1. A equipa
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O futebol tem andado, desde há muito, arredado do interior do país e,
particularmente, do Alentejo. Tempos houve em que o campeonato nacional
tinha grandes jogos, renhidos e bem disputados, em terras transtaganas,
inicialmente em Elvas e, um pouco mais tarde, em Évora (com o seu
Lusitano). Vou tentar recordar o que em Elvas se passou na década de
1940, (já lá vão mais de 60 anos), uma vez que se trata da minha terra
natal e aí assisti a muitos dos tais grandes jogos disputados. |
Equipa do Sport
Lisboa e Elvas em 1946. 1º plano: Morais, Massano, Patalino, Aleixo
e Quim; 2º plano: Semedo, Rana, Fernandes, Rebelo, Almeida e
Alcobia. |
Havia em Elvas três clubes (?!) a praticar o que alguns consideram como
a modalidade desportiva por excelência (?!): o Sport Lisboa e Elvas,
filial n.º 6 do Sport Lisboa e Benfica, o Sporting Clube Elvense, filial
do Sporting Clube de Portugal, e o Clube de Futebol “Os Elvenses”,
filiado do Clube de Futebol “Os Belenenses”. Vou referir o primeiro,
porque foi aquele que mais se distinguiu a nível nacional, e o único da
cidade a participar na 1ª divisão nacional. O Sport Lisboa e Elvas,
fundado em 1925, andava pelos distritais, inicialmente um pouco por
baixo, com classificações até inferiores às dos seus homónimos da
cidade, até que, em 1945, o Campeonato Nacional da 1ª divisão, que até
então se disputava apenas com 10 clubes, foi alargado a mais dois
distritos – Aveiro e Portalegre. No campeonato distrital de Portalegre,
a partir de 1941/42, já dominava o Sport Lisboa e Elvas, que foi
campeão da Associação de Futebol de Portalegre em 1944/45. Mas a
Federação só admitia o representante de além Tejo se fosse vencedor de
um campeonato regional. Defrontando o União de Montemor, Portalegrense e
Estrela de Portalegre, Juventude e Lusitano de Évora, em 1944/45 o Sport
Lisboa e Elvas dominou os seus adversários, vencendo o que se denominou
como série 14 da II liga. E foi assim que esta filial do grande Benfica,
ao clube sede se juntou no campeonato de 1945/46, bem como também ao
Sporting, que era o clube dominador na época (com algumas intromissões
do Benfica e até uma do Belenenses, esta precisamente na estreia do S.
L. Elvas no campeonato).
Na primeira época em que disputou a 1ª divisão, o S. L. Elvas
quedar-se-ia pela 8ª posição entre 12 equipas (o que para estreia se
pode considerar como muito razoável), obtendo 8 vitórias, sendo
derrotado 13 vezes e apenas empatando 1 encontro. Era uma formação que
marcava bastantes golos (43 em 22 jogos, o que dava uma média superior a
2 golos por desafio), principalmente no seu estádio municipal, onde era
difícil passar, sendo os três grandes da altura (Sporting, Benfica e
Belenenses) os únicos a consegui-lo, num terreno de jogo ainda em terra
batida, mas mesmo assim tendo de marcar bastantes golos. O problema da
equipa era nas saídas aos campos adversários, onde, com raras excepções,
“comia pela medida grossa”.
Como curiosidade, recorde-se que, à 3ª jornada, neste campeonato com 12
clubes, o recém promovido fixava-se no comando da competição. Em crónica
do brilhante jornalista Tavares da Silva, dizia-se na revista “Stadium”
(semanário desportivo da altura, com saída às quartas-feiras):
«Excelente! Elvas! Com 3 vitórias, à cabeça».
Ainda como Sport Lisboa e Elvas, mas agora com 14 clubes (fora
alargado o campeonato com mais duas formações), em 1946/47, ficaria
também na segunda metade da tabela classificativa (9º lugar, com 9
vitórias, 2 empates e 15 derrotas, com um “score” de 65-89 em golos e 20
pontos). Mas continuava a mesma dificuldade em os primodivisionários
passarem em Elvas, onde só os grandes normalmente ganhavam; mas, se
queriam levar de vencida a valorosa equipa que o clube apresentava
então, teriam de marcar 4 ou 5 golos, porque os elvenses marcavam pelo
menos 3. A acrescentar, goleadas como 8-0 ao Sanjoanense e 8-1 ao
Boavista mostravam bem a força atacante da formação do Sport Lisboa e
Elvas. O pior continuava a ser nos jogos fora, onde apenas registaram um
empate em Guimarães. Os 65 golos marcados davam uma média de 2,5 golos
por encontro, o que demonstra bem a eficácia dos dianteiros elvenses.
