David Paiva Martins,
Fragmentos de Vida. A Minha Terra. 1ª ed., Aradas, ACAD (Associação
Cultural de Aradas), 2005, 170 pp. |
XLVII
ACÁCIO VIEIRA DA ROSA
(1871-1955)
Nascido em
Verdemilho, em 5 de Janeiro de 1871, Acácio Rosa foi companheiro de
Liceu e de Seminário de D. João Evangelista de Lima Vidal, de quem era
amigo íntimo, bem como de importantes figuras políticas e intelectuais
dos últimos anos da monarquia. Em 1893, com apenas 22 anos de idade,
publicou o seu primeiro livro: A Nossa Independência e o Iberismo.
Entre 1894 e 1911 editou o jornal "Vitalidade", cujas páginas foram
palco de episódios decisivos da luta política entre
regeneradores-liberais e republicanos. As suas contendas com Homem
Cristo, com quem mais tarde, já cego, se reconciliou num encontro casual
em sua casa, ficaram célebres.
Acácio Rosa era
monárquico. Foi pela monarquia que combateu nas páginas do seu jornal.
Com a implantação da república em 1910 — acontecimento que o obrigou, na
sua qualidade de funcionário público, a aderir formalmente a ela! — O
seu jornal ficou ferido de morte. Em breve se viu constrangido a ter de
o encerrar. Tempo depois sofreu novo golpe, ainda mais duro e
definitivo: foi atacado de cegueira, galopante e irreversível. Como diz
Manuel Ferreira Rodrigues (9): «A cegueira remeteu-o para um
esquecimento de muitos anos na sua casa cor-de-rosa, em Verdemilho,
entre as árvores e as flores que amava e os amigos que jamais o
abandonaram.»
As incidências da
vida, nas condições de então, impediram que um talento potencial
extraordinário pudesse ter tido o seu curso normal, ao serviço da
comunidade, interrompendo-o abruptamente. Acácio Rosa, que era primo do
meu pai, faleceu em Verdemilho em 20 de Fevereiro
/ 102 /
de 1955. Repousa no nosso cemitério. O seu nome é recordado na toponímia
de Verdemilho. No Largo Acácio Rosa situam-se a Igreja Paroquial e a
sede da Junta de Freguesia. |
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(9) - RODRIGUES, Manuel Ferreira
— Cartas de Oliveira Martins para
Acácio Rosa in Separata da revista "Estudos Aveirenses" n.º 2, ISCIA,
Aveiro, 1994, pág. 224. |