, F. C. R. Cavaleiro da O. de Cristo(38); Lourenço Berardo de Melo, que nasceu em S. Pedro de Avelãs no dia 16 de Janeiro de 1704, de quem já nos ocupámos, e daremos notas mais desenvolvidas adiante(39); André (Frei André de Melo), que nasceu / 28 / a 28 de Novembro de 1705. Foi Religioso da Ordem de Cristo, Doutor em Teologia, Qualificador do Santo Ofício, e Prior do Colégio de Tomar, em Coimbra; segundo li num manuscrito dos fins do século XVIII, era Frei André de Melo «optimo pregador espirito de grande esphera»(40); João de Melo de Sampaio Pereira de Figueiredo, que nasceu em 1707(41). Foi Monsenhor da igreja Patriarcal de Lisboa, do Conselho de El-Rei e F. C. R; Sebastião, que nasceu em 1708, e faleceu criança(42); José de Melo de Sampaio Pereira de Figueiredo que nasceu em 1710. Foi Licenciado em Cânones, Cavaleiro da O. de Cristo, F. C. R, Alcaide Mor de Penedono e Mestre de Campo do Terço da Comarca de Esgueira(43); D. Maria Luísa de Melo que nasceu em 1711; professou no Convento das Carmelitas de Aveiro e em Religião tomou o nome de Soror Maria Luísa de Santa Teresa. Falando dela, diz o autor dum manuscrito do século XVIII ao referir-se à família da Graciosa: que do seu nome «não nos devemos lembrar, por se querer esquecer do seculo»(44); Francisco, que nasceu em 1714(45). / 29 /

De todos estes, foi José de Melo de Sampaio Pereira de Figueiredo, que continuou a descendência ilustre da Casa da Graciosa. Mas terminam aqui as notas colhidas sobre ela; e alcançada a época em que viveu o Bispo D. Frei Lourenço de Santa Maria, digamos mais alguma coisa do que a seu respeito ainda temos anotado, e de certo pode contribuir para tornar bem conhecida entre nós esta alta figura da igreja em Portugal.

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Assinalámos já que a infância de D. Frei Lourenço de Santa Maria foi vivida num ambiente familiar de remota e sólida tradição religiosa, e no recolhimento calmo duma residência paroquial aldeã; e é lícito concluir, à vista do seu honroso aproveitamento escolar, que ele se dedicou sempre ao estudo com amor, contribuindo também, de certo modo, a tranquilidade e o sossego da terra, para um mais permanente e fecundo convívio com os livros. Inicia bem cedo os seus estudos em Coimbra, onde em 1715 já cursava Filosofia, e seis anos mais tarde vemo-lo a examinar bacharéis na Universidade. Além disso estudou Cânones, em que tomou o grau de Doutor e foi ainda Mestre em Artes, Opositor na cadeira de Decretos e Deputado do Santo Ofício naquela cidade, em 1726.

Por esta época, apareceram em Coimbra a pregar, em Missão, os frades varatojanos Frei Manuel de Deus e Frei Afonso dos Prazeres, que tinham a escutá-los grandes auditórios na cidade universitária; não faltou também a ouvi-los o jovem Doutor Lourenço de Melo; e, pelo que já sabemos dele, bem poderemos ajuizar que as prédicas dos religiosos lhe calaram fundo no espírito, contribuindo talvez para apressar a sua entrada no convento, se é que lha não determinaram; abeira-se então dos franciscanos e comunica-lhes que, como eles, ele quer abandonar o mundo: separar-se, esconder-se para sempre das coisas terrenas; confundir-se na humildade dum hábito de S. Francisco. Abdica dos seus direitos à herança de família, no irmão que esta há-de continuar.

Podemos facilmente fazer ideia da satisfação dos bons frades perante este facto, jamais tratando-se de quem, por seus méritos intelectuais, bem conhecido se tornara, acrescendo ainda a circunstância de ser oriundo duma família poderosa, pertencente à melhor nobreza da província da Beira. E não se fizeram esperar muito os acontecimentos, pois que, a 23 de Abril de 1728, o Doutor Lourenço de Melo entra no convento do Varatojo e passado pouco tempo ali professa, adoptando em Religião o nome de Frei Lourenço de Santa Maria, «pela cordial devoção que desde seos tenros annos sempre teve á Santissima Virgem Mãe de Deos».

