A «Celulose» ao serviço da comunidade

DOIS ASPECTOS DE RELEVANTE SIGNIFICADO

POR

LÚCIO LEMOS *

 

1 – Bombeiros

Está prevista para o próximo dia 23 de Julho a inauguração oficial e a entrada ao serviço do auto-pronto-socorro (A. P. S.), o maior sonho de sempre dos Bombeiros Voluntários que integram o Corpo Privativo deste Centro, cujo Comando me está entregue desde 3 de Agosto de 1962.

Os motivos justificativos da aquisição desta valiosa viatura residem na conveniência que, desde há muito, se impunha quanto à substituição do velhinho, mas ainda hoje muito útil, Jeep CJ-3A-2032, «nascido no ano de 1950 e portador do bilhete de identidade n.º HI-17-66, do Arquivo de Identificação de Lisboa» e quanto a uma mais pronta e, sobretudo, eficiente acção nos locais dos sinistros para os quais os Bombeiros são solicitados.

Como se sabe, a assistência a sinistros por parte do Corpo Privativo de Bombeiros Voluntários deste Centro tem, no momento actual, uma vasta e importante área de intervenção, estendendo-se desde o interior das Instalações Fabris, onde o Corpo tem a sua sede e quartel, até às matas de Arouca, Minas do Braçal e de Vouzela (propriedade da Portucel), passando pela ajuda que sempre se tem procurado dar, por todas as formas, e sem discriminações, às outras Corporações do Distrito e, – destaque-se pelo seu significado, – à população das redondezas, sempre que, é evidente, são solicitados os seus préstimos.

Acerca deste último aspecto, Cacia e os seus 6300 habitantes (trabalhadores e não trabalhadores da «Celulose») não ignoram que, quando precisam (e isso já aconteceu por diversas vezes) podem contar com o sentido comunitário do Centro Cacia e dos seus Bombeiros Privativos.

Considero desnecessário citar casos concretos em que os Bombeiros acorreram prontamente para defesa das pessoas e bens atingidos.

A excelente viatura de socorro (marca Bedford, modelo TK-570 matrícula DV-28-48, de 3500 kg de peso bruto), que vai iniciar a sua actividade a partir de 23 de Julho, dispõe do seguinte:

– À frente, uma cabina com 3 lugares, sendo um o do motorista. / 115 /

– Segue-se um habitáculo para mais quatro bombeiros. Esse habitáculo tem duas portas de acesso e vidros de correr verticalmente. Nele serão instalados aparelhos respiratórios de ar comprimido.

– Entre o habitáculo e a retaguarda da viatura existe um depósito (em aço inoxidável) com a capacidade para 1 800 litros que alimentará a bomba Rosenbaeur.

– Lateralmente, a seguir ao habitáculo, foram montados seis cofres destinados ao diverso tipo de material de 1.ª intervenção, incluindo nesse material uma moto-bomba ligeira «Escol» GM B/3, mangueiras, agulhetas, disjuntores, extintores de vários tipos, etc.

– No tejadilho da viatura serão colocadas escadas de molas e de ganchos, croques e um jogo de 4 chupadores.

– Na retaguarda está instalada a bomba Rosenbaeur, de alta e baixa pressão, modelo 65000, com doseador de espuma incorporado. Essa bomba tem um orifício central de 100 mm, para aspiração de uma fonte exterior; 1 orifício de aspiração do depósito com filtro amovível; 2 saídas de 60 mm com as respectivas válvulas de segurança; 2 saídas de 25 mm, sendo uma para alimentação do sarilho rotativo colocado por cima da bomba (o sarilho tem 60 metros de tubo de borracha na cota de 25 mm (alta pressão) e outro para o enchimento do depósito; o doseador do líquido espumífero com capacidade de aspiração de 30 a 100 litros por minuto; um manómetro de alta pressão, um manómetro de baixa pressão e um vacuómetro.

O rendimento da bomba é de 2000 litros por minuto, a 8 Kg/cm2 de pressão normal e de 350 litros por minuto, a 40 kg/cm2, de alta pressão.

– A agulheta para jacto e nevoeiro (agulheta NEPIRO) dispõe de uma extensão para a produção de espuma atmosférica.

