A uma actriz
Amo-te, sim: extremamente bela
Te encontro, oh minha flor, oh minha estrela
De fulgurante luz!
Amo os teus olhos de volúpia feitos,
Teus lábios rubros, os teus brancos peitos
Tudo o que em ti seduz.
Sou mais um dos que vão ternos depor-te
Aos pés uma homenagem: à tua corte
Não pertenço, porém –
Sei que a mais pura e luminosa taça
De bom cristal, que nenhum sopro embaça
Veneno acaso tem...
Eis-me, pois, a libar-te da Beleza
O ponche ardente, a irradiação acesa
De ti manando a flux;
Mas não chego, a beber-te o fundo – a alma
Que o fundo é amargo, e já a sede acalma
Tudo o que em ti seduz.
Carlos Afonso dos Santos
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