/ 30 / Não tinham volvido ainda muitos anos sobre a reforma imposta àquela casa conventual pelo conhecido e austero Frei António das Chagas, que lhe fixou regimento de apertada regra; e é lá, seguindo-o rigorosamente, que a personalidade religiosa de Frei Lourenço de Santa Maria toma vulto e se ergue para a nossa veneração, em altos exemplos de piedade cristã e abnegada renúncia. Vamos agora surpreendê-lo no convento entregue às ocupações mais rasteiras, como o mais simples dos seus irmãos no hábito: varre a igreja, os dormitórios, as enfermarias; chega a servir no refeitório e até a desempenhar o cargo de porteiro. Nunca fugia a estes serviços, antes procurava que lhos distribuíssem, não permitindo que se fizesse qualquer distinção entre ele e os outros religiosos; sempre com «ar modestamente alegre e fervoroso», mostrava «desejo de praticar os exercícios que aos olhos dos mundanos parecem mais abatidos e desprezíveis». E quando saía à rua a esmolar
para o sustento da comunidade irradiava de si «tal agrado e modéstia religiosa que a todos deixava edificados e atraídos suavemente para Deus».

Não quis a Providência que os ensinamentos vindos do seu exemplo ficassem por muito tempo ocultos na clausura, e assim, a sua voz eloquente vai ouvir-se por esse Portugal além; começa vida apostólica a partir do ano de 1733, sendo muitas as terras que ele percorre, jornadeando a pé grandes distâncias. E à semelhança do que antes dele já fizera o grande missionário que foi Frei António das Chagas, Frei Lourenço faz-se acompanhar duma devota imagem de Cristo Crucificado, que ele mesmo transporta através dos povoados; seus pés ficam feridos das longas caminhadas, mas tudo isso ele acha secundário e segue sempre, envolto no hábito já gasto e remendado, exposto a todos os rigores do tempo. Prega nos arredores de Lisboa, passa ao Alentejo, e, retrocedendo depois, alcança a região do Douro, que da mesma forma visita. Em 1737 está em Coimbra, e ali, onde foi laureado estudante, e mestre sabedor, ele se faz ouvir também. Parte depois para Aveiro e terras próximas, entre elas Esgueira, Águeda, Serém, Branca, etc. etc., até que recolhe de novo ao Varatojo em 1740; no ano seguinte vai para o Funchal e por lá se demora na tarefa da pregação; mas dando-se entretanto a vaga da mitra primacial de Goa, o Rei D. João V houve por bem prover nela a Frei Lourenço, recebendo, este, aviso para regressar à Corte. Com esse fim tomou o primeiro navio, chegando a Lisboa a 26 de Maio de 1743. Apresenta-se logo ao Monarca, e em vez de se mostrar contente por tal mercê, antes manifesta o desejo de não ser investido em tão alta dignidade. Tal escusa porém não é aceite, e antes, da parte do Rei, que bem conhecia os predicados morais de Frei Lourenço, houve para este grandes demonstrações de apreço. A 9 de Junho daquele ano teve lugar a sua sagração / 31 / na Catedral lisbonense, e D. João V ofereceu então ao Arcebispo as ricas vestes sacerdotais que ainda se guardam na família, determinando também que, enquanto o Prelado não retirasse de Lisboa, se servisse com carruagens da Casa Real. Quis dar-lhe ainda nessa ocasião uma copa de prata para seu uso, mas D. Frei Lourenço apenas aceitou os objectos mais necessários para as cerimónias da missa, e outras pequenas coisas, como um relógio, e alguns livros. Não tarda muito que o vejamos embarcar para Goa, a ocupar o seu alto cargo, mas encaminha-se primeiro ao Varatojo, a despedir-se dos religiosos seus companheiros, que bem sentem o seu afastamento; vai dizer também adeus à família, e na volta permanece mais algum tempo no Convento, impondo o desejo de seguir, sem alteração, as regras da comunidade que tão inteiramente observara. A 4 de Outubro de 1744 faz a sua entrada solene na Sé de Goa, tendo chegado a esta cidade, depois duma tormentosa viagem, a 29 de Março daquele ano, a bordo da nau «Nossa Senhora da Caridade».

Bem cedo a figura do Prelado se impôs ao respeito dos seus diocesanos, ressaltando logo ao espírito daquela gente, além da grande bondade do Arcebispo, o «zelo apostólico com que pregava» o «seu talento raro », vasta erudição e eloquência sagrada.

Fig. 6 − Rubrica de D. Fr. Lourenço de Santa Maria
(Grav. obsequiosamente cedida como a da fig. 3)


A doença porém embargou a brilhante carreira pastoral por ele começada em terras do Oriente, e levou-o a pedir a renúncia do Arcebispado. Em consequência disso retira dali e já o vemos em Lisboa no ano de 1752. D. Frei Lourenço de Santa Maria, alimenta, mais uma vez, a esperança de tornar à paz conventual, mas outro foi o destino que Deus lhe traçou, e vai ser nomeado agora bispo do AIgarve, por EI-Rei D. José I. Entra festivamente em Faro no dia 8 de Dezembro do dito ano de 1752, dia de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal, e por toda a parte ele recebe as mais significativas provas de respeitosa veneração.

