Cem pajens; mil corcéis... Uma rainha!

         E que rainha em tudo!

Esfregavam-lhe as louças da cozinha

         rodilhas de veludo!

 

Medita a infanta um dia, e de repente:

         – Senhor Avô, declaro

que preciso, e não pouco, dum presente:

         um álbum muito caro!

 

Paris ficava longe e nessas eras

         quem pensava em vapores?

Telégrafo, correio, eram quimeras,

         cismas de cismadores.

 

Uma tia – uma tia! um anjo bento,

         feito de luz e prece!

acode a Santo António, e, num momento,

         um álbum aparece.

 

Mais alegre que um par de borboletas,

         a princesinha: – Agora,

venham versos com cheiro das violetas,

         e as lágrimas da aurora!

 

 Um poeta da côrte encarregou-se,

         na mais gentil maneira,

(Prouvera ao Deus do céu que assim não fosse!

         da página primeira.

 

Que rimas! De pasmarem as estrelas!

         E dose bem medida!

A côrte – que imprudência! – põe-se a lê-las,

         caiu adormecida.

 

25-10-2020