índice do almanaque

Luís Jordão

■  Editorial

Abre os olhos, Zé...

Talvez já tenha manifestado mais vezes a ideia/princípio de que é de todo inadmissível que, no meu país, europeu, hoje, se passe fome e que o número de pessoas vivendo abaixo do limiar da miséria se conte aos milhões. Mas, mesmo que esteja sendo repetitivo, não me incomodo absolutamente nada, pois o importante é gritar o inconcebível facto aos quatro ventos.

É da maior importância ajudar, ainda que modestamente, a não consentir, que as constantes e diversificadas manobras de diversão encomendadas por aqueles que nos governam – sub-repticiamente ou às escancaras sugeridas pelo alto poder financeiro – aos engravatadinhos da publicidade e do marketing, façam de nós um rebanho de mansos carneiros.

Nos tempos do “António da Calçada” era de certo modo vulgar ouvir-se falar do princípio dos três “efes” (Fátima, fados e futebol) como o ópio do povo... Pensem bem: alguma vez se falou tanto de futebol dos seus inúmeros campeonatos/torneios e das suas estrelas; do fado das suas cantadeiras e dos seus sucessos; de Fátima e do seu templo e dos seus peregrinos?

Todos os dias aparecem novos casos de somenos importância, logo empolados, abrindo noticiários e dando primeiras páginas, desaparecendo nos dias seguintes, sendo substituídos por outros e outros numa sequência vertiginosa, alienando-nos. Entretanto, os grandes casos de corrupção, de fraude, de burla, de tráfico de tudo e mais alguma coisa, de pedofilia, de fuga ao fisco, etc., etc., etc... vão ficando em nada de nada.

É evidente que muitos mais exemplos se poderiam juntar ao acima dito, mas julgo que estes são suficientemente ilustrativos, mais ainda se lhes juntarmos o resultado das três eleições havidas e a palhaçada que foram as campanhas eleitorais que as precederam.

Nestas campanhas todos os partidos falaram das questões sociais como a grande causa nacional, sendo óbvias as insanáveis diferenças de visão de uns para os outros sobre o mesmo assunto. Também aqui, as manobras de diversão e os engodos foram o prato forte, e os mansos flagelados lá foram, com sempre, afagando os seus algozes.

Tem sido dito e parafraseado ao longo dos anos, a maior parte das vezes por gente pouco recomendável, que “cada povo tem o governo que merece”...

Em suma, é preciso denunciar todas as manobras dos ”senhores da guerra”, por mais camuflados que elas e eles estejam. É preciso estar de atalaia, sempre.

Abre os olhos Zé...

Luís Jordão
 

cimo da páginapágina anteriorpágina seguinte