Índice do Almanaque.
 

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O «Elvas» e «Patalino»

António Carretas

1. A equipa

Equipa do Sport Lisboa e Elvas em 1946. Clicar para ampliar.

O futebol tem andado, desde há muito, arredado do interior do país e, particularmente, do Alentejo. Tempos houve em que o campeonato nacional tinha grandes jogos, renhidos e bem disputados, em terras transtaganas, inicialmente em Elvas e, um pouco mais tarde, em Évora (com o seu Lusitano). Vou tentar recordar o que em Elvas se passou na década de 1940, (já lá vão mais de 60 anos), uma vez que se trata da minha terra natal e aí assisti a muitos dos tais grandes jogos disputados.

Equipa do Sport Lisboa e Elvas em 1946. 1º plano: Morais, Massano, Patalino, Aleixo e Quim; 2º plano: Semedo, Rana, Fernandes, Rebelo, Almeida e Alcobia.

Havia em Elvas três clubes (?!) a praticar o que alguns consideram como a modalidade desportiva por excelência (?!): o Sport Lisboa e Elvas, filial n.º 6 do Sport Lisboa e Benfica, o Sporting Clube Elvense, filial do Sporting Clube de Portugal, e o Clube de Futebol “Os Elvenses”, filiado do Clube de Futebol “Os Belenenses”. Vou referir o primeiro, porque foi aquele que mais se distinguiu a nível nacional, e o único da cidade a participar na 1ª divisão nacional. O Sport Lisboa e Elvas, fundado em 1925, andava pelos distritais, inicialmente um pouco por baixo, com classificações até inferiores às dos seus homónimos da cidade, até que, em 1945, o Campeonato Nacional da 1ª divisão, que até então se disputava apenas com 10 clubes, foi alargado a mais dois distritos – Aveiro e Portalegre. No campeonato distrital de Portalegre, a partir de 1941/42, já dominava o Sport Lisboa e Elvas, que foi campeão da Associação de Futebol de Portalegre em 1944/45. Mas a Federação só admitia o representante de além Tejo se fosse vencedor de um campeonato regional. Defrontando o União de Montemor, Portalegrense e Estrela de Portalegre, Juventude e Lusitano de Évora, em 1944/45 o Sport Lisboa e Elvas dominou os seus adversários, vencendo o que se denominou como série 14 da II liga. E foi assim que esta filial do grande Benfica, ao clube sede se juntou no campeonato de 1945/46, bem como também ao Sporting, que era o clube dominador na época (com algumas intromissões do Benfica e até uma do Belenenses, esta precisamente na estreia do S. L. Elvas no campeonato).

Na primeira época em que disputou a 1ª divisão, o S. L. Elvas quedar-se-ia pela 8ª posição entre 12 equipas (o que para estreia se pode considerar como muito razoável), obtendo 8 vitórias, sendo derrotado 13 vezes e apenas empatando 1 encontro. Era uma formação que marcava bastantes golos (43 em 22 jogos, o que dava uma média superior a 2 golos por desafio), principalmente no seu estádio municipal, onde era difícil passar, sendo os três grandes da altura (Sporting, Benfica e Belenenses) os únicos a consegui-lo, num terreno de jogo ainda em terra batida, mas mesmo assim tendo de marcar bastantes golos. O problema da equipa era nas saídas aos campos adversários, onde, com raras excepções, “comia pela medida grossa”.

Como curiosidade, recorde-se que, à 3ª jornada, neste campeonato com 12 clubes, o recém promovido fixava-se no comando da competição. Em crónica do brilhante jornalista Tavares da Silva, dizia-se na revista “Stadium” (semanário desportivo da altura, com saída às quartas-feiras): «Excelente! Elvas! Com 3 vitórias, à cabeça».

Ainda como Sport Lisboa e Elvas, mas agora com 14 clubes (fora alargado o campeonato com mais duas formações), em 1946/47, ficaria também na segunda metade da tabela classificativa (9º lugar, com 9 vitórias, 2 empates e 15 derrotas, com um “score” de 65-89 em golos e 20 pontos). Mas continuava a mesma dificuldade em os primodivisionários passarem em Elvas, onde só os grandes normalmente ganhavam; mas, se queriam levar de vencida a valorosa equipa que o clube apresentava então, teriam de marcar 4 ou 5 golos, porque os elvenses marcavam pelo menos 3. A acrescentar, goleadas como 8-0 ao Sanjoanense e 8-1 ao Boavista mostravam bem a força atacante da formação do Sport Lisboa e Elvas. O pior continuava a ser nos jogos fora, onde apenas registaram um empate em Guimarães. Os 65 golos marcados davam uma média de 2,5 golos por encontro, o que demonstra bem a eficácia dos dianteiros elvenses. Dava gosto assistir aos jogos disputados no campo de Elvas com tantos golos marcados, pois o «sal» do futebol é precisamente o meter o esférico na baliza adversária.