No Algarve, é ainda hoje recordado com louvor o nome de D. Frei Lourenço de Santa Maria, e várias obras atestam a sua passagem por este bispado: mas de tudo o que ele fez, foram os passos que deu a quando do terramoto de 1755 que lhe marcaram mais vivamente o rasto, vincando-o a tradição / 32 / em letras de oiro, nos anais da Diocese. E do que temos lido e tão sentidamente nos fala da acção de D. Frei Lourenço nesse transe, nem sabemos definir bem se a figura do Arcebispo, que na nossa mente se retrata, atinge proporções mais altas quando por entre uma multidão desvairada pela dor ele surge a repartir, com o mais paternal carinho, palavras de conforto e de esperança «vendo-se rodeado de imenso povo que em altos gritos, banhados todos em lagrimas ferindo seos peitos pedião perdão e misericordia a Deos»; ou se antes, passadas as primeiras horas da tragédia, acompanhado do clero da cidade e de soldados da sua praça militar, que então comandava, percorre os lugares mais devastados pela catástrofe, para recolher os corpos das vítimas já regelados pela morte, e em lúgubre cortejo, entre responsos e lágrimas, os acompanha à sepultura. Ou ainda quando, apesar de alquebrado pelos anos e pela doença, ele próprio não carrega com alguns dos mortos para a cova!... Impressionante gesto de humildade foi também esse do Arcebispo deixar o seu Paço, indo albergar-se por algumas noites numa cabana do campo, desprovida do menor conforto para mais estreitamente se irmanar com tantos e tantos que ficaram sem pão e sem abrigo, compartilhando assim, mais de perto, do seu infortúnio; quis viver como eles, e junto deles, aquelas horas tão amargas de sofrimento e de dor.

Arquivemos neste lugar, em sequência ao que vimos dizendo sobre o Prelado ilustre cuja biografia é o principal motivo deste trabalho, esta alusão, que entre outras lemos numa obra recente, e lhe é feita a propósito do que se passou no Algarve pelo terramoto de 1755.

«Era o primeiro em assistir aos feridos e enfermos para os livrar das ruinas dos edificios que desabavam, de cujos desentulhos se poude conseguir salvar alguns com vida, e desenterrar os corpos dos que nela tinham sucumbido á morte, para lhes dar honrada sepultura, acompanhando sempre estas obras de misericordia e caridade»(46).

Pouco depois da sua chegada ao Algarve, mereceram-lhe especial atenção, como já tinha acontecido com alguns dos seus antecessores, as Caldas de Monchique, onde afluíam para tratamento muitos doentes pobres daqueles sítios. Ali fez D. Lourenço de Santa Maria obras importantes, mandando construir um banho de lodo, e ampliar o Hospital com uma alpendurada, uma cozinha, etc.; provia às necessidades mais urgentes, não faltando com dinheiro e trigo para os internados, e mandando restabelecer de novo em 1772 o lugar de médico do hospital, / 33 / [Vol. VIII - N.º 29 - 1942] que havia sido extinto «para assistir aos enfermos dele desde o dia dous de Julho, em q se abre p.ª os pobres, athe o dia vinte e nove de Setembro, em q se fecha p.ª os mesmos pobres», conforme determinou um despacho seu, de 1 de Julho daquele ano de 1772(47).

Fig. 7 − «Brasão de D. Fr. Lourenço de Santa Maria) colocado no Poente do balneário» (de Monchique). (Grav. obsequiosamente cedida como a antecedente).

De entre as obras que a este Prelado se ficaram devendo, merecem ser postas em relevo, além do que se disse, a ampliação do terreiro da Sé, para o que comprou algumas casas que o acanhavam, e a reedificação do Paço Episcopal, a que procurou / 34 / imprimir a grandeza própria do fim a que tal edifício se destinava. Ali podem admirar-se ainda «os mais belos azulejos de toda a província, no pátio, na escadaria e nas antigas salas de recepção e do trono»(48).

