Amor e Vida no Portugal d'Antanho. O Senhor Abade, 1ª ed., Verdemilho, 2020, pág. 59


Castanha, a vaca da família

Capítulo 26

Numa manhã de Domingo, no final da missa, padre António foi abordado por uma paroquiana que tinha matado o porco e o convidou a passar por casa dela, para provar os rojões.

Claro que ele aceitou logo e, mal se desparamentou, partiu alvoroçado para casa da paroquiana. No caminho foi surpreendido pela Rosita, uma moça muito atilada, dos seus quinze anitos, que levava pela soga a Castanha, a vaca da família.

– Ó Rosita, tu hoje não foste à missa. – disse-lhe o padre, em tom de censura.

– Pois não, senhor abade. – respondeu a miúda. – O meu pai diz que a Castanha anda maluca e mandou-me levá-la ao boi, a casa do Sr. Pascoal. É para lá que vamos.

Padre António entendeu logo o que se passava: a vaca estava no cio e precisava ser levada ao boi de cobrição. Mas não deixou de dizer à rapariga:

– Mas então o teu pai não podia fazer isso, Rosita?

– Não, senhor abade. Ele diz que tem de ser mesmo o boi.
 

 
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