Alfredo de Kennedy-Falcão, D. José Xavier Cerveira e Sousa, Vol. IV, pp. 48-52.

FIGURAS ILUSTRES DO DISTRITO DE AVEIRO

D. JOSÉ XAVIER CERVEIRA E SOUSA

FOI o sexto filho do Dr. José Xavier Cerveira, que ocupou vários lugares na antiga magistratura, e de sua mulher D. Rosa Joaquim de Sousa, residentes na sua casa de Mogofores, do concelho de Anadia.

Dom José Xavier Cerveira e Sousa doutorou-se na faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra, sendo pouco depois apresentado pároco na freguesia de Castelo Viegas, concelho de Coimbra, e depois transferido para a freguesia de Aguada de Cima, do concelho de Águeda, que paroquiou por mais de seis anos.

A seguir foi chamado a exercer as funções de lente de Teologia da Universidade de Coimbra; e mais tarde apresentado pelo governo português e confirmado pela cúria romana para a vaga de prelado existente na diocese funchalense desde Maio de 1834.

Foi confirmado bispo a 14 de Junho de 1843, e recebeu a sagração episcopal a 2 de Junho do ano seguinte.

Chegou à Madeira para tomar posse da sua diocese a 8 de Julho de 1844, e governou este bispado até os princípios do ano de 1848 em que foi transferido para a diocese de Beja por decreto de 18 de Abril do mesmo ano.

Em 1859 foi nomeado bispo de Viseu, tendo exercido este episcopado até 15 de Março de 1862, data em que faleceu na sua casa de Mogofores, onde tinha nascido a 27 de Novembro de 1797.

Está sepultado na capela-mor da igreja paroquial desta povoação.

No Elucidário Madeirense, da autoria do sr. P.e FERNANDO AUGUSTO DA SILVA, tecem-se os maiores elogios à forma como este prelado administrou a diocese funchalense, «apesar das / 50 / lutas que teve de sustentar contra a propaganda calvinista nessa ilha, e das grandes dificuldades que assoberbaram o seu episcopado».

BRASÃO DE ARMAS DE D. JOSÉ XAVIER DE CERVEIRA E SOUSA

Escudo partido em três campos.

No primeiro, Pereiras, de vermelho, com uma cruz de prata florenciada e vazia.

No segundo, Cerveiras, de prata, com duas cervas de púrpura passantes uma sobre a outra,

No terceiro, Sousas, esquartelado: 1 e 4 de Portugal antigo; de prata com cinco escudetes de azul postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes de prata postos em santor; 2 e 3 de prata com um leão de púrpura.

Timbre o dos Pereiras, uma cruz florida de vermelho, ladeada de duas asas de oiro, estendidas, colocadas sobre a coroa de Conde por ser par do reino; e sobre o timbre, chapéu forrado de verde como o dos patriarcas com cordões de seda da mesma cor, entrelaçados; de lado tem seis borlas dispostas pela seguinte forma: uma, duas, e acabando em três.


IRMÃOS DE D. JOSÉ XAVIER CERVEIRA E SOUSA

1

Albino Xavier de Cerveira e Sousa, capitão-mor do distrito dos coutos de Aguim.

Faleceu solteiro.

2

D. Justina Fortunata Cerveira Leão, nasceu em Mogofores a 19 de Abril de 1790.

Casou em Barrô de Luso com Francisco de Assis Leão, natural da freguesia de Luso.

Foi mãe do distinto e respeitado advogado Dr. Alexandre de Assis Leão, que organizou com os drs. António Augusto da Costa Simões e Francisco António Diniz a «Sociedade para o melhoramento dos banhos de Luso», cujos estatutos foram aprovados por assembleia geral dos accionistas em sessão de 27 de Agosto de 1853, tendo sido este o primeiro passo para o desenvolvimento dessas afamadas termas. Era condecorado com a comenda de N. Senhora da Conceição e exerceu o cargo de administrador e de presidente da Câmara Municipal da Mealhada, / 51 / onde deu provas da sua muita actividade e bom tino governativo.

Faleceu a 13 de Fevereiro de 1910, tendo de idade 90 anos. Morreu solteiro bem como suas irmãs D. Justina, D. Clara e D. Márcia.

3

Joaquim Basílio Cerveira de Sousa, nasceu a 14 de Junho de 1792 e faleceu a 8 de Dezembro de 1880.

Berlinda que Dom José Xavier de Cerveira e Sousa utilizava como meio de transporte na Ilha da Madeira. Está actualmente na posse do seu segundo sobrinho Dr. Manuel Luiz Ferreira Tavares, de Mogofores.
Esta berlinda figurou nas festas da Curia em 1927.

Foi capitão da companhia de Mogofores, pertencente à capitania-mor de Aguim. Em 1832 esteve preso na Relação do Porto por motivos políticos, tendo sido absolvido por acórdão da Régia Alçada por falta de provas.

Foi casado com D. Maria Carlota de Albuquerque e Castro, havendo deste casamento dois filhos e três filhas, entre eles o falecido general Joaquim Basílio Cerveira e Sousa de Albuquerque e Castro que foi deputado da Nação, Governador Civil do Norte, Director Geral das Colónias, Ministro de Estado e Lente da Escola do Exército. / 52 /

4

D. Maria Benedita Cerveira e Sousa. Nasceu a 10 de Fevereiro de 1793 e faleceu solteira.

5

Dr. António Xavier Cerveira e Sousa, do concelho de Sua Majestade, deputado em várias legislaturas, e juiz do Supremo Tribunal de Justiça, nasceu a 8 de Julho de 1795.

Casou em primeiras núpcias com uma Senhora de Vale de Remígio, e em segundas com D. Joana Adelaide Lisboa, de quem teve um filho e uma filha: o Dr. José Xavier Cerveira e Sousa e D. Mariana Xavier Cerveira e Sousa Cabral das Neves, ambos já falecidos, a última a 24 de Abril de 1933 com 79 anos de idade, não deixando descendência.

6

D. Jerónima Augusta Cerveira e Sousa, nasceu a 9 de Setembro de 1800 e faleceu solteira a 12 de Março de 1892.

7

D. Maria da Piedade Cerveira e Sousa, nasceu a 23 de Fevereiro de 1804.

Casou em 1837 com o Dr. Joaquim Lebre de Sousa e Vasconcelos, antigo voluntário académico, chefe da brigada número dez das Companhias das Ordenanças do distrito de Mortede, Mogofores e Casal-Comba; Lente de Matemática e Vice-Reitor da Universidade de Coimbra. Faleceu a 30 de Outubro de 1878.

Do seu casamento houve dois filhos: D. Rosa Joaquina Lebre de Sousa e Vasconcelos, casada com Francisco Luís Ferreira Tavares, Barão do Cruzeiro e o Dr. José de Vasconcelos Cerveira Lebre, casado com D. Ana Máxima de Vasconcelos Azevedo.

Os descendentes destes últimos vivem em Mogofores e na Mealhada.

CASTILHO, nas suas Memórias, a páginas 142 e 239 do primeiro volume da segunda edição, refere-se a alguns membros desta família, seus próximos consanguíneos.

Mealhada, Janeiro de 1938.

ALFREDO DE KENNEDY-FALCÃO

 

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