Assim andava o Arcebispo todo entregue aos cuidados do governo da sua Diocese quando um aviso régio o chamou à Corte, e uma vez ali, é-lhe comunicado pelo Marquês de Pombal que El-Rei pensava em dividir o bispado do Algarve em dois, e que D. Frei Lourenço poderia ir ocupar a cadeira episcopal de Aveiro, a cuja diocese pertencia, e onde ficava situada a Quinta da Graciosa, solar de sua família. A isto, o Bispo respondeu firme e terminantemente, dizendo que estava pronto a ceder o bispado, mas que a sua actividade pastoral a não reputava útil em Aveiro, terra tão próxima da sua, entre os parentes e amigos que deixara quando foi para o Varatojo; além disso, achava-se adiantado nos anos e acabrunhado pela doença, não se sentindo assim com as forças necessárias para assumir a direcção dum bispado novo, com os numerosos e variados serviços que em tal caso se requerem. Perante resposta tão clara, e sem hesitação, e talvez suspeitando de que o Prelado lhe adivinhara algum reservado pensamento, o Marquês de Pombal apressou-se a retorquir, com amável acento: «Vossa Excellencia por sua grande capacidade está ainda para muito mais...». Mas D. Frei Lourenço que nunca se tinha prendido a honrarias, e antes por inclinação e sentimento religioso queria viver modesta e recolhidamente na obediência às regras da Ordem em que professara tão devotadamente; e ainda num acto da mais perfeita humildade cristã, optou pela renúncia do bispado do Algarve, com a renda de dois contos de reis por ano para a sua sustentação. E julgou ele que, assim, estava escrita a última página da sua vida episcopal; floresce-lhe na alma, uma vez mais, a ideia de que dentro de pouco tempo se afastará de vez do mundo, escondendo-se para sempre na clausura monástica. Dirige-se então para o Varatojo, onde o seu regresso é motivo de grande satisfação por parte da Comunidade, que o venerava.

Foi nomeado um Vigário Apostólico para presidir ao governo da Diocese até que nela fosse provido prelado efectivo; mas foram-se arrastando os negócios eclesiásticos inerentes a tal caso e chega-se assim ao ano de 1777, em que, a 24 de Fevereiro, morre El-Rei D. José I. A nomeação de bispo para o Algarve ainda não estava feita; ao monarca falecido sucede sua filha, a Rainha D. Maria I; preparam-se as coisas para a sua aclamação solene. D. Frei Lourenço de Santa Maria está no Varatojo, gozando a paz que há muito almejava, e que / 35 / a subida ao trono da Soberana vai interromper: recebe ali convocação para ir assistir às festas que iam ter lugar na Corte; segue para Lisboa, e, no dia marcado, lá está a assistir à imponente cerimónia, junto do Bispo Conde de Coimbra, D. Miguel da Anunciação, seu velho amigo, e ambos eles figuras venerandas, já avançados nos anos, dando então na vista pelo seu imponente e aristocrático porte, sendo alvo de carinhosas homenagens, de certo ainda mais sentidas, na lembrança da perseguição que a ambos movera o estadista cujo mando já findara... Extintos os últimos ecos das festas, o Prelado avista-se com os Soberanos, a quem o irmão de Frei Lourenço − Frei André de Melo, religioso Tomarista, já tinha feito notar o silêncio havido na Corte à volta do caso da nomeação de bispo para o Algarve.

Fig. 8 − Assinatura de D. Fr. Lourenço de Santa Maria. (Grav. obsequiosamente cedida como a antecedente).

Foi o Arcebispo recebido com mostras do maior apreço por parte dos Monarcas que lhe comunicaram ser do seu «gosto e real serviço» e também de Deus, que ele voltasse ao seu Bispado. D. Frei Lourenço de Santa Maria, anuindo ao desejo tão amavelmente manifestado, e que tanto o distinguia, lá parte novamente para o Algarve, a tomar conta da sua antiga Diocese, dando já despacho em 31 de Maio daquele ano de 1777 (49), embora a sua entrada solene só tivesse lugar a 22 de Junho.

Mas o Arcebispo estava velho e cansado; e a doença, de mãos dadas com a idade, foi-lhe minando o organismo. Perdeu a vista: não duraria muitos anos mais. No dia 25 de Novembro de 1783 foi ele acometido dum tremor de corpo tão violento que o privou totalmente dos sentidos; / 36 / administraram-lhe o Sacramento da Extrema-Unção quando o viram assim. Teve morte edificante; antes de morrer, repetia frequentemente os nomes de Jesus e Maria e fazia sobre si o sinal da Cruz; pelas cinco horas da manhã do dia 5 de Dezembro entregava a sua alma a Deus, tendo a rodear-lhe o leito mortuário, além dos religiosos do convento de Faro, os sacerdotes capitulares e outros eclesiásticos, que acorreram a assistir aos últimos momentos do bondoso Prelado. Acabava assim uma existência que, bem ilustre por nascimento e saber, bem mais o foi ainda por suas preclaras virtudes, embora, por espírito de profunda e verdadeira piedade cristã, outra coisa não quisesse ser, que humilde, apagada criatura...

Fig. 9 − Rubrica de D. Fr. Lourenço de Santa Maria (Grav. obsequiosamente cedida como a antecedente).

Quando D. Frei Lourenço de Santa Maria morreu, não estava em Faro o bispo governador da diocese, e, em vista do rigoroso inverno desse ano, foi-lhe impossível regressar a tempo de presidir aos funerais que logo se destinaram, e a que concorreram as comunidades religiosas, o clero e a nobreza da cidade; D. Frei Lourenço foi sepultado em lugar próprio, sob a capela-mor da Sé, não tendo sido ali colocado qualquer letreiro ou sinal que nas eras posteriores pudesse lembrar o seu nome (50).

