Francisco Ferreira Neves, Subsídios para a história da revolução liberal, Vol. 1, pp. 115-125.

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA

DA REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1828

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ACÇÃO DOCUMENTADA DO DESEMBARGADOR JOAQUIM JOSÉ DE QUEIROZ, DO CORONEL JOSÉ JÚLIO DE CARVALHO E DO TENENTE-CORONEL MANUEL MARIA DA ROCHA COLMIEIRO    (conclusão)

 

O dinheiro foi requisitado por ordem do Dr. Joaquim António Magalhães, membro da Junta do Porto. Arrombado o cofre com o consentimento do Juiz de fora, Dr. Manuel Luís Nogueira, dos três claviculários do cofre o único presente, nele se encontraram 3.817$463 reis, que Colmieiro levou para o norte, tendo entregado esta importância no dia seguinte 29, nos Carvalhos, a António Jorge de Oliveira Lima, oficial da junta fiscal do Porto, em troca de recibo assinado por este. Deste recibo, que temos presente, consta que eram 1:749$600 reis em papel, e 2.068$025 reis em metal.

«Fac símile do doc. n.º 5»

MARQUES GOMES diz erradamente no seu livro Aveiro, Berço da Liberdade, que a importância era de 3.827$463, baseando-se / 116 / no que diz a sentença da condenação de Manuel Luiz Nogueira à morte.


Manuel Colmieiro era um cidadão profundamente honesto; no entanto, alguém afirmou que ele se havia locupletado com o dinheiro do cofre da Barra de Aveiro, levantado quando o exército constitucional se retirava para o Porto.

A questão deste dinheiro anda mal tratada nos historiadores.

Diz MARQUES GOMES, na sua obra atrás citada:

«Já alludimos a êste último facto, cuja história completaremos com uma circunstância pouco lembrada, e que é esta: Colmieiro entregou aquele dinheiro a um membro da Junta do Porto, Joaquim António de Magalhães; disto não resta dúvida, pois é este o próprio que o confirma na sua Analyse às observações do general Saldanha, onde, enumerando as providencias tomadas no dia 2 de Julho de 1828, diz em nota: «Havendo o dito António Jorge, passado na comissão da fazenda recibo de 4:000$000 reis, em cuja somma a mesma comissão lhe incluira tres contos e tantos mil reis, que Manuel Maria da Rocha Colmieiro fora receber ao cofre da barra de Aveiro, os quais haviam sido metidos nos bahus da secretaria da delegação, que ultimamente se extraviaram.»


Apreciando esta passagem da Analyse, escreveu NEUTEL CORREIA DE MESQUlTA:

«Não admite duvida que Manuel Maria da Rocha Colmieiro fôra receber ao cofre da barra de Aveiro, tres contos e tantos mil reis, de cuja quantia (como ele prometeu, podia informar a V. Ex.ª) fez entrega a Magalhães na occasião em que este de Coimbra se retirou para o Porto. Era então bem natural que, chegado que fosse Magalhães á cidade do Porto, aonde existia uma commissão de fazenda, a cujo cargo estava recolher os dinheiros públicos e desembolsal-os conforme lhe fosse exigido? pelo Governo; era bem natural, digo, que Magalhães fizesse entrega d'aquelles tres contos e tantos mil reis à commissão de fazenda, unico logar que então devia ser o seu depósito e guarda. Porem que faz Magalhães? Em vez de fazer irnmediatamente entrega d'aquelle dinheiro no cofre competente, que era o da commissão de fazenda, o deu a guardar em casa de José Correia de Faria, negociante do Porto, morador no rua Nova de Se João,  fechado tudo dentro dos seus bahus, aonde o conservou até ao meiado da noite do memorável dia 2 de Julho. De tudo o que fui informado n'essa mesma noite, e bem o poderá attestar a v. ex.ª, João Correia de Faria, filho do sobredito Faria, o qual andava ao serviço do govêrno, bem como de fazer entrega por ordem de Magalhães dos bahus até ali acautelados em sua casa. / 117 /

Portanto, ainda n'aquella noite existiam em boa guarda, se bem que em cofre alheio, os tres contos e tantos mil reis, os quaes n'essa mesma noite foram entregues à ordem de Magalhães (1)».