– Complementarmente, a viatura está apetrechada com um projector grande, outro pequeno, uma sereia de alarme electrónica, 2 semáforos e uma instalação rádio que lhe permite ligações rápidas com o quartel, com a ambulância, com a viatura El-70-42 e com as outras Corporações de Bombeiros.

A população de Cacia vai ter oportunidade de ver grande parte dos meios de protecção contra incêndios com que passa a dispor o Centro Cacia / 116 / dado que está previsto realizar-se no dia da inauguração do auto pronto socorro um desfile do pessoal e do material o qual, saindo da Fábrica, percorrerá as principais ruas de Cacia, dando assim a conhecer à população caciense a segurança e tranquilidade que, graças a esses meios, é passível à «Celulose», comunitariamente, garantir-lhe em situações aflitivas provocadas pelo fogo ou por qualquer outro tipo de sinistros.

2 – Instalações do Centro de Cultura e Desporto (Pavilhão)

No dia 13 de Março último a Comissão de Trabalhadores do Centro Cacia fez distribuir o comunicado n.º 13/78 do qual destaco a seguinte passagem:

«É com grande alegria que vimos dar conhecimento a todos os trabalhadores deste Centro que, finalmente, foi autorizado o arranque para a construção das Instalações Sociais do CCD – Pavilhão (1.ª fase) cujo montante atribuído é de 4000 contos».

Quer dizer, ao fim de uma luta persistente, o Centro Cacia vai ver satisfeita uma das suas mais antigas e justas aspirações.

Graças à construção do referido Pavilhão polivalente, é possível satisfazer não só os anseios do pelouro desportivo, mas também dar possibilidades de execução aos planos dos restantes pelouros (cultural, recreativo e económico-social) que fazem parte das actividades do Centro de Cultura e Desporto (C. C. D.).

Conforme assinalei em artigo que «O Nosso Jornal» publicou em 25/1/78, «é de prever, sem utópicos optimismos, que dispondo o Centro dessas Instalações, todos os trabalhadores da «Celulose» e seus familiares (incluindo os mais jovens, ou destacando estes mesmos) possam vir a tirar, como se deseja, excelentes e múltiplos benefícios da sua utilização, de acordo com uma planificação racionalmente estabelecida».

E, também neste caso, comunitariamente, a população de Cacia pode vir a beneficiar com a construção das tão ansiosamente esperadas instalações, em cujo projecto se está a trabalhar activamente.

E, ao falar da população de Cacia, estou a lembrar-me, sobretudo, dos alunos que frequentam as 6.ª classes da Escola Primária e dos estudantes que, na cidade de Aveiro (por enquanto) são alunos do Ciclo Preparatório e do Ensino Secundário, uns e outros – bem como a restante população de Cacia não deixarão, estou certo, de, em coordenação com os responsáveis pelo Centro Cacia e com os Directores do Centro de Cultura e Desporto, aproveitar devidamente todos os benefícios que estas Instalações polivalentes lhes podem proporcionar, desde a prática de várias modalidades desportivas (futebol de salão, andebol de sete, basquetebol, badmington, voleibol, etc.) até à assistência a sessões de teatro, cinema, palestras, colóquios, etc.

Num caso (Bombeiros) como noutro (instalações sociais do Centro de Cultura e Desporto), a «Celulose» deixa de ser poluição e transforma-se num bem ao serviço da comunidade onde está inserida.

Se, por um lado, entendo que, por todas as formas e de todas as maneiras, se deve dar combate eficaz e radical aos males que a poluição da «Celulose» tem vindo a provocar, nas pessoas e bens, por outro, não quero (porque não devo) deixar de pôr em lugar de destaque, como nota francamente positiva, os benefícios que, em contrapartida, a mesma «Celulose» não deixará de proporcionar à comunidade.

Foi essa a intenção, bem intencionada intenção, do apontamento que acabais de ler e que decidi escrever em correspondência ao amável convite que me foi dirigido para participar na Revista Comemorativa dos 25 anos da «Celulose». Missão cumprida. E com todo o gosto.

L. L.

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* Licenciado em Geológicas, Chefe de Serviços do Centro – CACIA

 

 

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