Meu coração é pomar
À espera de passarinhos,
Bem podias tu enchê-lo
Co'as aves dos teus carinhos.
Coração, não saltes tanto,
Tanto d'aqui para ali:
Tu saltas por causa dela,
Ela nem olha p'ra ti!
Tu juraste de ser minha
Eu jurei de te querer;
Ainda que sejas falsa
Não mo dês a perceber.
Os cachos dos teus cabelos
Pelo teu dorso a rolar,
São veludosas serpentes
Que envenenam sem picar.
Teus olhos são dois abismos
Teus olhos são claros céus:
Têm demónios, têm anjinhos,
Só não têm pena dos meus… |
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Tua boca é mar de rosas,
Com escolhos de marfim…
Ah! feliz do marinheiro
que morrer num mar assim.
Oh! Que mangueira tão alta,
Curvada com tanto gosto!
Quem dera fosse eu mangueira,
Para não ver o teu rosto…
Andorinha fugitiva
Que eu criei com tanto jeito,
Que há de ser do pobre ninho
Que te armei dentro em meu peito.
Quando vires alvas garças
Seguindo-te em alto mar,
São meus olhos que te buscam
Cansados já de chorar...
Juraste que voltarias,
Ò andorinha celeste!
Já se foi a primavera...
Que é das juras que fizeste?... |