2 Breve notícia sobre os esforços efectuados no nosso país,

para caracterizar laboratorialmente matérias-primas celulósicas disponíveis

 

Foi feita referência no artigo precedente às tentativas que desde o princípio do Século e segundo programas de pesquisa de maior ou menor amplitude, foram realizadas em diversos países, para se encontrarem novas fontes de celulose, face às crescentes necessidades da indústria papeleira.

Salientou-se também que a última Grande Guerra, agudizando a situação de crise, levou desde o final dos anos 40 e para além da década de 50, à multiplicação dos centros especializados de investigação, os quais desenvolveram intenso labor, ensaiando plantas e materiais de diversos tipos, originárias das mais variadas latitudes.


Referiremos o que dentro do campo da investigação, foi feito no nosso País ao nível de laboratório e centros de estudo dedicados aos problemas da celulose – em particular da prospecção e caracterização de matérias primas papeleiras. Começaremos por informar que até ao presente, os serviços oficiais, ainda .que tendo concebido repetidas vezes, projectos de criação de laboratórios de amplas potencialidades, tais projectos foram sistematicamente gorados, investindo-se apenas, esporadicamente, modestíssimas verbas que não permitiram realizar mais que estudos pontuais de âmbito limitado e vaga
mente pragmático.

Devem-se ao Professor Mário de Azevedo Gomes as primeiras tentativas para criar no Instituto Superior de Agronomia (Secção de Silvicultura) uma primeira célula de experimentação destinada ao estudo de matérias-primas florestais, analisando a sua aptidão para o fabrico de pastas para papel.

As diligências do professor Mário de Azevedo Gomes tiveram início em Junho de 1922 mas só em Julho de 1927 foi possível obter uma verba que permitiu a aquisição de um reduzido equipamento e destacar o Eng.º Costa Cabral, diplomado em Química pela Universidade de Lhe, para no designado «Laboratório Oficina», proceder a estudos de pasta para papel. Este laboratório, precariamente dotado, desprovido de aparelhos de ensaio de resistência físico-mecânica, dispunha apenas de um auxiliar preparador com categoria de contínuo. Em 1943, com a transferência do Eng.º Costa Cabral para a Junta Nacional dos Resinosos, ficou abandonado o «Laboratório-Oficina» do I. S. A. Entretanto, apesar dos magros recursos ao seu alcance, o Eng.º Costa Cabral pôde ainda publicar estudos sumários sobre aptidão papeleira das espécies Hermimira elalphroxylon (1932) e Eucolyptus globulus (1934).

Em 1939, por iniciativa do então Director Geral dos Serviços Florestais, Eng.º José Mendia, começou a ser estudada a possibilidade de fazer funcionar, anexo à Estação de Experimentação Florestal do Sobreiro e Eucalipto, de Alcobaça, um laboratório destinado ao estudo das pastas para papel, tendo como propósito realizar uma prospecção sobre a aptidão papeleira das principais espécies florestais e outros materiais fibrosos, susceptíveis de serem cultivados no nosso País e exploráveis em condições económicas. Em certa medida os estudos planeados pretendiam intervir na escolha das espécies tecnologicamente mais recomendáveis para a projectada rearborização do País.

Deve esclarecer-se que o «Laboratório de Alcobaça», como correntemente ficou a ser conhecido, não foi oficializado pelo menos até 1945, data em que o autor deste artigo abandonou os Serviços Florestais para realizar, por conta de outro Organismo, um estágio em laboratórios franceses.

(O texto conclui na página 50)

 

 

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