Meus sonhos

 

Os sonhos que sonhei são sonhos mortos,

Minha pobre alma é como um campo santo,

Tantas cruzes! Deixai correr o pranto,

Vós todos que ides na ilusão absortos.


De chorar tenho os olhos semi-mortos,

Se como vos amei também, e tanto!

Poverinho do Amor, como o pobre Anto,

A nau guiei a inantigíveis portos!


Alguém há de descer a estes abrolhos
Em que vivo, a fechar triste, os meus olhos

Na beatífica paz destes meus ermos...


Doce visão do Amor e da Bondade,
E que ajudaste, irmã da caridade,
A bem morrer os meus sonhos enfermos!

S. Paulo - Brasil.

Raul do Valle
 

 

01-01-2021