O recibo que adiante publicamos (documento n. º 6) esclarece de vez a questão: o dinheiro que Manuel Colmieiro recebeu em Aveiro, entregou-o nos Carvalhos a António Jorge de Oliveira Lima, oficial da Junta Fiscal do Porto, e não ao Dr. Joaquim António Magalhães.

Perdida a revolução, saiu do Porto no dia 3 de Julho de 1828 para o exílio na Inglaterra, o exército constitucional e grande multidão de indivíduos, que receavam as perseguições dos vencedores.

Iam deixar a sua pátria, cheios de saudades, e caminhando para um futuro de infortúnios e privações.

Pedra de armas de Joaquim José de Queirós.

Escudo partido em pala; na primeira, as armas dos Queirós (escudo esquartelado: no 1º quartel, em campo de oiro, seis crescentes vermelhos em duas palas; no 3º, em campo de prata, um leão sanguinho; e assim os contrários); na segunda, as armas dos Almeidas (em campo vermelho seis besantes de oiro entre uma cruz dobre e bordaduras do mesmo metal. Por diferença uma brica com um farpão. Concedido em 30 de Julho de 1836.

Seguiram-se as alçadas; os revolucionários presos iam expiar o seu crime de rebelião. Dos implicados na revolta de Aveiro, perderam a vida na forca: Francisco Silvério de Carvalho, Francisco Manuel Gravito da Veiga e Lima, Manuel Luís Nogueira, Clemente da Silva Melo Soares de Freitas, João Henriques Ferreira Júnior, e Clemente de Morais Sarmento.

*

*     *

Manuel Maria da Rocha Colmieiro pertencia às nobres e antigas famílias dos Morais Colmieiro, de Vinhais, e dos Pereiras, da Vila da Feira.

Joaquim José de Queirós pertencia a uma honrada e distinta família de Quintãs, próximo de Aveiro.

/ 118 /

Os documentos que a seguir publicamos são cópias de documentos originais que temos presentes, e que obsequiosamente nos foram facultados, à excepção dos n.os 7 e 8, pelo Ex.mo Sr. Fernando de Moura Coutinho de Almeida de Eça, bisneto do Tenente-coronel Rocha Colmieiro, e residente em Esgueira.

 

FRANCISCO FERREIRA NEVES

Armas de Rocha Gameiro

Escudo esquartelado. No 1º quartel as armas dos Rochas: em campo de prata, uma aspa vermelha com cinco vieiras de ouro; no 2º, as dos Tavares: em campo de ouro, cinco estrelas vermelhas em santor; no 3º, as dos Pintos, em campo de prata, cinco crescentes de lua vermelhos com as pontas para coma, postos em santor; e no 4º, as dos Pereiras: em campo vermelho, uma cruz de prata floreteada e vazia de campo; elmo de prata aberto, guarnecido de oiro.

______________

DOCUMENTO N.º 1

Attesto, q. tendo eu com alguns off.es do B.ão 10. de Cass.es em Aveiro organizado o planno d'insurr.ão no Porto p.ª sustentar os Dir.tos do Snr. D. Pedro 4º, e de Sua Augusta Filha a Senhora D. Maria 2.ª, foi incumbido o III.mo Snr. Manoel Maria da Rocha Colmieiro, Ten.te Cor.el do Reg.º de Milicias d'Aveiro p.ª ir ao Porto tratar com os off.es dos Corpos ali estacionados, e com outras pessoas, o q. desempenhou com o maior zelo, e activid.e, e no dia 15 de M.º partio rapidam.e á Cid.e d'Avr.º fazer apressar a marcha do d.º B.ão, q. estava destinada p.ª o dia 17; sendo tão incansavel nesta dilig.ª q. fez conduzir d'Ovar Barcos p.ª o transp.te, e deixou provid.as p.ª n'outro dia estarem promptas as Bestas de Bagages, o q. tudo se efectuou; acompanhando elle no dia 16. o B.ão p.ª o Porto e m.m, adiantandose deste com bastante risco p.ª explorar os movim.tos, do Gen.al Franco, q. estava no Porto á testa da rebelião; mostrandose depois húm dos mais decedidos a favor da Legitimid.ª da Carta, prestando mui relev.es serviços em m.tas occasiões, q foi empregado tanto no Porto, como n'Exercito, cuja sorte seguia até hoje: E p.ª constar anele convier lhe passei a prezente.