Dava gosto assistir aos jogos disputados no campo de Elvas com tantos
golos marcados, pois o «sal» do futebol é precisamente o meter o
esférico na baliza adversária.
Lembremos uma equipa de 1947, por exemplo, a que bateu o Belenenses por
1-0 em 27 de Abril: Semedo, Neves, Oliveira, Henrique,
Rebelo, Toninho,
Morais, Massano, Patalino, Aleixo e Rosário.
Para o razoável número de golos que a equipa marcava contribuía, com
larga margem, o seu avançado-centro da altura, o Patalino, como era
conhecido, que só à sua conta marcou 24, sendo nessa época o segundo
melhor marcador do campeonato, só superado pelo então muito consagrado
avançado-centro do Sporting Clube de Portugal, o Peyroteo (na altura dos
5 violinos, se bem estamos lembrados). Mas, quanto a este magnífico
atleta elvense, que chegou a internacional, nos debruçaremos mais
adiante.
Vejamos por agora o restante percurso do clube representativo da cidade,
durante o tempo que se conservou pela primeira divisão do campeonato
principal de futebol.
Duas épocas na 1ª divisão, com consequentes deslocações a Lisboa, Porto,
Coimbra, Guimarães, Braga, Setúbal, Olhão, para disputar os respectivos
jogos “fora”, depauperaram as finanças do clube. O momento menos bom
neste importante aspecto levaram o clube a solicitar ao clube sede a
necessária e indispensável ajuda. Tal ajuda foi-lhe negada com o
pretexto, inexorável (?!), de nunca terem subsidiado qualquer filial.
Esta renúncia do Benfica em ajudar a sua filial não caiu bem no meio
desportivo da cidade, dando lugar a um sentido desapontamento.
Acontecia que o Sporting Clube Elvense se debatia com os mesmos
problemas, levando igual nega do seu clube sede. O movimento iniciado
por uma campanha jornalística no “Correio Elvense”, e depois continuado
nas respectivas assembleias gerais, onde os sócios das duas filiais
pensaram noutros rumos, após amistosas conversações entre os dirigentes
dos dois clubes, concluíram que, talvez transformando os dois clubes num
só, a cidade ganharia um representante, valorizado com o reforço de
jogadores e de sócios, acabando igualmente com a rivalidade existente e
que só prejudicava os seus intentos. E se bem o pensaram, depressa o
passaram a irreversível facto, com o beneplácito de sócios sensatos e
pouco fanáticos dos dois clubes.
Assim, no dia 15 de Agosto de 1947, da fusão das duas filiais, nascia o
“O Elvas – Clube Alentejano de Desportos”. O novel clube faria a
sua estreia oficial defrontando no estádio municipal da cidade, a 23 de
Setembro deste mesmo ano de 1947, a forte equipa do Sevilha, um dos
grandes do desporto espanhol da altura, a qual venceu por 2-1. O clube
foi então ocupar o lugar do Sport Lisboa e Elvas no Campeonato Nacional
da 1ª divisão, que este já vinha disputando há dois anos, e foi com este
novo nome que o clube representativo da cidade disputou o campeonato de
1947/48.
Neste campeonato, já como “O Elvas”, o clube alcançaria a 7ª posição (a
comandar a segunda metade da tabela), com 11 vitórias, 2 empates e 13
derrotas, com um “score” de 66-63 em golos e 24 pontos (a melhor
classificação até então). Continuaria a dificultar a vida aos grandes no
estádio da cidade, apresentando uma média de golos idêntica à do ano
anterior, e com algumas goleadas como por exemplo os 5-0 ao Boavista, os
7-0 ao Lusitano de Vila Real de Stº António e os 12-1 (?!) à Académica
de Coimbra.
O maior feito da equipa nesta época coincidiu com a contribuição para a
retirada do título (entregue ao Sporting) ao Sport Lisboa e Benfica (uma
pequena “vingançazinha” pela nega ao apoio solicitado pelo S. L. Elvas
no ano anterior), pois na antepenúltima jornada do campeonato perderiam
com “O Elvas” em Lisboa (Campo Grande), por 2-1, sendo o carrasco
benfiquista o avançado Patalino, autor dois golos da formação
elvense.
