FIGUEIREDO e
Bemposta são lugares pertencentes à freguesia do Pinheiro da Bemposta,
concelho de Oliveira de Azeméis. O foral que o «Arquivo» agora publica
foi copiado do original, actualmente na posse do Sr. Eduardo de
Albuquerque de Quadros Corte Real, da casa da Bemposta, que gentilmente
no-lo emprestou.
Acerca da
Bemposta e do respectivo foral, copiamos dos «Anais do Município de
Oliveira de Azeméis», Porto, 1909:
No lugar da Bemposta, antiga sede do concelho da Bemposta, existe ainda
o pelourinho, a casa dos paços do concelho e a cadeia. Encontram-se as
seguintes referências ao Pinheiro e à Bemposta no «Registro das çidades,
vilas e logares que ha em a comarqua da Estremadura», feito por ordem do
rei em 1527, transmitida ao licenciado Sebastião da Fonseca, corregedor
da Estremadura, e por Jorge Fernandes, escrivão da chancelaria da mesma
comarca.
−
Man. da Torre
do Tombo, publicado no «Archivo historico portuguez», voI. VI,
n.º 7
−
Julho 1908:
A VILA DE
PYNHEIRO
−
It. Esta vila de Pynheyro que he de Diogo Moniz, tem 17
visinhos no corpo da vila.
Titolo do seu termo: !t. As azenhas tem 7 visinhos. Aldea
de Paredes, 9.
Esta vila tem de termo pera a parte da vila dAveyro hü
quarto de mea legoa e pera a parte de vila de Paos tem hü tiro de bésta.
Parte cõ Aveyro e cõ o rio da Varzea e Paos. Jorge
Fernandes o esprevy.
(sic = em vez de escrevy)
Soma, 32 visinhos.
A VILA DA BEM POSTA (que he cabeça do concelho de Figueyredo)− It. A 14 do
mes doutubro de 1527 anos fui a vila da Bëposta, que he do cõcelho de
Figeiredo, e cõ o juiz e tabelliam achei aver no corpo da vila da Benposta que he de Diogo Moniz, 24 visinhos.
Titolo do seu termo: !t. Figeiredo e sua fregesia, 57 visinhos. Aldea
de Branca e sua fregesia) 49. Aldea de Palmaz e sua fregesia, 36. Aldeia
da Ribeira e sua fregesia, 34. Aldea de Farmelãom e Canelas e fregesia,
84. AIdea de Sam Martinho de Salreu, 37. Aldea de Pardelhas e fregesia,
47. Aldea de Cemteaes, 22. Aldea de Loureiro e sua fregesia, 49, com a
quimtam de João Dipres. Aldea de Travanca e UII e sua fregesia 40 visinhos,
/ 36 /
Esta vila da
Bemposta tem de termo pera a parte da vila da Feira mea legoa, e pera a
parte da vila da Emjeja tem duas legoas de termo, e pera a parte da vila
de Amtoã tem hüa legoa de termo.
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Parte cõ terra de Santa Maria e cõ a vila de Emjeja e cõ termo dAveiro,
pera onde tanbë tem hüa legoa e mea de termo. E eles o asinarão no livro
que em meu poder fiqa. Jorge Fernandez o escrevy. Soma ao todo, 480
visinhos». (Ob. cit. pág. 314-315).
«Acerca do foral da Bemposta organizou a seguinte interessante notícia o
Dr. José Júlio Gonçalves Coelho:
O precioso manuscrito, já envelhecido, enrugado e amarelecido pelo perpassar de quase quatro séculos, compreende 26 folhas em
pergaminho, além do índice e do registo na Torre do Tombo,
− é subscrito por Fernão de Pina. As diferenças de escrita de várias das
suas folhas denunciam-nos que diferentes deviam ter sido os seus
copistas.
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PELOURINHO DA BEMPOSTA
Concelho de Oliveira
de Azeméis |
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O certo
é, porém, que todo o manuscrito foi executado com
excelente e bem conservada caligrafia gótico-peninsular século XV, e
adornado em
quase todas as páginas com caracteres maiúsculos a vermelho, do mesmo
estilo e época. No paginar das folhas adoptou-se a numeração romano-lusitana,
tão usada em Portugal desde os reinados de D. João I até ao intruso D. Filipe; diferem, porém, os caracteres dos do texto do foral, porque neste seguiu-se o
gótico angular.
−
A primeira página, ornada de graciosas iluminuras, é
encimada por um grande D maiúsculo, século XVI; dentro do qual ressalta
sobre fundo azul-claro e timbrado por uma coroa aberta, o escudo de
armas de Portugal
/
37 /
assente sobre as armas do Algarve modificadas pela forma que ordenara
D. João II.
− O manuscrito não apresenta em parte alguma, como todos ou quase todos os dessa época, nem a cruz de Cristo nem a esfera armilar,
que o rei D. Manuel sempre usou como emblemas.
− O foral abrange os lugares
de Bemposta, Figueiredo, Contumil, Centeães, Branca, Deveza, Canellas,
Farmelã, Salreu, Pinheiro, Fonte Chá e Cequize
(1),
contém a relação
completa de todos os casais e foreiros desses lugares, e, segundo o
costume, legisla sobre portagens, coutadas, maninhos, montados, gados,
escravos, metais, couros, frutas, direitos, tributos e penas a que
estavam sujeitos os seus habitantes, os que por ali passavam e os que
com eles estabeleciam relações industriais ou mercantis». (ob. cit., p.
317-318).
O manuscrito, não obstante a sua importância, o seu valor intrínseco e a
beleza da caligrafia e adornos que ostentava, parece que desde a época em que foi lavrado e entregue ao respectivo município, até muito
tarde, esteve sempre votado ao mais completo desprezo ou abandono. É o
que se depreende do escrito no final da fl. xxb (25) verso, na qual o
corregedor Almeida lançou a seguinte nota e mandado: «v.º em correição,
os officiaes da camara em termo de quinze dias mande encadernar o seo
foral & o tenhão daqui em diante mais bem gardado. S. Martinho de Salreu
fevereiro 13 de 1675. Almeida»
(2).
O foral da Bemposta apresenta-nos mais a curiosidade de conter a
fl.
xxb (25) verso, entre as diversas notas de correição que sofreu em
diferentes épocas,
−
o visto correicional, em 22 de
Setembro de 1677, com
letra e assinatura do célebre genealogista e jurisconsulto Cristóvão
Alão de Morais»
(3). (ob. cit. pág. 319-320).
O pelourinho da Bemposta, há anos restaurado, vê-se na
gravura dos Paços do Concelho, ao fundo. Vem citado na obra
de LUlZ CHAVES
− Os pelourinhos portugueses,
− a págs. 57
e 59.
JOSÉ TAVARES
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(1)
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Erro. A palavra do manuscrito é
sequijs. (nota: com um til no i) (Cequíns), modernamente
Assequins.
(2)
−
Quando se procedeu à encadernação do foral, as folhas foram
aparadas, o que ofendeu algumas das cotas marginais. O foral não conserva o selo.
(3)
−
Nascido em S. João da Madeira em 13 de Maio de 1632 e falecido no Porto em 19 de
, Maio de 1693.
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