Defensor acérrimo do Alentejo, suas gentes e cultura, criou e
popularizou o termo “Pátria Alentejana”, através dos seus
escritos publicados em livros (a maior parte deles traduzidos em
várias línguas), jornais e revistas.
Como alguns amigos diziam, manteve sempre em alto grau uma postura
moral de cidadão exemplar.
O escritor Armando Antunes da Silva nasceu em Évora, na freguesia de
São Mamede, no dia 31 de Julho de 1921, vindo a morrer com o século,
também na cidade de Évora. De salientar que Antunes da Silva
considerava Sines a sua segunda terra.
Tendo tirado o então existente Curso Geral do Comércio, iniciou a
sua vida profissional como empregado de escritório, ainda na terra
onde nasceu. Fruto das suas frequentes movimentações antifascistas,
acabou por ser afastado deste emprego, ao que parece, mais ou menos
forçadamente. De seguida, ruma a Lisboa, vindo a arranjar colocação,
com a mesma actividade, numa importante fábrica de cabos eléctricos,
onde se manteve até à aposentação.
Coerente e sempre fiel aos princípios democráticos, defendeu, como
já dissemos e nunca é de mais repetir, de forma intransigente e
acutilante, mas também didáctica, anos e anos, o progresso do
Alentejo e das suas populações, tal como nos seus livros, através de
colaborações em inúmeros dos mais importantes órgãos de comunicação
social, como por exemplo: “Diário de Lisboa”, “Diário Popular”,
“Diário de Notícias”, “República”, “Diário do Alentejo”, “Democracia
do Sul”, bem como nas Revistas “Vértice”, “Alentejana”, “Colóquio” e
“Seara Nova”, entre outros. De salientar também que vários dos seus
textos foram incluídos em antologias, compêndios e manuais
escolares.
Escreveu poemas, crónicas, contos, novelas, romances, sempre de
forma apaixonada pelas coisas simples da terra, pela verticalidade e
dignidade do trabalhador. É obrigatório ler livros como o Suão,
Rio Degebe, O Amigo das Tempestades, Alentejo é
Sangue, Terra do Nosso Pão, e mais outros tantos de igual
qualidade e importância.
Bom conversador, usava, por regra, a palavra em tom baixo, e, por
temperamento, fugia sempre que podia a intervenções públicas,
debates ou colóquios.
De muito novo se declarou contra a obscurantista e asfixiante
ditadura que, durante tantos anos, esmagou os portugueses. Fazendo
parte de uma geração de resistentes, pertenceu aos quadros
directivos do MUD juvenil (secção de Évora), tendo sido, por essa
actividade, preso pela polícia política. Foi membro do Concelho
Nacional do MDP/CDE, partido a que sempre pertenceu.
Foi homenageado várias vezes por muita gente e instituições,
recebendo vários prémios pela importância e nobreza da sua obra
literária. Permitindo-nos, entretanto, destacar pelo seu significado
para a pessoa em questão, as homenagens feitas pela Casa do Alentejo
de Lisboa, pela Casa do Alentejo de Toronto (Canadá), pelo Congresso
Sobre o Alentejo, realizado em Beja, e pela Câmara Municipal de
Évora aquando das comemorações dos 50 anos da sua vida literária, em
Maio de 1996 (recomendamos a pequena brochura então editada).
Era um homem bom e um bom amigo, com quem dava saúde conversar e
beber um copo.
Luís Jordão –
Dez./2005
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