Entretanto regressava a Faro o prelado ausente, que, achando não terem sido condignas as cerimónias fúnebres realizadas, não demorou a ordenar outras que revestissem maior solenidade. E nos dias 15 e 16 do referido mês de Dezembro, precedida de / 37 / vésperas, foi celebrada missa de Pontifical, seguida das descargas do estilo no terreiro da Sé, como homenagem ao Arcebispo, na sua qualidade de antigo governador que fora da praça militar do Algarve; e ao mesmo tempo que isto aqui se passava, no convento do Varatojo, os antigos companheiros de Frei Lourenço iam-lhe também sufragando a alma com exercícios piedosos e numerosas missas, rezadas pelo seu eterno descanso.

Chego ao momento de dar por findas estas ligeiras notas; e se reconheço ter, por um lado, cumprido um dever que me impôs o meu culto regionalista, grande pesar é o meu de não ter sabido fazer melhor, pois o que aí fica está muito aquém do que merecia a personalidade cuja biografia tentei fazer: socorro-me então mais uma vez da obra de Frei Manuel de Maria Santíssima, de onde colhi tantos dos elementos com que organizei este trabalho, e remato com as palavras que a seguir se transcrevem, cuja síntese admirável seria, só por si, bastante para traçar o perfil do Prelado eminente, que não só honrou a terra onde nasceu, mas também a diocese a cujo governo espiritual, por largos anos, e tão brilhantemente, presidiu.

«A extremosa caridade e compaixão que tinha com as miserias e necessidades alheias lhe mereceu justamente o nome de pai dos pobres, verdadeiro amigo da humanidade socorro pronto dos atribulados e miseráveis Bispo Santo e continuo remediador e protector dos pobres de Jesú Christo naquelle Reino.»

SOARES DA GRAÇA

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DOCUMENTOS UMA CARTA DE D. FREI LOURENÇO DE SANTA MARIA

«Meu Irmão e S.r muito do coração: recebo a vossa carta de 18 de Novembro, e com ella o gosto das vossas noticias, e da Mana, a quem desejo a continuação da saude qe logra: estimo as melhoras do Mano Mons.or, sentindo não sejão tão crescidas como eu lhe desejava: a elle me recomendo e á Mana e ao Mano Fr. Andre, a quem não posso escrever neste correo.

Todas as noticias qe escrevi sobre o Prazo de Villa Nova, forão tiradas de hũa certidão q.e o Primo Prior de S. Tiago foi tirar ao cartorio de Lorvão haverá 30 annos pouco mais ou menos, e se conservava entre os mais papeis na gaveta pertencente a este prazo. Que o segundo imprazam.to fosse feito em 2 de Janeiro de 1440 e não em 2 de Janeiro de 1490 não tenho duvida; porqe poderia ser erro de escrivão qe passou a certidão e me parece o mais verocimel: pois sendo o primeiro imprazam.to feito em 7 / 38 / de Agosto de 1435 a Pedro Alvres e a sua mulher Beatriz Peres, qe já terião edade avansada vivessem ainda sincoenta e sinco annos, para por morte delles se fazer o segundo emprazam.to a seu filho Pedro Ferreira Cavaleiro da Ordem de S. Tiago e a sua mulher Beatriz da Costa no anno de 1490; o qe ẽntendo he qe Pedro Alvres e sua mulher Beatriz Feres viverão só sinco annos; e qe no de 1440 he qe se fes a renovação ao d.º Pedro Ferreira, e a sua mulher Beatriz da Costa.

Que o dito Pedro Ferreira fosse filho de Pedro Alvres e de 1.ª m.er Beatriz Peres, he para mim evidente; pois consta do d.º segundo imprazamento, em qe se nomea treceira vida e se fas menção das bemfeitorias qe seu Pay, e May tinhão feito no d.º Prazo e de qe nelle tinhão sido 1.ª e 2.ª vida. O dizer Gonçalo Pires Bandeira, qe Diogo Ferreira Veles era Pay de Pedro Ferreira, me parece sem fundam.to; e qe procedeo de hum Brazão qe na gaveta referida se acha desse Fidalgo, qe segundo m.ª lembrança era filho ou neto de hũm Gomes Ferreira Porteiro-Mor DeI Rey D. Afonso 5.º, e se se computarem os annos, me parece se conhecerá a impossibilid.e á vista do qe não vos embaraceis com ninharias: são passados mais de trezentos annos, e por aquelle tempo muitos Fidalgos e Cavalheiros vivião encostados a outros Snr.s como podereis ver na vida do Condestável D. Nuno, e nas Chronicas do Reyno: os Cunhas Snr.s de Pombeiro não são parentes da Caza Real, qe por falta de dispensa annullou EI-Rey D. Fernando o cazamento de João Lourenço da Cunha com sua M.er D. Leonor Telles, e se cazou com ella, e foi Raynha de Portugal e May da Raynha de Castella: este he o meu parecer na referida materia.