Plymouth 12. de Obr.º de 1828

(a) O Dezor Joaq.m Jose de Queiroz

/ 119 /

Fac-símile do doc. n.º 1

DOCUMENTO N.º 2

Ateste, querendo. Plymouth
em 15 de Novembro de 1829
Pizarro
B. G.

Ill.mo e Exmo snr.

Diz Manoel Maria da Rocha Colmieiro, Tenente Coronel do Regimento de Milícias d'Aveiro, que lhe hé necessario que o Coronel José Julio de Carvalho de Caçadores N.º 10, e outros Officiáes lhe attestem o seguinte.

1º Se hé verdade, que o Supp.te no dia 30 d'Abril, por ja se suspeitár que elle entrava no dezenvolvimento do projecto d'insurreição no Porto para sustentar os inaufariveis Direitos do Senhor D. Pedro  4º, e Sua Augusta / 120 / Filha, foi prezo pelo Governador interino d'Aveiro, o Tenente Coronel Pinto do Regimento 18.
2.º Se hé verdade, que chegando á Cidade d'Aveiro no dia 3 de Maio o Batalhão de Caçadores 10, e manifestando este alli o melhor espirito a favor da nosso ligitimo Soberano; o Governador sabendo que o mesmo Supp.te tinha com o Comm.te do mesmo Batalham, e sua Officialidade tomado inteligencia, e temendo-se della, o mandou (prender'?) (a?) 7 da referido mel. (2).
3.º Se he verdade que o Supp.te no dia 8 de Maio se aprezentou ao Comm.te do ditto Batalham, e entre elle e e seus Offeciáes combinarão que o mesmo Supp.te marchasse para a Cidade do Porto, a concertar alli com os mais Offeciais dos Corpos extacionados na m.ma Cidade sobre o plano ja imaginado para a revolta, e se com effeito marchou para este destino no dia 10 do referida mez.
4.º Se hé verdade, que effectuando na Cidade do Porto a Comissão de que havia sido encarregado, elle voltou a toda a preça no dia 15 de Maio á Cidade d'Aveiro a fazer partir rapidamente p.ª a do Porto o B.am de Caç.es 10, cuja marcha estava destinada somente para a dia 17, o que fez com tanta energia que até d'Ovar fez conduzir desssimuladam.te Barcas para o Transporte do mesmo B.am, deixando. providencias na mesma Villa d'Ovar para no dia seguinte estarem alli promtas as cavalgáduras para as bagagens do mesmo Batalham, o que se vereficou.
5.° Se he verdade que feita em Aveiro no dia 16 de Maio a rennovação dos Direitos de Sua Magestade o Senhor D. Pedro 4.º (aonde já não era reconhecido como tal peIas authoridades locáes terem acclamado como Rey absoluto o Infante D. Miguel no dia 25 de Abril) o Supp.te marchou com o ditto B.arn para o Porto, adiantando-se de Ovár com bastante risco, a explorár os movimentos do General Franco que estava no Porto á testa da rebelião.
6.º Se hé verdade, que o supp.te tendo por seus relevantes serviços sido empregado constantemente em differentes deligencias pela Junta Encarregada de manter a legitima Authoridade d'EI Rey o Senhor D. Pedro 4.º, elle desempenhou as mesmas deligencias com aquella energia propria de seu caracter e Patriotismo.
7.º Se he verdade que tendo o Supp.te acompanhado a Delegação da mesma Junta para a Cidade de Coimbra, elle na sua retirada foi(?) rapidam.te(?) á(?) cidade d'Aveiro com huma força ........ salvar os dinheiros publicos á mesma cidade os quáes conduzio para a Cidade do Porto, e entregou nas estaçoens competentes.
8.º Se hé verdade que o Supp.te seguindo a sorte da Divisão Leal, a acompanhou sempre desde Coimbra até Plymouth, mostrando-se em todos os lugares, e occazioens contente e rezignado em seus infortunios por ter se sacrificado a favor dhuma Cauza Legitima qual a dos Direitos do Senhor D. Pedro 4.º, e dos interesses de Portugal.

