A nova Junta continuou a reunir na sacristia da Igreja até à
sessão de 30 de Outubro de 1910. Passou a reunir na casa destinada às
reuniões, que era a que foi construída para residência do pároco, a
partir da sessão de 6 de Novembro de 1910.
Na sessão ordinária de 1 de Novembro de 1911 a Junta elegeu
para seu presidente João de Oliveira Gamelas e para vice-presidente
Alberto João Rosa, que do antecedente já vinham exercendo esses cargos.
Nessa mesma sessão, a Junta deliberou agradecer por telegrama ao Governo
da República a prontidão com que criou as escolas que a Junta pedira
para a freguesia.
A seguir começou a guerra com o pároco, que, aliás, já tivera
um primeiro episódio na proposta de Alberto João Rosa, na sessão de 20
de Novembro de 1910. Na sessão de 12 de Fevereiro de 1911 a Junta
decidiu oficiar ao pároco, padre António dos Santos Pato, para que
entregasse a Cruz da Fábrica, “que se acha em seu poder”.
Na sessão de 26 de Fevereiro de 1911 a Junta decidiu demolir
o muro que existia no cemitério, denominado separador dos “não
católicos”. “Para acabar com o preconceito que se tem notado no
cemitério”. Antes de o muro ser demolido, foram nomeados peritos para
avaliar quanto terá custado a sua construção, “se fizesse disso auto e
se anotasse na acta, com vista a ulteriores resoluções”. Na sessão de 12
de Março de 1911 foi apresentado o auto dessa avaliação, que foi
transcrito na acta. Os peritos concluíram que o referido muro não terá
custado (material e trabalho) mais do que mil e quinhentos réis.
Na sessão ordinária de 26 de Março de 1911 apareceu o padre
Pato, acompanhado de grande multidão, em virtude do ofício do presidente
da Junta a mandar entregar a Cruz da Fábrica para ser consertada. A
multidão, que temia pelo destino da cruz, fez tumulto quando a Junta
recusou passar o recibo da cruz, que o padre exigia. O regedor acabou
por autuar um dos reclamantes.
O cidadão Manuel Germano Simões Ratola, portador da cruz,
lembrou que dentro de dias iria haver uma procissão no Bonsucesso e
requereu verbalmente que a cruz fosse nessa procissão, sendo reparada só
depois – no que a Junta concordou.
O cidadão António da Rocha Martins requereu que a cruz
figurasse, de então em diante, em todos os actos que era costume servir,
incluindo os enterros dos pobres, não se exigindo a estes qualquer
remuneração, e se empreste para figurar em actos fora da freguesia,
desde que a pessoa que a requisite seja de confiança e se responsabilize
pela sua conservação e entrega logo após o acto em que participe, isto
porque “a cruz é um objecto de arte antigo que honra a freguesia e que é
importante que seja admirado pelas pessoas de fora”. A Junta aprovou por
unanimidade essa proposta.
Na sessão extraordinária de 2 de Abril de 1911, a Junta
decidiu nomear o vogal Alberto João Rosa como seu representante junto da
Comissão Municipal Administrativa, com plenos poderes sobre como se
há-de estabelecer o descanso semanal.
Na sessão ordinária de 9 de Abril de 1911, o vogal Alberto
João Rosa requereu verbalmente que a verba do orçamento destinada à
beneficência escolar fosse aplicada para pagamento de mobiliário da
escola masculina do lugar de Arada. O vogal Ribeiro da Rocha não
concordou nessa aplicação, declarando que o fim dessa verba era
destinado ao benefício das escolas de toda a freguesia, única e
simplesmente para compra de livros para todas as crianças pobres. O
vogal Alberto João Rosa, insistindo no seu requerimento, propôs que se
procedesse a votação – “o que nada ficou resolvido, por nessa ocasião
conjuntamente com o vogal Nunes d’Anna, saíram”.
Na sessão ordinária de 23 de Abril de 1911 foi feita a
votação do requerimento do vogal Alberto João Rosa na sessão anterior. A
maioria não foi favorável à proposta. Mas a Junta resolveu fazer um
orçamento suplementar para subsidiar a escola do sexo masculino de
Arada.
A Junta deferiu o pedido de demissão do secretário Joaquim
Rei Neto, mandou fazer diversos pagamentos, intimou um cidadão do
Bonsucesso a arrancar os arbustos que estavam a mais na demarcação dum
seu terreno com o baldio do Poço dos Adobeiros e accionou diversas
dívidas por foros.
Ainda nessa sessão, os membros da Junta “resolveram mais
compesar a lei da separação e enviar ao Dr. Affonso Costa um telegrama a
felicital’o pela sua obra que acaba de decrectar”.
A partir da sessão de 21 de Maio de 1911 as reuniões da Junta
passaram a ser de novo feitas na sacristia da Igreja.
Nessa sessão de 21 de Maio de 1911, por proposta de Alberto
Rosa, o secretário passou a ser o vogal José Nunes d’Anna Júnior. O
mesmo Alberto Rosa propôs que o referido Nunes d’Anna encontrasse alguém
conhecedor do assunto para dar parecer acerca da escrituração desse ano,
que não lhe parecia clara e precisa, e propôs também que o livro da
receita e despesa fosse trancado e se comprasse um novo onde se
registasse a escrituração desde o começo do ano – o que foi aprovado.
Foi apreciado e aprovado o orçamento suplementar, que
permitirá à Junta contribuir com 25 mil reis para a compra de mobiliário
para a escola do sexo masculino do lugar de Arada e reforçar as verbas
para expediente e litígios, que se mostravam insuficientes.
Na sessão de 4 de Junho de 1911, o vogal Alberto Rosa propôs
que, na falta do presidente, qualquer vogal pudesse assinar o talão para
se fazerem enterramentos gratuitos de pessoas reconhecidamente pobres –
o que foi aprovado.
Na sessão de 18 de Junho de 1911, foi lido um ofício em que a
Comissão Municipal Administrativa pedia que a Junta contribuísse com um
subsídio pecuniário para as despesas a fazer para se conseguir que o
“Lyceu Nacional d’Aveiro” passasse a “Lyceu Central”. A Junta respondeu
que nesse ano não podia contribuir, por não ter verba, mas que no ano
seguinte iria procurar contribuir com uma verba não inferior a 15 mil
reis.
O vogal Alberto Rosa propôs que se dirigisse um telegrama de
congratulações pelas melhoras do “Excellentissimo Ministro da Justiça, o
que foi approvado por unanimidade”. |