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Patalino |
Como curiosidade, registe-se como a equipa de Elvas alinhou neste
memorável encontro: Calleja; Galinho, Neves e Oliveira;
Rebelo e Sousa;
Vieira, Massano, Patalino, Rafa e Casimiro.
Uma época mais (1948/49), “O Elvas” continuaria entre os
primodivisionários do futebol nacional. Foi 9º com 7 vitórias, 7 empates
e 12 derrotas, com um “score” de 46-61 golos (notava-se um decréscimo de
“acerto” nas balizas adversárias) e 21 pontos. Os grandes continuavam a
ver-se aflitos em Elvas, ganhando apenas por um golo de diferença (3-4
contra Sporting, 0-1 contra Benfica), com o Belenenses a empatar e o
Porto a perder 2-0. O pior continuava a ser nos jogos fora; aliás, isto
acontecia na altura com quase todos os pequenos clubes.
No jogo dos 3-4 contra o Sporting o “O Elvas” alinhou como segue:
Calleja; Galinho, Casimiro e Oliveira; Berna (ex-Real Madrid) e Sousa;
Santos, Massano, Patalino, Vieira e Manuelito.
Repare-se que o Elvas conseguia trazer reforços do Real Madrid, e tinha,
além do referido Berna, mais dois espanhóis, o guardião Calleja e o
interior Rafa.
A época de 1949/50, quinta consecutiva na primeira divisão, foi
desastrosa. A equipa não se aguentou e foi despromovida, baixando à
segunda divisão, pois foi apenas 13º (e penúltimo) na classificação
final. As 8 vitórias e 3 empates (derrotas foram 15) com um “score” de
48-65 em golos e 19 pontos, não foram suficientes para manter o clube
entre os grandes do nosso futebol. Mas, apesar de descer de divisão, os
adeptos tiveram ainda ocasião de observar bons e agradáveis jogos em
casa onde, por exemplo, o Sporting teve que se esforçar numa segunda
parte (perdia ao intervalo por 3-1) para conseguir levar de vencida a
equipa da casa por 6-3; e o Benfica, campeão nessa época, ter perdido
por 1-0 (o Benfica só teria neste ano duas derrotas, a segunda das quais
com o Sporting).
A descida à segunda divisão deixou naturalmente “mazelas” e o clube
ainda se “equilibrou” durante algum tempo, mas deslizou bastante depois.
Ainda regressou à 1ª divisão uns anos mais tarde, mas vou limitar-me
nestes apontamentos a esta primeira aparição de um clube de Elvas no
escalão maior, aquela que, por a ter vivido “in su sítio”, mais
significado teve para mim.
Passaremos entretanto a falar dos jogadores mais influentes da equipa,
nestes cinco anos referidos.
2. Patalino e outros jogadores
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Ao falar dos jogadores que passaram pelo Elvas, quer inicialmente como
Sport Lisboa e Elvas, quer depois como “O Elvas-Clube Alentejano de
Desportos”, não podemos deixar de colocar à cabeça o “craque” de então,
o celebrizado “Patalino”.
A importância que este magnífico atleta, que representou condignamente o
clube mais nomeado da sua terra natal, teve no contexto desportivo
(futebolístico neste caso) do país, foi tal que ainda muito
recentemente, em 2001, mereceu uma referência do nosso brilhante
escritor António Lobo Antunes, que, numa sua crónica na revista "Visão",
de 10 de Maio deste ano, dizia: «Pensei nos jogadores de futebol de que
gostei na minha infância... do grande Patalino do Elvas...»
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Patalino |
Domingos Carrilho Demétrio, de seu nome de baptismo, nasceu em
29 de Junho de 1922, em Elvas. Mas pouca gente o conhecia pelo seu próprio
nome, inclusive os seus conterrâneos. Para toda a gente ele era o “Patalino”.
A alcunha porque ficou conhecido nos meios futebolísticos (e não só) não
era muito consentânea. Dizia-se que se devia ao seu pai, que fora um
grande campeão do “Jogo da Pata” (os seus, e meus, conterrâneos ainda
vivos decerto recordarão o que era este jogo). Filho do campeão do “Jogo
da Pata”, o Domingos ficaria “Pata...lino” e assim continuaria afamado
no futebol.
