O ARQVIVO DO DISTRITO DE
AVEIRO dará sempre notícia das obras à sua Redacção enviadas quer por
autores quer por editores.
De harmonia com a prática
seguida pelas publicações suas congéneres, fará também algum comentário
crítico aos livros de que receba dois exemplares.
Recebemos e agradecemos:
ADOLFO FARIA DE CASTRO
«IMPRESSÕES DE ARTE»
(1925-1935)
Coimbra, Coimbra Editora,
Ld.ª, 1936
Na época presente em que a
cultura física, o orgulho da força e o grosseiro materialismo dominam o
pensamento e a acção dos homens, é de louvar todo o trabalho que
contribui para a educação do espírito, encaminhando-o para uma vida
superior afastada das baixas paixões e vis interesses. Tal é a obra do
Sr. Dr. Faria de Castro, a que pôs o nome singelo de Impressões de
Arte, e que vem concorrer para a educação artística dos portugueses,
geralmente muito defeituosa. O livro está escrito em linguagem
despretensiosa, clara e acessível, e compreende catorze pequenos
capítulos referentes a impressões que o autor recolheu em exposições de
arte e monumentos que visitou, desde 1925 a 1935. Fora do texto há
vários desenhos inéditos de autores consagrados.
Em cinco dos capítulos
dá-nos notícia pormenorizada de quadros pintados pelos melhores artistas
portugueses contemporâneos, e deles faz a crítica; pelos nossos olhos
desfilam os nomes dos nossos mestres na pintura, e é com satisfação que
vemos o alto grau de perfeição que esta tomou em nossos dias.
Os restantes capítulos são
intitulados: O tesouro da Colegiada; A Pintura a fresco; Ex-librismo;
Soares dos Reis; Os presépios; Évora, cidade-museu; Sobre ourivesaria,'
Monumentos do Norte; À margem da Arte.
Em todo o livro se reconhece
a sensibilidade apurada do autor, e o seu amor pela arte portuguesa; e,
se mostra manifesta predilecção pela pintura, é certo que também a
escultura e a arquitectura prendem a sua atenção.
É muito interessante o seu
artigo sobre os ex-libris, pequenas obras de arte que actualmente já
contam numerosos cultores em Portugal.
O autor faz o elogio dos
ex-libris, salientando a sua beleza, significado e utilidade.
Destacam-se ainda, Os
presépios; Évora, Cidade-Museu; e Sobre Ourivesaria.
O autor mostra a sua
simpatia pelos presépios, tão vulgarizados em Portugal, feitos por
mestres como Machado de Castro, a quem especialmente se refere, e aos de
origem popular, feitos por ignorados barristas.
No capítulo Sobre
Ourivesaria, a arte popular por excelência, o autor aprecia alguns
livros publicados sobre a ourivesaria portuguesa e faz o elogio dos
nossos lavrantes e objectos fabricados. E oportuno este breve estudo,
pois necessário se torna preciso coligir elementos para a história desta
tão estimada arte e de todos tão bem compreendida.
Nos Monumentos do Norte faz
o autor referências a alguns monumentos / 79 / que visitou, e mostra a
sua discordância da restauromania dos monumentos nacionais quando o
restauro não é feito com o devido rigor.
No capítulo Évora,
Cidade-Museu, o autor fala-nos das maravilhas de arte de Évora −
«escrínio de jóias de Arte, boceta de relíquias sagradas.» Confessa que
tais maravilhas o deslumbraram. De facto, causa admiração, a todos
quantos puderem pisar o solo da risonha cidade coração do Alentejo, a
enorme quantidade de obras de arte de todos os géneros que dentro dos
seus muros se guardam. Muito mais do que nos diz, nos poderia ter dito o
autor, porque para isso não lhe faltava talento, cultura, espírito de
observação e crítica. Não o fez, por certo, em virtude das poucas horas
que lá passou. No entanto, o que diz é já de molde a chamar a atenção
para tantas riquezas e belezas, se bem que a breve descrição que nos
apresenta não faça mais que dar-nos um vislumbre da antiga grandeza
histórica e artística da cidade de Évora.
Só é possível avaliar os
inumeráveis valores artísticos desta cidade, visitando-a, e então,
admirar aí as ruínas do seu templo romano, único em Portugal, contemplar
a sua Sé, examinar os vestígios de arte em diversos estilos que
abundante e inesperadamente surgem a nossos olhos, admirar as suas
fortes muralhas, torres, arcos, aquedutos, ermidas, templos, conventos,
palácios, janelas, pórticos, quadros, azulejos, ruas, praças, trajos,
costumes.
Évora é sem dúvida, toda
ela, um grande museu de arte, que começa nos cunhais das suas casas,
segue pelas (achadas e interiores dos seus palácios e templos, e termina
no recheio dos, seus museus.
Todos os portugueses deviam
conhecer a rica cidade de Évora. Formosíssimas lições de arte e de
história a todos ela pode dar.
O nome do professor Dr.
