Aurélio Guerra, Indústria Vidreira no concelho de Oliveira de Azeméis. Subsídios para a sua história. Maio, 1991/1994, págs. 5-6.

Exórdio

Se exceptuarmos o que alguns historiadores escreveram sobre a Fábrica de Vidros do Côvo, a bibliografia existente e respeitante à indústria vidreira no Concelho de Oliveira de Azeméis é escassa, com a agravante de nessa escassez a omissão de acontecimentos do nosso tempo ser flagrante e as inexactidões e inverdades serem quase tantas como os períodos.

Efectivamente, relatam-se dados e factos que revelam tanto de inconcebível como de absurdo, em razão de os seus autores não tomarem as devidas precauções ao escreverem sobre matéria que não dominavam, aceitando informações geminadas com a ignorância, eivadas de falsidade ou inventadas por servilismo.

Escrever hoje a história da indústria vidreira no Concelho de Oliveira de Azeméis desde que o castelhano Pero Moreno se instalou há cerca de quinhentos anos no Côvo, dando início, pela fusão de uma mistura de sílica, cal e carbonato de sódio ao fabrico de uma substância amorfa, dura e quebradiça à temperatura ordinária, mole e pastosa a uma temperatura elevada, a que chamaram vidro, e origem à Fábrica de Vidros do Côvo, é hoje tarefa extremamente difícil de materializar com precisão e veracidade, pois são pela certa diminutos ou praticamente inexistentes os elementos a consultar sobre o que foi a actividade da primeira fábrica de vidros do Concelho de Oliveira de Azeméis, senão mesmo de Portugal. Outro tanto não acontece com as seis fábricas que lhe sucederam. Cronologicamente elas foram em 1897 a Fábrica de Vidros de Bustelo Abreu, Castro & C.ª, no lugar de Bustelo, freguesia de São Roque; em 1902 a Fábrica a Vapor de Crystaes e Vidraça "A Bohémia", Ld.ª, no lugar de Lações de Cima; em 1916 a Fábrica de Vidros Castro, Costa & C.ª Ld.ª, (mais conhecida por / 6 / Fábrica de Vidros da Pereira), no lugar da Pereira, freguesia de Santiago de Riba-Ul; em 1917 a Fábrica de Vidros Progresso, Ld.ª, (que se popularizou com a denominação de Fábrica de Vidros do Cereal), no lugar do Cereal, freguesia de Santiago de Riba-Ul; em 1921 a Fábrica de Vidros Nossa Senhora de La-Salette, Ld.ª, no lugar de Bustelo, freguesia de São Roque e em 1942 a Sociedade Industrial Vidreira de Azeméis, Ld.ª, - Sival, (mais conhecida por Fábrica de Botões de Vidro), em Lações de Cima.

Sem a pretensão de me arvorar em historiógrafo dessas fábricas, pois a competência não vive comigo para o fazer, encetei há cerca de três anos buscas intensas e minuciosas nos Arquivos Distritais, Cartórios Notariais, Bibliotecas Públicas e Redacções de jornais de Lisboa, Porto, Aveiro, Leiria, Marinha Grande, Alcobaça e Oliveira de Azeméis, conseguindo reunir mais de centena e meia de documentos que me proponho transcrever integral ou parcialmente, acrescentando-lhe somente as achegas que me forem possíveis, sem nunca e em caso algum, recorrer à inventiva. Oxalá que o meu modestíssimo e desafectado trabalho funcione como contributo para historiador competente e sobretudo honesto, elaborar a verdadeira história da indústria vidreira no Concelho de Oliveira de Azeméis.

O Autor

 

 

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