Estimo as lembranças dos primos de Anadia, e dos Am.os de Ois, e lhe correspondo agradecido: em tudo fico as vossas ordens, e ao vosso dispor. A vossa Pessoa G.de Ds M.º A.º Faro 4 de Dezembro de 1753 Irmão qe m.to vos ama e venera

Arcebispo Bispo do Alg.e (51)

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(1) Lugar pertencente à freguesia de Avelãs de Cima, onde se mantêm ainda as designações de «Quinta do Paço» e «Fonte do Paço», reminiscências do velho solar que foi assento da família da Graciosa; existem também ali alguns vestígios de construções antigas já demolidas, e que faziam parte da velha moradia senhorial.

(2) A inscrição tumular, hoje sumida, dizia: «Sepultura de Donna Maria de Miranda Pereira mulher que foy de Francisco de Mello de Sampaio; filha de Sebastião Prª de Miranda e de Donna Fr.ca de Mendonsa. Faleceo a 20 de Agosto ele 1684 annos.» Vide ROCHA MADAHIL, Informação Paroquial de Avelãs de Cima, in Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. IV . 

(3) Francisco de Melo de Sampaio faleceu na Graciosa a 28 de Setembro de 1711; foi sepultado em campa pegada à de sua esposa. Ali foram enterrados também D. Mariana de Melo, sua filha, falecida a 14 de Agosto de 1716; António Luís de Melo, irmão desta, falecido na Graciosa a 30 de Outubro de 1741; José de Melo de Sampaio Pereira de Figueiredo, falecido a 11 de Abril de 1778, etc. etc.

(4) Memória já cit..

(5) O desenho que ilustra esta página foi corrigido à vista de decalque feito sobre a sepultura de D. Maria de Miranda, em Avelãs de Cima. Ao conhecido e abalizado professor de arte J. F. SANTA MARIA, por obsequiosa intervenção do distinto director do Museu da Figueira da Foz, Professor Vítor Guerra, devo o poder inseri-lo aqui: a ambos ficam consignados os meus agradecimentos.  

(6) Frei Manuel das Chagas, Notas para a sua biografia.

(7) História do Real Seminário e Convento do Varatojo, já cit. História da Igreja em Portugal, de FORTUNATO DE ALMEIDA, parte II, t. lII. Memórias do Bispado do Algarve, de BAPTlSTA LOPES; Boletim da Diocese do Algarve; Memórias das Caldas de Monchique, pelo Dr. SILVA CARVALHO, 1939, onde pode ver-se o seu retrato; O Bispo Santo D. Francisco Gomes de Avelar, do Padre JOSÉ CABRITA, 1940; Guia-Álbum do Algarve, por MÁRIO LYSTER FHANCO, 1932, etc.

(8) Encontro-o, ainda criança, a servir de Padrinho num baptizado que se realizou em Avelãs de Cima a 24 de Janeiro de 1710. 

(9) Não passo adiante, sem deixar aqui expresso o meu vivo reconhecimento ao Ex.mo Senhor Marquês da Graciosa pelas inúmeras atenções com que me distinguiu a sua fidalga gentileza, permitindo-me o exame da documentação existente no arquivo daquele solar, onde colhi elementos que muito realce vieram trazer a este trabalho.  

(10) Lê-se no Foral de Avelãs de Cima: «E Junto do dito loguo de famalicã contra alfelas ha el Rey hũa povoa a que chamõ povoa de Roupeiro.» (Vide ROCHA MADAHIL, Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. VII.

(11)Informação Paroquial de Avelãs de Cima, já cit..

(12)A capela que hoje existe é dos princípios do século XVIII. Das Irmandades fundadas por Francisco Pereira de Miranda, julgo que já nenhuma existe. A de Avelãs de Cima tinha a designação de «Confraria de N.ª Senhora da Escravaria», e deve ter sido instituída nos fins do século XVI ou princípios do seguinte; encontrei-lhe várias referências nos livros do Registo Paroquial daquela freguesia, e assim, vejo-a mencionada em dois assentos de óbito, um do ano de 1640, outro de 1677, onde é referida por «Irmandade dos Escravos de Nossa Senhora». O nome mais citado é o primeiro, e assim lhe chama o Dicionário Geográfico do P. LUÍS CARDOSO, ed. de 1747, que lhe atribui 400 irmãos; usavam vestes brancas com murças azuis; É-lhe dado também este nome, na Informação Paroquial de Avelãs de Cima. No cartório paroquial, vi um documento de 1777, em que figura com o nome «Confraria da Escravaria»..

