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Boletim n.º 13-14 - Ano VII - 1989


UM LEGADO PARTICULAR À BIBLIOTECA MUNICIPAL

 

Um legado particular de cerca de dois mil e quinhentos livros veio recentemente enriquecer o acervo da Biblioteca Municipal de Aveiro. Calculado em dois milhões e setecentos mil escudos, o espólio pertencia a uma biblioteca da Dr.ª D. Alice Bravo Torres Maia Magalhães, tia de Vitorino Magalhães Godinho e de Arnaldo Bravo Torres Félix Alves, falecida em Janeiro do ano corrente.

O legado comporta diversas obras dos seguintes grupos: enciclopédias, dicionários, filosofia, religião, matemática, física, química, astronomia, ciências da natureza, geografia, antropologia, ciências aplicadas, medicina, tecnologia, história, ciências sociais, biografias, memórias, literatura portuguesa e estrangeira, belas artes, fotografia, cinema, guias e roteiros, catálogos, turismo, divertimentos, livros antigos, livros infantis e juvenis.

A doação feita a Aveiro veio ao encontro do desejo de D. Alice Maia Magalhães de que os seus livros ficassem a pertencer a uma cidade a que a sua família estivesse intimamente ligada há muito tempo.

Por outro lado, era ainda seu desejo que os livros, revistas e opúsculos de cultura geral fossem enriquecer uma biblioteca com elevada frequência de leitores de diferentes escalões culturais, incluindo o universitário, com vista a prestarem os melhores serviços aos utentes.

Nesta ordem de ideias, foi decidido entregar o espólio à Biblioteca Municipal de Aveiro - instituição que, segundo Vitorino Magalhães Godinho e Arnaldo Félix Alves, satisfazia os desejos da sua tia. Além disso, o legado feito a Aveiro é merecido e justifica-se pelo papel e desenvolvimento que a Universidade de Aveiro possui e pelo facto de a população aveirense sempre ter revelado grande interesse pela cultura e por outras questões relacionadas com ela.

O legado, sobre o qual o Executivo Aveirense manifestou o seu regozijo na reunião de 22 de Maio, prender-se-á com as acções e lutas que a Família Maia Magalhães e Barbosa Magalhães, com origens em Aveiro desde o Século XIX, promoveu em prol do desenvolvimento e prestígio da cidade.

Segundo uma nota da Edilidade, onde se realça a acção desenvolvida por Maia Magalhães, a cidade de Aveiro, «cujas convicções liberais e republicanas sempre se afirmaram, prestava assim homenagem a um seu filho que «republicanizava» as forças militares do norte e que pela sua acção em combate contra as incursões monárquicas contribuíra decisivamente para as derrotas e salvar a República».

Por seu turno, como salientam os seus primos em exposição à Câmara Municipal de Aveiro, toda a vida da Dr.ª D. Alice Maia Magalhães, seguindo o exemplo de seu pai, foi um combate quer como professora de liceu quer como assistente da Faculdade de Ciências em Lisboa (de onde foi demitida por motivos políticos, à semelhança do que acontecera no ensino secundário), quer ainda no ensino particular e em múltiplas outras actividades cívicas e culturais, naquilo que constituiu um combate pela dignidade, pela promoção do povo e pelos valores históricos das populações.

Assim, atendendo a tais factos, a Biblioteca Municipal viu-se enriquecida com um valioso espólio que pertenceu a uma figura que continua presente na memória de Aveiro.

 

 

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