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Se exceptuarmos o que alguns historiadores escreveram
sobre a Fábrica de Vidros do Côvo, a bibliografia existente e respeitante à
indústria vidreira no Concelho de Oliveira de Azeméis é escassa, com a
agravante de nessa escassez a omissão de acontecimentos do nosso tempo ser
flagrante e as inexactidões e inverdades serem quase tantas como os
períodos.
Efectivamente, relatam-se dados e factos que revelam
tanto de inconcebível como de absurdo, em razão de os seus autores não
tomarem as devidas precauções ao escreverem sobre matéria que não dominavam,
aceitando informações geminadas com a ignorância, eivadas de falsidade ou
inventadas por servilismo.
Escrever hoje a história da indústria vidreira no
Concelho de Oliveira de Azeméis desde que o castelhano Pero Moreno se
instalou há cerca de quinhentos anos no Côvo, dando início, pela fusão de
uma mistura de sílica, cal e carbonato de sódio ao fabrico de uma substância
amorfa, dura e quebradiça à temperatura ordinária, mole e pastosa a uma
temperatura elevada, a que chamaram vidro, e origem à Fábrica de Vidros do
Côvo, é hoje tarefa extremamente difícil de materializar com precisão e
veracidade, pois são pela certa diminutos ou praticamente inexistentes os
elementos a consultar sobre o que foi a actividade da primeira fábrica de
vidros do Concelho de Oliveira de Azeméis, senão mesmo de Portugal. Outro
tanto não acontece com as seis fábricas que lhe sucederam. Cronologicamente
elas foram em 1897 a Fábrica de Vidros de Bustelo Abreu, Castro & C.ª,
no lugar de Bustelo, freguesia de São Roque; em 1902 a Fábrica a Vapor de
Crystaes e Vidraça "A Bohémia", Ld.ª, no lugar de Lações de Cima; em
1916 a Fábrica de Vidros Castro, Costa & C.ª Ld.ª, (mais conhecida
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Fábrica de Vidros da Pereira), no lugar da Pereira, freguesia de Santiago de
Riba-Ul; em 1917 a Fábrica de Vidros Progresso, Ld.ª, (que se
popularizou com a denominação de Fábrica de Vidros do Cereal), no lugar do
Cereal, freguesia de Santiago de Riba-Ul; em 1921 a Fábrica de Vidros
Nossa Senhora de La-Salette, Ld.ª, no lugar de Bustelo, freguesia de São
Roque e em 1942 a Sociedade Industrial Vidreira de Azeméis, Ld.ª, - Sival,
(mais conhecida por Fábrica de Botões de Vidro), em Lações de Cima.
Sem a pretensão de me arvorar em historiógrafo dessas
fábricas, pois a competência não vive comigo para o fazer, encetei há cerca
de três anos buscas intensas e minuciosas nos Arquivos Distritais, Cartórios
Notariais, Bibliotecas Públicas e Redacções de jornais de Lisboa, Porto,
Aveiro, Leiria, Marinha Grande, Alcobaça e Oliveira de Azeméis, conseguindo
reunir mais de centena e meia de documentos que me proponho transcrever
integral ou parcialmente, acrescentando-lhe somente as achegas que me forem
possíveis, sem nunca e em caso algum, recorrer à inventiva. Oxalá que o meu
modestíssimo e desafectado trabalho funcione como contributo para
historiador competente e sobretudo honesto, elaborar a verdadeira história
da indústria vidreira no Concelho de Oliveira de Azeméis.
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