Lembremos uma equipa de 1947, por exemplo, a que bateu o Belenenses por 1-0 em 27 de Abril: Semedo, Neves, Oliveira, Henrique, Rebelo, Toninho, Morais, Massano, Patalino, Aleixo e Rosário.

Para o razoável número de golos que a equipa marcava contribuía, com larga margem, o seu avançado-centro da altura, o Patalino, como era conhecido, que só à sua conta marcou 24, sendo nessa época o segundo melhor marcador do campeonato, só superado pelo então muito consagrado avançado-centro do Sporting Clube de Portugal, o Peyroteo (na altura dos 5 violinos, se bem estamos lembrados). Mas, quanto a este magnífico atleta elvense, que chegou a internacional, nos debruçaremos mais adiante.

Vejamos por agora o restante percurso do clube representativo da cidade, durante o tempo que se conservou pela primeira divisão do campeonato principal de futebol.

Duas épocas na 1ª divisão, com consequentes deslocações a Lisboa, Porto, Coimbra, Guimarães, Braga, Setúbal, Olhão, para disputar os respectivos jogos “fora”, depauperaram as finanças do clube. O momento menos bom neste importante aspecto levaram o clube a solicitar ao clube sede a necessária e indispensável ajuda. Tal ajuda foi-lhe negada com o pretexto, inexorável (?!), de nunca terem subsidiado qualquer filial. Esta renúncia do Benfica em ajudar a sua filial não caiu bem no meio desportivo da cidade, dando lugar a um sentido desapontamento.

Acontecia que o Sporting Clube Elvense se debatia com os mesmos problemas, levando igual nega do seu clube sede. O movimento iniciado por uma campanha jornalística no “Correio Elvense”, e depois continuado nas respectivas assembleias gerais, onde os sócios das duas filiais pensaram noutros rumos, após amistosas conversações entre os dirigentes dos dois clubes, concluíram que, talvez transformando os dois clubes num só, a cidade ganharia um representante, valorizado com o reforço de jogadores e de sócios, acabando igualmente com a rivalidade existente e que só prejudicava os seus intentos. E se bem o pensaram, depressa o passaram a irreversível facto, com o beneplácito de sócios sensatos e pouco fanáticos dos dois clubes.

Assim, no dia 15 de Agosto de 1947, da fusão das duas filiais, nascia o “O Elvas – Clube Alentejano de Desportos”. O novel clube faria a sua estreia oficial defrontando no estádio municipal da cidade, a 23 de Setembro deste mesmo ano de 1947, a forte equipa do Sevilha, um dos grandes do desporto espanhol da altura, a qual venceu por 2-1. O clube foi então ocupar o lugar do Sport Lisboa e Elvas no Campeonato Nacional da 1ª divisão, que este já vinha disputando há dois anos, e foi com este novo nome que o clube representativo da cidade disputou o campeonato de 1947/48.

Neste campeonato, já como “O Elvas”, o clube alcançaria a 7ª posição (a comandar a segunda metade da tabela), com 11 vitórias, 2 empates e 13 derrotas, com um “score” de 66-63 em golos e 24 pontos (a melhor classificação até então). Continuaria a dificultar a vida aos grandes no estádio da cidade, apresentando uma média de golos idêntica à do ano anterior, e com algumas goleadas como por exemplo os 5-0 ao Boavista, os 7-0 ao Lusitano de Vila Real de Stº António e os 12-1 (?!) à Académica de Coimbra.

O maior feito da equipa nesta época coincidiu com a contribuição para a retirada do título (entregue ao Sporting) ao Sport Lisboa e Benfica (uma pequena “vingançazinha” pela nega ao apoio solicitado pelo S. L. Elvas no ano anterior), pois na antepenúltima jornada do campeonato perderiam com “O Elvas” em Lisboa (Campo Grande), por 2-1, sendo o carrasco benfiquista o avançado Patalino, autor dois golos da formação elvense.