P. a V. Ex.ª a graça de assim o determinar

E. R. M.

PIymouth, 14 de Novembro de 1828,

(a)  Manuel Maria da Rocha Colmieiro

Ten.te Cor.el do Regim.to de M.ªs d'Aveiro

___________

José Julio de Carvalho, Cavallelro da Ordem de S. Bento de / 120 /  Aviz, condecurado com a medalha N.º 2 da Guerra Pininsular, e Coronel Graduado do 10.mo Batalhão de Cassadores.

Em virtude do Despacho do Ex.mo Sñr Brigadeiro General Pizarro lançado em 15 do corrente no requerimento junto do Illmo Sñr Tenente Coronel do Regimento de Melicias de Aveiro Manoel Maria da Rocha Colmieiro, attesto que o mesmo Sñr Tenente Coronel foi confidencial portador d'huma comrrespondencia interessante, mandada do Porto em 15 de Maio do corrente anno ao Batalhão de Cassadôres N.º 10, tendente á marcha do mesmo Batalhão para aquella Cidade: e que na passagem para Ovar alli apromptou e fez partir para Aveiro parte dos Barcos que no dia 16 conduzirão o referido Batalhão; conseguindo tambem por suas deligencias e intelligencia com o Juiz Territorial da mesma Villa d'Ovar a promptificação das Cavalgaduras necessárias para a conducção das Bagagens. Que o mencionado Snr. Tenente Coronel entrou com o Batalhão de Cassadores N.º 10 na Cidade do Porto no dia 17 do dito mez de Maio, tendo se adiantado desde Ovar pelo caminho direito á mesma Cidade, afim d'obter noticias, e saber de qualquer acontecimento que podesse ter havido a respeito do plano em dezenvolvimento; para cujo serviço ele se offerecêo com muita vontade, e demonstraçons de Patriotismo. Que hé verdade ter sido posta á disposição de mesmo Sñr Tenente Coronel huma Escolta do Batalhão de Cassadores N.º 10, para que unida com outra(?) de(?) Cavallaria acompanhasse o mesmo Sñr Tenente Coronel na Arrecadação de hum cóffre publico das(?) obras(?) da barra de Aveiro, na occazião da retirada do Exército da Legitimidade, o que me consta ter virificado. Que hé verdade igualmente que o mesmo Sñr Tenente Coronel acompanhou as tropas liaes até esta Cidade de Plymouth tendo estado addido muito tempo ao Batalhão de Cassadores N.º 10, sem que nunca se lhe conhecêsse falta de rezignação, contentamento, e conformidade no meio das adversidades. E para constar passei o prezente attestado. Plymouth 19 de Novembro de 1828.

(a) José Julio de Carvalho

Cor.el Grad.º e Come do 10 de C.es


DOCUMENTO n.º 3

Atteste, querendo. Plymouth em
15 de Novembro de 1828.

Pizarro
B. G.

lll.mo e Ex.mo Snr.

Diz Manoel Maria da Rocha Colmieiro Tenente Coronel do Regimento de Milícias d'Aveiro que precisa, para instruir seus requerimentos, que o coronel Francisco Soares Caldeira de Milicias de Thomar lhe ateste, se hé verdade pelo ter prezenciado, que tendo o Supp.te trés cavallos de marca, e huma mulla, isto tudo lhe foi tirado na Galliza pelo imfame Coronel Hêspanhol  Ignacio Manoel Pereira.

P. a V Ex.ª se digne mandar-lhe

se atteste o referido.
E., R. M.ce


Plymouth 14 de Novembro de 1828
(a) Manuel Maria da Rocha Colmieiro
Tenente Coronel do Regim.to de M.ªs d'Avr.º
/ 122 /

______________

Francisco Soares Caldeira Fidalgo Cavalleiro da Real Casa de Sua Magestade Fidelicima, e Coronel Aggregado do Regimento de Milicias de Thomar.