(13)A imagem de N.ª Senhora do Rosário, não pude apurar que rumo levou; mas a de S. Sebastião julgo ser a que ainda hoje se encontra ao culto, porém tão recoberta de grosseiras tintas, que não deixa ver o valor que dela se afirma..

(14)Informação Paroquial de Avelãs de Cima, já cit. D. Ana da Cunha, acima referida, era filha de João de Castilho, Caçador Mor do Rei D. João III (Arquivo C. G.). Onde pára este Cruzeiro? Ninguém o sabe dizer!...

(15)Teve uma filha, Dona Luísa de Melo, casada que foi com Cristóvão de Almada, Provedor da Casa da Índia.

(16)Não existe já esta ermida. Em 1625 estava ela ainda ao culto, pois tenho nota de que se realizou ali o casamento do Licenciado Jacinto de Abreu com Maria de Mariz, filha de Miguel Ferreira e de Ana de Mariz, de Avelãs de Cima.  

(17)Todos quatro, filhos de Rui Pereira de Miranda e de D. Ana da Cunha, Senhores de Carvalhais; netos de António Borges que herdara o senhorio destas terras, doadas a seu pai Gonçalo Borges, por D. Afonso V. (Arquivo da C. G.).

(18) − Filha de Heitor de Mariz e de Dona Helena de Figueiredo. Transcrevo o registo do seu casamento (fig. 5), que teve lugar no ano de 1581: «Foi recebido luis pereira de miranda f.º de Ruy pereira e de donna Anna cõ donna maria f.ª de eitor de maris e de D. Ilena de Figueiredo».

(19)F. DE ALMEIDA, História da igreja em Portugal, vol. III parte II.

(20)Registo de baptismo de Sebastião Pereira de Miranda. Tombo Paroquial de Avelãs de Cima, ano de 1585, 26 de Janeiro. «Figueira − Sebastião − No mesmo dia foi batisado bastiam f.º de luis pereira e de sua molher dona maria mo.rs na figeira; forão padrinhos fr.co pereira e dona violante foi batisado por seu tio migel de mariz ». Faleceu em 1638. 

(21)Filha de Manuel Nunes de Mendonça e de D. Sabina de Sequeira.  

(22)Baptizado em Avelãs em 13 de Outubro de 1618, sendo seu Padrinho Cristóvão de Almada.   

(23)Encontro-o a servir de padrinho num baptizado em Avelãs, em 1639.  

(24)Inf. Paroquial de Avelãs. Vê-se que António P. de Miranda foi cavaleiro esforçado, portando-se com bravura nos Estados da Índia, o que levou o Rei a dar sentimentos ao pai, a quando da sua morte, chamando-lhe «bom e Leal Vaçalo».   

(25) − Arquivo da Casa da Graciosa, Tombo Genealógico.  

(26)Arquivo da Casa da Graciosa, Tombo Genealógico..   

(27)Baptizada em Avelãs em 22 de Dezembro de 1622.  

(28)Baptizada em 23 de Julho de 1622; foram seus Padrinhos Miguel Ferreira e Maria de Mariz, de Avelãs.

(29)Figura com seu pai Sebastião Pereira de Miranda, num baptizado que teve lugar em Avelãs, em 23 de Agosto de 1640.

(30)Aparece madrinha num baptizado em 26 de Dezembro de 1623.

(31) Baptizada em 1 de Janeiro de 1627.

(32) − Filho de António Luís de Melo de Sampaio e de D. Maria Botelho, do Remirão, Bispado de Viseu.

(33) − Foi educanda no Mosteiro de Celas, onde professaram muitas pessoas da família. Encontro D. Mariana, juntamente com seus irmãos António e Sebastião, a assistir na igreja de Arcos à cerimónia do Crisma que ali teve lugar em Julho de 1673, presidida pelo Bispo de Coimbra D. Frei Álvaro de S. Boaventura, estando também seus pais Francisco de Melo de Sampaio e D. Maria de Miranda, além dos 8 criados da casa, Maria, Maria, Catarina, Domingos, Pedro, Francisco, Manuel e Miguel.

(34) − Paroquiou a freguesia desde 1698 a 1743, ano em que faleceu. Foi no seu tempo de pároco que se fez de novo a igreja actual, que é um templo amplo, em boa construção do primeiro quartel do século XVlII. 'O Prior Sebastião P.ª de Miranda jaz sepultado na capela-mor da igreja de Avelãs, e lê-se na sua sepultura esta inscrição: «Aqui jas Seb.am Per.ª de Miranda Fidalgvo Capelam da casa Rial e Prior Q Foi desta igreja. Faleceu a 29 de Setembro de 1743.

(35) − Baptizado a 27 de Agosto daquele ano. Foram Padrinhos o Dr. Manuel Homem Freire, Conservador da Universidade de Coimbra e D. Ângela Pereira, religiosa em Celas.