Patalino. Clicar para ampliar.
Patalino

Como curiosidade, registe-se como a equipa de Elvas alinhou neste memorável encontro: Calleja; Galinho, Neves e Oliveira; Rebelo e Sousa; Vieira, Massano, Patalino, Rafa e Casimiro.

Uma época mais (1948/49), “O Elvas” continuaria entre os primodivisionários do futebol nacional. Foi 9º com 7 vitórias, 7 empates e 12 derrotas, com um “score” de 46-61 golos (notava-se um decréscimo de “acerto” nas balizas adversárias) e 21 pontos. Os grandes continuavam a ver-se aflitos em Elvas, ganhando apenas por um golo de diferença (3-4 contra Sporting, 0-1 contra Benfica), com o Belenenses a empatar e o Porto a perder 2-0. O pior continuava a ser nos jogos fora; aliás, isto acontecia na altura com quase todos os pequenos clubes.

No jogo dos 3-4 contra o Sporting o “O Elvas” alinhou como segue: Calleja; Galinho, Casimiro e Oliveira; Berna (ex-Real Madrid) e Sousa; Santos, Massano, Patalino, Vieira e Manuelito.

Repare-se que o Elvas conseguia trazer reforços do Real Madrid, e tinha, além do referido Berna, mais dois espanhóis, o guardião Calleja e o interior Rafa.

A época de 1949/50, quinta consecutiva na primeira divisão, foi desastrosa. A equipa não se aguentou e foi despromovida, baixando à segunda divisão, pois foi apenas 13º (e penúltimo) na classificação final. As 8 vitórias e 3 empates (derrotas foram 15) com um “score” de 48-65 em golos e 19 pontos, não foram suficientes para manter o clube entre os grandes do nosso futebol. Mas, apesar de descer de divisão, os adeptos tiveram ainda ocasião de observar bons e agradáveis jogos em casa onde, por exemplo, o Sporting teve que se esforçar numa segunda parte (perdia ao intervalo por 3-1) para conseguir levar de vencida a equipa da casa por 6-3; e o Benfica, campeão nessa época, ter perdido por 1-0 (o Benfica só teria neste ano duas derrotas, a segunda das quais com o Sporting).

A descida à segunda divisão deixou naturalmente “mazelas” e o clube ainda se “equilibrou” durante algum tempo, mas deslizou bastante depois.

Ainda regressou à 1ª divisão uns anos mais tarde, mas vou limitar-me nestes apontamentos a esta primeira aparição de um clube de Elvas no escalão maior, aquela que, por a ter vivido “in su sítio”, mais significado teve para mim.

Passaremos entretanto a falar dos jogadores mais influentes da equipa, nestes cinco anos referidos.

2. Patalino e outros jogadores

Patalino. Clicar para ampliar.

Ao falar dos jogadores que passaram pelo Elvas, quer inicialmente como Sport Lisboa e Elvas, quer depois como “O Elvas-Clube Alentejano de Desportos”, não podemos deixar de colocar à cabeça o “craque” de então, o celebrizado “Patalino”.

A importância que este magnífico atleta, que representou condignamente o clube mais nomeado da sua terra natal, teve no contexto desportivo (futebolístico neste caso) do país, foi tal que ainda muito recentemente, em 2001, mereceu uma referência do nosso brilhante escritor António Lobo Antunes, que, numa sua crónica na revista "Visão", de 10 de Maio deste ano, dizia: «Pensei nos jogadores de futebol de que gostei na minha infância... do grande Patalino do Elvas...»

                  Patalino

Domingos Carrilho Demétrio, de seu nome de baptismo, nasceu em 29 de Junho de 1922, em Elvas. Mas pouca gente o conhecia pelo seu próprio nome, inclusive os seus conterrâneos. Para toda a gente ele era o “Patalino”. A alcunha porque ficou conhecido nos meios futebolísticos (e não só) não era muito consentânea. Dizia-se que se devia ao seu pai, que fora um grande campeão do “Jogo da Pata” (os seus, e meus, conterrâneos ainda vivos decerto recordarão o que era este jogo). Filho do campeão do “Jogo da Pata”, o Domingos ficaria “Pata...lino” e assim continuaria afamado no futebol.

