Com o
pretexto de ajudar o povo iraquiano a obter a paz, a liberdade e a
democracia, o Xerife e os seus Ajudantes,
sistematicamente procuram branquear o facto, incontornável, de que
esta guerra no Iraque, para além de injusta como todas as outras, é,
à luz das instituições internacionais, ilegal.
É uma guerra que
logo de início assenta numa despudorada mentira. É uma guerra em que
uma das partes, a invasora, por bombardeamentos constantes e
sucessivos, usando armas sofisticadíssimas, destrói todo um país. É
uma guerra que arrasa bairros habitacionais inteiros, áreas
comerciais e industriais, zonas culturais, com tudo e todos os que
lá estão dentro, em muito maior quantidade do que alvos militares,
mas que, por estranha coincidência, não acerta nunca em pontos como
o ministério do petróleo. É uma guerra sem fim à vista e cuja
evolução, tudo indica, será para pior.
O curioso é que
aqueles que a desencadearam, com o argumento da famosa mentira (a
existência de armas de destruição em massa), agora vestem a capa de
“pacificadores”. Convém, no entanto, não esquecer que a arma de
destruição maciça, a nível planetário, na prática e até agora, têm
pertencido sempre como que a um clube muito restrito, do qual eles
fazem, sem sombra de duvida, parte, e isso mesmo mostrando no (s)
teatro (s) de guerra (talvez seja importante lembrar aqui Hiroxima e
Nagasáqui).
É fundamental
obrigar estes bárbaros invasores a dizerem ao mundo a verdade sobre
o assustador número de vítimas (civis) mortais, bem como a
quantidade de estropiados para toda a vida, por esta estúpida,
irresponsável, cruel e desumana invasão.
É também
importante que esta insensível gente e a sua “quadrilha” prestem
contas ao mundo pela violação dos direitos humanos, sistematicamente
perpetrada no território invadido.
Quanto ao governo
de Portugal, que desde a primeira hora defendeu esta catástrofe
(imagina-se o preço do “mestre sala”), previsível guerra civil,
talvez até divisão do país, não pode de modo nenhum sair ileso, ou
então estamos perante a total perda da vergonha e do sentido da
dignidade do povo português.
Março de 2004
Luís Jordão |