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Agostinho Fortes, Nótulas acerca dum falar da margem esquerda do Guadiana, acompanhadas de algumas notícias folclóricas, Cadernos CA, N.º 4, 1ª ed., Lisboa, Casa do Alentejo, 2000, 80 pp.


Algumas Alcunhas e Alguns Ditados

 

Alcunhas

Em Mourão, como em todos os meios rurais, são vulgares as alcunhas, umas trans­mitidas de geração em geração nos indivíduos da mesma família, outras e ocasião, derivadas de qualquer defeito físico ou moral ou de qualquer acto da vida. As alcun­has correspondem aos cognomina romanos e, como estes convertem-se não raro em apelidos dando-se o caso da família e os indivíduos serem mais conhecidos pelas alcunhas do que pelos apelidos que, realmente, lhes pertencem. Entre essas alcun­has há algumas picarescas como Porrinha, Bibiu, o Faca na cana, o Pouca roupa, o Pão duro, o Cágado, Chupa no dedo, a Barranhoa, o Baboso, o Parvo, etc.

 

Ditados

A boda e batisádo não vaias sem ser convindado.

Águas d' Abril que venham mili, coadas por um mondili.

Dia de Santiago, vai à vinha, achas bago.

Dia de S. Lourenço, vai à vinha, enches o lenço.

Quem se dêta no mesmo colchão, acorda da mesma ópinião.

Quem se concerta pelo s. Migueli não sai Quando queri.

Quem se dêta sem cêa, toda nôte rabêa.

Quem ceari e se fóri dêtari, má nôte há-de passari.

Quem caça de coração, é dono de furão.

Em Moirão nem um serão, em Moiranito nem um seranito.

Monsaraz! Vila és, monte serás!

Arriba Póvoa, e morra Santo Alêxo dum cabrão!

Águas verdadêras pelo S. Mateus as primêras.

Chuvas dos lados de Mourão, as pedras amolecerão.

 

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