Igreja de São Jacinto
Projecto de Ampliação
A Câmara Municipal aprovou, na sua reunião de 10-2-1992,
o projecto definitivo das obras de ampliação da igreja de Nossa Senhora
das Areias, em São Jacinto.
Os trabalhos estão orçados em cerca de 20 mil contos e,
no aspecto técnico, para além da ampliação do templo, propriamente dita,
implicam a "limpeza" da construção inicial, com a exclusão dos
"acrescentas" que, ao longo dos tempos, foram sendo feitos,
descuidadamente, sem respeito pela arquitectura original.
É da preservação daquilo que de melhor existe, ao nível
do património construído, que se trata, pelo que nos merece um destaque
especial este "trabalho", da autoria do Gabinete de Recuperação da Área
Urbana (GRUA), do qual damos notícia desenvolvida.
Trata-se de uma construção do séc. XVII, de planta
central (hexagonal) com cantaria em pedra, em fraco estado de
conservação, a que foram acrescentados sem grande cuidado diversos
anexos.
Pela delicadeza e risco que contém um projecto desta
natureza, defendemos a hipótese de conservar e restaurar este edifício e
fazer um novo, em local a designar, que fosse a nova igreja de São
Jacinto.
Esta hipótese foi rebatida com os argumentos de que uma
nova igreja noutro local votaria esta ao abandono e consequente
degradação, bem como significaria afastar os fiéis dos lugares
tradicionais.
Assim, e na inevitabilidade da intervenção, foi definida
a estratégia a desenvolver que se resume:
. "Limpar" o edifício existente dos corpos que lhe foram
acrescentados, recuperar e reparar a capela hexagonal. Esta, para além
de poder ser utilizada como capela mortuária e museu, será a antecâmara
da nova igreja, bem como espaço de prolongamento em ocasiões especiais
ou procissões;
. Criar um novo corpo, inteiramente autónomo, ligando-o
ao existente por uma passagem em vidro. Este corpo desenvolve-se segundo
o eixo da entrada da capela hexagonal, no prolongamento do que era o
altar-mor;
. No novo edifício opta-se por formas e linguagem puras e
rigorosas, evitando competir com a exuberância do templo existente, para
que esta mantenha o seu valor referencial. Proporciona-se o edifício de
forma a, sem perder a dignidade, valorizar o conjunto numa integração
que evita o mimetismo;
. O novo edifício, cuja forma básica é um paralelepípedo,
abre-se na ligação visual ao existente, ganhando dimensão e escala de
ligação e fazendo a transição. No lado oposto, o volume é interceptado
por um outro corpo que marca o novo altar-mor e remata o conjunto.
. Internamente, a estrutura ganha exuberância,
soltando-se das paredes (sugerindo a estrutura de um banco), ritmando o
espaço e convertendo-se em elementos decorativos. Apoiado nesta
estrutura e também solto das paredes, prevê-se um pequeno coro do lado
oposto ao altar, aumentando a capacidade da igreja que será de 250
lugares sentados. Por debaixo deste coro, para além da escada de acesso
e no lado oposto, organiza-se uma pequena sacristia.
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