Em virtude do despacho rectro: attesto por ter presenciado que o IIl.mo Supp.te tendo tres Cavallos de marca, e huma Mulla quando entrou a Divizáo Leal na Hespanha; todas as quatro Cavalgaduras lhe foráo tiradas pelo Coronel Hespanhol D. Ignacio Manoel Pereira. E por ser verdade mandei passar o presente que assigno.
Plymouth 15 de Novembro de 1828.

(a) Francisco Soares Caldeira

Coronel de Mi.as de Thomar

 

DOCUMENTO N.º 4

Ill.mo e Exmo Snr.

Diz Manoel Maria da Rocha Colmieiro, Te C.el do Regemento de Mellicias de Aveiro, que eIle Supp.te tendo acompanhado a Divisão fiel athé esta Cidade de Plymouth, sofrendo a mesma sorte de fadigas, e trabalhos a favor da juxta causa que deffendemos, precisa que V. Ex.ª atteste seus serviços p.ª o que

Pe a V.Exª se digne,

assim lhe deferir.

E R M


Plymouth 17 de Dº de 1828
Manoel Maria da Rócha Colmieiro
(a) Manoel Maria da Rocha Collmieiro
Tenente Coronel de M.ªs d'Avr.º

______________

Attesto que o Supp.e no dia 3 de Julho deste anno se reunio á Divisião Leal, que commandei; acompanhando-a até esta cidade, sendo sempre prompto no serviço.=Plymouth em 17 de Dezembro de 1828.

(a) Joaq.m de Sz.ª Qd.º Pizarro

Brigad.ro G.al

 

DOCUMENTO N.º 5

Qualquer authoridade de Aveiro hirá entregar judicíalIm.e o dinhr.º do cofre da Barra ao Ajud.te do Governo M.el M.ª da Rocha Colmieiro.

Posição sobre o Vouga 28 de Junho 1828
(a) Dr. joaq.m Ant.º Mag.es

 

DOCUMENTO N.º 6

Fac-símile do recibo passado por Oliv.ª Lima a Rocha Colmieiro

Este documento contem o termo de reconhecimento da assinatura, feito no Porto, em 31 de Julho de 1831, pelo tabelião Manuel Carneiro Pinto.

Na última página do papel deste documento está escrita a seguinte nota: − Recibo do oficial da Junta Fiscal do Porto, encarregado da cobrança do dinheiro dos diferentes cofres do reino.

 

DOCUMENTO N.º 7

(Lugar das armas nacionais)
 40 reis

Luiz António de Figueiredo Mello e Gouvea, Com.or Honorário na / 124 / Ordem de Xp.to condecurado com a Medalha da Fedelidade ao Rei, e á Pátria; e com a Cruz de Campanha N.º 2.º da Guerra Peninsular, e Guarda Mor do Sal, e da Alfandega nesta Cidade d'Aveiro

Certefico em como estando residente nesta cidade há seis annos tenho ouvido dizer a m.tas Pessoas que o sr. Francisco Joaquim de Castro era amante de El Rei Nosso Senhor, o Serenissimo Senhor D. Miguel Primeiro; e tanto assim, q entrando amotinado n'esta cid.e o Rebelde B.am de Ca.res Nº  10, no dia 3 de Maio de 1828 elle poucos dias depois se vio obrigado a refugiar-se para Lisboa:

Outrosim certefico, que entrando nesta cid.e a Columna da Esquerda do Exzercito Rialista no dia 30 de Junho do dito anno; á qual eu me reuni na sua entrada; eu o vi, e sube que elle a tinha acompanhado e feito serviços; asim como observei que o respectivo Comandante da dita Columna, o Tenente Corunel=Guedes=do 8.º Regm.to de Cavelaria, fazia d'elle confidencia, ouvindo o em couzas tocantes ao Real Serviço, e á Boa Cauza; o que certefico por esta me ser pedida. Aveiro, 18 de Setembro de 1831.

(a) Luiz Antonio de Figrdº Mello, e Gouvea

 

Neste documento está lançado o termo do reconhecimento da letra e da assinatura, feito em 19 de Setembro de 1931, em Aveiro, pelo tabelião Francisco .José Martins Raposo.