De origem humilde, era alvenéu (para quem não se recorde deste mister, significa pedreiro, o que trabalha com pedra e cal), e aos 18 anos iniciou a sua carreira futebolística no Clube de Futebol “Os Elvenses”. Dotado de alguma técnica e de grande capacidade de finalização, marcava bastantes golos na liga regional que este clube então disputava e logo captou as atenções do Sport Lisboa e Elvas (equipa mais dotada na altura) que assim o contratou em 1941.

Mas seria emprestado em 1943 ao “Lanifícios de Portalegre” (?!), onde só esteve uma época, pois a filial elvense do Benfica achou que dele necessitava e fê-lo regressar no ano seguinte.

Por Elvas ficou, primeiro integrando o Sport Lisboa e Elvas, de 1943 a 1947, e depois o Elvas Clube Alentejano de Desportos, a quando da criação deste novo clube na cidade e até 1952.

Nos anos em que o clube, com as duas designações, participou na 1ª divisão nacional, de 1945 a 1950, Patalino deu nas vistas a nível nacional. O seu nome ecoava por todo o país como atleta de eleição que era, notabilizando-se pela quantidade de golos que marcava.

Era um futebolista com uma capacidade física impressionante, rápido e eficaz em frente às redes adversárias, com um grande poder de elevação, que lhe permitia marcar muitos golos de cabeça. Naturalmente que estas qualidades que o atleta demonstrava em campo deram nas vistas nos meios desportivos da época; e assim não demorou a ser devidamente assinalado pelos responsáveis pelo seleccionado português, e chamado a integrar a “equipa de todos nós” em vários jogos internacionais.

Começou com uma chamada à selecção portuguesa que disputou em Março de 1946, num encontro com uma selecção inglesa da “Home Fleet”. Patalino alinhou no centro do ataque, tendo como companheiros Jesus Correia, Araújo, Salvador e Rogério (se bem estamos lembrados, todos nomes grandes da altura). Na crónica respeitante a este encontro, afirmava a imprensa desportiva da época: «Para Patalino, também vão os melhores elogios. Eis uma estrela que levanta a cortina do horizonte (?!). O conhecido elemento de Elvas não só se adaptou ao jogo dos interiores (Araújo e Salvador), o que revela classe... Além disso, revelou uma fogosidade impressionante.»

Depois foi a chamada à selecção principal em que disputaria um encontro com a Irlanda a 16 de Junho de 1946. Figurava entre os avançados famosos de então, como o Araújo, o Peyroteo, o Caiado, o Rogério, o Bentes...

«Uma revelação do futebol português no posto de avançado-centro – chamado à selecção nacional contra a Irlanda», título com honras de capa da revista “Stadium”, referindo-se ao atleta elvense.

Em 3 de Maio de 1947, a selecção B de Portugal (que não desmerecia da A) disputou com a sua congénere de França, em Bordéus, um encontro em que Patalino só foi utilizado na segunda parte, substituindo Julinho (do Benfica). Mas foi o suficiente para marcar os dois golos com que a selecção portuguesa conseguiu reduzir a derrota (2-4 foi o resultado final). Dizia-se na imprensa desportiva que... «em Bordéus, Barrigana e Patalino cumpriram bem».

A classe que Patalino demonstrava nos jogos em que intervinha ultrapassou fronteiras. E começou a ser aliciado para demandar outras paragens.

Em Abril de 1947 Patalino foi convidado para jogar no Bordéus mas, sentimental como era, respondeu que, a ter que abandonar a sua «querida terra, Elvas», só o faria pelo Sport Lisboa e Benfica.

Depois em Setembro desse mesmo ano, foi o Atlético de Madrid a querer levar o jovem internacional português. Os directores madrilenos terão estado em Elvas a tentar “desviar” Patalino para aquele clube, oferecendo 300 mil pesetas pela sua contratação, sendo 150 mil para o clube, 150 mil para o jogador, acrescentando-se o empréstimo de 3 jogadores ao Elvas e ainda um jogo na cidade. Patalino teria 2.500 pesetas de ordenado (razoável para a época) e prémios de jogos.