Faria de Castro é já bem conhecido nos meios intelectuais, e a presente
obra, por certo, não é mais que o prólogo de outras de maior fôlego, com
que o autor virá enriquecer a literatura artística e contribuir para o
desenvolvimento dos sentimentos estéticos do povo português. Não resta
dúvida também de que as Impressões de Arte são valiosos subsídios para a
história da Arte em Portugal.
F. N.
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BOLETIM DA CASA DAS BEIRAS −
LISBOA − Valiosa revista mensal regionalista que se ocupa de estudos de
investigação e de problemas relativos à região das Beiras (Beira Alta,
Beira Baixa e Beira Litoral). Com os n.os 4, 5, 6 do
corrente ano entrou no seu segundo ano de vida depois de ter mostrado os
benefícios da sua existência. Assim se lê no primeiro artigo destes
números: − «A sua influência começa a sentir-se na atracção de muitos
belos espíritos das nossas Beiras que, no ambiente do Boletim se
aproximam da Casa das Beiras», na colaboração das Câmaras Municipais e
agremiações que nas questões de interesse local sentem no Boletim o
arauto moral das suas aspirações; no intercâmbio de simpatias de
concórdia, de transigências, outrora atitudes irredutíveis, que se
fundem num belo movimento de unidade regionalista, em que tantas
inteligências desavindas, tantas forças antagónicas, se sentem,
repousadas dos velhos desatinos, empenhadas numa serena obra de
reconstrução e de unidade social.»
ÁLBUM FIGUEIRENSE. − Publicado na Figueira da Foz: Recebemos os números
1 a 7, de 1935, desta interessante revista de estudos e documentação
local.
ESTUDOS − Revista de cultura e formação católica − COIMBRA − N.º 143 e
144. Órgão do C. A. D. C.
Com o n.º 143-144 iniciou o
seu XIII ano de publicação. No artigo de abertura, − Rumo − define-se o
fim e orientação da revista:
«Resultado do colectivo
esforço de muitos − unidos todos pela mesma vontade de bem servir −
Estudos são, ou deviam ser, prediletamente uma revista moça e alegre de
rapazes para rapazes, de estudantes para estudantes, de companheiros
para outros companheiros».
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Manterá a orientação já conhecida, mas procurará ser «uma revista actual
directamente integrada no movimento geral das ideias do nosso tempo».
A UNIÃO. Lisboa − Órgão Oficial do Centro Católico Português. A sua
finalidade está expressa em o n.º 294 de Janeiro de 1936, com o qual
inaugura o seu XVII ano de publicação:
«Compreendendo e
reconhecendo que as soluções da hora presente dependem mais de condições
morais que de condições de outra ordem, «União» propõe-se tratar
sobretudo daquelas, procurando; tanto quanto possível, desenvolvê-las na
vida portuguesa, num sincero prop6sito de harmonia, e avivando a
lembrança (que parece por vezes não existir) de que todos nascemos nesta
terra, e de que afinal os defeitos, que nela descobrimos, são apenas os
nossos próprios defeitos».
REVISTA PORTUGUESA DE COMUNICAÇÕES − LISBOA. − Revista mensal notável,
que estuda os problemas financeiros e económicos mais importantes:
caminhos de ferro, camionagem, marinha mercante, aviação, telefonia,
electricidade, minas, portos, estradas, turismo, cultura.
Recebido o n.º III
RIBATEJO ILUSTRADO − SANTARÉM; receberam-se os n.os 1
e 2 (ano III). Revista consagrada ao interesse da região ribatejana.
ARQUIVO HISTÓRICO DA MADEIRA, primorosa revista mantida pelo Arquivo
Distrital do Funchal e pela Junta Geral do Distrito, e superiormente
orientada pelo Dr. João Cabral do Nascimento, director do mesmo Arquivo.
Óptima colaboração, e
magnífica apresentação. Recebemos os n.os 1 a 3 do volume IV.
CANÇÕES DA BEIRA MAR − Música de Fausto Neves, Letra de Carlos de
Morais, Alberto Barbosa (Béka) e José Martins da Silva (João do Norte).
VAREIRA − Marcha-canção. − Música de Fausto Neves, letra de Carlos de
Morais.
DOCUMENTOS PARA A HISTÓRIA DAS CAPITANIAS DA MADEIRA, publicados e
anotados pelo Dr. João Cabral do Nascimento. Lisboa, 1930.
LABOR. AVEIRO. − Revista de ensino secundário. N.º 71.
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«GRANDE ENCICLOPÉDIA
PORTUGUESA E BRASILEIRA»
Completou o seu 1º volume e
publicou já o 1º fascículo do volume imediato esta notável obra que veio
documentar as possibilidades editoriais do nosso pais e se propõe
colocar Portugal a par das nações onde a bibliografia dicionarística é
especialmente cuidada.
A parte publicada representa
já um esforço a que é necessário prestar homenagem e fazer justiça.
Continuando a chamar a
atenção dos seus leitores para a Grande Enciclopédia Portuguesa e
Brasileira, o Arquivo do Distrito de Aveiro cumpre o que julga dever de
toda a Imprensa da Língua Portuguesa de aquém e de além Atlântico.
A obras desta natureza e
âmbito não se deve regatear auxílio. O próprio interesse nacional o
impõe.
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