Alexandre Cabral, autor de uma vasta bibliografia na área do romance e do ensaio literário, morreu de madrugada, em Lisboa, aos 79 anos. Natural de Lisboa, onde nasceu a 17 de Outubro de 1917, Alexandre Cabral estudou nos Pupilos do Exército e começou a trabalhar aos 15 anos. No período da II Grande Guerra emigrou para o ex-Congo Belga, hoje Zaire. Regressou a Portugal depois de três anos. Trabalhou então como redactor numa agência noticiosa, passando pela indústria farmacêutica e pela publicidade, ao mesmo tempo que frequentava o curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras de Lisboa. Iniciou a sua carreira literária em 1936, como director do jornal «A Voz da Mocidade», na ocasião proibido pela censura. Colaborou depois com várias outras publicações, como o «Pensamento», «Vértice», «Seara Nova», «A Capital» e o «Jornal de Letras». Escreveu contos e romances — «O Sol Nascerá um Dia», «Histórias do Zaire», «Contos da Europa e do Zaire», entre outros — assinou várias traduções, antologias e prefácios.

Paralelamente à temática camiliana, dedicou também um interesse especial à vida e obra de Camões, tendo publicado, em 1980, o livro «Luís de Camões — Poeta do Povo e da Pátria». Alexandre Cabral fez ainda parte da comissão organizadora e da primeira direcção, presidida por Aquilino Ribeiro, da Sociedade Portuguesa de Escritores (SPE). Pertenceu aos primeiros corpos gerentes da Liga para o Intercâmbio com os Países Socialistas e foi presidente da Associação de Amizade Portugal-Cuba durante 10 anos.

Integrou vários júris de prémios literários e proferiu numerosas conferências, em Portugal e no estrangeiro. Foi membro da comissão consultiva do Boletim da Casa de Camilo e do Conselho Consultivo do Centro de Estudos Camilianos, fundado em 1986 em Vila Nova de Famalicão.