Mais tarde, segundo um redactor do periódico “Hoy” de Badajoz, a oferta subiria para 200 mil pesetas pela ficha e quinze mil mensais, mais prémios de jogos. Patalino mais uma vez recusaria “pela sua vida de romance e amor a Elvas” dizia-se. Acrescentava ainda o periódico que Patalino, além da proposta do Atlético de Madrid, recebera outras do Sevilha, do Córdoba e do Real Madrid.

Em Janeiro de 1949 voltavam as convocatórias para o seleccionado português. Preparava-se uma ida a Itália no mês seguinte para defrontar a selecção daquele país. Patalino participou no estágio, alinhando em Coimbra num jogo treino com a Académica. Patalino deslocou-se então a Génova para este encontro.

Foi apenas suplente neste encontro, mas o facto de integrar a selecção dizia da valia futebolística que o atleta tinha. Este jogo, como outros, deu direito a receber uma medalha pelo facto. Mas esta distinção teve a sua história: no regresso de Génova, Patalino ficou sem a gabardine e o cachecol, roubados no comboio, a caminho de Lisboa. Diz-se que só não chorou porque não lhe levaram a medalha ganha pela sua presença em Itália, e que seria exposta em Elvas como um “ex-libris” de um herói seu.

Em Março de 1949, Patalino foi indigitado para nova participação na selecção B, a disputar um jogo com a Espanha.

Em 15 de Maio desse mesmo ano, Patalino seria titular no jogo que Portugal fez com o País de Gales. Portugal venceu o encontro por 3-2 e Patalino marcou o 1º golo português.

Mais tarde, já em 1951, com “O Elvas” na segunda divisão, Patalino voltaria a ser convocado para um Portugal-Itália. Marcaria 2 golos num treino da selecção, mas não chegou a integrar a constituição inicial da equipa das quinas nesse encontro.

Por razões várias, o clube já não tinha condições para voltar à divisão maior do nosso futebol e era “pequeno” talvez para o internacional Patalino. Assim, foi contratado em 1952 pelo Lusitano Ginásio Clube de Évora, que entretanto havia ingressado na primeira divisão. Por ali se manteve por 4 épocas, seguindo depois para Serpa, mais tarde para o Luso do Barreiro, para terminar a sua carreira no A. C. Arrentela. Como muitos outros “craques” (lembre-se Eusébio) foi terminar a carreira num clube modesto.

Mas Patalino não jogava sozinho. Em desportos colectivos, como o futebol o é, todos os parceiros são importantes. E o clube elvense tinha outros excelentes praticantes que ajudavam o seu ponta de lança.

Não estaremos longe da verdade se dissermos que o apoio que dava o interior direito que acompanhava Patalino foi de grande influência na sua “performance”. Era ele o Manuel Massano, igualmente natural de Elvas. Curiosamente, da janela traseira da casa onde eu morava na altura, via em frente a casa onde morava este outro “craque” elvense. Mais, o seu nome dizia-me algo, pois da parte da minha avó materna eu também era Massano, sem que, no entanto, as famílias fossem chegadas.

Massano foi também seleccionado, embora apenas para a selecção B. Mas o facto mostra que os responsáveis pelas selecções estavam atentos às suas qualidades futebolísticas. Era um jogador fino, que, no meu entender, não ficava atrás do considerado melhor interior direito de então, o Araújo, que representava o F. C. do Porto.

Em 1949, juntando-se a Patalino, foi seleccionado para um jogo a disputar com a Espanha. Seria depois efectivo numa selecção representativa do Sul, que venceu a do Norte por 5-2. Massano alinhou ao lado dos “craques” da época: Feliciano, Moreira, Xico Ferreira, Julinho, Travassos, Albano, entre outros.

Um outro jogador de “O Elvas” que mereceu uma convocação para um treino da selecção foi o médio Sousa.

Depois, não podemos deixar de referir outros que, não sendo todavia objecto de passíveis chamadas à selecção, não deixavam de ser óptimos jogadores, alguns vindos de, ou a caminho de Benficas, Belenenses e quejandos. Além dos já citados, as minhas referências pessoais admitem os seguintes: os guarda-redes Semedo e depois o espanhol Calleja, os defesas Neves e Galinho, os médios Rebelo e o espanhol Berna, os avançados Rafa (também espanhol), Rosário, Aleixo e alguns mais que a memória esqueceu.

Selecção portuguesa contra o País de Gales, com Patalino como avançado-centro.
Selecção portuguesa contra o País de Gales, com Patalino como avançado-centro.

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