Cem pajens; mil corcéis... Uma rainha!
E que rainha em tudo!
Esfregavam-lhe as louças da cozinha
rodilhas de veludo!
Medita a infanta um dia, e de repente:
– Senhor Avô, declaro
que preciso, e não pouco, dum
presente:
um álbum muito caro!
Paris ficava longe e nessas eras
quem pensava em vapores?
Telégrafo, correio, eram quimeras,
cismas de cismadores.
Uma tia – uma tia! um anjo bento,
feito de luz e prece!
acode a Santo António, e, num momento,
um álbum aparece.
Mais alegre que um par de borboletas,
a princesinha: – Agora,
venham versos com cheiro das violetas,
e as lágrimas da aurora!
Um poeta da côrte encarregou-se,
na mais gentil maneira,
(Prouvera ao Deus do céu que assim não
fosse!
da página primeira.
Que rimas! De pasmarem as estrelas!
E dose bem medida!
A côrte – que imprudência! – põe-se a
lê-las,
caiu adormecida. |