Eis a luta: de frente, em luminosa arena

Os fracos e os heróis, o tigre real e a corça,

A manopla esmagando os ossos á pequena
E alva mão infantil, inexperta e sem força.


Acima disso a glória, e todos os seus loiros

Pr'a quem for mais cruel, para quem for mais forte,

Quem não saiba vencer resvale em sorvedoiros

De apodos e labéos, em procura da morte.


É belo. O coração – Fata no alto o proclama:

Quando invencivelmente o sentimento o impila

Ou para o amor – chiméra, ou para a ideia – chama,

Conte que a Força o espreita, e que a força o aniquila.


O teu domínio, Flor, esse encantado império

Que ao longe se entrevê e nos deslumbra o olhar,

Fica perdido além, nas regiões do mistério

E a quem quer atingi-lo é necessário voar.


Tu; que a garra, Psichê, contrapões tuas asas

De águia, voa, remonta, embriaga-te de luz,
Que a vitória afinal é pedestal de brasas

E o sonho, as ilusões à fumaça reduz.


Tu, se queres, vilão, estátuas de oiro, escuta:

Primeiro, indaga bem teu instinto o que quer,

Depois, sê mais vilão e arroja-te na luta

Que os triunfos serão teus... a Glória é uma mulher.

 

 

 

 

 

01-01-2021