De origem humilde, era alvenéu (para quem não se recorde deste mister,
significa pedreiro, o que trabalha com pedra e cal), e aos 18 anos
iniciou a sua carreira futebolística no Clube de Futebol “Os Elvenses”.
Dotado de alguma técnica e de grande capacidade de finalização, marcava
bastantes golos na liga regional que este clube então disputava e logo
captou as atenções do Sport Lisboa e Elvas (equipa mais dotada na
altura) que assim o contratou em 1941.
Mas seria emprestado em 1943 ao “Lanifícios de Portalegre” (?!), onde só
esteve uma época, pois a filial elvense do Benfica achou que dele
necessitava e fê-lo regressar no ano seguinte.
Por Elvas ficou, primeiro integrando o Sport Lisboa e Elvas, de 1943 a
1947, e depois o Elvas Clube Alentejano de Desportos, a quando da
criação deste novo clube na cidade e até 1952.
Nos anos em que o clube, com as duas designações, participou na 1ª
divisão nacional, de 1945 a 1950, Patalino deu nas vistas a nível
nacional. O seu nome ecoava por todo o país como atleta de eleição que
era, notabilizando-se pela quantidade de golos que marcava.
Era um futebolista com uma capacidade física impressionante, rápido e
eficaz em frente às redes adversárias, com um grande poder de elevação,
que lhe permitia marcar muitos golos de cabeça. Naturalmente que estas
qualidades que o atleta demonstrava em campo deram nas vistas nos meios
desportivos da época; e assim não demorou a ser devidamente assinalado
pelos responsáveis pelo seleccionado português, e chamado a integrar a
“equipa de todos nós” em vários jogos internacionais.
Começou com uma chamada à selecção portuguesa que disputou em Março de
1946, num encontro com uma selecção inglesa da “Home Fleet”. Patalino
alinhou no centro do ataque, tendo como companheiros Jesus Correia,
Araújo, Salvador e Rogério (se bem estamos lembrados, todos nomes
grandes da altura). Na crónica respeitante a este encontro, afirmava a
imprensa desportiva da época: «Para Patalino, também vão os melhores
elogios. Eis uma estrela que levanta a cortina do horizonte (?!). O
conhecido elemento de Elvas não só se adaptou ao jogo dos interiores
(Araújo e Salvador), o que revela classe... Além disso, revelou uma
fogosidade impressionante.»
Depois foi a chamada à selecção principal em que disputaria um encontro
com a Irlanda a 16 de Junho de 1946. Figurava entre os avançados famosos
de então, como o Araújo, o Peyroteo, o Caiado, o Rogério, o Bentes...
«Uma revelação do futebol português no posto de avançado-centro –
chamado à selecção nacional contra a Irlanda», título com honras de capa
da revista “Stadium”, referindo-se ao atleta elvense.
Em 3 de Maio de 1947, a selecção B de Portugal (que não desmerecia da A)
disputou com a sua congénere de França, em Bordéus, um encontro em que
Patalino só foi utilizado na segunda parte, substituindo Julinho (do
Benfica). Mas foi o suficiente para marcar os dois golos com que a
selecção portuguesa conseguiu reduzir a derrota (2-4 foi o resultado
final). Dizia-se na imprensa desportiva que... «em Bordéus, Barrigana e
Patalino cumpriram bem».
A classe que Patalino demonstrava nos jogos em que intervinha
ultrapassou fronteiras. E começou a ser aliciado para demandar outras
paragens.
Em Abril de 1947 Patalino foi convidado para jogar no Bordéus mas,
sentimental como era, respondeu que, a ter que abandonar a sua «querida
terra, Elvas», só o faria pelo Sport Lisboa e Benfica.
Depois em Setembro desse mesmo ano, foi o Atlético de Madrid a querer
levar o jovem internacional português. Os directores madrilenos terão
estado em Elvas a tentar “desviar” Patalino para aquele clube,
oferecendo 300 mil pesetas pela sua contratação, sendo 150 mil para o
clube, 150 mil para o jogador, acrescentando-se o empréstimo de 3
jogadores ao Elvas e ainda um jogo na cidade. Patalino teria 2.500
pesetas de ordenado (razoável para a época) e prémios de jogos.