DOCUMENTO N.º 8

(Lugar das armas nacionais)
40 reis

Attesto Eu Fr. Jõão Chrisostomo Supprior, e Vigario... neste Convento de S. Domingos de Aveiro e mais Padres abaixo assignados pelo q. sabemos, e nos consta, q. Francisco Joaquim de Castro da Quinta da Oliveirinha Termo da Villa de Eixo tem mostrado sentimentos de Chatolico, e Religioso pelo termos visto nesta cidade onde costuma vir com a sua familia pela semana santa asistir com reverencia, e devoção aos Misterios q. aqui se celebrão da Morte, e Paixão de N. Sñr Jesus Christo como tambem pela asis-tencia do Sacrificio da Missa em ocazioens, e aqui se acha, assim como tambem como he sabido é constante n'esta cidade ter elle dado sobejas provas de afeição, e aderencia a Realeza e legitimidade a ella do Senhor D. Miguel Primeiro vendo-se por isso abrigado a desamparar a sua caza e família sofrendo graves encomodos, e prejuizos durante a rebelião de 1828 e acompanhando final.nte a Cavalaria quando veio fazer reclamar nesta cidade, o manifesto direito ao Trono do Senhor D, Miguel primeiro. E por ser tudo isto verdade passamos a presente, e sendo necessario juramos in verbo sacerdotis.

S. Domingos de Aveiro 5 de Outubro de 1831

(aa) Fr João Chrisostomo                     Fr. Joaquim Xavier de Campos
Supprior e Vigº...                                                   Prezbº
Fr. joaq.m Manoel                                   Fr. João Ribeiro Guima.es
Fr. João Severino de S.tª Maria


Este atestado tem a letra e as assinaturas reconhecidas pelo tabelião Francisco José Martins Raposo, e o reconhecimento foi feito em Aveiro, em 5 de Outubro de 1831.

/ 125 /

DOCUMENTO N.º 9

Diz o Morgado Manoel Maria da Rocha Colmieiro filho legitimo q. ficou de Salvador da Rocha Tavares Per.ª Corte Rial, e de Sua Molher D. Angelica Violante Colmieiro Coutinho moradores q. forão na Freg.ª da Villa do Var, que perciza p.ª sertidão o Asento de seo Batismo tudo comforme constar do liuro de asentos poriço

I. P.
(Uma rubrica ilegível)                                            P. e V. S. Seja Servido
                                                                               mandar passar a d.ª sertidão.
Jurou ser para cauza civel
Camara 14 de Abril de 1820
Ulrich

E. R. M.ce


José Henrique Ulrich Offecial Maior dos livros findos nesta cidade do Porto certefico em como revendo os livros da freguezia de Ovar em hum delles a folhas vinte e tres verso se acha o asento seguinte:

Manoel filho legitimo de Salvador da Rocha Tavares Pereira Corte Real e de Donna Angelica Violante de Souza Colmieiro Coutinho da Praça netto paterno de Manoel Alberto da Rocha Tavares Pereira Corte Real e de Donna Brites Margarida Pacheco Soares dahi e materno de Xavier Francisco de Souza Colmieiro Coutinho e de Donna Roza Margarida Fortunata de Souza Frazão da villa de Esgueira do Bispado de Aveiro nasceo em o primeiro de Julho de mil sete centos e noventa e foi baptizado solenemente pelo reverendo vigário João de Sequeira Monterrozo e Mello aos doze do dito sendo Padrinho o Avo materno e Madrinha João António da Rocha Tavares Pereira Corte Real com reliquia de Nossa Senhora da Conceição de Esgueira era ut supra João de Sequeira Monterrozo// Francisco da Costa// Antonio da Silva// E não se continha mais em o dito asento.

Porto 14 de Abril de 1820 e Eu José Henrique Ulrich a sobscrevy e assignei.

José Henrique Ulrich

Desta 180

 
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(1) Cópia duma carta dirigida ao conde de Saldanha a respeito de alguns argumentos mal fundados, que os srs. Magalhães e Gama introduziram na Sua Analyse às observações feitas por aquele general, sobre a portaria póstuma da Junta do Porto. Paris 1830. ln M. GOMES, Aveiro, Berço da Liberdade, pág. 150.

(2) As palavras interrogadas ou representadas por pontos estão ilegíveis nos originais.

 

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