CINCO anos completos já
volveram, sobre o aparecimento do primeiro numero desta revista. Já
dormem na sepultura alguns dos indivíduos que receberam em manifestações
de verdadeiro júbilo a notícia da tarefa a que metemos ombros.
À frente do primeiro volume, manifestámos os nossos
desinteressados e generosos intuitos em favor do Distrito de Aveiro; ao
iniciar o segundo ano, demos curso à nossa satisfação em face do êxito
alcançado, e isso a despeito dalgumas desilusões que tivemos no limiar
do terceiro, do quarto e do quinto ano, foram ainda de esperança e de
confiança as nossas palavras introdutórias.
Chegámos agora à altura em que é necessário
revestirmo-nos de coragem e dispormo-nos talvez ao sacrifício material.
Se, até aqui, o ARQUIVO tem tido vida desafogada, outro tanto pode não
acontecer doravante, visto já começar a sentir-se a nefasta influência
da guerra que domina a vida mundial e cujas consequências e repercussões
ninguém pode totalmente descortinar. Por agora, vemo-nos já a braços com
grandes obstáculos: papel muito mais caro, mão de obra agravada e
diminuição do número de assinaturas, em grande parte motivada pela morte
de dedicados amigos desta publicação.
Poder-se-á aguentar o nosso pequeno batel no meio da
tormenta? Apesar de tudo, ainda, nos move a esperança! Contamos, como
até aqui, para a prossecução desta cruzada 'a favor do Distrito, com o
auxílio dos nossos colaboradores e assinantes. Se
/ 4 / as dedicações nos não faltarem, temos a
certeza de que venceremos: pelo nosso lado, não deixará de. continuar a
ter o Distrito de Aveiro um órgão em que a sua vida social, industrial,
artística e política, passada e presente, fique registada, para
conhecimento das gerações futuras.
«Sursum corda!»
Aveiro, Março de I940.
ANTÓNIO GOMES DA ROCHA MADAHIL
FRANCISCO FERREIRA NEVES
JOSÉ PEREIRA TAVARES |