Alcunhas
Em Mourão, como em todos os meios
rurais, são vulgares as alcunhas, umas transmitidas de geração em
geração nos indivíduos da mesma família, outras e ocasião, derivadas de
qualquer defeito físico ou moral ou de qualquer acto da vida. As
alcunhas correspondem aos cognomina romanos e, como estes convertem-se
não raro em apelidos dando-se o caso da família e os indivíduos serem
mais conhecidos pelas alcunhas do que pelos apelidos que, realmente,
lhes pertencem. Entre essas alcunhas há algumas picarescas como
Porrinha, Bibiu, o Faca na cana, o Pouca roupa, o Pão duro, o Cágado,
Chupa no dedo, a Barranhoa, o Baboso, o Parvo, etc.
Ditados
A boda e batisádo não vaias sem ser
convindado.
Águas d' Abril que venham mili, coadas
por um mondili.
Dia de Santiago, vai à vinha, achas
bago.
Dia de S. Lourenço, vai à vinha, enches
o lenço.
Quem se dêta no mesmo colchão, acorda da
mesma ópinião.
Quem se concerta pelo s. Migueli não sai
Quando queri.
Quem se dêta sem cêa, toda nôte rabêa.
Quem ceari e se fóri dêtari, má nôte
há-de passari.
Quem caça de coração, é dono de furão.
Em Moirão nem um serão, em Moiranito nem
um seranito.
Monsaraz! Vila és, monte serás!
Arriba Póvoa, e morra Santo Alêxo dum
cabrão!
Águas verdadêras pelo S. Mateus as
primêras.
Chuvas dos lados de Mourão, as pedras
amolecerão. |