(36) − Filha de António Viçoso da Veiga e D. Clara de Sampaio, do Bispado de Viseu. Falecida na Graciosa em 3 de Fevereiro de 1744. Dispôs que lhe fizessem ofícios sem pompa.

(37) − Foi baptizado em Arcos em 18 de Setembro daquele ano.

(38) − Baptizado em Avelãs a 26 de Abril de 1702, sendo seus padrinhos o Prior Sebastião Pereira de Miranda e D. Rosa de Sampaio, tia materna; faleceu na Graciosa a 28 de Novembro de 1741. Sepultado na igreja de Avelãs.

(39) − Foi baptizado em Avelãs a 24 de Janeiro daquele ano; diz assim o seu assento de baptismo: «Sam P.º Lourenso Em os vinte e quatro dias do mez de Janeiro baptizei a Lourenço filho de meu irmão António Luiz de Mello e Sampayo e de sua m.er D. Michaella. Vissozo de S. Payo; foram padrinhos Duarte Theixeira natural e Prior da Colegiada da ViIla de Chaves q com procuraçam sua e em seu nome assestio ao Baptismo Francisco de Mello de S. Payo avo paterno do Baptizado; e sua tia D. Mariana de Mello educanda no convento de Santa Maria de Cellas de Coimbra e em seu nome e com procuraçam sua assestio Francisco Eugenio de Mello e S. Payo irmão do sobredito Baptisado anno de 1704 O Prior Seb.am P.ra de Myr.da.

(40) − Foi baptizado a 6 de Dezembro de 1705, sendo seus padrinhos Miguel Fernandes de Andrade, desembargador do Paço e sua mulher D. Ana Brandão, ao tempo residentes em Coimbra. Encontro Frei André de Melo a servir de padrinho num baptizado que teve lugar na igreja de Arcos a 16 de Outubro de 1750, de um filho de João das Neves e de Ana de Mariz; e em 18 de Agosto de 1755, encontro-o novamente na Bairrada, assistindo ao baptismo de um irmão do célebre escultor Machado de Castro, que se realizou na igreja de Tamengos. Residiu algum tempo no Colégio de S. Tiago, de Coimbra.

(41) − Baptizado em Avelãs a 22 de Março de 1707, sendo padrinhos Miguel Barbosa Carneiro, Desembargador da Mesa da Suplicação e Deputado do Santo Oficio em Lisboa e Dona Joana Luísa de Almada, irmã de Cristóvão de Almada, e ao tempo Abadessa do Convento de Santa Clara, em Coimbra.
No livro Cronica dos Valerosos e Insignes Feytos dei Rey D. João II de GARClA DE RESENDE, acrescentada com uma Miscelanea por LUÍS DE MORAIS E CASTRO, ed. de 1752, obra que é dedicada a João de M. de S. Pereira, o A. dá este fidalgo como descendente de alguns monarcas e, como tal, de um irmão de S. Luís, rei de França, dizendo-o também, pelo lado dos Pereiras, descendente de D. Henrique Pereira, irmão do Condestável D. Nuno Álvares Pereira.

(42) − Baptizado a 23 de Dezembro de 1708, sendo padrinhos Gaspar Cardoso de Carvalho, desembargador da R. do Porto e sua mulher D. Ana Maria de Araújo.

(43) − Baptizado em Avelãs a 17 de Novembro de 1710, sendo seus padrinhos o Licenciado Manuel Adrião, da vila de Aveiro e D. Joana Micaela de Andrada, educanda no Convento de Santa Ana, de Coimbra.

(44) − Baptizada em 17 de Dezembro de 1711, sendo padrinhos Martim de Távora Castelo Branco, da Quinta de Ois do Bairro e D. Bernarda Teles de Meneses, religiosa no Convento de Lorvão.

(45) − Foi baptizado em 11 de Novembro de 1714. Foram padrinhos o Licenciado Manuel Adrião, da vila de Aveiro e D. Quitéria Freire, religiosa do Convento de Celas.

(46)Memórias das Caldas de Monchique, cit., pág. 70 v.º

(47) − Memórias das Caldas de Monchique) cit., pág. 72.

(48)Guia-Álbum do Algarve, por MARIO LYSTER FRANCO, edição de 1934.

(49)Memória Monográfica de Vila Nova de Portimão, pelo P.e JOSÉ GONÇALVES VIEIRA, edição de 1911.

(50) − «Não era Prelado que gostasse de ostentações» disse-me em carta o Rev.º P.e José Cabrita, a quem fico devendo amáveis informações, dadas na sua qualidade de bom conhecedor das tradições algarvias. A Sua Rev.ª, bem como ao rev.º Arcipreste da Figueira da Foz, P.e José Lourenço dos Santos Palrinhas, que me pôs em comunicação com a Secretaria do Bispado, os meus melhores agradecimentos.

(51) − Arquivo da Casa da Graciosa.−

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