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A saída do euro não resolve os actuais problemas
estruturais que Portugal enfrenta, bem pelo contrário, agravá-los-ia
substancialmente, seria a maior derrocada que nos poderia acontecer.
Esta situação só seria viável com o perdão de grande parte da
dívida, já que haveria uma total incapacidade para o seu pagamento
integral. |
Compreendo o ponto de vista e até concordo com a defesa que o professor
João Ferreira do Amaral, do ISEG – Instituto Superior de Economia e
Gestão faz de que Portugal não deveria ter aderido ao Euro. Contudo, já
não posso concordar com a defesa que faz de uma actual saída, pois seria
desastroso para a vida da maioria dos portugueses, sobretudo para todos
aqueles que vivem dos seus salários e das suas reformas.
Mesmo
em condições negociadas no quadro da EU - União Europeia e do FMI -
Fundo Monetário Internacional, esta situação levaria a uma super
desvalorização na nova moeda, que em vez de “Escudo” se poderia chamar
“Luso”, essa desvalorização nunca seria inferior a 50%, talvez 60%,
fazendo com que os bens importados, matérias-primas, combustíveis,
viaturas, viagens e estadias no estrangeiro custassem mais de 60%, os
salários e as pensões desvalorizavam cerca de dois terços, o ordenado
mínimo situar-se-ia por volta dos 200€, a dívida de Portugal aumentaria
para o triplo na nova moeda, os juros mais que triplicavam, voltaríamos
a estar equiparados aos países do terceiro mundo, seria um desastre de
consequências imprevisíveis para os próximos 30 anos, com grandes taxas
de inflação, situação que levaria ao isolamento europeu, ao descrédito
perante a Europa e o Mundo, tornando-se a dívida actual impagável, além
do corte radical dos meios de financiamento externo.
Se
actualmente se reclama pelos valores dos ordenados e das reformas serem
muito baixos, comparativamente com os outros países da EU, como é que
seria nos próximos vinte ou trinta anos? A saída do Euro, não será de perto nem de longe uma solução para os
défices e problemas estruturais da economia Portugal, só o será em
teoria, sem se viver o real impacto e as consequências de tal situação
em casa própria ou a vejamos na casa do vizinho, não a sabemos avaliar!
Que seja um outro país a viver primeiro essa experiência, porque aí
poderemos ver o desastre, o que nos ajudará a medir e a meditar nesta
desastrada aventura. |