Mais do que se vislumbra o fenecer das actividades culturais e
recreativas das casas de região, em Lisboa, e a sua consequência
negativa na divulgação/defesa das culturas regionais e, por
concomitância, da Lusofonia.
Durante praticamente um século, estas associações tiveram um papel da
maior relevância junto de cada uma das comunidades que foram obrigadas a
afastar-se do seu chão, por força da necessidade de sobrevivência e/ou
evolução social, criada por erros de governação sucessiva e teimosamente
perpetrados, que levaram à triste desertificação de todo o interior.
Por estas associações, década após década, passaram alguns dirigentes
que perceberam a importância da existência destes verdadeiros veículos
de ligação, destas pontes entre cá e lá. Promovendo, por isso,
iniciativas que mantinham "a chama acesa" e defendiam/divulgavam a sua
cultura, não deixando de se interessar e participar por tudo e em tudo o
que se passava no território de origem, averbando assim, também, o
orgulho da região pela sua casa na capital.
Contrariando a tendência dos que, como frutos desta globalização
insensível e incontrolada/incontrolável, deixam calmamente que a sua
cultura se dilua por entre as outras, entendemos que todos e cada um de
nós, sem fundamentalismos bacocos, devemos defender as culturas
regionais e preservar a memória, sendo um dos meios ao alcance de todos
as casas de região, com ou sem delegações ou subdelegações.
Consideramos, ainda, da maior importância o Concelho Nacional das Casas
Regionais, em Lisboa, criado em 2000, como sério fórum de debate. É para
nós incompreensível e inaceitável o seu actual imobilismo.
Mas como no inicio dizemos, na essência, salvo débeis e raríssimas
excepções, provavelmente por políticas erradas de dirigentes que não
tiveram a perspicácia de entender, estas associações ano após ano vão
perdendo a sua força e características, deixando que menosprezem a sua
importância e valor.
Assim, é necessário e urgente mudar de rumo. É preciso voltar a
encontrar gente (rodas motoras) que se esforce por entender os tempos e
as pessoas, ouvindo-as e procurando ser um pólo de atracção e nunca um
centrifugador.
Em suma, a hora é de acção, muita acção, uma acção criativa, séria e
concertada entre este associativismo e as autarquias locais de origem.
As culturas regionais, mais do que nunca, fazem sentido e merecem a
pena.
Luís Jordão
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