Mais tarde, segundo um redactor do periódico “Hoy” de Badajoz, a oferta
subiria para 200 mil pesetas pela ficha e quinze mil mensais, mais
prémios de jogos. Patalino mais uma vez recusaria “pela sua vida de
romance e amor a Elvas” dizia-se. Acrescentava ainda o periódico que
Patalino, além da proposta do Atlético de Madrid, recebera outras do
Sevilha, do Córdoba e do Real Madrid.
Em Janeiro de 1949 voltavam as convocatórias para o seleccionado
português. Preparava-se uma ida a Itália no mês seguinte para defrontar
a selecção daquele país. Patalino participou no estágio, alinhando em
Coimbra num jogo treino com a Académica. Patalino deslocou-se então a
Génova para este encontro.
Foi apenas suplente neste encontro, mas o facto de integrar a selecção
dizia da valia futebolística que o atleta tinha. Este jogo, como outros,
deu direito a receber uma medalha pelo facto. Mas esta distinção teve a
sua história: no regresso de Génova, Patalino ficou sem a gabardine e o
cachecol, roubados no comboio, a caminho de Lisboa. Diz-se que só não
chorou porque não lhe levaram a medalha ganha pela sua presença em
Itália, e que seria exposta em Elvas como um “ex-libris” de um herói
seu.
Em Março de 1949, Patalino foi indigitado para nova participação na
selecção B, a disputar um jogo com a Espanha.
Em 15 de Maio desse mesmo ano, Patalino seria titular no jogo que
Portugal fez com o País de Gales. Portugal venceu o encontro por 3-2 e
Patalino marcou o 1º golo português.
Mais tarde, já em 1951, com “O Elvas” na segunda divisão, Patalino
voltaria a ser convocado para um Portugal-Itália. Marcaria 2 golos num
treino da selecção, mas não chegou a integrar a constituição inicial da
equipa das quinas nesse encontro.
Por razões várias, o clube já não tinha condições para voltar à divisão
maior do nosso futebol e era “pequeno” talvez para o internacional
Patalino. Assim, foi contratado em 1952 pelo Lusitano Ginásio Clube de
Évora, que entretanto havia ingressado na primeira divisão. Por ali se
manteve por 4 épocas, seguindo depois para Serpa, mais tarde para o Luso
do Barreiro, para terminar a sua carreira no A. C. Arrentela. Como
muitos outros “craques” (lembre-se Eusébio) foi terminar a carreira num
clube modesto.
Mas Patalino não jogava sozinho. Em desportos colectivos, como o futebol
o é, todos os parceiros são importantes. E o clube elvense tinha outros
excelentes praticantes que ajudavam o seu ponta de lança.
Não estaremos longe da verdade se dissermos que o apoio que dava o
interior direito que acompanhava Patalino foi de grande influência na
sua “performance”. Era ele o Manuel Massano, igualmente natural
de Elvas. Curiosamente, da janela traseira da casa onde eu morava na
altura, via em frente a casa onde morava este outro “craque” elvense.
Mais, o seu nome dizia-me algo, pois da parte da minha avó materna eu
também era Massano, sem que, no entanto, as famílias fossem chegadas.
Massano foi também seleccionado, embora apenas para a selecção B. Mas o
facto mostra que os responsáveis pelas selecções estavam atentos às suas
qualidades futebolísticas. Era um jogador fino, que, no meu entender,
não ficava atrás do considerado melhor interior direito de então, o
Araújo, que representava o F. C. do Porto.
Em 1949, juntando-se a Patalino, foi seleccionado para um jogo a
disputar com a Espanha. Seria depois efectivo numa selecção
representativa do Sul, que venceu a do Norte por 5-2. Massano alinhou ao
lado dos “craques” da época: Feliciano, Moreira, Xico Ferreira, Julinho,
Travassos, Albano, entre outros.
Um outro jogador de “O Elvas” que mereceu uma convocação para um treino
da selecção foi o médio Sousa.
Depois, não podemos deixar de referir outros que, não sendo todavia
objecto de passíveis chamadas à selecção, não deixavam de ser óptimos
jogadores, alguns vindos de, ou a caminho de Benficas, Belenenses e
quejandos. Além dos já citados, as minhas referências pessoais admitem
os seguintes: os guarda-redes Semedo e depois o espanhol
Calleja, os defesas Neves e Galinho, os médios
Rebelo e o espanhol Berna, os avançados Rafa (também
espanhol), Rosário, Aleixo e alguns mais que a memória
esqueceu. |
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Selecção portuguesa contra o País de Gales, com Patalino como
avançado-centro. |
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