Fundação do C.E.T.A.

Em 14 de Fevereiro de 1959, um grupo de jovens pertencente ao corpo redactorial do VAE VICTIS - Suplemento literário juvenil de “O Litoral” - lançou a ideia da criação em Aveiro de um grupo de teatro. O anúncio foi feito nas páginas do referido suplemento e a ideia vingou. E frutificou, até porque correspondia a uma necessidade vital do preenchimento de um espaço cultural de que Aveiro tão carecida estava.

Em 28 de Fevereiro do mesmo ano foi efectuada, na sala de redacção do VAE VICTIS, a primeira reunião preparatória do supracitado grupo de teatro, que se denominaria, segundo decisão tomada, CETA - Círculo Experimental de Teatro de Aveiro. A partir daqui, foi um rodopio de trabalho. Iniciaram-se de imediato ensaios e «démarches» para a legalização do grupo. Mesmo ainda sem a legalização, coisa complicada na época, em 3 de Julho, o CETA tem pronto o seu primeiro espectáculo, que é proibido de ser apresentado neste dia pela censura e pela Pide, só porque no programa o ilustre aveirense e homem de letras, Mário Sacramento, assinava um texto de apresentação. Este espectáculo era constituído pelas peças «O Urso» de Anton Tcheckov, «O Dia Seguinte» de Luiz Francisco Rebelo e um entreacto de poesia de Carlos Morais. Finalmente, o espectáculo só foi possível após ser eliminado na totalidade o referido texto e substituído por outro, de não menos ilustre Aveirense, o Dr. David Christo, director de  “O Litoral”. Foi à cena no Teatro Aveirense a 31 de Julho de 1959. Como convidados encontravam-se o Dr. Luiz Francisco Rebelo e sua esposa, a actriz Mariana Vilar.

Após este início, não mais o CETA poderia parar. Esta primeira representação marcou profundamente o espírito dos que ansiavam por algo de novo em Aveiro.

O grande esforço seria fazer aprovar os estatutos do grupo como colectividade. Várias vezes foram apresentados ao Governo Civil de Aveiro e várias vezes recusados com as mais dispa­ratadas desculpas. Notava-se que, de facto, não havia interesse por parte das autoridades da altura na efectivação duma colectividade com permanente actividade cultural. Paralelamente a esta acção, o C.E.T.A. ia, conforme podia, desenvolvendo trabalhos teatrais e tornando-se, por via disso, cada vez mais conhecido e admirado na cidade que o viu nascer.

Talvez por isso, em 1966, o Governo Civil, vendo esgotar as desculpas, deixou aprovar os estatutos, com o senão de que, em vez de se chamar Círculo Experimental de Teatro de Aveiro, teria de se chamar Círculo de Teatro de Aveiro. Assim foi e assim ficou definitivamente constituída a nova colectividade de Aveiro, sete anos após o seu nascimento.

O trabalho teatral continuava a desenvolver-se. Paralelamente eram realizados colóquios e acções, normalmente versando aspectos teatrais.

Publica-se, pois, um boletim de informação aos sócios que, em 1970, atingia os 700 exemplares. Publica-se um caderno de poesia de jovens poetas do País inteiro.

A nível teatral, o C.E.T.A. obtém variadíssimos números de prémios e menções honrosas nos concursos de teatro do então S.N.I.

A história que se pode fazer do C.E.T.A. ainda não está completa. As mudanças de sede e a pouca segurança que daí resultava obrigavam a que se recolhesse parte dos materiais nas casas das pessoas que trabalhavam nesta colectividade. Ainda muito desse material se encontra disperso. Tal facto está a obrigar os corpos directivos a um verdadeiro esforço no sentido da recolha de tudo quanto exista, para que, num futuro que se prevê breve, se complete a história desta COLECTIVIDADE.

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